cidadao cohn

“Caça às bruxas“ anticomunista retratado no premiado Cidadão Cohn, de Frank Pierson, será exibido no Cinema Com Partido neste sábado (17)

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O Cine-Teatro Denoy de Oliveira apresenta: CINEMA COM PARTIDO – MOSTRA DEMOCRÁTICA

 

Trabalhadores sem direitos; colonialismo; imperialismo; racismo; discriminação das mulheres; extermínio das populações indígenas; degradação do meio-ambiente; ciência e escola sob censura de pretensos intérpretes das Escrituras; aversão à democracia e seu fundamento, o livre debate entre partidos políticos; exaltação das ditaduras, do pensamento único , da violência, da intolerância, da corrupção, da hipocrisia (qualquer semelhança com o governo da família Bolsonaro será mera coincidência?) são temas que o cinema universal tem denunciado com vigor ao longo do tempo.

Para a extrema-direita, isto é doutrinação.

Para as correntes de opinião comprometidas com a democracia é cultura e arte.

 

 

17/08 – 10H: “CIDADÃO COHN” (1992), DE FRANK PIERSON

 

SINOPSE

Nos anos 50, o inescrupuloso promotor Roy Cohn se torna o braço direito do Senador Joseph McCarthy em sua caça aos partidários do new deal do ex-presidente Roosevelt, tachados de “comunistas” e “antiamericanos” para excitar a Guerra Fria. James Woods, que estrelou como Cohn, recebeu indicação para o Emmy e o Globo de Ouro.

 

 

Confira nossa programação completa: http://bit.ly/CinemaComPartido

 

 

SERVIÇO

Filme: Cidadão Cohn (1992), de Frank Pierson

Duração: 115 minutos

Quando: 17/08 (sábado)

Que horas: pontualmente às 10 horas da manhã.

Quanto: entrada franca

Onde: Rua Rui Barbosa, 323 – Bela Vista (Sede Central da UMES SP)

 

Dia do Estudante: UMES participa de Aula Pública na Paulista

 

Dia do Estudante: UMES participa de Aula Pública na Paulista

 

Neste domingo 11 de agosto, o “Dia do Estudante”, a UMES e demais entidades estudantis realizaram uma grande aula pública na Avenida Paulista para debater os impactos dos cortes do governo Bolsonaro na Educação e na Ciência brasileira.

Centenas de pessoas participaram da atividade e reforçaram a convocação para o “Tsunami da Educação” que será realizado na terça-feira, dia 13 de agosto.

“A situação do Brasil está grave, o governo se apresenta como inimigo da Educação. As universidades correm o risco de não encerrar o semestre e agora o governo resolveu cortar dinheiro dos livros didáticos para os estudantes do Ensino Fundamental e Médio”, disse o presidente da UMES, Lucas Chen.

“Bolsonaro utilizou o recurso desviado do orçamento da Educação para comprar os votos da reforma da Previdência. Usou o dinheiro que deveria ser investido no nosso futuro para atacar o direito a aposentadoria”, denunciou.

Também participaram da Aula Publica a UBES a UNE, UEE-SP, ANPG, além do Movimento Cientistas Engajados e das Juventudes UJS, JPL, JS-PDT.

“Quero convidar a todos, especialmente os estudantes, a irmos às ruas no Brasil todo, em defesa da Educação e da Democracia”, disse o presidente da União Nacional dos Estudantes, Iago Montalvão.

 

No dia 13 de Agosto vamos ocupar as ruas contra os cortes e ataques à Educação. Um verdadeiro Tsunami da Educação, em defesa do nosso futuro e do Brasil!

Vamos barrar os retrocessos deste governo

Junte-se a nós, vá às ruas no dia 13!

 

Dia 13 de agosto, às 15 horas

Concentração no Vão Livre do MASP, na Avenida Paulista

 

 

 

Veja fotos da Aula Pública deste domingo:

 

 

 

Cortar dinheiro do livro didático é um crime contra a Educação Básica

 

Cortar dinheiro do livro didático é um crime contra a Educação Básica

 

O corte no orçamento da Educação de mais de R$ 6 bilhões é o maior entre todos os ministérios e demonstra que Bolsonaro declarou como inimiga a Educação Pública do nosso país.

 

Pelo Brasil afora, nossas escolas sofrem com a falta de infraestrutura, professores mal pagos e o governo quer agora retirar uma das mais importantes conquistas dos estudantes brasileiros. Este novo corte, de R$ 348 milhões na verba dos livros didáticos é mais uma afronta que não podemos aceitar.

 

Bolsonaro contradiz sua própria fala de que a prioridade de seu governo seria a educação básica. Não há qualquer proposta de investimento, apenas de destruição e perseguição aos estudantes.

 

No dia 13 de agosto, vamos às ruas novamente contra os ataques de Bolsonaro à Educação. Vamos fazer um tsunami em defesa dos nossos direitos.

Lucas Chen

Presidente da UMES-SP

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Quem vai parar Jair Bolsonaro?

jO presidente Jair Bolsonaro, no Palácio do Planalto, em 1 de agosto.

ADRIANO MACHADO REUTERS

 

Jair Bolsonaro (PSL) segue a cartilha de Donald Trump e aposta na escalada da violência retórica dirigida contra quem considera ser seu adversário. Mas não só isso. Nas últimas semanas de recesso do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, o presidente da República também aproveitou para desautorizar e interferir diretamente em instituições de Estado. Entre os alvos mais recentes está a Comissão sobre Mortos e Desaparecidos (CEMDP) da ditadura militar, cujo colegiado foi substituído na última quinta-feira por bolsonaristas do PSL que defendem o regime autoritário. A mudança ocorreu na mesma semana em que o presidente atacou diretamente o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz. Seu pai, Fernando Santa Cruz, foi preso pela ditadura militar em 1974 e desapareceu. “Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, eu conto pra ele. Ele não vai querer ouvir a verdade”, afirmou o mandatário na última segunda-feira, provocando críticas tanto de lideranças políticas da esquerda como da direita. Ele desautorizou publicamente o relatório da Comissão Nacional da Verdade e erroneamente garantiu que ele havia sido morto pelo grupo Ação Popular, do qual sequer fazia parte.

 

O jurista Miguel Reale Júnior, ministro da Justiça no Governo Fernando Henrique Cardoso, presidente da CEMDP durante seis anos e um dos autores do pedido de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff (PT), acredita que Bolsonaro “está beirando” ao menos uma das hipóteses legais para a abertura de outro processo de destituição do presidente. A lei, considerada por especialistas muito abrangente e de interpretação subjetiva, determina que “proceder de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo” é um dos crimes de responsabilidade pelos quais um presidente pode ser afastado. “O que está havendo é uma somatória de fatos dessa natureza que atingem a sensibilidade das pessoas e os valores fundamentais da Constituição. A partir do momento que ele é a favor do trabalho infantil, quer reduzir a punição para o trabalho escravo ou que os presos tenham trabalho forçado, Bolsonaro vai contra os valores fundamentais da República. Isso é quebra o decoro”, opina Reale Júnior.

 

Ao mesmo tempo que acredita que a base jurídica para um impeachment virá com a somatória de “provocações e ofensas”, o advogado, filiado ao PSDB até 2017, afirma que falta um elemento central para que um processo vá adiante: “Ainda não há condições políticas seja na sociedade, seja no Congresso. Ele precisa se desgastar mais. Isso pode ocorrer na medida que houver um acúmulo”. Mas ele se mostra cético: “Acho que as instituições e a sociedade estão muito caladas. As manifestações acontecem nas redes, onde não existe sociedade civil. O que existe são desconhecidos e anônimos que colocam suas idiosincrasias. A sociedade precisa estar alerta para se unir e se juntar contra esse processo que eu chamo de fascismo cultural”.

 

O advogado Pedro Dallari, professor de Direito Internacional da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador da Comissão Nacional da Verdade (CNV), se mostra mais otimista. Apesar de dizer que é “um paradoxo” o fato de que “uma democracia em consolidação ter um presidente que nega suas conquistas”, ele diz não ter receios “do ponto de vista da cidadania e das liberdades”. Isso porque, para ele, Bolsonaro se equivoca ao considerar que sua base de eleitores congrega valores de ultradireita. “Um conjunto de circunstâncias fez com que Bolsonaro acabasse capitalizando uma posição da sociedade contra a corrupção, contra o desemprego, contra a precariedade dos serviços públicos, principalmente de segurança, e isso fulminou as candidaturas do campo social-democrata, incluindo as do PT e PSDB”, argumenta Dallari, que foi filiado ao PT até meados dos anos 90. “Mas acho que ele vem perdendo progressivamente o apoio de segmentos, inclusive da classe média conservadora que dá importância para temas como meio ambiente ou direitos da população LGBT”, acrescenta.

 

A última pesquisa Datafolha, divulgada na sexta-feira, 2 de agosto, parece dar respaldo a afirmação do jurista: 86% dos entrevistados se disseram contra a garimpagem de terras indígenas, algo que Bolsonaro vem prometendo legalizar. Uma maioria expressiva, de mais de 70%, já havia se manifestado também contra a liberação do porte de armas. “Do ponto de vista dos direitos civis, acho que a resistência social e institucional, seja pelo Legislativo ou pelo Judiciário, vem sendo efetiva. Essa radicalização retórica talvez seja em razão disso”, argumenta. Ele cita como exemplo a queda do decreto presidencial que liberava o porte de armas para vários setores da sociedade. “Não recordo de um decreto ser derrubado dessa forma no Congresso, obrigando-o a recuar”, argumenta.

 

Há momentos em que Bolsonaro parece testar as instituições até o limite. O presidente havia editado em janeiro uma Medida Provisória (MP) que transferia para o Ministério da Agricultura a competência para demarcar terras indígenas e quilombolas. Em maio, o Congresso Nacional devolveu a competência para o Ministério da Justiça, que também voltou a abrigar a Fundação Nacional do Índio (Funai). Em 19 de junho, o presidente decidiu enfrentar a decisão do Legislativo e editou uma nova MP para reverter a ação, avisando que “quem manda sou eu”. No dia 24, o ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso concedeu liminar suspendendo a MP. Na última quinta, o caso foi para o plenário do Supremo, que decidiu por unanimidade manter a medida suspensa. Em seu discurso, o decano Celso de Mello afirmou que a Corte deveria fazer o seu papel de contrapeso, em claro recado ao chefe do Poder Executivo. Após a decisão do STF, o mandatário recuou: disse ter sido uma “falha” de seu Governo, e dele pessoalmente, a reedição de uma segunda medida provisória insistindo em deixar a Funai sob os comandos dos ruralistas. “Teve uma falha nossa. Eu já adverti a minha assessoria. A gente não poderia no mesmo ano ter que fazer uma MP de uma ação já decidida. Houve falha nossa. A falha é minha, né? É minha porque eu assinei. Considero a decisão [do STF] acertada, sem problema nenhum”, afirmou Bolsonaro, na sexta.

 

“O STF tem tido um ativismo judicial, às vezes positivo, às vezes negativo, que muitas vezes transborda os limites da ação judicial, criando normas e soluções. Mas neste momento o Supremo deve ter um papel muito importante de poder moderador”, afirma Reale Júnior, que concorda com Dallari sobre o apoio relativo que Bolsonaro ainda possui em sua base.

 

Além do impeachment, Reale Júnior aponta como possibilidade que o presidente seja denunciado por um crime comum, como pelo delito de abuso de autoridade. Algo evidente, segundo o jurista, quando Bolsonaro ameaçou o jornalista Glenn Greenwald de ser preso, também na última semana. Neste caso, caberia ao Supremo aceitar a denúncia e pedir autorização para a Câmara dos Deputados para seguir com o julgamento. “Ele estaria sendo processado como Temer foi e responderia por crimes praticados no exercício da Presidência. Porque não é um ato que ele faz como pessoa física, mas na condição de presidente da República”, acrescenta.

 

Outro alvo recente da ira de Bolsonaro foi o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Seu diretor, Ricardo Galvão, foi exonerado na última sexta-feira após uma série de desentendimentos públicos com o presidente. O Governo vem questionando os dados sobre o cada vez maior desmatamento da Amazônia e anunciou que contratará uma firma privada para fazer a medição. Outros membros do Governo, como o ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles e o general Augusto Heleno, também vem expressando suas discordâncias com a divulgação de dados de desmatamento que consideram desfavoráveis para a imagem do Brasil ou até falso. O risco é que o desmatamento se torne para o bolsonarismo o que a inflação, maquiada durante anos na Argentina, se tornou para o kirchnerismo. “Meu único receio é com a área ambiental, porque gera padrões irreversíveis. A acentuação do desmatamento como vem sendo feita, o descaso com medidas contra o aquecimento global, a destruição da malha normativa de proteção dos índios… São males que serão irreversíveis”, afirma Dallari.

 

FELIPE BETIM – brasil.elpais.com

Torcedor do Corinthians preso por ato contra Bolsonaro assiste jogo na Tribuna de Honra

Torcedor do Corinthians preso por ato contra Bolsonaro assiste jogo na Tribuna de Honra

 

O torcedor do Corinthians, Rogério Lemos, que foi detido no domingo (4) por policiais militares na Arena Corinthians por protestar contra o governo Bolsonaro, foi convidado pela diretoria do clube para assistir ao jogo da quarta-feira (7) no camarote presidencial do estádio.

O convite, aceito pelo torcedor, foi feito diretamente pelo presidente do Corinthians, André Sanchez. Ele assistiu a vitória do Timão contra o Goiás por 2 a 0. O jogo é válido pela 7ª rodada do Brasileirão.

Logo após a prisão do torcedor, o clube emitiu uma nota contra a ação policial, defendendo o direito de manifestação. 

“O clube historicamente reitera seu compromisso com a democracia e a defesa do direito constitucional de livre manifestação, desde que observados os princípios da civilidade e da não violência. A agremiação lembra que diferentes autoridades, entre elas o presidente do clube, já foram alvo de manifestações da torcida durante os mais variados eventos esportivos realizados no local e o episódio caracteriza-se como um grave atentado às liberdades individuais no Estado Democrático de Direito”, diz a nota do Corinthians.

Quando Rogério Lemos foi retirado do estádio por protestar contra Bolsonaro, o presidente não estava presente, mas as manifestações contrárias ao governo nos estádios de futebol já se tornaram comuns. O próprio Bolsonaro já foi vaiado no Maracanã, no Mineirão e em Brasília.

Após a detenção, o torcedor publicou em suas redes sociais a foto do Boletim de Ocorrência com a legenda “Ditadura!!!”.

Ele também deu mais detalhes sobre o momento da prisão. Contou que levou um “mata-leão” e, quando caiu, foi algemado e levado para uma sala onde foi humilhado.

“Gente boa do meu Brasil, hoje entrei na Arena Corinthians expondo minha opinião contra o atual governo e olha o que aconteceu!!! Fui preso! Humilhado! Algemado!!”, escreveu.

Do jornal Hora do Povo

confissões

“Confissões de um Comissário de Polícia ao Procurador da República”, de Damiano Damiani será exibido na próxima segunda (12)

confissões

 

 

O Cine-Teatro Denoy de Oliveira apresenta: Mostra Permanente de Cinema Italiano

 

Uma das mais importantes cinematografias do mundo, a italiana, já quase não é vista nas telas de cinema e televisão do Brasil, cada vez mais abarrotadas de subprodutos da indústria hollywoodiana.

Enquanto o governo insiste em não realizar uma política cultural que garanta aos brasileiros o acesso às melhores obras da produção cinematográfica mundial, inclusive a nossa, a UMES (União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo) vai fazendo o que pode para preencher a lacuna.

 

 

12/08 – 19H: “CONFISSÕES DE UM COMISSÁRIO DE POLÍCIA AO PROCURADOR DA  REPÚBLICA” (1971), DE DAMIANO DAMIANI

 

 

SINOPSE

Um Comissário de Polícia investiga crimes envolvendo empreiteiras do ramo imobiliário, proprietários de terras, a Máfia e suborno em órgãos do governo. Ao aprofundar a investigação, percebe que não conseguirá fazer nada pelos meios convencionais e tenta resolver o caso ‘acima da lei’. Mas o atentado dá errado e ele acaba batendo de frente com um ortodoxo procurador da República disposto a investigar o ocorrido.

 

O DIRETOR

Nasceu na pequena cidade de Pasiano di Pordenone, estudou na Academia de Belas Artes de Brera, em Milão. Seu primeiro longa-metragem foi o policial “O Batom”, de 1960. Sem restringir-se a um gênero específico, tornou-se mais conhecido por seus filmes sobre a máfia, como “Pizza Conection” (1985), indicado ao Urso de Ouro no Festival de Berlim.

Dirigiu também “A Ilha dos Amores Proibidos” (1962), “Vidas Vazias” (1963), “Gringo” (1967), “Dia da Coruja” (1968), “Confissões de um Comissário de Polícia ao Procurador da República” (1971) e a minissérie para TV “La Piovra” (1984), entre outros. Seu último filme foi a comédia “Assassini dei Giorni di Festa”, em 2002, estrelado pela espanhola Carmem Maura, uma das atrizes mais populares da Europa.

 

 

Confira nossa programação completa!

 

 

SERVIÇO

Filme: Confissões de um Comissário de Polícia Ao Procurador da República (1971), de Damiano 

Duração: 101 minutos

Quando: 12/08 (segunda-feira)

Que horas: pontualmente às 19 horas

Quanto: entrada franca

Onde: Rua Rui Barbosa, 323 – Bela Vista (Sede Central da UMES SP)

 

 

 

PANFLETO 13 DE AGOSTO-001

4º grande ato em defesa da Educação e do Brasil!

Cortes de Bolsonaro colocam em risco a Educação!

 

Bolsonaro nomeou a educação pública como principal alvo da sua política de destruição.

 

Desde o mês de maio, quando foi anunciado o primeiro corte de R$ 7,4 bilhões no orçamento da Educação, as instituições federais de ensino, a pesquisa científica e iniciativas como o Fundeb, estão seriamente comprometidas.

 

Após gastar R$ 2,5 bilhões de reais para comprar os votos dos deputados e aprovar a destruição da Previdência Social, Bolsonaro decretou um novo corte de R$ 1,4 bilhão. Mais uma vez, a Educação não foi poupada: R$ 348 milhões!

 

Neste semestre, diversas universidades já anunciaram que não vão concluir o calendário escolar. A UFRJ pode interromper as atividades ainda este mês! Já na Universidade Federal do Mato Grosso a energia foi cortada e o descaso segue em todo território nacional.

 

A Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e o Instituto Federal de São Paulo (IF-SP), também correm o risco de não concluir o ano letivo.

 

Bolsonaro aplica a política de destruição da universidade pública com o objetivo de privatizá-la. O projeto apresentado por seu ministro, Abraham Weintraub, representa exatamente isto.111

 

O “Future-se”, mais parecido com “Desmonta-se”, ou “Vire-se”, coloca as universidades públicas à disposição de empresas privadas (travestidas de “Organizações Sociais”) e o patrimônio das instituições federais à venda. Viagra (sildenafil) é um medicamento usado para tratar a disfunção erétil em homens, também conhecida como impotência. O viagra online sale pertence a uma classe de medicamentos chamados inibidores da fosfodiesterase tipo 5 (PDE5) e atua aumentando o fluxo sanguíneo para o pênis quando estimulado, o que ajuda a atingir e manter uma ereção.

 

Além dos ataques a Educação, Bolsonaro demonstra horror à democracia e às lutas do povo. Os recentes ataques ao presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, e à memória de seu pai, Fernando Santa Cruz, expõe o caráter fascista deste governo.

 

Por isso, no dia 13 de Agosto realizaremos o 4º GRANDE ATO EM DEFESA DA EDUCAÇÃO E DO BRASIL.

 

Convocamos todos os estudantes do nosso país para se somarem à luta em defesa dos nossos direitos, contra o fim da Educação Pública e contra as medidas de retrocesso do governo Bolsonaro!

 

Os estudantes estão mobilizados, realizamos atos gigantescos nas ruas do Brasil inteiro e assim faremos neste dia 13 de Agosto.

 

VAMOS À LUTA DEFENDER A EDUCAÇÃO!

 

Dia 13 de Agosto, às 15h

 

Concentração no Vão Livre do MASP, na Avenida Paulista

 

PANFLETO 13 DE AGOSTO-001

 

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MEC bloqueia R$ 348 milhões em livros para a educação básica

333Emeb (Escola Municipal de Educação Básica) da Fazenda Tapari, em Pedregulho (SP)Imagem: Edson Silva/Folhapress

 

O MEC (Ministério da Educação) decidiu que o bloqueio mais recente de seu orçamento, anunciado no final de julho, atingirá a educação básica. Ao todo, a pasta bloqueou R$ 348.471.498 na “produção, aquisição e distribuição de livros e materiais didáticos e pedagógicos para educação básica”. A informação, publicada ontem no Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira), foi coletada e repassada ao UOL pela ONG Contas Abertas.

 

No dia 30 de julho, o governo federal anunciou a decisão de bloquear R$ 348 milhões do orçamento do MEC como parte de um contingenciamento maior, de R$ 1,442 bilhão, referente ao terceiro bimestre de 2019.

 

Caberia ao ministério decidir onde seria o corte, que poderia ser diluído em diversas ações da pasta. Secretário-geral da Contas Abertas, Gil Castello Branco afirma que “o valor exato do bloqueio recém-anunciado foi idêntico ao valor bloqueado nos livros didáticos”.

 

O governo também cortou outros R$ 94,4 milhões em assessoramento e assistência técnica de organismos internacionais, R$ 35 milhões em avaliação da educação básica e R$ 94,4 milhões do Pronatec (bolsas e auxílios). Esse valor, no entanto, foi compensado pelo desbloqueio de outros R$ 94,4 milhões referentes ao contingenciamento de abril.

 

Voltam para o orçamento R$ 1,7 milhão para apoio a entidades de ensino superior não federais e R$ 21 milhões para a administração da tecnologia da informação.

 

Também foram desbloqueados R$ 1,7 milhão para o plano estratégico de formação inicial e continuada de profissionais do magistério da educação básica, R$ 26,5 milhões para o projeto Desafio da Sustentabilidade, R$ 29,5 milhões para o gerenciamento orçamentário de políticas educacionais e R$ 14 milhões para “despesas diversas”.

 

“Os remanejamentos são de decisões anteriores”, explica Castello Branco. “Os decretos estipulam apenas o valor a ser contingenciado por pasta. Internamente eles podem mover esses contingenciamentos como quiserem.”

 

Procurado, o MEC informou em nota que a produção, aquisição e distribuição de livros e materiais didáticos e pedagógicos para a educação básica estão garantidas em 2020.

 

Discurso presidencial

 

A decisão do governo volta a contrariar discurso do presidente Jair Bolsonaro, que em entrevista no mês de maio afirmou que não pretendia “cortar recurso por cortar”. “A ideia é pegar e investir na educação básica”, afirmou.

 

No mesmo mês, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou no plenário da Câmara dos Deputados que a educação básica está defasada. “Cinquenta por cento das nossas crianças passam pelo ensino fundamental sem aprender a ler, escrever e fazer conta”, disse.

 

Este não é o único problema enfrentado pelo MEC. Ao todo, o governo bloqueou R$ 6,1 bilhões da educação neste ano, maior corte entre a Esplanada dos Ministérios.

 

Educação e empregos

 

“Essa é a prioridade do governo para o ensino básico?”, questiona a professora Claudia Costin, diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da FGV (Fundação Getulio Vargas). “Recebo essa informação com muita tristeza, porque o governo tinha acenado que a prioridade seria a educação básica. Fazia sentido porque o Brasil gasta pouco nesse setor.”

 

Ela lembra que 81,7% dos alunos brasileiros estudam em escolas públicas. “Uma das boas coisas que o Brasil construiu ao longo dos anos foi justamente um programa sólido de livro didático e material de apoio aos professores”, diz.

 

Costin afirma que as escolas já deixaram de receber livros no primeiro semestre. “Talvez esse seja o anúncio de um bloqueio já realizado, porque muitos professores não receberam seus livros no primeiro semestre. Várias editoras já tinham imprimido e não puderam entregar. Será ainda mais triste se esse for um corte adicional.”

 

Para a diretora-executiva do Cenpec (Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária), Mônica Gardelli Franco, o bloqueio não apenas impede que “os alunos de todas as escolas públicas, do [ensino] fundamental ao médio, tenham material” como “mexe na economia produtiva do livro didático”.

 

Ela afirma que a cadeia de empregos do setor deve ser afetada. “O livro didático é o maior volume de produção das editoras brasileiras. Toda a cadeia produtiva será afetada: o autor, a produção e a distribuição do material para escolas.”

 

“É uma pena. A gente está vendo a torneira fechar sem qualquer análise crítica sobre os impactos” Mônica Gardelli Franco, diretora-executiva do Cenpec

 

educacao.uol.com.br

 

 

Doente de Brasil

Como resistir ao adoecimento num país (des)controlado pelo perverso da autoverdade

 

Jair Bolsonaro é um perverso. Não um louco, nomeação injusta (e preconceituosa) com os efetivamente loucos, grande parte deles incapaz de produzir mal a um outro. O presidente do Brasil é perverso, um tipo de gente que só mantém os dentes (temporariamente, pelo menos) longe de quem é do seu sangue ou de quem abana o rabo para as suas ideias. Enquanto estiver abanando o rabo – se parar, será também mastigado. Um tipo de gente sem limites, que não se preocupa em colocar outras pessoas em risco de morte, mesmo que sejam funcionários públicos a serviço do Estado, como os fiscais do IBAMA, nem se importa em mentir descaradamente sobre os números produzidos pelas próprias instituições governamentais desde que isso lhe convenha, como tem feito com as estatísticas alarmantes do desmatamento da Amazônia. O Brasil está nas mãos deste perverso, que reúne ao seu redor outros perversos e alguns oportunistas. Submetidos a um cotidiano dominado pela autoverdade, fenômeno que converte a verdade numa escolha pessoal, e portanto destrói a possibilidade da verdade, os brasileiros têm adoecido. Adoecimento mental, que resulta também em queda de imunidade e sintomas físicos, já que o corpo é um só.

 

É desta ordem os relatos que tenho recolhido nos últimos meses junto a psicanalistas e psiquiatras, e também a médicos da clínica geral, medicina interna e cardiologia, onde as pessoas desembarcam queixando-se de taquicardia, tontura e falta de ar. Um destes médicos, cardiologista, confessou-se exausto, porque mais da metade da sua clínica, atualmente, corresponde a queixas sem relação com problemas do coração, o órgão, e, sim, com ansiedade extrema e/ou depressão. Está trabalhando mais, em consultas mais longas, e inseguro sobre como lidar com algo para o qual não se sente preparado.

 

O fenômeno começou a ser notado nos consultórios nos últimos anos de polarização política, que dividiu famílias, destruiu amizades e corroeu as relações em todos os espaços da vida, ao mesmo tempo em que a crise econômica se agravava, o desemprego aumentava e as condições de trabalho se deterioravam. Acirrou-se enormemente a partir da campanha eleitoral baseada no incitamento à violência produzida por Jair Bolsonaro em 2018. Com um presidente que, desde janeiro, governa a partir da administração do ódio, não dá sinais de arrefecer. Pelo contrário. A percepção é de crescimento do número de pessoas que se dizem “doentes”, sem saber como buscar a cura.

 

Vou insistir, mais uma vez, neste espaço, que precisamos chamar as coisas pelo nome. Não apenas porque é o mais correto a fazer, mas porque essa é uma forma de resistir ao adoecimento. Não é do “jogo democrático” ter um homem como Jair Bolsonaro na presidência. Tanto como não havia “normalidade” alguma em ter Adolf Hitler no comando da Alemanha. Não dá para tratar o que vivemos como algo que pode ser apenas gerido, porque não há como gerir a perversão. Ou o que mais precisa ser feito ou dito por Bolsonaro para perceber que não há gestão possível de um perverso no poder? Bolsonaro não é “autêntico”. Bolsonaro é um mentiroso.

 

Podemos – e devemos – discutir como chegamos a ter um presidente que usa, como estratégia, a guerra contra todos que não são ele mesmo e o seu clã. Como chegamos a ter um presidente que mente sistematicamente sobre tudo. Podemos – e devemos discutir – como chegamos a ter um antipresidente. Assim como podemos – e devemos – perceber que a experiência brasileira está inserida num fenômeno global, que se reproduz, com particularidades próprias, em diferentes países.

 

Esse esforço de entendimento do processo, de interpretação dos fatos e de produção de memória é insubstituível. Mas é necessário também responder ao que está nos adoecendo agora, antes que nos mate.

 

Em 10 de julho, o psiquiatra Fernando Tenório escreveu um post no Facebook que viralizou e foi replicado em vários grupos de Whatsapp. Aqui, um trecho: “Acabei de atender a um homem de 45 anos, negro, sem escolaridade. Nos últimos cinco anos, viu seus colegas de setor serem demitidos um a um e ele passou a acumular as funções de todos. Disse-me que nem reclamou por medo de ser o próximo da fila. Tem sintomas de esgotamento que descambam para ansiedade. Qual o diagnóstico para isso? Brasil. Adoeceu de Brasil. Se eu tivesse algum poder iria sugerir ao DSM (o manual de transtornos mentais da psiquiatria) esse novo diagnóstico. Adoecer de Brasil é a mais prevalente das doenças. Entrei agora na Internet e vi que a reforma da previdência corre para ser aprovada sem sustos. O povo, adoecido de Brasil, permanece inerte. Vai trabalhar sem direito a aposentadoria até morrer de Brasil”.

 

Alagoano da pequena Maribondo, Fernando Tenório fez residência e atuou na rede pública de saúde mental do Rio de Janeiro. Atualmente, mantém consultório na capital fluminense e atende trabalhadores de um sindicato do setor hoteleiro. O psiquiatra me conta, por telefone, que cresceu muito o número de pessoas que chegavam ao seu consultório com sintomas como taquicardia, desmaios na rua, sinais de esgotamento corporal, dores de cabeça frequentes, sentimentos depressivos. Eram pessoas que estavam objetiva e subjetivamente esgotadas pela precarização das condições de trabalho, como jornada excessiva, acúmulo de funções, metas impossíveis de cumprir, falta de perspectivas de mudança, insegurança extrema. Tinham um “trabalho de merda” e, ao mesmo tempo, medo de perder o “trabalho de merda”, como testemunharam acontecer com vários colegas.

 

O psiquiatra diz que ele mesmo se descobriu adoecido meses atrás. “Fiquei muito mal, porque me senti quase um traficante de drogas legais. Estava tratando uma crise, que é social, no indivíduo. E, de certo modo, ao dar medicamentos, estava tornando essa pessoa apta a sofrer mais, porque a jogava de volta ao trabalho.” Na sua avaliação, o adoecimento está relacionado à precarização do mundo do trabalho nos últimos anos, acentuada pela reforma trabalhista aprovada em 2017, e foi agravado com a ascensão de um governo “que declarou guerra ao seu povo”. “O Brasil hoje é tóxico”, afirma.

 

Após a publicação do post, Tenório sentiu ainda mais o nível da toxicidade cotidiana do país: recebeu xingamentos e ameaças. Um dos agressores lembrou que sua filha, cuja foto viu em uma rede social, um dia poderia ser estuprada. A menina é um bebê de menos de 2 anos.

 

“Tóxico” é palavra de uso frequente de brasileiros ao relatarem o sentimento de viver em um país onde já não conseguem respirar. Na constatação de que o governo Bolsonaro já aprovou 290 agrotóxicos em apenas sete meses, o envenenamento ganha uma outra camada. É como se os corpos fossem um objeto atacado por todos os lados. País que ultrapassou a possibilidade das metáforas, a toxicidade do Brasil abrange todas as acepções.

 

Mas que adoecimento é este que Tenório chama de “doente de Brasil”? Um psicanalista que prefere não se identificar por temer represálias explica que aumentou muito nos consultórios os quadros depressivos provocados pelo momento vivido pelo Brasil, em que especialmente pessoas ligadas à esquerda, mas não necessariamente ao PT, sentem uma total perda de sentido e horizonte. “Para a psiquiatria, a depressão é a tristeza sem contexto. Ou seja, ela é relacionada à estrutura psíquica de cada pessoa, às fundações e alicerces construídos na infância”, explica. “O que temos vivido hoje nos consultórios é o aumento da depressão com contexto, esta que não tem a ver com a estrutura do indivíduo e que nem vai melhorar no divã. Esta em que o uso de medicamentos só vai servir para obscurecer o esclarecimento das questões. Esta que só pode ser sanada por mudanças sociais.”

 

O rompimento dos laços, como a divisão das famílias provocada pela polarização política, tornou as pessoas ainda mais sujeitas ao adoecimento mental e com menos ferramentas para lidar com ele. Como disse um filósofo, ninguém deixa de dormir porque está tendo uma guerra no outro lado do mundo, com exceção daqueles que vivem a guerra. Com isso, ele queria dizer que as pessoas perdiam o sono muito mais por pequenas dores e preocupações comezinhas com as quais se identificavam, como as relacionadas à família e ao mundo dos afetos, do que por enormes barbáries que ocorriam no outro lado do mundo.

 

O que os brasileiros testemunharam foi uma inversão: a política, que sempre foi algo do campo público, invadiu o campo privado, passando a ser um fator íntimo, um fator primeiro de identificação. Dias atrás uma amiga presenciou uma conversa em que duas garotas decidiam quais os critérios para dividir apartamento com uma outra. “Não suportaria dividir com uma petista”, disse uma delas. Essa conversa, exceto no caso de militantes mais radicais, dificilmente aconteceria anos atrás: ninguém costumava perguntar qual era a orientação política antes de dividir a casa com alguém.

 

A eleição, que costumava ser um acontecimento pontual, da esfera pública, tornou-se algo crucial na esfera privada. Do mesmo modo, o inverso também aconteceu. Questões íntimas, como a orientação sexual de cada um, como o que acontece na cama de cada um, passaram a ser discutidas publicamente. Esse fenômeno atingiu fortemente laços que cada um considerava incondicionais, como os familiares, laços com os quais se contava para enfrentar a dureza da vida. E acentuou ainda mais os quadros depressivos e persecutórios, aumentando ansiedade e angústia, corroendo a saúde.

Uma psicanalista de São Paulo, que também prefere não se identificar, acredita que o adoecimento do Brasil de 2019 expressa a radicalização da impotência. As pessoas, hoje, não sabem como reagir à quebra do pacto civilizatório representada pela eleição de uma figura violenta como Bolsonaro, que não só prega a violência como violenta a população todos os dias, seja por atos, seja por aliar-se a grupos criminosos, como faz com desmatadores e grileiros na Amazônia, seja por mentir compulsivamente. Não sabem, também, como parar essa força que as atropela e esmaga. Sentem como se aquilo que as está atacando fosse “imparável”, porque percebem que já não podem contar com as instituições – constatação gravíssima para a vida em sociedade. E então passam a sentir-se como reféns – e, seguidamente, a atuar como reféns.

 

“Como reagimos à violência de alguém como Bolsonaro, que faz e diz o que quer, sem que seja impedido pelas instituições?”, questiona. “Toda a nossa experiência dá conta de que a vida em sociedade é regulada por instâncias que vão determinar o que pode e o que não pode, que têm o poder de impedir a quebra do pacto civilizatório, este pacto que permite que a gente possa conviver. Nesta experiência de que há um regulador, se uma pessoa é racista, ela vai ser processada – e não virar presidente do país. O que vivemos agora, com Bolsonaro, é a quebra de qualquer regulação. E isso tem um enorme impacto sobre a vida subjetiva. Ninguém sabe como reagir a isso, como viver numa realidade em que o presidente pode mentir e pode até mesmo inventar uma realidade que não corresponde aos fatos.”

 

A documentação das experiências de autoritarismo em diferentes épocas e países costuma relatar o sofrimento físico e psíquico das vítimas, mas geralmente em condições explícitas. Como, por exemplo, um judeu num campo de concentração nazista. Ou uma das mulheres torturadas no Doi-Codi, em São Paulo, durante a ditadura militar do Brasil (1964-1985). Perceber essa violência explícita como violência é imediato. O que a experiência autoritária do bolsonarismo tem demonstrado é o quanto pode ser difícil resistir (também) à violência do cotidiano, aquela que se infiltra nos dias, nos pequenos gestos, na paralisia que vira um modo de ser, nas covardias que deixamos de questionar.

 

Há milhares, talvez milhões de pequenos gestos de conformação acontecendo neste exato momento no Brasil. Em silêncio. Pequenos movimentos de autocensura, ausências nem sempre percebidas. Uma autora me conta que conseguiu manter seu livro no catálogo da editora sem usar a palavra gênero…. para falar de gênero e sexualidade. Uma diretora me diz que vestiu os corpos de suas atrizes, até então nuas, numa peça de teatro. A professora de uma das mais importantes universidades públicas do país me relata que muitos colegas já deixaram de analisar determinados temas em salas de aula por medo do “poder de polícia” dos alunos, que têm gravado as aulas e se comportado de forma ainda mais violenta que a polícia formal. Um curador de eventos preferiu não fazer o evento. Mudou de assunto. Outro deixou de convidar uma pensadora que certamente levaria bolsocrentes para a sua porta. Nunca saberemos o que poderia acontecer, porque o acontecimento foi impedido para não sofrer o risco de ser impedido.

 

Há tantos que já preferem “não comentar”. Ou que dizem, simpaticamente: “me deixa fora dessa”. É também assim que o autoritarismo se infiltra, ou é principalmente assim que o autoritarismo se infiltra. E é também assim que se adoece uma população por aquilo que ela já tem medo de fazer, porque antecipa o gesto do opressor e se cala antes de ser calada. E em breve talvez tenha medo também de sussurrar dentro de casa, num mundo em que os aparelhos tecnológicos podem ser usados para a vigilância. Chega o dia em que o próprio pensamento se torna uma doença autoimune. É assim também que o autoritarismo vence antes mesmo de vencer.

 

Um dos sintomas do cotidiano de exceção que vivemos é a colonização de nossas mentes. Mesmo pessoas que viveram a ditadura militar não têm recordação de algum momento da sua vida em que tenham pensado todos os dias no presidente da República. Bolsonaro administra o horror dos dias, com suas violências e mentiras, de um modo que o torna onipresente. Faça o teste: quantas horas você consegue ficar sem pensar em Bolsonaro, sem citar uma bestialidade de Bolsonaro? É isso o autoritarismo. Mas sobre isso poucos falam.

 

Se Bolsonaro encarna a vanguarda messiânica-apocalítica do mundo, é preciso sublinhar que os brasileiros não estão sós. Um amigo estrangeiro me conta que, desde que Donald Trump assumiu, a primeira coisa que ele faz ao acordar é conferir qual é a barbaridade que o presidente americano escreveu no Twitter, porque sente que isso afeta diretamente a vida dele. E afeta.

 

Mario Corso, psicanalista e escritor gaúcho, aponta que não é possível pensar no que ele chama de “ethos depressivo” deste momento fora do contexto do Ocidente. “Veja o Reino Unido. O novo primeiro-ministro (referindo-se ao pró-Brexit Boris Johnson) é um palhaço. E eles já tiveram Churchill!”, exemplifica. “O problema, no Brasil, é que além de toda a crise global, elegemos um cretino para presidente”, diz o psicanalista. “O que assusta é que não há freios para impedi-lo. E, assim, ele segue atacando os mais frágeis. Como Bolsonaro é covarde, ele não engrossa com os maiores que ele.”

 

Boris Johnson não chega a ser um Donald Trump. E nem Donald Trump chega a ser um Jair Bolsonaro. Mas a diferença maior está na qualidade da democracia. Tanto nos Estados Unidos quanto no Reino Unido, as instituições têm conseguido exercer o seu papel. No Brasil, não chega a ser perda total – ou não bastou (ainda) “um cabo e um soldado” para fechar o STF, como sugeriu o futuro possível embaixador do país nos Estados Unidos, Eduardo Bolsonaro, o garoto zerotrês. Mas a precariedade – e com frequência a omissão – das instituições – quando não conivência – são evidentes. “Enquanto Bolsonaro não consegue uma ditadura total, porque isso ele quer, mas ainda não conseguiu, ele antecipa a ditadura pelas palavras”, diz Corso. “Bolsonaro usa aquilo que você definiu como autoverdade para antecipar a ditadura. Os fatos não importam, o que ‘eu’ digo é o que é.”

 

Para Rinaldo Voltolini, professor de psicanálise da Universidade de São Paulo, a autoverdade é a amputação da palavra no sentido pleno. “Este é um grande disparador do sofrimento das pessoas, ao constatarem que estão fora no nível mais importante. Não é que você está fora porque não tem uma casa ou um carro, hoje você está fora das possibilidades de leitura do mundo. O que você diz não tem valor, não tem sentido, não tem significado. É como se, de repente, você já não tivesse lugar na gramática”, diz o psicanalista. “O que é a guerra? A guerra acontece quando a palavra, como mediadora, se extinguiu. Isso acontece entre duas pessoas, entre países. Sem a mediação da palavra, se passa diretamente ao ato violento”.

 

A autoverdade, como escrevi neste espaço, determinou a eleição de Bolsonaro. E seguiu moldando sua forma de governar pela guerra, o que implica a destruição da palavra. Assim, desde o início do governo, Bolsonaro tem chamado os órgãos oficiais de mentirosos sempre que não gosta do resultado das pesquisas. Como quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística mostrou que o número de desempregados tinha aumentado no seu governo.

 

Nos últimos dias, porém, o antipresidente levou a perversão da verdade, esta que torna a verdade uma escolha pessoal, à radicalidade. Decidiu que a jornalista Míriam Leitão não foi torturada – e ela foi. Insinuou que o pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil teria sido executado pela esquerda, quando ele desapareceu por obra de agentes do Estado na ditadura militar. Decidiu que ninguém mais passa fome no Brasil – o que é desmentido não só pelas estatísticas como pela experiência cotidiana dos brasileiros. Decidiu que os dados que apontaram a explosão do desmatamento na Amazônia, produzidos pelo conceituado Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, eram mentirosos. Isso porque apenas no mês de julho de 2019 foi destruída uma área de floresta maior do que a cidade de São Paulo, e o índice de desmatamento foi três vezes maiores do que em julho do ano passado. E Bolsonaro decidiu ainda que “só os veganos que comem vegetais” se importam com o meio ambiente.

 

Bolsonaro controla o cotidiano porque fora de controle. Bolsonaro domina o noticiário porque criou um discurso que não precisa estar ancorado nos fatos. A verdade, para Bolsonaro, é a que ele quer que seja. Assim, além da palavra, Bolsonaro destrói a democracia ao usar o poder que conquistou pelo voto para destruir não só direitos conquistados em décadas e todo o sistema de proteção do meio ambiente, mas também para destruir a possibilidade da verdade.

 

“Narrar a história é sempre o primeiro ato de dominação. Não é por acaso que Bolsonaro quer adulterar a história. A história da ditadura é construída por muitos documentos, é uma produção coletiva. Mas ele decide que aconteceu outra coisa e não apresenta nenhum documento para comprovar o que diz”, analisa Voltolini. “Não é que estamos vivendo o mal-estar na civilização. Isso sempre houve. A questão é que, para ter mal-estar é preciso civilização. E hoje, o que está em jogo, é a própria civilização. Isso não é da ordem do mal-estar, mas da ordem do horror.”

 

Como enfrentar o horror? Como barrar o adoecimento provocado pela destruição da palavra como mediadora? Como resistir a um cotidiano em que a verdade é destruída dia após dia pela figura máxima do poder republicano? Rinaldo Voltolini lembra um diálogo entre Albert Einstein e Sigmund Freud. Quando Einstein pergunta a Freud como seria possível deter o processo que leva à guerra, Freud responde que tudo o que favorece a cultura combate a guerra.

 

Os bolsonaristas sabem disso e por isso estão atacando a cultura e a educação. A cultura não é algo distante nem algo que pertence às elites, mas sim aquilo que nos faz humanos. Cultura é a palavra que nos apalavra. Precisamos recuperar a palavra como mediadora em todos os cantos onde houver gente. E fazer isso coletivamente, conjugando o nós, reamarrando os laços para fazer comunidade. O único jeito de lutar pelo comum é criando o comum – em comum.

 

É preciso dizer: não vai ficar mais fácil. Não estamos mais lutando pela democracia. Estamos lutando pela civilização.

 

Eliane Brum é escritora, repórter e documentarista. Autora dos livros de não ficção Coluna Prestes – o Avesso da Lenda, A Vida Que Ninguém vê, O Olho da Rua, A Menina Quebrada, Meus Desacontecimentos, e do romance Uma Duas. Site: desacontecimentos.com Email: elianebrum.coluna@gmail.com Twitter: @brumelianebrum/ Facebook: @brumelianebrum

 

ELIANE BRUM – El País

o fascismo de todos os dias

Ascensão e queda do Fascismo com imagens do 3º Reich no Cinema Com Partido

o fascismo de todos os dias

 

 

O Cine-Teatro Denoy de Oliveira apresenta: CINEMA COM PARTIDO – MOSTRA DEMOCRÁTICA

 

Trabalhadores sem direitos; colonialismo; imperialismo; racismo; discriminação das mulheres; extermínio das populações indígenas; degradação do meio-ambiente; ciência e escola sob censura de pretensos intérpretes das Escrituras; aversão à democracia e seu fundamento, o livre debate entre partidos políticos; exaltação das ditaduras, do pensamento único , da violência, da intolerância, da corrupção, da hipocrisia (qualquer semelhança com o governo da família Bolsonaro será mera coincidência?) são temas que o cinema universal tem denunciado com vigor ao longo do tempo.

Para a extrema-direita, isto é doutrinação.

Para as correntes de opinião comprometidas com a democracia é cultura e arte.

 

 

 

10/08 – 10H: “O FASCISMO DE TODOS OS DIAS” (1965), DE MIKHAIL ROMM

 

 

SINOPSE

Intercalando imagens do presente (1965), material capturado do arquivo do Ministério de Propaganda do 3° Reich e fotografias apreendidas de soldados alemães da SS, Mikhail Romm reflete sobre a natureza do fascismo, enquanto reconstrói a trajetória de sua ascensão e queda.

 

Após a sessão faremos um debate que contará com a presença de Susana Lischinsky, jornalista da Editoria Internacional do jornal Hora do Povo e membro do CPC UMES Filmes. Susana também estudou na Universidade dos Povos, Patrice Lumumba, em Moscou, onde aprendeu a língua russa.

 

 

 

Confira nossa programação completa!

 

 

SERVIÇO

Filme: O Fascismo De Todos Os Dias (1965), de Mikhail Romm

Duração: 138 minutos

Quando: 10/08 (sábado)

Que horas: pontualmente às 10 horas da manhã.

Quanto: entrada franca

Onde: Rua Rui Barbosa, 323 – Bela Vista (Sede Central da UMES SP)