Com o país em recessão, Banco Central aumenta os juros para 11,25%
Após três dias das eleições, juros continuam os mais altos do mundo e com aval da presidenta
Três dias depois das eleições, com o país em recessão – a economia estrangulada, precisamente, pelos juros altíssimos – o Banco Central (BC) subiu a taxa básica de juros de 11% para 11,25%.
A taxa básica do BC já era a maior taxa real (descontada a inflação) do mundo. Com o aumento de quarta-feira – o décimo desde abril de 2013 – o juro básico real foi para 4,46%. A média internacional está em -1,5% (menos 1,5%). Só existem seis países do mundo em que os juros básicos estão acima de 1% e somente 10 onde estão acima de zero.
Os apologistas de Dilma, aquela miuçalha de pequenos interesses e pequenos interessados, parece que foram acometidos de uma súbita epidemia de mudez. Talvez seja melhor assim, do que tentar justificar essa indecência – ou dizer que sua musa não é responsável por ela.
Se não fosse, mais lógico seria substituí-la por uma junta formada pelos diretores do BC – ou pelo conselho da Febraban. Porém, o Banco Central no governo Dilma não é independente, segundo declarou a então candidata: “independente no Brasil só são os poderes da República, Legislativo, Executivo e Judiciário”. O Banco Central, jamais, que isso é coisa de quem quer aumentar os juros.
A inescapável conclusão é que, com Dilma, o BC não precisa ser independente para aumentar os juros. Mas isso é porque os bancos não mandam no governo…
Se havia alguma ilusão com a senhora Rousseff, daqui por diante será preciso uma reserva extra de cinismo, ou de imbecilidade, para continuar confeccionando uma presidenta ou um governo inexistentes, que somente são progressistas nos roteiros de fotonovela desses apologistas.
O mais ridículo, certamente, são aqueles que se esmeram na pose de xingar a mídia reacionária, golpista, como se o que importa nela – a “Globo”, a “Folha” e mais um ou outro – não tivesse apoiado, até fervorosamente, a mesma candidata que eles. A única exceção foi a “Veja”, que ficou à margem por ter uma compulsiva vocação marginal.
Não havia nem pressão para aumentar os juros nessa reunião do Copom. Nem a mídia publicou um único artigo nesse sentido – ao contrário, as pressões estavam reservadas para a próxima reunião do Copom, não para a que se encerrou quarta-feira.
Entretanto, com o país em recessão – “crescimento negativo” em três dos últimos quatro trimestres; previsão de que não passe de zero, ou negativo, até o fim do ano; o investimento caindo (a bem dizer, desabando) há quatro trimestres; o PIB industrial caindo, também há quatro trimestres; a produção industrial recuando tanto que já está ao nível de 2007; o aumento do consumo em zero – com tudo isso, o governo aumentou os juros, que já eram, repetimos, os maiores do mundo – a taxa básica real dos EUA está em menos 1,91%, a da Alemanha em menos 1,14%, a do Japão em menos 2,06%.
CARLOS LOPES da Hora do Povo
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