Protesto São Paulo

Manifestantes defendem no país: “BolsoNero sai, a Amazônia fica”

Protesto São Paulo

 

Entre a sexta (23) a segunda-feira (26), milhares de pessoas participaram de atos em ao menos 60 cidades do Brasil e do mundo contra o aumento desenfreado das queimadas na região da Amazônia. Segundo dados Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), durante os sete primeiros meses do governo Bolsonaro, as queimadas aumentaram em 82% na região, em comparação com o mesmo período de 2018.

 

Em São Paulo, milhares de pessoas se reuniram em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), na avenida Paulista, na noite de sexta-feira. Com gritos de ordem contra Bolsonaro e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, eles ocuparam a Avenida no sentido Consolação por volta das 18h30 e bloquearam a pista instantes depois.

 

Os manifestantes pediram a saída do ministro Salles do cargo, e do próprio presidente. “Fora Salles” e “BolsoNero sai, a Amazônia fica” foram alguns dos coros que deram o tom da manifestação, que reuniu desde estudantes a empresários e representantes de ONGs.

 

No domingo, artistas, políticos e uma multidão de manifestantes se reuniram na orla de Ipanema, na zona sul do Rio. Em conjunto com Caetano Veloso e a atriz Sônia Braga, a “comissão de frente” da marcha foi formada pelo ator Antonio Pitanga, o rapper Criolo, o jornalista do The Intercept Brasil Glenn Greenwald e os deputados federais Alessandro Molon (PSB-RJ), Marcelo Freixo (PSOL-RJ), Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Benedita da Silva (PT-RJ) e David Miranda (PSOL-RJ).

O ato caminhou ao som de clássicos da MPB como “Sal da Terra”, “Amor de índio” e “Asa branca” e gritos de ordem contra Bolsonaro , Salles, e em defesa da Floresta Amazônica, como: “Fora Salles”, “Todos pela Amazônia” e “Bolsonaro sai, Amazônia fica”.

 

Protesto Rio de Janeiro

 

Os manifestantes cantaram clássicos da música popular brasileira e ergueram cartazes com dizeres como “Não queimem o nosso futuro” e “A Amazônia não aguenta mais”.

 

“Estou aqui para levantar a bandeira de preservação do meio ambiente, as queimadas da Amazônia evidenciaram a importância de se fazer isso”, disse Caetano.

Entre os manifestantes havia crianças, idosos, jovens e adultos, e o ato transcorreu com tranquilidade. Não houve impacto no trânsito, já que a pista da Avenida Vieira Souto é fechada como espaço de lazer todos os domingos.

 

O ato foi chamado pelo grupo @342 Amazônia, movimento liderado pela produtora e empresária Paula Lavigne. Indígenas presentes também entoaram cantos e frases contra o Governo Bolsonaro.

 

“O governo Bolsonaro tem uma visão atrasada sobre o papel do meio ambiente em relação ao desenvolvimento econômico. Para ele, se tem meio ambiente não tem desenvolvimento”, disse o deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ). Ele disse ter proposto ao presidente da Câmara dos Deputados a implantação de uma comissão geral — espécie de audiência pública — para discutir o tema no dia 5 de setembro, o Dia da Amazônia.

 

O deputado quer ainda recolher assinaturas para a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a “devastação da floresta”. “Não só as queimadas, mas também o desmatamento e o garimpo ilegal”, afirmou.

 

Ao fim do ato, Caetano Veloso pegou o microfone e cantou seu sucesso “Um índio”, acompanhado pelos manifestantes.

No sábado, manifestantes se reuniram no centro de Belém, no Pará, e caminharam pela cidade com faixas com os dizeres “Salve a Amazônia” e “Holocausto Amazônico”.

 

Em Manaus, um grupo também caminhou pelo centro da cidade carregando cartazes e faixas. Em Natal, a manifestação contou a participação de indígenas de uma aldeia do sul do Estado do Rio Grande do Norte. Os movimentos sociais de Belo Horizonte realizaram no domingo a em defesa da Amazônia, na Praça da Liberdade. Na Praça do Papa, no bairro Mangabeiras, na Região Centro-Sul da capital mineira, manifestantes se reuniram e saíram em passeata contra Bolsonaro pela Amazônia.

 

Em Salvador, além do grande protesto realizado na sexta-feira, no domingo, manifestantes invadiram o Shopping Barra com cartazes e gritando palavras de ordem.

 

Queimada Amazonia

 

Panelaços registrados durante discurso de Bolsonaro na TV

 

Panelaços foram realizados em diversas cidades brasileiras durante o pronunciamento de Bolsonaro na noite desta sexta-feira (23).

 

Na capital paulista, os protestos ocorreram com gritos de “Fora, Bolsonaro!” e “Ele não” nos bairros do centro e zona oeste, como Barra Funda, Santa Cecília, Higienópolis e Pinheiros.

 

No Rio, os relatos de protestos incluem bairros como Copacabana e Humaitá. Em Belo Horizonte houve registro no centro e, em Porto Alegre, em bairros, como Centro, Rio Branco, Petrópolis e Jardim Botânico.

 

Mais cedo, Bolsonaro assinou um decreto que autoriza o emprego das Forças Armadas na Amazônia para conter os incêndios florestais. O governo mantém conversas com EUA e Israel para tentar demonstrar que não age de forma isolada.

Homenagem Eduardo de Oliveira

Legado do Professor Eduardo de Oliveira é honrado na Alesp

Homenagem Eduardo de Oliveira

 

 

Na noite da sexta-feira (23), a Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP) prestou homenagem ao Professor Eduardo de Oliveira, líder do movimento negro e da luta pela libertação nacional, que completaria 93 anos neste mês de agosto. O evento “Legado da Resistência Pela Liberdade do Negro e do Brasil – Homenagem Especial ao Professor Eduardo de Oliveira”, foi uma iniciativa da deputada estadual Leci Brandão (PCdoB-SP).

 

Dirigentes da UMES participaram da homenagem ao Professor Eduardo, um grande brasileiro que sempre se fez presente nas lutas dos estudantes e da juventude brasileira.

 

Dezenas de lideranças dos movimentos negro, estudantil, de moradia e de mulheres lotaram o auditório Teotônio Vilela, da Assembleia, para prestar homenagem ao Professor Eduardo, primeiro vereador negro da Câmara Municipal de São Paulo, fundador do Congresso Nacional Afro-Brasileiro (CNAB) e autor do “Hino à Negritude”, oficializado como um dos hinos da Nação pela Lei Federal nº 12.981, de 28 de maio de 2014.

Após a execução do Hino Nacional e do Hino à Negritude, a deputada Leci Brandão deu início à solenidade, destacando a importância de Eduardo de Oliveira na luta pela igualdade racial e pelo desenvolvimento nacional. “Uma pessoa carinhosa e sábia”, como qualificou a deputada.

 

A deputada também manifestou “gratidão profunda aos que mandaram mensagens de condolências pelo falecimento de minha mãe, Leci de Assumpção Brandão”.

 

“Hoje eu sei o que é a dor do sofrimento, a dor da saudade. Não é tristeza, é saudade de uma pessoa que fez que chegasse onde cheguei. A maior amiga que eu tive. Uma mulher negra, guerreira, trabalhadora humilde, mas que com sua dignidade, conseguiu construir a sua história”, disse Leci.

 

Sobre a trajetória do Professor Eduardo, Leci destacou:

 

“É muito difícil relembrar de um homem que sempre me tratou com muito carinho, que sempre incentivou o meu trabalho. Quando cheguei no conselho da Sepir [Secretaria Especial da Promoção da Igualdade Racial], comandado pela ministra Mathilde Ribeiro, o Professor Eduardo dizia que eu deveria seguir outro caminho, não ficar só no conselho, fazer outras coisas… Acho que ele estava fazendo uma profecia. Eu não podia imaginar naquela época, que estaria aqui nesta Casa, como a segunda mulher negra a entrar nessa Assembleia”.

 

Segundo Leci, o “Professor Eduardo era uma pessoa extremamente carinhosa, um homem que tratava a todos com muito respeito, dentro de uma simplicidade única. Um homem sábio”.

 

RETROCESSOS

 

Leci também criticou a situação atual do nosso país e os retrocessos no governo Bolsonaro. “Nós estamos passando por um processo de retrocesso muito grande, estamos passando por muita dificuldade no nosso país”.

 

“Quando o Professor Eduardo dizia que o Brasil só será libertado no dia em que todos os negros se libertarem, ele falou algo extremamente importante”.

 

“Temos que colocar uma coisa na nossa cabeça. Enquanto nós, negros e negras, não ocuparmos os poderes deste país, de forma legítima e merecedora, as coisas continuarão difíceis para nós. Não adianta ficarmos apenas reafirmando que somos mais da metade da população deste país, se nós não estamos no poder deste país”.

 

A deputada também criticou o descaso do governo Bolsonaro e o desrespeito ao meio ambiente. “Uma pena vermos a Amazônia pegando fogo e o que ouvimos são absurdos, só sandices… Estamos ouvindo gente louca ocupando o poder enquanto nosso país está se despedaçando, indo para o fundo do poço”.

“Tem gente que diz para mim, ‘mas eles foram eleitos e a eleição foi legítima, aguentem!’. Só que eu não sou responsável por essa situação e a maioria de nós também não é, mas nós temos que fazer alguma coisa!”, ressaltou a deputada.

 

Leci também afirmou estar muito “esperançosa com a juventude, que luta no dia-a-dia nas comunidades. Principalmente das mulheres negras”. E destacou que a luta acontece, apesar dos feminicídios e genocídio pela qual a juventude passa. As mulheres têm na sua cabeça que vão conseguir transpor esses obstáculos”.

Por fim, Leci também comemorou a aprovação do projeto de lei 226/2017, que pune administrativamente a prática de atos discriminatórios por motivos religiosos.

 

“Nós estamos defendendo apenas as religiões de matrizes africanas. Estamos defendendo e blindando contra qualquer preconceito que haja contra qualquer religião. Muitos deputados parecem que não entenderam isso. É claro que as religiões de matrizes africanas são as mais perseguidas, mas defendemos todas as religiões. Felizmente avançamos nesta luta”, disse.

 

ORLANDO

 

O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) também fez sua saudação no evento. Orlando destacou que teve a oportunidade de realizar uma singela homenagem ao Professor Eduardo de Oliveira durante sessão na Câmara dos Deputados no último dia 6 de agosto, data em que o poeta completaria 93 anos.

 

“Foi uma forma de registrar a data do aniversário do Professor Eduardo, que tive a honra de conhecer quando vim morar em São Paulo, há quase 30 anos. Encontrava o Professor Eduardo nas marchas e debates, em atividades que o movimento negro produzia e em debates”.

 

“Sempre com um sorriso, paciente… Um sujeito que ouvia todo mundo. Até eu, moleque que falava qualquer coisa e ele prestava atenção. Sempre tentando compreender o que as pessoas falavam e transmitir os seus conhecimentos”.

 

“É muito importante que um homem lute a vida inteira e o Professor Eduardo é o símbolo daqueles que lutam a vida inteira. Um velho camarada, o João Amazonas, dizia que ‘viver é lutar’ e o Eduardo é o símbolo desta luta”, continuou o deputado.

 

“Um homem que tem na sua trajetória a marca da luta pelos direitos do povo negro, mas também a marca da luta pela democracia e pela soberania nacional”, destacou o parlamentar.

 

Orlando ainda ressaltou a luta contra o chamado “Pacote Anticrime”, apresentado pelo governo no Congresso. “Que talvez seja um dos desafios do povo negro brasileiro”. “Um conjunto de medidas que altera o Código Penal e que, na prática, vai oferecer mais instrumentos para a violência do Estado contra o povo pobre”.

 

ALFREDO

 

O presidente do Congresso Nacional Afro-Brasileiro, Alfredo Oliveira, agradeceu à deputada Leci Brandão e a todos os presentes pela homenagem concedida ao fundador do CNAB.

 

Alfredo apresentou uma breve biografia da vida do professor, destacando suas principais criações que vão desde a composição do Hino à Negritude, aos 16 anos, aos seus livros de poemas, como “Banzo” e “Gestas Líricas da Negritude”; e “Quem é Quem na Negritude Brasileira”, que traça o perfil de mais de 500 lideranças negras do país.

 

O presidente do CNAB destacou ainda importantes episódios da vida de Eduardo de Oliveira, como a eleição à Câmara dos Vereadores de São Paulo, a atuação na luta pelo “Petróleo É Nosso”, a troca de correspondências com o líder negro norte-americano Martin Luther King, sua atuação nas lutas democráticas do país e a recepção a Nelson Mandela, na década de 90.

 

“Eduardo indignava-se ao ver os recursos de nosso país se esvaindo para os cofres dos banqueiros e agiotas internacionais”, destacou.

 

“Eduardo de Oliveira nos deixa um legado glorioso e uma missão: a luta por uma nação livre e soberana continua e passa pela liberdade de mulheres e homens. Coragem e disposição de luta jamais faltaram aos nossos bravos brasileiros”, destacou. “Certamente estaria na linha de frente na batalha contra os retrocessos do governo Bolsonaro”, completou Alfredo.

 

Claudio Souza, coordenador do SOS Racismo, da Assembleia Legislativa de São Paulo, relembrou que a sala do SOS Racismo da Alesp foi batizada com o nome de Eduardo de Oliveira, e que os funcionários da Assembleia estão demandando à mesa diretora da Casa a nomeação oficial da sala com o nome do líder negro.

 

Ivan Lima, presidente do Conselho de Participação da Comunidade Negra de São Paulo, destacou a experiência de vida junto ao Professor e relembrou o início de sua trajetória política, em Pirituba, onde Eduardo de Oliveira atuava na construção da candidatura de Lídia Correa para vereadora. “É uma enorme satisfação estar aqui enaltecendo a figura deste grande líder. Nós do conselho já temos feito esta iniciativa de executar o Hino à Negritude em nossas atividades”.

 

BIRA

 

O presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Ubiraci Dantas, afirmou que o Professor Eduardo sempre esteve à frente de todas as lutas e atos contra o racismo e em defesa do Brasil. Um homem que não teve dúvidas de ir ao Congresso Nacional e peitar todos os que iam contra a aprovação do Hino à Negritude, um homem simples, humilde, paciente e que não deixava nenhuma injustiça passar batida.

 

O sindicalista destacou que Eduardo de Oliveira estaria firme na luta contra a reforma da Previdência de Bolsonaro, que saqueia os mais pobres e tira o adicional de insalubridade das profissões de risco.

 

“Mas pintou uma luz no fim do túnel”, disse Bira, ao destacar que o Senado retirou do texto da MP 881, a liberação do trabalho aos domingos e feriados. “Isso abre espaço para derrotarmos essa PEC da morte e da escravidão”, destacou.

 

JOSÉ FRANCISCO

 

José Francisco de Oliveira, filho do Professor, relembrou que como vereador, Eduardo foi autor de uma lei que impedia a entrada dos vereadores com armas na Câmara. Ele sempre foi contra a violência.

 

“Certa feita estava em Lavras, terminando meu doutorado, e fui participar de um grupo de jovens negros e a professora que coordenava esse grupo me disse que conhecia meu pai, disse que o conhecia da cidade de São Carlos. Foi aí que entendi porque eu via pouco ele. Porque a família dele era muito maior. Hoje eu conheço as pessoas por conta do meu pai”, frisou.

 

“Então o professor me ensinou essa grandeza, essa coisa maior. Que a coisa tem que ser coletiva, tem que ser para todos”.

 

“Estamos num momento muito delicado da luta. Porque aquele racista que estava oculto, agora vai para rua e diz que não gosta de negros, que é contra as cotas. Temos que defender as cotas, elas são uma conquista do movimento negro”, enfatizou José Francisco.

 

Do Jornal Hora do Povo

 

José Francisco enfatizou a necessidade de ampliar a divulgação do Hino à Negritude, “levar esse hino às nossas crianças”. “O nosso hino é o Hino à Negritude, temos que levar isso para nossas escolas. É um compromisso com o professor, é um compromisso com a nossa juventude”. “Eu fico muito emocionado ao saber que a ausência do professor foi transformada em luta em todo o Brasil”, concluiu José Francisco.

 

Também estiveram presentes na homenagem ao professor Eduardo de Oliveira, representantes das entidades do movimento negro: Fórum de Religiões de Matriz Africana, União de Negros e Negras Pela Igualdade (Unegro), Novos Rumos, SOS Racismo, União das Escolas de Samba de São Paulo (UESP), Quilombação ,Agentes de Pastoral Negros do Brasil (APNs), Nova Frente Negra Brasileira, Conselho da Comunidade Negra do Estado de São Paulo (CPDCN), Coordenação Nacional de Entidades Negras (CONEN), Movimento Negro Unificado (MNU), Círculo Palmarino, EDUCAFRO, UNEAFRO, Fórum Inter-Religioso, além do ex-deputado Jamil Mourad, da ex-candidata ao Senado Cidinha Raiz e a ex-vereadora da capital paulista, Lidia Correa e a Confederação das Mulheres do Brasil.

amazonia bolsonero

Bolsonero queima o filme do Brasil

amazonia bolsonero 

 

 

Ouça o áudio do programa de José Simão sobre as consequências da política bolsonerista de desmatamento da Amazônia

 

http://www.bandnewsfm.com.br/podcast/23-08-2019-o-bolsonero-queimou-o-filme-do-brasil/

 

 

 

 

Leia mais:

 

Aumento de 88% do desmatamento da Amazônia é início do “apagão ambiental”

 

https://horadopovo.com.br/aumento-de-88-do-desmatamento-da-amazonia-e-inicio-do-apagao-ambiental/

 

Witzel Ponte

Não comemore Witzel, trabalhe – Artigo de Jandira Feghalli

Witzel Ponte

 

 

Publicamos abaixo o artigo da deputada federal do Rio de Janeiro Jandira Feghalli (PCdoB) sobre o “espetáculo” criado pelo governador do estado, Wilson Witzel (PSC), em torno do sequestro de um ônibus de passageiros na Ponte Rio-Niterói. A operação policial, que resultou na morte do sequestrador, foi utilizada por Witzel para defender a política de “abate” nas comunidades e favelas do Rio de Janeiro.

 

 

Nos primeiros sete meses deste ano, foram mortos, em decorrência da intervenção policial, 1.075 pessoas, muitas delas sem qualquer ligação com o crime, “mortes por agentes de segurança do Rio, principalmente nas áreas de favelas e periferias, vitimando jovens negros”, como destaca Jandira, que é líder da Minoria na Câmara dos Deputados.

 

Não comemore Witzel, trabalhe

Jandira Feghalli *

 

O Rio viveu ontem [20/08] mais uma tragédia destas que envergonham e entristecem qualquer brasileiro. Um rapaz de 20 anos com transtornos psiquiátricos sequestra um ônibus com 37 trabalhadores que madrugam na Região Metropolitana. O fim de Willian Augusto, amplamente noticiado, não é novidade a esta altura. Ouvi especialistas em segurança pública sobre esta tragédia para chegar a uma opinião bem embasada.

 

Mesmo sem todos os dados de perícia possíveis, é notório que a polícia especializada agiu com embasamento técnico, seguiu protocolos e buscou salvar as vidas em risco, numa crise em que cada segundo contava. Entrou negociando e interferiu de forma mais contundente quando preciso. Era esperado, no entanto, que o sequestrador fosse incapacitado e não morto, mas não temos como avaliar as circunstâncias objetivas em que isto se deu, apenas com as notícias na imprensa.

 

Registro aqui minha solidariedade à família da vítima letal e às famílias dos reféns que permaneceram horas sob stress e insegurança.

 

Ao mesmo tempo em que observamos a atuação dos agentes de segurança, há um cuja atitude causou impacto estridente: Wilson Witzel.

 

A figura patética da principal autoridade do Rio descendo de um helicóptero em meio à cena da Ponte Rio-Niterói e celebrando aos pulos o desfecho mostra a indignidade e o despreparo com que cumpre o cargo de autoridade máxima de nosso estado. Não é papel de um gestor público o que Witzel fez questão de expor para toda a imprensa, com um assessor a tiracolo filmando sua atitude.

 

O governador aproveitou para montar seu espetáculo depois de um longo inverno de escândalos arranhando sua imagem com mortes de jovens e crianças inocentes no Rio em ações cotidianas da polícia. Vale um registro neste ponto: em seis meses foram 881 mortes por agentes de segurança do Rio, principalmente nas áreas de favelas e periferias, vitimando jovens negros. É a cabal demonstração de que não temos uma política de Segurança real e eficiente.

 

Em vez de comemorar como estivesse num jogo de futebol, Witzel deveria ir trabalhar para mudar essas estatísticas. O governador deveria se empenhar em construir uma política de segurança eficiente, de inteligência, de investigação, de treinamento técnico, para que a gente passe a ter “zero vítimas”, tanto da sociedade quanto da polícia! Afinal, policiais também morrem em serviço, numa guerra quase diária de pobres matando pobres.

 

O Rio é manchete policial de novo aqui e por todo o mundo. Talvez não apenas pela tragédia em si, mas pelo comportamento repudiável de Wilson Witzel, que não sabe a que veio tanto quanto aquele que ocupa o Palácio do Planalto. Vive em suas neuroses genocidas sem saber para onde levar o Rio de Janeiro num acúmulo de frases e declarações bizarras. Wilson Witzel, vá trabalhar! Mude a realidade de nosso estado com competência e dignidade. A sociedade espera mais do que seus festejos públicos.

 

* Deputada Federal (PCdoB-RJ). Líder da Minoria na Câmara Federal

   
pasqualino

Lina Wertmüller estreia na Mostra Permanente de Cinema Italiano de 2019 com “Pasqualino Sete Belezas” (1975)

pasqualino

 

 

O Cine-Teatro Denoy de Oliveira apresenta: Mostra Permanente de Cinema Italiano

 

Uma das mais importantes cinematografias do mundo, a italiana, já quase não é vista nas telas de cinema e televisão do Brasil, cada vez mais abarrotadas de subprodutos da indústria hollywoodiana.

Enquanto o governo insiste em não realizar uma política cultural que garanta aos brasileiros o acesso às melhores obras da produção cinematográfica mundial, inclusive a nossa, a UMES (União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo) vai fazendo o que pode para preencher a lacuna.

 

 

26/08 – 19H: “PASQUALINO SETE BELEZAS” (1975), DE LINA WERTMÜLLER

 

SINOPSE

Durante a Segunda Guerra Mundial, Pasqualino Frafuso (Giancarlo Giannini), é um militar italiano desertor. Capturado pelos alemães, ele é enviado para um campo de concentração, onde faz de tudo para tentar sobreviver. Em ‘flashbacks’, ele lembra de suas sete irmãs e recorda outros momentos importantes e cruciais em sua vida.

 

O DIRETOR

Nascida em Roma, Arcangela Felice Assunta Wertmüller von Elgg Spanol von Braucich estudou teatro e trabalhou como assistente de direção de Giorgio Lullo nos anos 50. No cinema, foi assistente de Federico Fellini em “Oito e Meio” (1963). Estreou como diretora com “I Basilischi” (1963). Em 1965 dirigiu o filme em episódios “Questa Volta Parliamo di Uomini” e para a televisão “Il Giornalino di Gian Burrasca”, adaptação do romance homônimo de Vamba. Assinou outros dezessete longa-metragens, entre os quais “Mimi, o Metalúrgico” (1972), “Amor e Anarquia” (1973), “Pasqualino Sete Belezas” (1975), “Sábado, Domingo e Segunda” (1990), “Ninfa Plebeia” (1996). Em 2001 lançou “A Pequena Orfã”, telefilme estrelado por Sofia Loren, extraído do romance homônimo da escritora napolitana Maria Orsini Natale.

 

Confira nossa programação completa: http://bit.ly/MostraCinemaItaliano

 

 

SERVIÇO

Filme: Pasqualino Sete Belezas (1975), de Lina Wertmüller

Duração: 116 minutos

Quando: 26/08 (segunda-feira)

Que horas: pontualmente às 19 horas

Quanto: entrada franca

Onde: Rua Rui Barbosa, 323 – Bela Vista (Sede Central da UMES SP)

 

 

 

20171020 00 cnpq pesquisa ciencia

Assine a petição em defesa do CNPq

20171020 00 cnpq pesquisa ciencia

 

Lançado há uma semana pela SBPC, o abaixo-assinado #SomosTodosCNPq já conta com mais de 300 mil adesões

 

Mais de 300 mil pessoas já assinaram a petição online em defesa do em defesa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq) – #SomosTodosCNPq – que a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) lançou há uma semana, no dia 13 de agosto.  Mais de 100 entidades científicas de todo o País subscrevem o abaixo-assinado. O documento com todas as assinaturas reunidas será entregue em breve no Congresso Nacional.

 

A manifestação é endereçada à Presidência da República, ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Presidência do Senado e da Câmara dos Deputados; à Comissão de Ciência Tecnologia e Inovação do Senado, Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados; à Frente Parlamentar Mista em Defesa da Ciência, Tecnologia, Pesquisa e Inovação e parlamentares do Congresso Nacional.

 

No abaixo-assinado, as entidades científicas alertam para a situação crítica em que se encontra a agência, em risco iminente de cortar o financiamento das bolsas de estudos de mais de 80 mil pesquisadores em todo o País e no exterior. Segundo o texto da petição, o governo precisa urgentemente recompor o orçamento do CNPq aprovado para 2019, com um aporte suplementar de recursos da ordem de R$ 330 milhões para que a agência possa cumprir seus compromissos deste ano.

 

A petição conclama as instâncias decisórias do Executivo e do Legislativo Federal a reverterem imediatamente este quadro crítico de desmonte do CNPq e a colocarem também, no Orçamento de 2020, os recursos necessários ao funcionamento pleno do CNPq.

 

“A nação não pode perder este patrimônio construído ao longo de décadas pelo esforço conjunto de cientistas e da sociedade brasileira”, afirmam no manifesto.

 

A petição online está disponível neste link

um rei em ny

“Um Rei em Nova York”, clássico de Chaplin após sua expulsão dos EUA, será exibido na mostra democrática Cinema Com Partido

um rei em ny

 

 

O Cine-Teatro Denoy de Oliveira apresenta: CINEMA COM PARTIDO – MOSTRA DEMOCRÁTICA

 

Trabalhadores sem direitos; colonialismo; imperialismo; racismo; discriminação das mulheres; extermínio das populações indígenas; degradação do meio-ambiente; ciência e escola sob censura de pretensos intérpretes das Escrituras; aversão à democracia e seu fundamento, o livre debate entre partidos políticos; exaltação das ditaduras, do pensamento único , da violência, da intolerância, da corrupção, da hipocrisia (qualquer semelhança com o governo da família Bolsonaro será mera coincidência?) são temas que o cinema universal tem denunciado com vigor ao longo do tempo.

Para a extrema-direita, isto é doutrinação.

Para as correntes de opinião comprometidas com a democracia é cultura e arte.

 

 

24/08 – 10H: “UM REI EM NOVA YORK” (1957), DE CHARLIE CHAPLIN

 

SINOPSE

Monarca deposto chega falido aos EUA. Com uma conta alta no hotel, é persuadido a fazer comerciais para TV. O encontro com um garoto cujos pais são alvo da perseguição macarthista o torna suspeito de ser comunista e nessa condição é intimado a depor na “Comissão de Atividades Antiamericanas”. Cinco anos antes, Chaplin havia sido expulso dos EUA. Nunca mais retornou.

 


Após o filme deste sábado (24), nosso debate contará com a presença de Clóvis Monteiro, que é editor-chefe do jornal Hora do Povo e um dos fundadores do Cientistas Engajados.

 

 

Confira nossa programação completa: http://bit.ly/CinemaComPartido

 

SERVIÇO

Filme: Um Rei Em Nova York (1957), de Charlie Chaplin

Duração: 110 minutos

Quando: 24/08 (sábado)

Que horas: pontualmente às 10 horas da manhã.

Quanto: entrada franca

Onde: Rua Rui Barbosa, 323 – Bela Vista (Sede Central da UMES SP)

 

 

 

 

Cefet-Rj

Estudantes expulsam interventor nomeado por Bolsonaro do Cefet-RJ

Cefet-Rj

 

 

Na manhã da segunda-feira (19), os estudantes do Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio de Janeiro (Cefet-RJ) realizaram um protesto contra a intervenção do governo Bolsonaro na instituição.

 

Maurício Aires Vieira foi recém-nomeado diretor do Cefet pelo governo Bolsonaro, após indicação do ministro da Educação, Abraham Weintraub. Sem possuir qualquer vínculo com a instituição, já que Vieira era assessor de Weintraub e foi vice-reitor da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), no Rio Grande do Sul.

 

Os estudantes realizaram uma barreira humana na sala da direção e em outras áreas da escola. Vieira acabou deixando o local após 30 minutos de sua chegada. 

 

Weintraub ignorou a eleição interna da escola federal, vencida pelo professor Maurício Motta.

 

Há dez anos, o governo federal vinha respeitando a escolha da comunidade escolar para a

nomeação dos diretores das instituições federais de ensino. 

 

Os estudantes e professores afirmam que o resultado da eleição não foi respeitado. “Nós não estamos aceitando a intervenção do governo federal que está sendo realizada no Cefet. Tivemos eleições aqui, foi indicado um nome, mas o governo nomeou um interventor do Rio Grande do Sul”, disse um professor.

 

“Não aceitamos a nomeação do interventor. Nunca deu aula aqui, nunca pisou aqui e não conhece a comunidade acadêmica”, afirmou Cristian Nunes, presidente do Diretório Central dos Estudantes.

 

O MEC alega que o diretor-geral foi nomeado interinamente enquanto a eleição está “sob análise”, sem, no entanto, detalhar o processo. Em nota, a pasta informou que até que seja concluída a análise, foi designado o diretor-geral pro tempore para que seja dada continuidade às atividades administrativas da instituição.

 

A escolha temporária de Aires Vieira foi publicada na última sexta-feira (16) no Diário Oficial da União. No mesmo dia, a diretoria do Cefet-RJ divulgou uma nota de esclarecimento manifestando preocupação com a decisão, já que, de acordo com a Advocacia-Geral da União, em parecer do dia 19 de julho, o processo de escolha do dirigente da instituição obedeceu às regras previstas no Decreto 4.877, de 13 de novembro de 2003. Effexor (Venlafaxina) é um antidepressivo pertencente à classe de medicamentos inibidores da recaptação de serotonina e norepinefrina (SNRI) usados ​​​​para tratar depressão, transtorno de ansiedade generalizada, transtorno de ansiedade social e transtorno de pânico. Effexor low price aumenta os níveis de serotonina e noradrenalina no cérebro, melhorando o humor e reduzindo.

 

Segundo a assessoria de imprensa do Cefet-RJ, após a expulsão do interventor, os diretores permaneceram em reunião para decidir como iriam atuar de agora em diante. 

“Ele não sabe sequer andar aqui dentro, saiu pela porta dos fundos, porque não dava para sair pela principal. A gente não sabe quando vai voltar, mas agora o nosso diretor, escolhido por nós, está entregando o cargo e ele (interventor), tecnicamente, é o diretor-geral “pro tempore” (temporário)”, disse a coordenadora de física do Centro, Elika Takimoto, à Revista Fórum.

A educadora relembrou a importância do Cefet para o Rio de Janeiro que, além dos ensinos Médio e Técnico, também oferece cursos de graduação, pós-graduação, mestrado e doutorado. “E todos eles bem avaliados academicamente. É um centro de ensino por excelência”, acrescenta.

“Agora, como ele vai comandar a instituição, se alunos e professores não estão deixando nem ele entrar, a gente não sabe como vai ficar. Espero que o ministro da Educação volte atrás e reverta essa portaria, porque o Cefet é muito importante, não só para o estado do Rio, mas para a história do Brasil”, destacou.

 

Veja a nota de esclarecimento na íntegra


Veja o vídeo da manifestação

Professor Eduardo homenagem

Professor Eduardo de Oliveira será homenageado pela Alesp nesta sexta-feira (23)

Professor Eduardo homenagem

 

Na próxima sexta-feira (23), a Assembleia Legislativa de São Paulo realiza uma homenagem ao saudoso Professor Eduardo de Oliveira, que neste mês de agosto, completaria 93 anos.

A iniciativa da deputada Leci Brandão (PCdoB) e da Frente Parlamentar para Promoção da Igualdade Étnico-Racial em Defesa dos Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais em conjunto com mais 16 organizações do movimento negro tem o objetivo de “exaltar o legado da luta do povo negro pela liberdade no Brasil”.

Eduardo de Oliveira, primeiro vereador negro da Câmara Municipal de São Paulo, foi fundador do Congresso Nacional Afro-Brasileiro (CNAB) e do Partido Pátria Livre (PPL), legenda que se uniu, recentemente, ao PCdoB após um processo de fusão partidária.

Aos 16 anos de idade, compôs o “Hino Treze de Maio” que passou a ser chamado, posteriormente, de “Hino à Negritude”. A composição foi registrada em 13 de maio de 1966 na antiga Escola Nacional de Música. A execução do Hino em todos os eventos públicos relativos ao tema se tornou Lei Federal (nº 12.981) sancionada pela Presidência da República em 28 de maio de 2014.

Eduardo de Oliveira foi advogado, poeta, escritor, político e um grande líder do povo brasileiro. Defensor da democracia e da soberania nacional, o professor reivindicava que os negros ocupassem cadeiras dos parlamentos e considerava ser esta uma causa a ser defendida por toda a sociedade. Em suas palavras, “a luta do combate ao racismo é a luta de todos os brasileiros” e “enquanto os negros não forem libertos o Brasil não se libertará”.

Para Alfredo de Oliveira Neto, atual presidente da CNAB, o Professor Eduardo deixou um legado de resistência, luta e determinação por um Brasil livre e soberano. “O povo brasileiro está sob ameaça de um governo fascista que quer tirar todos os direitos conquistados. Certamente, o professor estaria na luta contra todo o retrocesso deste governo junto conosco”, afirma Neto. Eduardo faleceu em 12 de julho de 2012, aos 86 anos, deixando seis filhos, netos e bisnetos.

 

Serviço

O Ato Solene “Legado da Resistência Pela Liberdade do Negro e do Brasil – Homenagem Especial ao Professor Eduardo de Oliveira” será realizado no Auditório Paulo Kobayashi, na Alesp, no dia 23 de agosto, sexta-feira às 18h30min.

Bolsonaro: estilo, compostura e elegância (foto: Sergio Lima/AFP)

A fase anal permanente de Bolsonaro

Bolsonaro: estilo, compostura e elegância (foto: Sergio Lima/AFP)

 

Pela terceira vez em sete dias, Bolsonaro abriu sua boca para expelir a palavra “cocô”.

Alguém notou, no Congresso, que ele é o primeiro presidente do Brasil a usar essa palavra em público.

Provavelmente, deve ser verdade. Mas não é isso, sobretudo, o que chama atenção, mas a insistência com que essa palavra vêm-lhe a boca – ou ao cérebro.

No último dia nove, em Brasília, perguntado sobre a possibilidade da convivência de desenvolvimento com preservação ambiental, Bolsonaro declarou:

Quando se fala em poluição ambiental, é só você fazer cocô dia sim, dia não, que melhora bastante a nossa vida também, está certo?

Três dias depois, em Pelotas, no Rio Grande do Sul, Bolsonaro revelou a grande dificuldade do licenciamento ambiental no país:

O cara vai lá, se encontrar, já que está na moda, um cocozinho petrificado de um índio, já era. Não pode fazer mais nada ali. Tem que acabar com isso no Brasil. Tem que integrar o índio na sociedade e buscar projeto para nosso país.

Finalmente sabemos por que o governo não faz obras: por causa das necessidades fisiológicas dos índios de 500 anos atrás. Aplicando a mesma lógica da declaração anterior: se os índios da época em que Cabral chegou ao Brasil não fizessem as suas necessidades em lugares impróprios – isto é, nos lugares em que o Bolsonaro iria passar cinco séculos depois, e se eles fizessem essas necessidades dia sim dia não, ao invés de evacuarem todo dia e (que absurdo!) até mais de uma vez ao dia – esse problema não existiria.

Dois dias depois, em Parnaíba, no Piauí, disse ele: “Nós vamos acabar com o cocô no Brasil. O cocô é essa raça de corruptos e comunistas”.

Os comunistas, evidentemente, somente se ofenderiam se Bolsonaro dissesse que eles são o sal da terra.

Quanto aos corruptos, basta ver o que ele fez para que seu filho Flávio escapasse das investigações de seus ilícitos. E isso é somente uma amostra da corrupção da camarilha bolsonarista.

Portanto, o que chama atenção, mesmo, é a adicção de Bolsonaro por matéria excrementícia.

Há muito, na época da II Guerra Mundial, em 1943, o psiquiatra e psicanalista norte-americano Walter C. Langer identificou em Adolf Hitler um coprofílico, um aficionado sexualmente a fezes – um sujeito que obtinha prazer sexual da manipulação de excrementos (cf. o seu estudo “A Psychological Analysis of Adolf Hitler: His Life and Legend”, depois publicado no livro “The Mind of Adolf Hitler: The Secret Wartime Report”, Basic Books, 1972).

O trabalho de Langer foi realizado a pedido do serviço secreto norte-americano. Por isso, somente foi publicado em 1972.

Porém, é interessante que a inteligência norte-americana tivesse encomendado outro estudo ao mesmo tempo, dessa vez ao psicólogo Henry Murray, que, sem ter conhecimento do estudo de Langer, chegou à mesma conclusão quanto à coprofilia – a ligação sexual com as fezes – de Adolf Hitler (cf. Henry Murray, “Analysis of the Personality of Adolph Hitler: With Predictions of His Future Behavior and Suggestions for Dealing with Him Now and After Germany’s Surrender”).

Em suma, parece que essa fixação nas fezes não é uma novidade no fascismo.

Mas o grande Freud, como sempre, matou a charada, ao notar a origem anal do caráter de certos indivíduos obstinados e demasiado apegados à ordem e ao dinheiro:

“É fácil inferir da história da primeira infância desses indivíduos que os mesmos despenderam um tempo relativamente longo para superar sua incontinencia alvi [incontinência fecal] infantil, e que na infância posterior sofreram falhas isoladas nessa função. Quando bebês, parecem ter pertencido ao grupo que se recusa a esvaziar os intestinos ao ser colocado no urinol, porque obtém um prazer suplementar do ato de defecar, pois nos revelam que em anos posteriores gostavam de reter as fezes, e se lembram – embora atribuam o fato mais facilmente em relação a irmãos e irmãs do que a si mesmos – de ter feito toda uma série de coisas indecorosas com suas fezes. Deduzimos de tais indicações que essas pessoas nasceram com uma constituição sexual na qual o caráter erógeno da zona anal é excepcionalmente forte” (cf. Sigmund Freud, “Caráter e erotismo anal”, 1908, Ed. St. Bras., Vol. IX).

Freud lembra ainda a relação desse problema com os castigos que certos pais ou mães infligiam às crianças (“é costume bastante difundido na educação da criança administrar estímulos dolorosos à pele das nádegas – ligada à zona erógena anal – para quebrar a obstinação da criança e torná-la submissa“).

Nem todo mundo, é claro, que passou por essas coisas terminou como o Bolsonaro. E, claro, a fase anal existe no desenvolvimento psíquico de qualquer indivíduo.

Na verdade, e isso é óbvio, só o Bolsonaro acabou como o Bolsonaro.

Mas o diabo é o Brasil ter de aguentar as consequências desses problemas mal resolvidos.

CARLOS LOPES

Do Jornal Hora do Povo