22-7-16 juros BC

Copom eleva juro real para 8%, disparado o mais alto do mundo

22-7-16 juros BC

Interino Temer entre o presidente do BC e Meirelles: “não há espaço para flexibilização”

 

BC de Temer mantém taxa básica de juros (Selic) em 14,25% ao ano

 

 

Pela oitava reunião consecutiva, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central – com nova diretoria – decidiu na quarta-feira (20) manter a taxa básica de juros (Selic) em 14,25% ao ano, o maior patamar em dez anos.

Em um longo comunicado divulgado após a reunião, o Banco Central afirmou: “Tomados em conjunto, o cenário básico e o atual balanço de riscos indicam não haver espaço para flexibilização da política monetária”. Ou seja, os juros vão continuar na lua.

Levantamento do site MoneYou e pela Infinity Asset Management, na média das 40 maiores economias a taxa real de juros está negativa em -1,5% ao ano. 20 países estão com taxas negativas e 11 com taxas menores que 1,00%. O Brasil é o campeão mundial (8,00%), seguido da Rússia (2,98%), Indonésia (2,38%) e China (2,30%). A taxa dos Estados Unidos é de -1,99%, o que dá um diferencial de juros em relação ao Brasil de 9,99%. Essa brutal diferença de juros facilita o “carry trade”, a especulação com real.

A reunião do Copom aconteceu em meio da maior recessão dos últimos 25 anos. Após a queda de 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015, para este ano a estimativa é de um recuo de 3,3%. Mas mesmo assim o BC agora comandado por Ilan “Itaú” Goldfajn decidiu manter os juros mais altos do mundo e ainda dizendo que não há espaço para sua redução.

No final de junho, ele disse que seu objetivo é atingir o centro da meta (4,5%) da inflação, o que pelo andar da carruagem significa manter os juros altos. Em 12 meses encerrados em junho, a inflação medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) somou 8,84%, quase o dobro do centro da meta definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), o que demonstra que manter os juros em 14,25% desde julho do ano passado não serviu para baixar a inflação.

No comunicado, o BC apontou o que chamou de riscos domésticos, como a inflação acima do esperado no curto prazo, decorrente, principalmente, de preços de alimentos, pode se mostrar persistente; as incertezas quanto à aprovação e implementação dos ajustes necessários na economia permanecem; e um período prolongado com inflação alta e com expectativas acima da meta pode reforçar mecanismos inerciais e retardar o processo de queda da inflação.

A decisão do Copom de manter a Selic em 14,25% desagradou trabalhadores (v. página 5) e empresários. Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a expectativa “é que a próxima reunião do Comitê de Política Econômica do Banco Central (Copom) inaugure o ciclo de redução dos juros. A manutenção da taxa Selic em 14,25% ao ano, decidida nesta quarta-feira, 20 de julho, representa mais um entrave à retomada da atividade econômica, pois encarece o crédito para os consumidores e as empresas, desestimulando o consumo e os investimentos”.

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) “espera ainda que se mantenham as condições ideais para a redução contínua dos juros, entendendo que a economia está estrangulada por impostos demais e juros que permanecem muito elevados, mesmo diante de um quadro de acentuada crise com quedas do PIB superiores a 4% ao ano. A FecomercioSP deseja e acredita que a estrutura de juros caia em breve para que o comércio, os setores de turismo e de serviços possam começar a respirar um pouco mais aliviados”.

“Evidentemente, a taxa nesse patamar elevado leva a perspectiva de um novo gasto bilionário neste ano em juros da dívida. É como se o BC estivesse de costas viradas para necessária retomada do crescimento e olhando apenas para um lado, o de levar a inflação para o centro da meta”, disse o presidente do Conselho Federal de Economia, Júlio Miragaya.

O governo interino anunciou que vai propor ao Congresso uma “autonomia técnica” para o Banco Central, sem previsão de mandatos fixos para presidente e diretores da instituição, mas com foro privilegiado no Supremo Tribunal Federal (STF) para toda a diretoria, que ninguém é de ferro.

Fonte: Valdo Albuquerque, do jornal Hora do Povo

 

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