CNAB celebra o 13 de Maio e conclama os brasileiros a lutar pela soberania nacional

 

O Congresso Nacional Afro-Brasileiro (CNAB) e a Secretaria Municipal de Promoção da Igualdade Racial (Smpir) realizaram no dia 13 de Maio, na Avenida Paulista, uma celebração da Revolução Abolicionista e de uma das datas mais marcantes da nossa história os 100 anos da gravação de “Pelo Telefone”, de Donga e Mauro de Almeida, que se tornou o primeiro samba registrado na história da música brasileira, marcando a criação do gênero que é a principal manifestação da cultura nacional.

 

O evento realizado na principal avenida da cidade contou com shows do melhor do samba de raiz com os grupos Sambaki, Embaixada do Samba Paulistano, Democráticos de Guadalupe e apresentação do cantor e compositor Bira da Vila.

 

Além de uma roda de capoeira comanda pelo professor-instrutor Fabiano Pavio, vice-presidente do CNAB, e pelo mestre Bambu do grupo Geração e um ato político que contou com a presença de lideranças femininas, estudantis, sindicais, religiosas, partidárias e culturais.

 

O presidente do CNAB, Alfredo de Oliveira Neto, ressaltou a importância de se comemorar o 13 de Maio porque essa revolução definiu o caráter da nossa Nação como um povo lutador, patriótico, generoso e antiracista. “Novamente fizemos o 13 de Maio aqui na Avenida Paulista porque é preciso resgatar tudo o que envolveu essa revolução que levantou o Brasil de norte a sul se tornando numa das maiores mobilizações do nosso povo que só encerrou com a vitória”, disse Alfredo.

 

“Muitos negros deram o seu sangue e suas vidas para conseguirem o 13 de Maio. Não foi de graça que deram nada para nós. Foi preciso muita luta. Por isso vamos fazer o 13 de Maio várias outras vezes porque é preciso lutar sem trégua contra o racismo e pela independência nacional”, frisou Alfredo.

 

A abertura foi realizada pelo grupo Sambaki com um repertório repleto de pérolas do samba puro, sem agrotóxico ou deturpação. Na sequência quem esquentou de vez a noite foi a Embaixada do Samba Paulistano, composta por quem tem ao menos 25 anos de serviços prestados ao samba e que conta com componentes da velha guarda de escolas de sambas da capital paulista.

 

Após a execução do Hino à Negritude, composto pelo patrono e eterno presidente do CNAB, o saudoso professor Eduardo de Oliveira, teve início o ato político.

 

O presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) e vice-presidente do CNAB, Ubiraci Dantas de Oliveira, o Bira, disse que “não podemos ter conciliação com o inimigo que quer ver o povo negro no gueto, por baixo. Por isso temos que colocar o povo negro para lutar contra essa situação econômica. Em uma situação difícil como essa que estamos vivendo quem mais sofre é o povo negro”.

 

O vice-presidente do Partido Pátria Livre (PPL) e diretor de redação do jornal Hora do Povo, Carlos Lopes, observou que “o povo negro é o povo brasileiro. Aqui no Brasil até os brancos são negros. A verdade é que muitos deles não reparam. Afinal de contas o que era Noel Rosa? O que era Adoniran Barbosa? O que eram esses brancos?”.

 

“O povo negro é o povo brasileiro. E por isso nós vamos vencer essa luta. Não há salvação do país senão o povo brasileiro. Somos nós que temos que nos manifestar e conquistar, inclusive, o direito de antecipar e fazer Eleições Gerais Já!”, completou Carlos Lopes.

 

A presidente da Confederação das Mulheres do Brasil (CMB), Gláucia Morelli, falou que durante a luta pela Abolição “Rui Barbosa colocava uma questão que me tocou muito quando ele rebatia os senhores de escravos que diziam: ‘a escravidão já tem há muito tempo’. E ele dizia: ‘a liberdade existe há muito mais tempo’”.

 

Também estavam presentes e fizeram uso da palavra Marcos Kauê, presidente da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (UMES); Elza Serra, presidente da Federação de Mulheres Fluminense; Eliane Souza, presidente da Federação de Mulheres Paulistas e Roberto Prebil, presidente do Sindicomunitário-SP e da Fenaac, entidades dos agentes comunitários da Saúde, além de Paulo, representante da Associação de Religiões de Matrizes Africanas

 

Após o ato político foi a vez do Democráticos de Guadalupe pôr todo mundo para dançar com uma apresentação que demonstrou que o samba não é apenas carioca, nem apenas baiano, mas um fenômeno nacional com um repertório de sambas e sambistas de diversos estados.

 

Vice-presidente do CNAB e violonista do grupo Irapuan Ramos destacou que “graças ao Brasil e em especialmente o samba a música mundial evoluiu muito. Isso é uma das questões mais importantes. Nós do Democráticos de Guadalupe não somos apenas um conjunto. Nós somos militantes políticos e especialmente ligados ao CNAB na luta pela valorização do negro, no resgate de nossa história e do nosso papel na construção do nosso país”.

 

O encerramento em grande estilo foi feito por Bira da Vila, cantor e compositor da Baixada Fluminense, secretário de Cultura do CNAB e uma grande liderança no mundo do samba que levantou o público com sucessos como “Então Leva” e o “O Daqui, O Dali e o de lá”.

 

Fonte: Hora do Povo (reportagem e fotografia por André Augusto)

 

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