Documentaristas denunciam perseguição de Bolsonaro contra a cultura brasileira
Silvio Tendler é um dos que assinam o manifesto – Foto: Reprodução
“Um país sem imagens de si mesmo é como alguém que não sabe quem é”. A frase compõe o manifesto lido por cineastas e diretores dos filmes participantes do 25º É Tudo Verdade Festival Internacional de Documentários encerrado no último domingo, dia 4 de outubro.
Os diretores se manifestaram contra os ataques do governo Bolsonaro ao audiovisual, em favor da proteção da cultura brasileira, da Cinemateca e da preservação da memória em movimento de nosso país
.
Manifesto dos Cineastas concorrentes no É Tudo Verdade 2020
É com sentimento de pesar que nós, diretores dos filmes do 25º festival de documentários É Tudo Verdade, manifestamos nosso total desacordo com os rumos da política cultural do país. O governo de extrema direita de Jair Bolsonaro age desde o início para atacar e silenciar os brasileiros que fazem da cultura e da arte o seu ofício, tratando-nos como seus inimigos.
A atividade audiovisual está paralisada desde março de 2019, com a suspensão de todos os recursos públicos para a produção de filmes e séries. Isso tem provocado uma taxa crescente de desemprego. São muitas as empresas que estão falindo, cineastas passando necessidade e a ameaça de paralisia total do setor. Isso sem falar da Cinemateca Brasileira, com seu acervo histórico que corre o risco de total destruição.
A realidade que nos cerca, gritando em meio a paisagem agônica das incêndios de setembro, não é uma mera metáfora. O fogo que destrói o Pantanal e a Amazônia, ocorre sob o mesmo governo irresponsável que ignora a tragédia da COVID-19 e que despreza as artes, cultura, a educação e a ciência. Eles têm medo de nós. A situação é gravíssima.
Por isso, convidamos as realizadoras e realizadores do audiovisual a se voltarem, mais uma vez, para a realidade. E, acima de tudo, não se intimidarem. É preciso cada vez mais buscar novas formas de produzir e registrar a nossa memória. E nunca parar e nem silenciar. Um país sem imagens de si mesmo é como alguém que não sabe quem é. É um país com Alzheimer.
Os diretores que assinam: Aurélio de Michiles, Bernardo Vorobow, Bruno Moreschi, Carlos Adriano, Carol Benjamin, Clarice Saliby, Cláudio Moraes, Diógenes Muniz, Guga Millet, João Jardim, Jorge Bodanzky, Marcelo Machado, Mari Moraga, Mariana Lacerda, Paschoal Samora, Rafael Veríssimo, Roberto Berliner, Rubens Rewald, Silvio Tendler, Tali Yankelevich, Toni Venturi.
Confira abaixo os vencedores desta edição do ‘É Tudo Verdade’:
“Libelu – Abaixo a Ditadura” (São Paulo), de Diógenes Muniz – melhor longa documental brasileiro
“Colective” (Romênia), de Alexander Nanau – melhor longa internacional
“Filhas de Lavadeiras”, de Edileuza Souza (Brasília) – melhor curta brasileiro, Prêmio Canal Brasil
“Meu País Tão Lindo” (Polônia), de Grzegorz Paprzycki – melhor curta internacional
Menções honrosas
Segredos de Putumayo” (SP), longa de Aurélio Michiles
“Fico Te Devendo Uma Carta Sobre o Brasil” (RJ), longa de Carol Benjamin
“O Espião” (Chile), longa de Maite Alberdi
“Ver a China” (Brasil-China), curta de Amanda Carvalho
“Saudade” (Alemanha), curta de Denize Galiao
Prêmio EDT (Associação de Profissionais de Edição Audiovisual), para a melhor montagem
“A Ponte de Bambu” (longa-metragem de Marcelo Machado, SP): montadores premiados – André Finotti e Raimo Benedetti
“Metroréquiem” (curta-metragem de Adalberto Oliveira, PE): montador premiado – Adalberto Oliveira
Leia a crítica de Maria do Rosário Caetano, do portal Revista de Cinema, sobre o Festival:
“LIBELU”, “FILHAS DE LAVADEIRAS” E “COLETIV” VENCEM O É TUDO VERDADE
Deixe uma resposta
Want to join the discussion?Feel free to contribute!