VOLTA S AULAS

ESPECIAL VOLTA ÀS AULAS: “Derrotar os ataques de Bolsonaro à Educação, Cultura e à Democracia”

O ano está apenas começando, mas já vemos uma grande perspectiva de luta pela frente. O ministro de Bolsonaro, Abraham Weintraub, demonstra sua completa incompetência e está causando um verdadeiro caos na Educação brasileira.

 

Novas tarefas se colocam à nossa frente. Em 2020, vamos juntar todas as forças progressistas deste país contra os retrocessos do governo Bolsonaro, independente de ideologia, para garantir um Brasil melhor para todos.

 

A UMES dá boas vindas a todos os estudantes que iniciam agora o ano letivo e convida aqueles que tiverem disposição de luta para defender a nossa Educação, a Cultura e a Democracia no nosso país.

 

Veja nosso boletim especial de volta às aulas:

 

 VOLTA S AULAS

 

 ESPECIAL VOLTA ÀS AULAS

peramore01

“Em Guerra Por Amor”, de Pif, abre a Mostra Permanente de Cinema Italiano de 2020

peramore01

 

 

O Cine-Teatro Denoy de Oliveira apresenta: Mostra Permanente de Cinema Italiano

 

Chegando ao 5º ano e com mais de 150 filmes exibidos, neste ano vamos exibir 40 obras de 23 cineastas e, pelos olhos de cada um deles, a história da Itália e da humanidade nos é apresentada: a sátira social da “commedia all’italiana” de Luciano Salce, o realismo fantástico de Federico Fellini, o registro das condições de vida dos trabalhadores rurais por parte de Ermanno Olmi, as angústias da vida entediada da burguesia italiana – uma marca de Michelangelo Antonioni – e a impressionante luta de um povo contra o fascismo é assim exibido, sem rodeios, pelo neorrealismo de Roberto Rossellini e Luigi Zampa. 

Durante a 5ª edição, traremos também alguns dos lançamentos mais recentes da cinematografia italiana, que nos mostra que essa continua sendo uma das maiores do mundo. Todas as segundas às 19 horas com entrada franca!

 

 

 

03/02 – 19H: “EM GUERRA POR AMOR”, DE PIF – PRIMEIRA SESSÃO DO ANO!

 

 

SINOPSE

À partir de uma história de amor ingênua, o filme nos leva à Sicília ao final da 2ª Guerra Mundial e mostra o apoio norte-americano na instalação da máfia nos cargos de poder, em nome da “liberdade” e da “democracia”.

 

O DIRETOR

Conhecido como Pif, Pierfrancesco Diliberto é um apresentador de TV nascido em Palermo. Iniciou sua carreira artística trabalhando como assistente de direção para Franco Zeffirelli em “Chá Com Mussolini” (1999) e para Marco Tulio Giordana no filme “Os Cem Passos” (2000). Depois disso, começou a trabalhar para a televisão, primeiro como autor e depois como apresentador de programas de entretenimento. Como a máfia sempre esteve presente em seu trabalho, publicou em 2012 um conto intitulado “Sarà stata una fuga di gas” no livro “Dove eravamo. Vent’anni dopo Capaci e Via D’Amelio”, um compilado de vários autores em lembrança aos 20 anos da morte de Giovanni Falcone e Paolo Borsellino. Como diretor de cinema, Pif lançou dois filmes: “A Máfia Mata Apenas No Verão” (2013) e “Em Guerra Por Amor” (2016).

 

 

Confira nossa programação completa: http://bit.ly/CinemaItaliano2020

 

SERVIÇO

Filme: Em Guerra Por Amor (2016), de Pif

Duração: 99 minutos

Quando: 03/02 (segunda-feira)

Que horas: pontualmente às 19 horas

Quanto: entrada franca

Onde: Rua Rui Barbosa, 323 – Bela Vista (Sede Central da UMES SP)

 

images_WEINTRAUB.jpg

Ministro incompetente e atrapalha a Educação: FORA WEINTRAUB

 images_WEINTRAUB.jpg

 

Em agosto do ano passado, o ministro bolsonarista da Educação, Abraham Weintraub, prometeu que este Exame Nacional do Ensino Médio seria “um Enem com a cara do governo Bolsonaro”.

 

Pelo menos uma vez, este governo cumpriu o que prometeu.

 

O ministro que acusou as universidades federais de “promoverem balbúrdia” provou o tamanho da sua incompetência. E não estamos nos referindo somente a erros como escrever a palavra “imprecionante” ou confundir o escritor Franz Kafka com o prato árabe kafta…

 

Nunca tivemos um Enem com tantos problemas. O erro na correção das provas afetou milhares de estudantes causando um prejuízo sem tamanho a todos aqueles que se dedicaram durante todo o ano para garantir a sua entrada na universidade.

 

Ao dizer que este foi o “melhor Enem de todos os tempos”, o bolsonarista tentava ocultar os problemas que já surgiam. Pelas redes sociais, milhares de estudantes começavam a questionar suas notas e o governo foi obrigado a admitir a falha. Em um email disponibilizado pelo MEC, 173 mil estudantes solicitaram a correção de suas notas.

 

O governo dizia que o problema tinha sido pontual e ignorou o pedido de correção dos estudantes. A Justiça interveio a pedido do Ministério Público Federal e a divulgação da seleção do Sisu (que depende das notas do Enem) foi interrompida.

 

Mesmo após um despacho apressado do STJ, que liberou a divulgação do Sisu, novos erros. Nas redes sociais, estudantes relataram que o sistema impediu a inscrição na lista de espera de candidatos que selecionaram apenas uma opção de curso e não foram aprovados nela.

 

O discípulo de Olavo de Carvalho não possui qualquer qualidade técnica, administrativa ou política. À frente do Ministério, tudo o que consegue fazer é esbravejar contra o povo brasileiro atacando figuras como Paulo Freire, patrono da Educação Brasileira, ou o Marechal Deodoro, que liderou a Proclamação da República.

 

Como disse o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, “Weintraub é um ministro que atrapalha o Brasil”.

 

“Ele é um desastre, acho que atrapalha o futuro de milhões de crianças. A situação é grave”, alertou o parlamentar.

 

O presidente da Câmara está coberto de razão.

 

Como disse Weintraub, sua gestão tem “a cara do governo Bolsonaro”.

 

Weintraub desrespeitou todos os brasileiros! É um inepto que não possui a menor condição de permanecer em um dos cargos mais importantes do país, que já foi ocupado por grandes brasileiros como Gustavo Campanema e Darcy Ribeiro.

 

E é justamente por isso que exigimos sua saída imediata. Não podemos deixar o futuro da Educação Brasileira nas mãos deste incompetente.

Latuff_Enem.jpg

Elio Gaspari: Weintraub fez um Enem infernal

 Latuff_Enem.jpg

Charge de Carlos Latuff publicada no jornal Brasil de Fato

 

“O que aconteceu com o exame de 2019 foi coisa inédita: erraram nas notas dadas a estudantes e em dois dias foram da onipotência à mistificação”, destaca o jornalista Elio Gaspari em artigo publicado no jornal “O Globo” em 21 de janeiro de 2020

 

É a mesma história, a quitanda abre tarde, sem berinjelas para vender nem troco para a freguesa. Não bastassem as filas do INSS, o governo conseguiu azucrinar a vida da garotada que fez o exame do Enem e viu-se tungada nas notas. Aos aposentados disseram que fila é “estoque” e atraso é “empoçamento”. Aos estudantes dizem que erro nas notas é “inconsistência” e que o Inep “imediatamente adotou medidas”. A primeira afirmativa é empulhação, a segunda, mentira.

 

O vestibular sempre foi uma crueldade imposta aos jovens brasileiros. Em duas manhãs eles são obrigados a jogar um ano de vida, bem como suas expectativas pessoais e de seus familiares. Desde 2009 acontecem desgraças nesse exame. Num ano houve o furto de provas na gráfica, em três outros comprovaram-se vazamentos de questões. O que aconteceu com o exame de 2019 foi coisa inédita: erraram nas notas dadas a estudantes e em dois dias foram da onipotência à mistificação.

 

Aos fatos:

 

Vitor Brumano, 19 anos, candidato a uma vaga num curso de engenharia, viu que sua nota não conferia. Tentou se queixar, mas não havia onde. Ligou para um 0800 e a atendente lhe disse que era isso mesmo. Registrou sua reclamação junto à Ouvidoria do Inep e recebeu a seguinte resposta:

 

“O edital que regulamenta o exame não prevê a possibilidade de recorrer da nota, pois o desempenho do participante na prova objetiva é calculado com base na TRI, a prova do Enem tem 180 questões objetivas. Portanto, a média não é exatamente proporcional à quantidade de acertos porque as perguntas têm grau de dificuldade diferente”. Conversa de educateca.

 

Vitor criou um grupo no WhatsApp. Começou com sete jovens tungados e em poucos dias teve 2.000 comentários.

 

No sábado (18), o ministro da Educassão, Abraham Weintraub, disse que “nós encontramos algumas inconsistências na contabilização da segunda prova do Enem. (…) Um grupo muito pequeno de pessoas teve o gabarito trocado. (…) Estamos falando de 0,1%”. Conta outra, doutor, foram pelo menos 6.000 jovens e nenhum deles seria lesado em 0,1% de seu desempenho mas, em muitos casos, em 100%.

 

Weintraub sabe o que é ralar como estudante. Em 1989 ele estava no primeiro ano de economia na USP e tomou quatro zeros. Como ministro, explicou-se: “Foi um inferno. Meus pais se separaram, teve o Plano Collor, minha família desmanchou, eu tive depressão e sofri um acidente horroroso que eu tive que colocar um parafuso no braço.” O inferno do jovem Weintraub derivou de circunstâncias pessoais. O inferno da garotada do Enem de 2019 derivou da incompetência, agravada pela arrogância de seus educatecas. Se jovens como Vitor Brumano não tivessem botado a boca no mundo e se não existisse o tambor das redes sociais, eles seriam jogados num estoque empoçado de estudantes reclamões.

 

Jair Bolsonaro e Weintraub sempre trataram o Enem como uma questão ideológica. Que seja, mas como diz o seu nome, é um exame. Quem quiser, pode travar uma guerra cultural em torno dos tipo de berinjelas. Afinal, entre outras, há as italianas e as chinesas (comunistas e globalistas). Acima das ideologias, vale a lei do professor Delfim Netto: a quitanda do governo tem que abrir cedo, com berinjelas para vender e troco para a freguesa.

LULA-8-Paulo-Pinto-Fotos-Públicas

Para Lula, nazista não é Bolsonaro, mas a Globo

LULA-8-Paulo-Pinto-Fotos-Públicas

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – Foto: Paulo Pinto/Fotos Públicas

A entrevista de Lula ao site de notícias UOL, publicada no último domingo (26/01), é uma demonstração daquilo que ocorre quando alguém coloca seus interesses – e, no caso, interesses bem mesquinhos – acima dos interesses do povo e do país.

Há de quase tudo – e tudo errado. Inclusive a transformação de Bolsonaro em vítima da Globo, o que não é pouco transformismo. Sobretudo nesse momento, em que todo o país é assolado, à beira de tornar-se terra devastada.

Há, por exemplo, a brilhante perspectiva de vida que Lula apresenta para o povo brasileiro: “O milagre no Brasil foi o pobre ser solução. Coloca o pobre no orçamento da economia, dê o direito dele comprar o leite, o pão, o almoço e a janta, dê o direito dele trabalhar, dê o direito de financiar um puxadinho…”.

Será que o povo brasileiro está condenado a essa mediocridade? Pois essa é a perspectiva que Lula apresenta em relação ao momento atual. Aliás, ele acha que chegar a isso (“o direito de financiar um puxadinho”) é um milagre.

Há, também, declarações de que “o PT está disposto, como sempre esteve, a fazer aliança política”, o que é de um ridículo atroz, porque todo mundo sabe que não é verdade. Mais ainda, significa que Lula chama de “aliança” o que é submissão, algo confirmado pela continuação: “Com o segundo turno, todo o partido político tem direito de ter o seu candidato, de ter o seu tempinho na televisão, de defender o seu programa [no primeiro turno]. Se não for para o segundo turno, esse partido, então, faz aliança para apoiar alguém que foi”.

O que significa que, se depender dele – e depende – não haverá aliança alguma. Ele próprio diz isso claramente quanto ao Recife, Fortaleza, João Pessoa, Natal e Salvador. O PT (isto é, Lula) aceita que outros partidos se submetam. Fora isso, nada.

Se não é possível nem no Recife, onde o PSB tem a Prefeitura e o governo do Estado – e teve duas vezes e meia mais votos para deputado federal – o PT fazer aliança, pode-se concluir como “está disposto, como sempre esteve, a fazer aliança política”.

Entretanto, ele não acha a mesma coisa em relação a Bolsonaro. Não é brincadeira, leitor. Aliás, para nós, nem mesmo é surpreendente.

FRENTE

Diz Lula que a Globo é (ou é capaz de ser) pior que o nazismo. Já Bolsonaro, é um injustiçado, a quem a imprensa – quer dizer, a Globo – impede de falar.

Antes que nos acusem de forçar a barra, vejamos esses trechos da entrevista de Lula:

1) “O que a Globo está fazendo com o Intercept, era capaz que o nazismo não fizesse. Ela só teve coragem de citar o Intercept duas vezes: quando o Intercept publicou o nome do Faustão, que acho que tinha dado aula pro Moro, e quando foi citar o nome do Roberto D’Ávila, que tinha trabalhado para arrecadar dinheiro para o meu filme. A Globo não fez sequer matéria contra a fajutice da denúncia do Ministério Público [contra o jornalista Glenn Greenwald, diretor do site]. Então, isso é censura” (grifo nosso).

2) “Acho que tem crítica que ele [Bolsonaro] faz que é correta. Dê a ele o mesmo direito que dá aos outros, direito de falar, abra para ele falar. Na greve dos jornalistas de 1979, os donos de jornais descobriram que não precisavam tanto de jornalistas, que poderiam fazer jornalismo sem precisar do jornalista. Agora, o Bolsonaro está provando que é possível fazer notícia sem precisar dos jornais, da televisão. Ele faz por ele mesmo. Aliás, o Trump já fez escola…”

Faz lembrar a época em que o principal alvo do PT, e de Lula, era a oposição à ditadura – e não a ditadura. Apesar de não ser expressa desse modo, era uma definição tão ferrenha, tão bestial, que deixou marcas indeléveis: a expulsão de dois deputados federais – Bete Mendes e Airton Soares – que somaram-se ao conjunto da oposição; a recusa a apoiar – e votar em – Tancredo Neves contra o então candidato da ditadura, Paulo Maluf; a recusa a assinar a Constituição que condensou a luta contra a ditadura – a Carta mais democrática e nacionalista que o país já teve.

Mais de 30 anos depois, Lula descobriu que o principal inimigo do país é a Globo – e não Bolsonaro.

O mesmo Lula que, quando presidente, sem permitir qualquer discussão sobre o assunto, renovou as concessões da Globo por 15 anos (v. Diário Oficial da União, Nº 72, terça-feira, 15 de abril de 2008, seção 1, p. 5).

Na época, a expectativa era, pelo menos, a abertura de algum debate (v. Altamiro Borges, “O vencimento das concessões da TV Globo”).

Debalde.

Lula renovou as concessões, por 15 anos, em um momento que a Globo estava longe de ser um baluarte – ou mesmo uma poça – de democracia.

Mas, agora, fora do governo, descobriu que a Globo é pior que o nazismo e que Bolsonaro é uma vítima da Globo – assim como ele próprio. Existe, portanto, uma identidade entre os dois, pelo menos nessa questão: “Dê a ele o mesmo direito que dá aos outros, direito de falar, abra para ele falar”.

“Outros”, quem? Desde quando faltou espaço na mídia para Bolsonaro falar, inclusive as coisas mais monstruosas e criminosas?

Por exemplo:

“O voto não vai mudar nada no Brasil. Só vai mudar infelizmente quando partirmos para uma guerra civil, fazendo um trabalho que o regime militar não fez. Matando uns 30 mil, começando com FHC, não vamos deixar ele pra fora, não. Vão morrer alguns inocentes. Tudo bem. Em toda guerra, morrem inocentes”.

Essa continua sendo a política, se é que se pode chamar assim, de Bolsonaro. Daí a nenhuma preocupação em formar uma base parlamentar do governo. Daí o completo desprezo pelos partidos, a começar pelo seu.

Se ele não partiu para o que sempre pregou e berrou, é porque as forças democráticas do país não permitiram.

Bolsonaro – e não a Globo – é o maior risco para a democracia no Brasil. Os nazistinhas que pululam no governo – como aquele fã de Goebbels que não conseguiu se sustentar no cargo – não são acidentes. Os filhos de Bolsonaro, inclusive aquele que há poucos dias declarou preferir os nazistas, que instalaram Auschwitz, aos comunistas, que libertaram os sobreviventes de Auschwitz, também não são acidentes. São, aliás, meras extensões do pai.

Também não é acidente que Bolsonaro tenha se orgulhado de que “o meu bisavô foi soldado de Hitler”, algo que, provavelmente, inventou – e, se inventou, é pior do que se fosse verdade.

Ou que tenha declarado: “Profissionalmente, ele [Hitler] foi um grande estrategista… quando você tem um general, aqui no Brasil ou em qualquer exército do mundo, aquele general tem que estar pronto para aniquilar outro país, destruir outro país, para defender o seu povo”.

Ou que tenha ido para a Índia, no momento em que os chefes de Estado do mundo estão na Polônia, celebrando a libertação do campo de extermínio de Auschwitz.

Porém, segundo a declaração de Lula, Bolsonaro, como ele próprio, é uma vítima do “nazismo” da Globo. Ou, mais precisamente, de coisas que nem o nazismo foi capaz.

Para isso, não hesitou em recorrer a uma mentira escancarada sobre a cobertura da Globo às revelações das conversas do então juiz Sérgio Moro com o procurador Deltan Dallagnol, realizadas pelo site The Intercept Brasil.

Pode-se criticar essa cobertura por várias razões ou por vários ângulos. Mas o que Lula disse é, meramente, mentira. Tão descarada que até alguns lulistas apressaram-se a descomprometer-se com ela, algo que não é comum nesse pessoal que adora uma “narrativa”.

Esta “descoberta” de Lula se dá quando a Globo melhorou quanto a espelhar a verdade, exatamente por sua cobertura do governo Bolsonaro.

Pois, neste momento, como na época da ditadura, Lula está fazendo – ou tentando fazer – uma aliança com Bolsonaro contra a frente que se opõe a essa calamidade em forma de governo que aflige o país. Ou, mais precisamente, para impedir que se consolide uma ampla frente democrática contra Bolsonaro e o golpismo fascista.

A Globo é o espantalho que ele sacode, com o objetivo de sabotar a frente democrática, pois é claro que, no Brasil de hoje, falar em ampla frente democrática com a Globo por inimiga é algo que pertence ao terreno das alucinações sombrias e grotescas.

Daí, também, os quase elogios de Lula a Bolsonaro:

“… a gente não tem que ficar perguntando se Bolsonaro cresceu, se ele caiu, ele tem que governar quatro anos, ele foi eleito para cumprir um mandato de quatro anos. E ele que governe com a maior competência possível porque, se for bem, tem o direito a ser candidato à reeleição. E quem está no mandato e tiver o mínimo de competência, tem dificuldade de perder a eleição. Mesmo quem votou contra o Bolsonaro tem que saber o seguinte: ele é presidente. Eu vou ficar sentado na cadeira, dizendo que ele não presta e torcendo para que dê tudo errado? Não. Nós temos que torcer para que estas pessoas governem pensando na maioria do povo brasileiro. Ele tem a obrigação de governar pensando no bem, no ser humano, no mais pobre, no país, na nossa soberania, nos nossos estudantes, no nosso povo trabalhador.”

Bolsonaro está arrasando o país. Nunca houve um governo tão antinacional, tão antipopular e tão burro neste país. Mas, em vez de unir-se aos que se opõem a ele, Lula recomenda que “nós temos que torcer para que estas pessoas governem pensando na maioria do povo brasileiro”.

Bolsonaro? Guedes? Damares? Weintraub? O beato Salu do Itamaraty, que acredita que Trump é a encarnação de Deus?

Lula não é idiota. O que ele não quer é a existência de uma ampla frente de oposição. Daí, a promoção desses débeis mentais a pessoas que podem “governar pensando na maioria do povo brasileiro”.

Uma ampla frente democrática, acha Lula, faria com que perdesse peso político, pois é impossível uma ampla frente em torno dele.

Como os interesses de Lula são mais importantes que os interesses do país e do povo, que fiquemos todos acoelhados em torno dele, até a eleição de 2022 – na qual, aliás, ele, Lula, é inelegível.

Portanto, que facilitemos a vida para Bolsonaro, porque a união das forças democráticas do país não pode – e não vai ser – em torno de Lula.

Que isso possa significar o cancelamento das próprias eleições de 2022 – isto é, um golpe de Estado nazi-bolsonarista, perto do qual a ditadura de 64 poderá parecer um iluminado jardim de infância – não é coisa que perturbe a alguém cuja única prioridade é o próprio umbigo.

CARLOS LOPES

Do Jornal Hora do Povo

enem.jpeg

Erros na correção do Enem levam Justiça Federal a suspender seleção do Sisu

 enem.jpeg

 

A Justiça Federal em São Paulo determinou, na noite desta sexta-feira (24), a suspensão da etapa de seleção do Sisu (Sistema de Seleção Unificada) após o término do período de inscrição, que acaba no domingo (26), atendendo ao pedido de uma ação protocolada pela Defensoria Pública da União (DPU).

 

O Inep deve “suspender o processo de seleção do SISU, a partir do dia seguinte ao término do prazo de inscrição, previsto no cronograma original do MEC, até posterior decisão judicial”, afirma a decisão judicial.

 

A decisão acontece após o governo admitir um erro na correção das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2019 que segundo o ministro da Educação de Bolsonaro, Abraham Weintraub, afetou “apenas” 5.974 estudantes. É por meio da nota obtida no Enem que o estudante pode acessar o Sisu e concorrer a uma vaga nas universidades públicas federais.

 

CORREÇÃO

 

A liminar ainda determina que o governo comprove a correção de erros no resultado das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2019.

 

“Aos réus que comprovem documentalmente que a revisão ex officio das notas das provas nas quais foram identificadas falhas foram consideradas para a readequação das notas de todos os candidatos no Enem, em razão da teoria da resposta ao item, indicando-se quais eram os parâmetros antes e depois da revisão; e que todos os solicitantes de revisão tiveram seu pedido atendido, ainda que a nota não tenha sido alterada, e que foram adequadamente informados de tal decisão”, diz o ofício.

 

Para o juiz, prorrogar o período de inscrições não se faz necessário, mas “o pedido de suspensão do processo de seleção do Sisu, no caso, após o término do prazo de inscrição fixado pelo MEC, revela-se plausível, considerando que a partir desse momento, os potenciais danos aos estudantes prejudicados pela falha do Inep são concretos, pois seriam levados em consideração no processo de seleção, notas do Enem inidôneas”, escreveu o magistrado Hong Kou Hen.

Aniversário SP

466 anos de São Paulo: cortejo artístico embala o centro histórico

 Aniversário SP

 

No aniversário de 466 anos da nossa cidade de São Paulo não faltarão opções para a população comemorar. Neste sábado (25), mais de 300 serão realizadas em 150 locais nas diferentes regiões da cidade.

Logo cedinho, às 9 da manhã, o tradicional Bolo do Bixiga dá início à programação oficial da cidade. “O Maior Bolo Comunitário do Mundo” será realizado mais uma vez com apoio dos moradores da Bela Vista, que se reúnem para realizar a festa.

A partir das 10 horas, começas as apresentações musicais e, ao meio dia, a “Ode ao Samba do Bixiga” reunirá os melhores músicos do bairro que é berço do samba paulistano.

 

Oswaldinho da Cuíca, Elizeth Rosa, Thobias da Vai-Vai, Aldo Bueno, Anderson Sono, Maurício Jr, Kauê Aruan, Anderson Nikiba, Paulo África Rogério, Anderson Esquerda, Alex Riza e mais. Também vai ter show da OBMJ (Orquestra Brasileira de Música Jamaicana) e da Bateria 013.

 

CORTEJO PELO CENTRO DA CIDADE

 

Também ao meio dia, um cortejo com dez horas de duração reúne apresentações de música, teatro, circo e dança.

 

O ponto de encontro é no Pateo do Collegio. A festa segue pelo Largo São Bento, Rua Líbero Badaró, Avenida São João, Viaduto do Chá, Praça Ramos de Azevedo – onde fica o Theatro Municipal de São Paulo -, Largo do Paiçandu, esquina das Avenidas Ipiranga e São João e se encerra na Praça da República.

 

Entre os artistas participantes da comemoração estão: Elba Ramalho com Bixiga 70, Karol Conka, Rashid, Ney Matogrosso, Skank, Demônios da Garoa, Emicida, Marcelo Jeneci, Rodriguinho (ex-Travessos), Art Popular e Zezé Motta. A Orquestra Sinfônica Municipal, o Coro Lírico, o Balé da Cidade de São Paulo e o Coral Indígena Guarani Amba Vera também integram a apresentação.

 

VEJA A PROGRAMAÇÃO DO CORTEJO:

 

12h: Pateo do Collegio – Abertura do espetáculo com José Rubens Chachá como Oswald de Andrade e Pascoal da Conceição como Mário de Andrade anunciando o Grande Cortejo Modernista.

Pateo do Collegio – Apresentação do Coral Paulistano com o Coral Guarani Amba Vera;

 

13h: Pateo do Collegio – Início do cortejo com Elba Ramalho e banda Bixiga 70;

 

14hLargo São Bento: no berço do Hip hop, show com Karol Conka, Rashid, bboys, bgirls e DJs;

Líbero Badaró: intervenções aéreas com dançarinos , performers e os personagens Di Cavalcanti (Marcelo Airoldi) e Tarsila do Amaral (Rosi campos) dialogam das sacadas de Prédios Históricos;

Edifício Sampaio Moreira: os personagens Mário de Andrade (Pascoal da Conceição) e Anita Malfatti (Virgínia Cavendish) celebram os 45 anos de criação da SMC e sobre a primeira exposição de Anita.

 

15h – Praça do Patriarca: O Balé da Cidade apresenta coreografias inspiradas na obra da artista plástica Tarsila do Amaral, ao som da banda aérea da Cia-K Aerogroove.

Rosi Campos como Tarsila do Amaral apresenta os bonecos gigantes da Cia. PiA FraUs, inspirados em obras do modernismo brasileiro. Demônios da Garoa na sacada do edifício Sampaio Moreira.

 

16h30 : Sacadas do Theatro Municipal – os modernistas encontram com Marcos Palmeira que interpreta o Maestro Heitor Villa-Lobos para anunciar as comemorações do centenário da Semana de Arte Moderna de 22.

Villa-Lobos e João Carlos Martins regem a Orquestra Sinfônica Municipal, com os musicistas usando chinelos, em alusão ao ocorrido na Semana de 22;

Do saguão do Theatro Municipal surge o Bloco Pagu, composto por 100 mulheres homenageando a escritora e jornalista Patricia Galvão, um dos ícones de Modernismo. Ao som do Bloco, o cortejo segue até o Largo do Paissandu.

 

18h: Largo do Paissandu – Zezé Motta surge da Igreja do Rosário dos Homens Pretos, para falar da memória negra do território ao som do bloco afro-afirmativo Ilú Obá de Min.

A lado do Boneco gigante do Palhaço Piolin, circenses e a banda aérea da Cia K – Aerogroove tocam hits modernos e milhares de bolas coloridas são jogadas para o público brincar.

 

19h00: Galeria do Rock – Oswald de Andrade anuncia a banda Skank, que faz um show especial, revisitando seus grandes sucessos.

O Bloco Pagu com os Modernistas conduzem o público até o cruzamento das Avenidas Ipiranga e São João;

 

20h: Avenida Ipiranga – Ney Matogrosso faz show de voz e piano (Leandro Braga);

 

21h: Avenida Ipiranga – o Bloco Baixo Augusta anuncia o Carnaval de Rua de São Paulo.

 

Theatro Municipal

 

A partir das 8h30, o Theatro Municipal recebe atrações com entrada gratuita. Sob a regência do maestro João Carlos Martins, a orquestra Bachiana Filarmônica Sesi-SP vai receber convidados especiais: Tom Zé; Paulinho Moska; Filipe Catto; o tenor Jean William; a soprano Anna Beatriz Gomes; o também maestro Adriano Machado; e o jovem ator e pianista Davi Campolongo, que interpretou o maestro nos cinemas.

Os quase 1.500 ingressos serão distribuídos a partir das 8h15 com a entrega de senhas por ordem de chegada na entrada do Theatro Municipal.

 

OUTRAS REGIÕES

Por toda a cidade, dezenas de palcos serão montados:

 

ZONA LESTE

 

CASA DE CULTURA ITAIM PAULISTA

| Beatloko com Recayd Mob, Dexter, Torya, Bivolt, DJ Cia, Ndee Naldinho, Sandrão RZO, Scarlett Wolf, Vi Mendes e Don L, às 16h

| Delon, às 20h30

 

PALCO PRAÇA BRASIL

| Leões de Israel, às 16h

| Caminho Suave, às 18h

| Emicida, às 20h

| DJ Amoirasah nos intervalos dos shows

| Grátis (não é necessário retirar ingresso)

 

CENTRO DE FORMAÇÃO CULTURAL DE CIDADE TIRADENTES

| Linn da Quebrada, às 19h

| Leandro de Itaquera, às 20h

| Dudu Nobre, às 21h

| Grátis (não é necessário retirar ingresso)

 

ZONA NORTE

 

PALCO FREGUESIA DO Ó

| Toke Divinal, às 14h30

| Miro de Melo & Os Bregapunks, às 16h

| Falamansa, às 19h

| Rastapé, às 21h30

| Grátis (não é necessário retirar ingresso)

 

CENTRO CULTURAL DA JUVENTUDE

| Psicopretas, às 18h

| Drik Barbosa, às 19h

| Kamau, às 20h

| Rashid, às 21h

| Grátis (retirar ingresso a partir de uma hora antes)

 

ZONA SUL

 

CASA DE CULTURA DO BUTANTÃ

| Samba Rock Santo Amaro, às 14h

| Eu Soul Sambarock, às 15h20

| Banda Cacildes, às 14h

| Sandália de Prata, às 16h

| Cantinho do Samba Rock, às 17h

| Paula Lima, às 18h

| Grátis (não é necessário retirar ingresso)

 

CASA DE CULTURA M’BOI MIRIM

| Equipe Black Mad, às 18h

| Na Palma da Mão, às 19h

| Rodriguinho, às 20h

| Art Popular, às 21h

| DJ Light, nos intervalos dos shows

| Grátis (não é necessário retirar ingresso)

 

FUNK DA HORA

Centro Cultural do Grajaú

| MC Baraka, às 14h

| NGKS, às 15h30

| MC Rodolfinho, às 16h30

| MC Lan, às 17h30

| MC Tha, às 19h30

| DJ Zeme nos intervalos dos shows

| Grátis (não é necessário retirar ingresso)

Paraisópolis

| Geração Portela, às 13h45

| Johnny Sertanejo, 14h30

| Êxodo, às 15h15

| Marie, às 16h

| KG Furlan, às 16h45

| EDS, às 17h30

| Bia Freitas, às 18h15

| Almas Errantes, às 19h

| Junior Aguiar, às 19h45

| Nego do Borel, às 21h

| DJ Guarujá nos intervalos dos shows até as 22h

| Baile do Rato MC Brizola, das 21h às 4h

| DJ Allan, às 21h; DJ Jp, às 23h; MC Lele, à 0h;

Grupo Novo Conceito, à 1h30; DJ CR7, às 2h30; DJ

Exculacha, às 4h

Heliópolis

| DJ Tyko Pro, às 15h

| MC Messo, às 15h45

| MC Vitin, às 16h30

| MC DH, às 17h15

| MC Lanzinho, às 18h

| MC Daniel, às 18h45

| MC Yasmin Milena, às 19h30

| MC di do Helipa, às 20h15

| MC Kekel, às 21h

 

CASA DE CULTURA DE SANTO AMARO

| Conjunto João Rubinato, às 18h

| Os Originais do Samba, às 20h

| Grátis (não é necessário retirar ingresso)

 

ZONA OESTE

 

CENTRO CULTURAL TENDAL DA LAPA

| Lu Lopes, às 17h

| Marcelo Jeneci, às 19h

| Grátis (não é necessário retirar ingresso)

 

PALCO BRASILÂNDIA

| Cia. de Teatro Evoé, às 14h

| Funk Como Le Gusta e Thaíde, às 16h

| Prata da Casa, às 18h

| Ca.Ge.Be, às 18h

| Negra Li, às 20h

| Bloco Unidos do Guaraú, às 21h

| Bloco Aqui Ó, às 21h30

| Grátis (não é necessário retirar ingresso)

 

VIRADINHA

Crianças e seus familiares poderão se divertir com diversas atividades culturais e de lazer como pintura facial, recreação, entre outras.

| Paraisópolis. Dia 25/2, das 10h às 14h

| Grátis (não é necessário retirar ingresso)

20200122120144_b6dd3fee75722566ded5d42144ea2ac2445355f48b505a26792fa4b905a6ee08.jpeg

Por que é inepta e abusiva a denúncia do MPF contra Glenn Greenwald

20200122120144_b6dd3fee75722566ded5d42144ea2ac2445355f48b505a26792fa4b905a6ee08.jpeg

 

Por Lenio Luiz Streck, Gilberto Morbach e Horacio Neiva

 

No dia 21 de janeiro, o Ministério Público Federal denunciou, além de outras seis pessoas, o jornalista Glenn Greenwald, por supostos crimes relacionados à interceptação de diálogos privados envolvendo o então juiz Sergio Moro, Deltan Dallagnol e procuradores da Operação Lava Jato. Os diálogos foram divulgados pelo Intercept Brasil, de Greenwald, e os parceiros Folha, Uol e El País, em cobertura que passou a ser conhecida como “Vaza Jato”.

A inclusão do nome do jornalista entre os denunciados tem como base um áudio obtido em cumprimento de autorizadas medidas de busca e apreensão — motivo pelo qual o MPF sustenta não ter sido descumprida a liminar concedida pelo ministro Gilmar Mendes na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 601, garantindo ao jornalista Glenn Greenwald não ser investigado pela divulgação de informações que preservam o sigilo da fonte.

Por si só, isso já é discutível. A liminar concedida pelo ministro Mendes, lembremos, impedia qualquer ato que tivesse como propósito a responsabilização do jornalista por práticas relacionadas à divulgação dos diálogos interceptados. Do ponto de vista institucional, parece-nos que seria necessário muito mais do que algumas poucas linhas ou letras garrafais para que o Ministério Público afastasse qualquer possibilidade de descumprimento de uma decisão de ministro do Supremo.

De todo modo, analisemos a peça. Segundo a denúncia (fls. 52), assinada pelo procurador Wellington Divino Marques de Oliveira — grifos nossos — “o jornalista GLENN GREENWALD, de forma livre, consciente e voluntária, auxiliou, incentivou e orientou, de maneira direta, o grupo criminoso, DURANTE a prática delitiva, agindo como garantidor do grupo, obtendo vantagem financeira com a conduta aqui descrita”.

Nos termos da denúncia (fls. 55), parte da suposta conduta criminosa de Greenwald seria ter mantido “contato com os agentes infratores”, garantindo que seriam “por ele protegidos”, “indicando ações para dificultar as investigações e reduzir a possibilidade de responsabilização penal”.

O problema é que não se sustenta, sequer minimamente, nenhuma das alegações do procurador, e os próprios diálogos que servem de base à inclusão do jornalista no rol dos denunciados indicam isso. A denúncia é inepta, arbitrária, abusiva. Isso fica bastante claro a partir da leitura dos trechos destacados pelo próprio procurador. Vejamos.

E por que isso seria crime, afinal?

Nesse trecho do diálogo, Glenn Greenwald e Luiz Molição, um dos denunciados, falam sobre notícias de que autoridades públicas teriam sido hackeadas por outros, em episódios sem relação com aqueles sobre os quais a denúncia diz respeito; em meio a isso, o jornalista mostra-se preocupado em deixar claro que as informações por ele recebidas eram anteriores a esse episódio discutido. Não apenas isso é verdade como o diálogo mostra que Greenwald não participou da interceptação das mensagens.

Sigamos.

Aqui, Glenn Greenwald claramente procura preservar o veículo que detém a informação. Novamente, não há sequer indício de algo que pareça apontar a qualquer crime.

Outro dos pontos divulgados, como se vê, acerca do download das mensagens interceptadas, não comprova absolutamente nada — menos ainda com relação ao jornalista. A questão colocada pelo hacker era sobre realizar o download de informações que ainda não haviam sido baixadas.

Nesse sentido, o que mais impressiona é que o próprio procurador admite que Greenwald não deu o alegado incentivo. Que agiu com cautela. O assustador é que, pela sua perspectiva, isso não apenas não comprova que não há crime como reforça sua convicção. O raciocínio do MP aqui contraria os próprios fundamentos.

Em outro ponto supostamente sensível, o jornalista reforça que já salvou as informações encaminhadas e que precisava resguardá-las (afinal, era sua informação). Acrescenta que não vê sentido no hacker mantê-la, justamente para evitar a violação da fonte.

O mais importante, contudo, é que, no trecho citado pelo próprio procurador, Greenwald diz que isso é escolha do hacker. Não há qualquer incentivo, não há qualquer orientação. Há apenas um jornalista preservando sua própria atuação, sua própria fonte.

Veja-se: Greenwald diz expressamente que não pode dar conselhos ao hacker. Isso é destacado pelo próprio procurador que assina a denúncia.

Também são destacados, vimos, os trechos em que o jornalista garante que o Intercept Brasil vai sustentar ter recebido os documentos antes de artigos que colocavam a divulgação em descrédito, porque, vejam só, o veículo de fato recebeu os documentos antes de artigos que colocavam a divulgação em descrédito.

Vejamos a conclusão do procurador:

A conclusão exaure todos os limites do absurdo. O crime de um jornalista é ter “relação próxima” com sua fonte, que teria praticado crime. Perguntamos: como um jornalista vai investigar algo sem ter relação próxima com fontes, mesmo aquelas que praticaram — sem participação do jornalista — algum crime?

Isso tudo é muito grave, e grave justamente porque, do ponto de vista jurídico, a questão é muito simples.

É simples, primeiro, porque a liberdade de imprensa e o sigilo das fontes são garantias constitucionais.

Segundo porque, por razões óbvias, liberdade de imprensa e sigilo de fonte não envolvem apenas um direito que tem o jornalista de não dizer quem é fonte. As garantias constitucionais envolvem os atos necessários para que o jornalista possa efetivamente exercer sua profissão, sob pena de serem reduzidas a meras palavras em um documento sem qualquer pretensão de eficácia. Para que serviriam as garantias de livre exercício da profissão sem a garantia dos meios legítimos para efetivá-la?

Os problemas não param por aí. O áudio já tinha sido analisado pela Polícia Federal, que, em seu relatório final, assim disse: “Pelas evidências obtidas até o momento, não é possível identificar a participação moral e material do jornalista Glenn Greenwald nos crimes investigados”.

Repetimos: o diálogo usado pelo procurador já havia sido analisado, e a conclusão era a de que não houve participação de Greenwald nos crimes investigados. E não só isso: da leitura dos diálogos e dos trechos destacados não é possível derivar nenhuma das alegações contra ele.

O que queria o procurador, afinal? Que um jornalista não divulgasse material de interesse público? Que Glenn Greenwald, no pleno exercício de suas prerrogativas constitucionais, fiscalizasse a conduta de sua fonte?

Em atos institucionais como esse, o Ministério Público revela um profundo desconhecimento acerca da função do jornalismo independente e, pior, degrada aquela que é a sua própria função.

Do ponto de vista jurídico, novamente, tudo isso é muito simples, passível de ser resumido em algumas poucas linhas. Após uma decisão de ministro do Supremo visando a proteger um jornalista no exercício legítimo de suas funções, “impossibilita[ndo] que o Estado utilize medidas coercivas para constranger a atuação profissional e devassar a forma de recepção e transmissão daquilo que é trazido a conhecimento público”, o procurador Wellington Divino Marques de Oliveira afasta a hipótese de descumprimento da decisão em alguma meia dúzia de linhas e denuncia o jornalista com base em diálogos que não apenas nada têm de criminoso como revelam justamente o contrário.

Se uma ação de hackers é criminosa, o jornalismo não pode ser crime em nenhuma democracia que se pretende digna do nome. Glenn Greenwald foi denunciado pelo legítimo exercício de seus direitos amparados por garantias constitucionais. Uma denúncia como essa diz muito mais sobre o caminho adotado pela instituição que a assina do que sobre um jornalista (que o é de fato, sem aspas e com um Pulitzer) que, protegido pela Constituição, busca preservar a própria fonte.

Lenio Luiz Streck é jurista, professor de Direito Constitucional e pós-doutor em Direito. Sócio do escritório Streck e Trindade Advogados

Gilberto Morbach é mestre em Direito Público pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos).

Horacio Neiva é mestre e doutorando em Filosofia e Teoria Geral do Direito pela USP; advogado e professor.

Publicado na Revista Consultor Jurídico, 22 de janeiro de 2020

sintect-sp-correios-lucro-privatizacao-estatal-publica-brasil.png

Trabalhadores lançam campanha contra a privatização: “Os Correios são do Brasil”

sintect-sp-correios-lucro-privatizacao-estatal-publica-brasil.png

 

Os trabalhadores dos Correios lançaram uma campanha nacional contra a ameaça de privatização da estatal pelo governo Bolsonaro privatização da empresa, em defesa dos direitos da categoria e de seus empregos. 

 

Veja o vídeo:

 

 

A campanha tem como objetivo demonstrar a importância da estatal para o país e rebater as informações divulgadas pelo governo Bolsonaro de que a empresa traz prejuízos para o país, ou que “só entrega cartas”, como declarou nesta segunda-feira, 20, o secretário de privatizações de Bolsonaro, Salim Mattar, quando voltou a defender a privatização.

 

No vídeo divulgado esta semana, entidades de trabalhadores dos Correios rebatem as mentiras que o governo usa para justificar a entrega de uma das maiores e mais lucrativas empresas do país às multinacionais. 

 

Eles destacam que os Correios é uma das únicas empresas que está presente em todos os 5.570 municípios brasileiros, e realiza um serviço de notória importância, como “entrega de livros didáticos nas escolas públicas para crianças e adolescentes, entrega de remédios e vacinas em hospitais e postos de saúde, entrega de urnas eleitorais nos pleitos eleitorais de forma segura, garantindo o sigilo das informações, serviços bancários em mais de 2 mil municípios brasileiros, nos quais não existe correspondentes bancários”.

 

“É o maior distribuidor de mercadoria compradas pela internet, realizando entrega em lugares que outras empresas privadas não vão, e que muitas vezes contrata os próprios Correios para realizar suas entregas”.

 

“Por ser uma empresa pública consegue ter as menores taxas de serviços, garantindo a sua economia. Muitas mentiras estão sendo divulgadas para manchar a sua imagem, como a de que o Correio só dá prejuízos. Mas o que poucos sabem é que os Correios é uma empresa autossustentável que gera faturamento para cobrir seus custos e ainda gerar lucro para o governo”.

 

De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de SP e vice da Federação Interestadual (Findect), Elias Cesário (Diviza), a informação de que a empresa dá prejuízos ao país “é mentira do Bolsonaro”. “É exatamente o contrário. O Correio é uma empresa que dá lucro. Nos últimos dois anos a empresa deu lucro e repassou recursos para o governo”.

 

Para ele, a intenção de Bolsonaro sempre foi entregar todo o patrimônio do povo para o setor privado. “Eles querem é entregar os Correios para empresas privadas nacionais e multinacionais ligadas ao governo”, denunciou.

 

Em seus balanços financeiros dos últimos vinte anos a empresa registrou lucro em dezesseis anos consecutivos, chegando à marca de R$ 15,8 bilhões, em valores corrigidos pela inflação. E, apenas num lapso de tempo curto, teve contas no vermelho (2013, 2015 e 2016), tendo em 2014 obtido um resultado praticamente estável.

 

Com informações da Hora do Povo e do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de São Paulo

Weintraub novo erro

MPF recomenda suspensão das inscrições do Sisu, após erros na correção do Enem

 Weintraub novo erro

 

O Ministério Público Federal enviou na tarde desta quarta-feira (22) uma recomendação ao governo federal para que sejam suspensas as inscrições do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) 2020, e que o cronograma da seleção unificada seja modificado.

 

O MPF afirma que o “prazo para o acatamento da Recomendação é de 24 horas e seu descumprimento pode implicar a adoção de providências administrativas e judiciais cabíveis”.

 

Segundo a nota do MPF, o pedido de suspensão do Sisu é para garantir que o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) tenha tempo de conferir os gabaritos de todos os candidatos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A nota diz, ainda que são inúmeras as queixas de cidadãos, pais e/ou estudantes já recebidas pela instituição.

 

De acordo com o MPF, o documento foi encaminhado ao Ministro da Educação do governo Bolsonaro, Abraham Weintraub, além da Secretaria de Educação Superior do MEC e para o Inep. A recomendação foi assinada pela Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão em Minas Gerais e a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), além do Grupo de Trabalho da PFDC sobre Educação em Direitos Humanos.

 

Incompetência Weintraubiana

 

Na última sexta-feira (17), pouco depois de Weintraub afirmar que o governo Bolsonaro realizou “o melhor Enem de todos os tempos” os relatos de avaliações diferentes entre candidatos que tiveram o mesmo número de acertos ou notas próximas a zero mesmo com número alto de acertos começaram a aparecer nas redes sociais.

 

No sábado (18), Weintraub e Alexandre Lopes afirmaram que houve falhas na correção das provas do segundo dia, o que atingia “um grupo muito pequeno”. No domingo (19), o Inep informou que estava revisando as notas dos dois dias de provas do Enem 2019.

 

Ainda no domingo, o governo disponibilizou um email e estabeleceu um prazo de menos de 24 horas para os estudantes que tivessem identificado alguma inconsistência na sua correção entrassem em contato. Mais de 175 mil pessoas solicitaram nova correção da prova.

 

Mas, segundo o governo, foram identificados problemas em 5.974 provas – 96,7% estavam concentrados em 4 cidades: Alagoinhas (BA); Viçosa (MG); Ituiutaba (MG) e Iturama (MG).

 

Em entrevista à imprensa na última segunda-feira (20), o presidente do Inep, Alexandre Lopes, afirmou que o erro ocorreu na gráfica Valid Soluções S.A., que foi contratada às pressas após repetidos problemas na organização do Enem pelo governo Bolsonaro.

 

Segundo ele, a gráfica imprime o caderno de questões do candidato, que é identificado com um código de barras do aluno. Depois, imprime o cartão de respostas (gabarito), que também tem um código. Outra máquina une estes dois documentos. O erro ocorreu nesta união e na geração do código de barras.

 

Vale relembrar que desde o começo da gestão Bolsonaro, três pessoas foram indicadas para assumir a presidência do Inep. Em uma das crises, o delegado da Polícia Federal Elmer Vicenzi, pediu demissão depois de não viabilizar a entrega de dados sigilosos dos estudantes brasileiros para o governo Bolsonaro.