Ciro: culpa não é do vírus. “É a falta de projeto. É o Brasil entregue ao financismo”
O ex-governador se refere ao caos na economia brasileira com a disparada do dólar e a queda nas bolsas
O ex-governador e ex-ministro da Fazenda, Ciro Gomes (PDT), usou sua rede social no sábado (29) para opinar sobre o os motivos que estão levando ao agravamento da crise econômica no Brasil.
Ele falou sobre a recente disparada do dólar e a queda nas bolsas. Para o ex-governador, não é o coronavírus o responsável pelo caos que está se instalando na economia brasileira. “É a falta de projeto. “É o Brasil entregue ao financismo”, denuncia o pedetista.
“‘Sem política industrial e de comércio exterior, quebraremos de novo’. Assim escrevi aqui em nov/2019. Assim permanece. Não é coronavírus, é falta de projeto, é política econômica que só privilegia os ricos. É incompetência e despreparo! É o Brasil entregue ao financismo”, avaliou o ex-governador.
A economia brasileira já vem ladeira abaixo antes da emergência da epidemia com o novo coronavírus. A produção industrial já havia caído 1,1% em 2019. As projeções para o PIB apontam para números muito próximos de 1% no ano passado. Bem abaixo das previsões otimistas, feitas pelo Banco Central, que divulgaram entusiasmados que o PIB cresceria em torno de 2,5% em 2019. Nem isso se confirmou. Os investimentos são os menores em 50 anos.
O economista Nilson Araújo de Sousa, em entrevista ao HP, (v. Nilson Araújo de Souza: Bolsonaro e Guedes estão destruindo o Brasil) citou o Monitor do PIB da FGV, que mostra que a taxa de investimento (FBCF/PIB) foi de apenas 15,3%, a menor taxa em 50 anos, segundo estudo do economista da FGV Marcel Balassiano.
O professor Nilson afirmou também que “as contas externas vêm se deteriorando desde o ano passado”. “O déficit em transações correntes (que registra o intercâmbio de mercadorias e serviços com o exterior, bem como as transferências de renda) subiu drasticamente de US$ 14,5 bilhões em 2018 para US$ 50,7 bilhões em 2019, resultante, sobretudo, da forte queda do superávit comercial, que foi de US$ 53 bilhões para US$ 39 bilhões”, disse ele.
“O quadro se agravou em janeiro deste ano, quando o déficit em transações correntes foi de US$ 11,9 bilhões (cifra próxima à do ano inteiro de 2018), devido, principalmente, a queda das exportações (19,5%). Teria que haver um amplo programa nacional de desenvolvimento, puxado pelo investimento público e pelo mercado interno, que desse o norte para o conjunto da economia”, acrescentou o professor.
Eduardo Moreira, economista e operador do mercado financeiro, também argumenta que a crise no país está sendo causada pelo desgoverno. No dia em que a bolsa caiu 7% logo após o carnaval, ele lembra que a bolsa de valores brasileira já vem caindo há muito mais tempo do que o surgimento da epidemia do coronavírus. “A bolsa de valores brasileira teve uma queda em dólares de 20% desde o seu pico no final do ano passado”, disse ele.
Moreira disse que as demais bolsas pelo mundo afora caíram muito menos do que isso. A Dow Jones (bolsa americana), segundo ele, caiu 9% e, na bolsa do México, por exemplo, a queda não passou de 10%. Ele citou outras bolsas, como a da Espanha, para mostrar que a instabilidade política brasileira, provocada pela insanidade de Bolsonaro e Guedes, é a principal causa da disparada do dólar e pela queda nas bolsas. Para ele, “a epidemia do coronavírus é apenas mais um fator a agravar a situação caótica da economia brasileira”.
Publicado no Jornal Hora do Povo
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