Confira entrevista de Igor Bogdasarov, vice-diretor do Mosfilm
Confira abaixo entrevista de Igor Bogdasarov, vice-Diretor-geral e engenheiro-chefe do MOSFILM, concedida ao CPC-UMES.
Bogdasarov representará o Estúdio na mostra que comemora 90 anos do mesmo. Composta por 10 filmes representativos de diversos períodos do cinema soviético e pós-soviético, todos são inéditos nos cinemas e na televisão brasileira.
A realizar-se na Cinemateca Brasileira entre os dias 13 e 19 de novembro (confira aqui programação), a mostra “Mosfilm – 90 anos” é organizada pelo Centro Popular de Cultura da UMES – CPC-UMES.
CPC: O cinema soviético, e agora o russo, representam uma referencia para o mundo. Qual o papel do Mosfilm nisso?
I.B: Na União Soviética, o Mosfilm era o principal estúdio cinematográfico do país. No Mosfilm se produziam, em media, 50 longas-metragens por ano. No Estúdio trabalharam os mais marcantes (proeminentes) cineastas, como Dovzhenko, Aleksandrov, Pyryev, Chukhrai, Tarkovsky, Bondarchuk e muitos outros.
Hoje, o Mosfilm continua sendo a principal empresa da indústria cinematográfica da Rússia, aqui é realizada a maior parte da produção de cinema e televisão.
É importante ressaltar que no Mosfilm são oferecidos cursos de formação para especialistas das diferentes profissões do cinema, que não existem em nenhum dos outros estabelecimentos de ensino. São cursos para assistentes de direção, designers de produção, e designers de figurinos, decoradores, engenheiros de vídeo, segundo diretor, montagistas, iluminação e muitas outras especialidades, que são indispensáveis para qualquer produção cinematográfica.
Além disso, o Mosfilm realiza um enorme trabalho de preservação do nosso acervo (fundo) de filmes. No estúdio se faz a restauração profissional e o processamento digital de toda a nossa coleção. Graças ao trabalho dedicado de todo o coletivo, hoje podemos assistir nossos filmes com uma excelente qualidade.
CPC: O Tigre Branco enfoca a guerra mais cruenta que a Humanidade já sofreu de forma criativa. Qual o papel da técnica para realizar essa obra?
I.B: A guerra é uma das mais terríveis provações (experiências) enfrentadas pela humanidade, ela não deixa ninguém indiferente e inativo. A guerra é uma catarse que expõe (revela) o que tem de melhor e de pior nas pessoas. Exibir essas emoções complexas é sempre a principal tarefa do diretor que realiza um filme sobre um tema de guerra, independentemente de se esta tarefa se resolve através de uma história simples ou se o filme faz uso de cenas de batalhas com uma montagem complexa. O filme "Tigre Branco" não coloca simplesmente a questão de como sobrevivem à guerra pessoas concretas, ou como seu resultado é decidido por grandes enfrentamentos. Neste filme, a guerra é um inimigo personalizado, assustador, inexorável e eterno. O método de direção que foi aqui usado por Karen Shakhnazarov permite combinar dois níveis de apresentação – imagens realistas de fatos militares se misturam no filme com a compreensão mística e espiritual da globalidade dos acontecimentos.
CPC: O Mosfilm, principal estúdio cinematográfico russo, teve mudanças nos últimos anos? Continua sendo estatal?
I.B: Nos últimos anos ocorreram muitas mudanças no Mosfilm. Foi realizada aqui uma modernização completa de toda a base técnica e de produção, o equipamento de cinema mais moderno é comprado, foram reformados e equipados todos os pavilhões e os próprios edifícios.
Durante todo o tempo o Mosfilm tem sido uma empresa estatal, mas funciona com independência financeira, realizando todo o trabalho e pagando todos os custos por sua própria conta.
CPC: O que vocês esperam da Mostra no Brasil, país de rica cultura, mas onde a cinematografia russa é muito pouco conhecida?
(Lenin em Outubro)
I.B: O Brasil, assim como a Rússia, é um imenso país multiétnico. Nosso cinema tem sempre colocado perante o espectador questões universais que são compreensíveis para todas as pessoas, sem exceção. Questões de amor e lealdade, firmeza e coragem, coisas pequenas da vida cotidiana e os grandes momentos de virada da história – tudo isso se expressava em nossos melhores filmes soviéticos e continua a se expressar nos filmes contemporâneos.
Por isso, gostaríamos que estas experiências como a mostra se tornassem permanentes, e que a Semana do Mosfilm não só familiarizasse o público
com o cinema do nosso país, mas que trouxesse uma contribuição significativa para o desenvolvimento de uma ampla cooperação cultural entre nossos países.
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