“Estamos às portas da vitória contra o terrorismo”, afirma embaixador sírio
Estudantes e lideranças na foto de confraternização com o embaixador após o encontro – foto Leonardo Varela
“Não podemos dizer que vencemos totalmente, mas podemos dizer que estamos às portas da vitória contra o terrorismo”, afirmou, sob aplausos, o embaixador da Síria no Brasil, Mohamad Khafit, durante debate realizado pela União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (UMES) na noite desta quarta-feira. O embaixador acrescentou que a vitória está próxima, “com 90% dos territórios já liberados”.
Dialogando por cerca de três horas com lideranças estudantis, femininas, sindicais e religiosas sobre a “Síria, verdades e mentiras sobre o país e a guerra”, o diplomata fez uma breve introdução sobre a história do país e a trajetória de luta da República Árabe Síria, “fundada na luta e na expulsão do colonizador francês, em 1946”.
Temos uma das mais longas histórias civilizacionais, relatou. “A cidade síria de Alepo”, exemplificou, “é a mais antiga cidade constantemente habitada do mundo”.
“É dessa história que deriva a nossa determinação de defender a nossa soberania e independência”, prosseguiu Khafit.
O presidente da UMES, Lucas Chen, que dirigiu os trabalhos durante a palestra, saudou o embaixador e as lideranças presentes e ressaltou que “o povo sírio, com sua determinação, busca constante de independência e luta dedicada pela soberanina, é um exemplo para a juventude de nosso país”. Para Chen, no momento em que, “no Brasil enfrentamos uma luta contra o obscurantismo, em defesa da educação e da democracia, um encontro como este, aqui na UMES, tem um grande valor. É muito importante para os estudantes tomarem conhecimento do que tem sido a luta e a capacidade de vencer do povo sírio”.
À direita: Lucas Chen, presidente da UMES e o embaixador Mohamad Khafit
“A Síria vem lutando contra o domínio israelense e americano na região, rejeitou a invasão anglo-americana ao Iraque, em 2001, apoiou a autodeterminação dos povos da região e os movimentos de resistência contra a ocupação sionista israelense-americana da Palestina, do Sul do Líbano e do Iraque, de acordo com os princípios do Direito Internacional e da Carta das Nações Unidas”, lembrou o embaixador, denunciando que esta postura altiva está no centro da confrontação com o imperialismo. “Esta posição ideológica da República Árabe da Síria não agradou a Israel, aos Estados Unidos, à OTAN e aos seus aliados na região e, por este motivo, a Síria teve que enfrentar as pressões políticas e as medidas de coerção econômica destas partes que não têm nenhuma base legítima”, declarou.
Mohamad Khafit alertou os presentes para “a campanha midiática enganosa, mentirosa e ampla” movida contra a Síria, seus líderes e seu governo. E lembrou que, ao mesmo tempo em que falam de diálogo e de paz, “EUA, Inglaterra, França, Turquia, Arábia Saudita e Qatar apoiam a Irmandade Muçulmana, extremista, e as organizações que se ramificaram dela, tais como a Frente Al Nusra, terrorista, ligada à terrorista Al Qaeda, assim como o grupo terrorista ISIS e todos os que seguem a doutrina Wahabita, uma seita fanática que rege a monarquia saudita, tais como o grupo terrorista Exército do Islã e outros”.
À direita: Dom Damaskinos, Chen, Maria Pimentel, embaixador Khafit, Gabriel e Jihan Arar
Em contraposição à enganação divulgada massivamente pelos grandes monopólios de mídia à opinião pública internacional, ressaltou o embaixador sírio, “como iniciativa para mostrar boas intenções à comunidade internacional, a Síria desmantelou o seu programa de armas químicas e aderiu ao Tratado para a Proibição de Armas Químicas, após se livrar de todo o seu estoque e programa químico, em setembro de 2013, fato atestado pela Organização para a Proibição de Armas Químicas e pelas missões das Nações Unidas designadas para tal tarefa”. Mas tudo isso, esclareceu, não era o objetivo dos agressores, “tudo era apenas pretexto, pois a Síria exigiu que todos países se desfizessem das suas armas de destruição em massa, inclusive Israel, mas os EUA, como sempre, se negaram a apresentar qualquer resolução a respeito” e ampliaram o financiamento aos grupos terroristas para derrotar o governo do presidente Bashar Al Assad e fragmentar o país, tal como foi feito no Iraque e na Líbia.
Portanto, a acusação feita ao Exército Árabe Sírio sobre o uso de armas químicas, esclareceu, “é pura difamação, enganação e mentira, porque nosso exército foi o vencedor e não há qualquer evidência de que tenha feito uso destas armas”.
“A Síria continuará defendendo à si, à sua soberania, ao seu direito de lutar contra o terrorismo e à sua busca por uma solução pacífica, que esteja de acordo com os anseios de seu povo e seu direito à autodeterminação, à escolha de seus líderes e seu regime político, sem interferências externas e de acordo com a Constituição síria e a Carta das Nações Unidas. O povo é a fonte do poder, é o dono da soberania, de suas terras, e é ele quem deve escolher sua liderança, seu regime político, sem quaisquer mobilizações externas”, destacou o embaixador.
Khafit destacou a “proposta de paz árabe, com Israel retirando-se de todos os territórios ocupados e retornando à fronteiras de antes de 1967, (ocupação com a Guerra dos Seis Dias), com o direito dos refugiados palestinos ao retorno e com a Jerusalém Oriental, a histórica Jerusalém Árabe, como capital de um Estado da Palestina, soberano, viável e reconhecido”.
O embaixador destacou a fase atual que é a da reconstrução da Síria, “devastada por anos de agressão, mas que está com a vida voltando à normalidade e estabilidade”.
“As portas do meu país estão abertas aos brasileiros para a participação na reconstrução”, acrescentou, lembrando que empresas brasileiras já participaram ativamente das recentes feiras internacionais de Damasco.
O debate teve a participação de vários estudantes que se revezaram com perguntas e questionamentos, todos detalhadamente respondidos pelo embaixador. Entre as questões levantadas, o tempo de mandato do presidente Bashar, ao qual o embaixador respondeu que “a eleição para um mandato de 6 anos se deu em 2014, quando Bashar enfrentou dois outros candidatos em eleições democráticas” e à pergunta de um estudante de origem árabe, Maiar Darwish, sobre “de onde vêm e quem financia os terroristas”, ao qual o embaixador respondeu apontando para atitudes e declarações abertas de participação no apoio aos terroristas, “por parte dos Estados Unidos, Israel e Arábia Saudita, e outras monarquias da região”.
O PAPEL DA SÍRIA
O presidente da Fundação Claudio Campos, Nilson Araújo de Souza, declarou que o imperialismo e seus satélites “achavam que ia ser um passeio sua agressão à Síria, que está se consolidando como vanguarda da luta dos povos pela independência, soberania e direitos”. “Nós do Partido Pátria Livre (PPL), agora integrados com o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) acreditamos que o imperialismo não precisa de motivos para agredir, pois quanto mais entra em decadência, mais busca explorar os povos do mundo”. Daí a relevância da resistência síria, apontou: “Bashar, não é apenas um herói do povo sírio, é um herói dos povos com sua coragem, determinação e clareza na luta e na vitória contra uma agressão imperial dessa magnitude. Nossa mensagem é de congratulação ao povo sírio, reafirmando nossa afinidade histórica. Independentemente deste governo, que está de passagem, está a nossa integração e o fortalecimento dos nossos laços de amizade”.
Representando o Partido Socialista Árabe Baath da Síria no Brasil, Hassan Abbas, parabenizou a UMES pela iniciativa de aproximar os estudantes de uma realidade distante, de uma nação cuja luta por sua integridade é vítima constante da manipulação midiática, a serviço dos agressores externos.
O presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Ubiraci Dantas de Oliveira, saudou o avanço do povo e do governo sírio sobre “o imperialismo norte-americano e seus terroristas” e exortou a todos os presentes a comemorarem juntos a vitória. Destacou que vai relatar este “grande encontro” aos sindicalistas e chama-los “a uma contribuição de uma maneira efetiva, com o processo de reconstrução do país”.
A presidente do Conselho Mundial da Paz, Socorro Gomes, elogiou a determinação do povo sírio que, “defende com dignidade e firmeza sua soberania nas batalhas contra o imperialismo e suas monarquias, que querem implantar o reino do terror, assassinando governantes, como fizeram com Kaddafi e Saddam Hussein”. Exemplificando a determinação com que os sírios enfrentam os problemas cotidianos, Socorro recordou: “estivemos recentemente com o reitor da Universidade de Damasco, pública e gratuita, que em todos estes anos de agressão não fechou um só dia as suas portas”. Diante da iminente derrota dos terroristas, Socorro defendeu que é preciso redobrar a atenção e amplificar a solidariedade, pois diante do fracasso o agressor tende a ficar mais raivoso, “ampliar a perseguição e as sanções criminosas”.
Recém-chegado da Síria, onde participou de uma reunião de lideranças da Federação Mundial das Juventudes Democráticas (FMJD), Gabriel Alves, coordenador da Juventude Pátria Livre (JPL), deu seu testemunho do que viu nas ruas, no contato com a população e na identidade com seu líder: “tudo bem diferente das manchetes que saem na grande imprensa por aqui”, “Tivemos um encontro com o presidente Bashar Al Assad e foi igual ao desta noite, com o microfone aberto, tudo muito franco. Algo que só faz quem tem segurança nas informações. Porque o mentiroso, o que faz malandragem, que vive de fake news, este não banca o jogo, não chega frente a frente, não troca ideia. Acredito que se os sírios estão vencendo esta guerra é pela força que tem em afirmar o seu compromisso com a verdade”, concluiu Gabriel.
Também estiveram presentes o Arcebispo Metropolitano da Igreja Apostólica Ortodoxa Antioquina e de todo o Brasil, Dom Damaskinos Mansour; a presidente da Federação das Mulheres Paulistas (FMP), Eliane Souza, a secretária de Relações Internacionais da CGTB, Maria Pimentel, a presidente da União da Juventude Socialista (UJS), Carina Vitral, o ex-vereador Mohamad Mourad, o empresário Said Bazi, representante da Associação Religiosa Islâmica de São Paulo, a diretora da Federação das Entidades Americano-Árabes, Claude Fahd Hajjar.
Jornal Hora do Povo