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“Destruir o Brasil é uma política de governo de Bolsonaro e Guedes”, denuncia Ciro

 

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“Sou um nacional desenvolvimentista com propostas para o Brasil”, disse o ex-governador

O ex-governador e ex-ministro Ciro Gomes (PDT) afirmou na terça-feira (04), em entrevista ao historiador Marco Antônio Villa, que é “um nacional desenvolvimentista que busca construir uma corrente de pensamento capaz de apresentar respostas para o momento que o país vive”.

Ciro enfatizou que esta é uma necessidade “principalmente depois que a esquerda lulo-petista fracassou na condução econômica”.

“Houve problemas também no campo moral e no uso do espaço público por um patrimonialismo de novas feições”, disse Ciro. “Mesmo que tenham havido manifestações de ‘lawfare’ (guerra jurídica) , principalmente na questão do Lula, mas isso não apaga a grande decepção que tomou conta do sentimento da nossa gente. Isso nos levou à tragédia de uma direita tosca e boçal. É dramática a necessidade de tentar construir um caminho alternativo a isto”, acrescentou o ex-governador, que é pré-candidato a presidente em 2022.

Assista a íntegra da entrevista:

 

 

Para Ciro a crise na economia é grave. Ele ressaltou que o Brasil perdeu uma década para baixar os juros, que segundo ele “ainda estão altas, se comparadas com o resto do mundo que tem taxas negativas desde a crise de 2008”. “No Brasil, o dinheiro só produz dinheiro em si mesmo e isso está destruindo o país. O estado brasileiro e a política virou uma espécie de cateter sugando as energias de quem trabalha e produz para o rentismo, para a especulação financeira”, avaliou.

“O consumo das famílias está extremamente deprimido, a brutal informalidade no mercado de trabalho parece ser um objetivo estratégico de um ultraliberal como o Guedes que avilta o valor do salário, o preço do trabalho. O Brasil hoje está com metade da população ganhando 413 reais por mês para sobreviver. Isso é uma política de governo”, denunciou Ciro Gomes.

“Além de tudo isso, está havendo o desfinanciamento das finanças indiretas do povo brasileiro. O Brasil reduziu em 16% a execução orçamentária em Educação numa hora em que a gente precisa desesperadamente qualificar a Educação, expandi-la em coisas críticas. Não estou nem falando do ensino superior, na ciência e tecnologia que são o outro nome de soberania. Estou falando de um país que tem 60% de evasão na escola média, um país que tem menos de 20% das crianças de zero a cinco anos, na hora que tem que construir a arquitetura do cérebro, sem creches, o resto, os 80% não tem creche. Então nós reduzirmos 16%, é uma violência. A Saúde já depauperada, caiu 6% do investimento também. Então, é um desastre”, apontou o líder do PDT.

Ele avaliou que Bolsonaro é ainda razoavelmente avaliado, “porque a memória que ele recebeu é muito trágica”.

“Nunca houve na história brasileira nós cairmos dois anos sequenciados abaixo de três por cento na economia. O desemprego salta de 4 e fração para 12% no período Dilma. O colapso da moeda leva a metade da capacidade de compra da população brasileira, isso depois de dez anos em que a sociedade brasileira experimentou um fluxo de renda, de crédito, de valorização das riquezas brasileiras no estrangeiro que alimentou uma justa ilusão no conjunto da população de que, as coisas agora iam melhorar. Houve uma sensação de fraude”, prosseguiu Ciro.

“Então”, prosseguiu o ex-governador, “com Bolsonaro, na prática a economia cresce zero vírgula nada, mas parece uma coisa razoável em função da queda trágica e do que aconteceu lá atrás. A televisão abandona a agenda da novelização do escândalo. Então parece, na psicologia popular, que a onda da centralidade da roubalheira, que foi novelizada em horário nobre, perdeu espaço. Portanto, essas coisas mantêm o Bolsonaro nessa faixa de 25 a 30% de respeitabilidade. Isso é uma avaliação relativa, para não nos descolarmos da opinião do povo. Mas, para mim, ele é um desastre completo”, afirma Ciro Gomes.

“A conduta do Brasil no estrangeiro está me enchendo de vergonha”, disse Ciro Gomes. “Onde eu ando, nas universidades lá fora, me perguntam, como é que pode um boçal governar o Brasil com tal despudor”. “Estão rasgando tradições de profissionalismo que marcava a atuação do Itamaraty.

“A história do Itamaraty, a construção do próprio Barão do Rio Branco, é uma história de muito profissionalismo. Que compreende o tamanho relativo do Brasil, mas nunca deixamos de ter uma altivez em nome de alguns princípios que nos são muito caros, por exemplo, a solução pacífica dos conflitos, a não intervenção em assuntos domésticos, uma ordem multilateral assentada no direito e não na violência”, lembrou.

Ciro alertou para o envolvimento do Brasil em desgastes internacionais, frutos de um posicionamento irresponsável do governo. “Bolsonaro comprometeu-se em envolver o Brasil com escaramuças com a Venezuela. Nós não temos nada com isso a não ser intermediar, ajudar a achar uma saída para o povo venezuelano”, observou.

“Sem conversar com ninguém, ele vem com essa ideia de transferir a embaixada brasileira de Tel Aviv, que é a capital política de Israel, para Jerusalém, confrontando um esforço imenso de ter uma posição distante dos conflitos daquela região. Essa questão mesmo do Irã agora, um crime internacional de Trump, sem consultar ninguém, um desrespeito ao direito internacional”, avaliou Ciro.

Publicado no Jornal Hora do Povo

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