Nesta sexta-feira, dia 29 de setembro, com denúncias que vão desde a falta de professor até a falta de teto na sala de aula começou o Encontro de Grêmios da Umes.
A mesa de abertura contou com Caio Guilherme, presidente da UMES, Thais Jorge, vice-presidente, Sônia Maria Brancaglion, chefia de Gabinete da Secretaria de Educação e Emerson Santos da UPES.
Caio deu inicio ao encontro falando sobre a importância da presença de tantos grêmios ao evento, ressaltou que “os problemas das escolas são muito parecidos o que demonstra que essa é a linha política aplicada para a educação, é importante que o movimento estudantil esteja organizado, com grêmio atuante em cada escola. Nós estudantes lutamos por um direito que é de todos: uma educação pública, gratuita de qualidade! Isso vai além das salas de aulas, isso passa por baixar os juros e investir no país, colocar a prioridade que nossa educação merece de deve ter. Vamos lutar por isso e enfrentar qualquer inimigo da educação”.
Sônia Maria observou o quão importante é esse tipo de diálogo com os estudantes e se comprometeu a agendar com o Secretário uma audiência que receba junto com a diretoria da UMES, representantes dos grêmios para que as denúncias e queixas sejam ouvidas.
Thais Jorge saudou todos os grêmios ali presentes dizendo que “estão presentes aqui os grêmios que tiraram o Secretário da Educação, que derrubaram a Dilma e que prenderam o Cunha. Foram conquistas das lutas dos grêmios a Merenda para as ETECs e o Passe Livre e vamos conquistar muito mais! Vamos derrubar o Temer, prender Lula, Aécio e todos os corruptos!”
Após a abertura foi formada uma nova mesa com Gabriel Alves, Vice-Presidente do Centro Popular de Cultura da UMES e Marcos Kauê, 1° Tesoureiro da UBES para debate sobre Conjuntura Nacional e Estrutura das escolas.
Kauê citou o relatório feito pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, que analisou entre outros programas as condições oferecidas nas unidades escolares. Para a análise o Tribunal vistoriou 94 escolas e apontou diversos problemas, não só nas estruturas físicas, como lotação das salas de aula, formação dos professores e laudo dos bombeiros, que 93,12% não possuem.
Para Alves “não é uma coincidência tantas escolas relatando problemas tão parecidos, é a política que está sendo feita para ser assim. A luta tem que ser feita, nós conseguimos nos organizar para barrar a reorganização com tanta força que derrubamos o Secretário. Precisamos nos organizar para mudar essa política na educação”.
Durante mais de seis horas os estudantes debateram sobre a importância do grêmio para uma escola pública de qualidade.
A questão estrutural e cada escola demonstrada a cada relato ilustra uma realidade caótica na educação estadual.
“Estávamos 3 anos sem receber verba, esse ano recebemos somente R$2.600,00. Lá falta papel higiênico, temos um terreno baldio e são os professores que pagam do próprio bolso a impressão das provas.” Relatou Ian – Tesoureiro do Grêmio da EE Major Arcy, Vila Mariana.
Para as alunas do Coletivo de Mulheres da Etec Getúlio Vargas no Ipiranga, os alunos não podem ser culpados pelos problemas da escola e saudaram a importância de encontros como esses. Citaram os problemas que ainda encontrar na merenda seca oferecida na ETEC, como fio de nylon encontrado pelos alunos. Finalizaram a saudação citando a o ex-procurador do Ministério Público que disse: Ladrão é ladrão, mesmo disfarçado de político! Estava presente também o presidente do grêmio André e o diretor do grêmio Lucas, que denunciaram que apesar da GV ser uma escola centenária e referencia é tratada com o mesmo descaso, “falta infraestrutura, os banheiros tem divisórias improvisadas portas velhas e o teto da quadra está caindo, preso somente por uma tela de proteção”.
As alunas Giovana – Presidente do Grêmio e Beatriz, diretora de comunicação do grêmio da EE Eliza Rachel, zona leste, denunciam que lá a situação parece ainda pior, “Não temos professores de história nem sociologia, nossa professora de artes está afastada, não temos carteiras suficientes, pois cada sala tem 47 alunos, além disso, em dia de chuva somos dispensados porque a água invade as salas, nosso teto cai um pedaço cada dia, já caiu em cima do coordenador” disse Giovana. Para Beatriz toda essa situação impacta diretamente no futuro da juventude e questiona “qual a minha chance de passar no vestibular concorrendo contra um aluno de escola particular? Porque o rico cada vez fica mais rico e o pobre cada vez mais pobre?”.
Da zona sul, os alunos Bruno, Luisa e Anderson do grêmio da EE Padre Sabóia de Medeiros, chamam os demais a se mobilizarem, “Não podemos só reclamar, temos que agir, os debates abrem muito a mente dos alunos.” Disseram que a ocupação durante a tentativa de reorganização escolar uniu bastante os alunos e ensinou que ali o espaço é deles e que devem cuidar dele. O absurdo durante a fala deles é o relato de que a escola que 73 anos de existência nunca foi reformada, apenas pequenos reparos feito pelos próprios alunos. Ela tem uma árvore, morta, que cobre quase toda a escola, com uma colmeia enorme. Os bombeiros, chamados algumas vezes por causa da colmeia não conseguem retirar, já que a escola não tem entrada para caminhão. Além disso, a escola que segundo os gremistas ficou sem receber verba por 3 anos, neste ano recebeu apenas R$600,00.
Essa situação das escolas vem invertendo o papel do aluno e do grêmio dentro dela, que passam de representantes da escola para arrecadadores de verba e prestadores de serviço de manutenção. Óbvio que demonstrar importância do zelo que cada um deve ter pela escola é um papel importante que o grêmio tem que cumprir, contudo, mais do que de qualquer um isso é o papel do Estado. Ele deve garantir a infraestrutura básica para que tenhamos uma escola pública, gratuita e de qualidade para todos.
Além de diversas sugestões de atividades, o encontro tirou como definição a elaboração de um relatório que demonstre a situação de cada escola, que será entregue ao Secretário de Educação e também a realização de ato nas escolas que tem graves problemas.
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