E. E. Fernão Dias é ocupada contra fechamento de escolas

Foto: Ícaro Bendas

 

“Se a educação é um direito, ocupar nossas escolas, nesse momento em que o governo quer fecha-las, é um dever”, afirmou o estudante Heudes Cássio Oliveira, do 3° G do ensino médio, um dos presentes na ocupação da Escola Estadual Fernão Dias Paes, que teve início nesta terça (10), às 7 horas. Por telefone o estudante denunciou que não é correto fechar escolas e salas para economizar gastos com a educação. “Se há salas disponíveis não há necessidade do Fernão estar hoje com suas salas cheias, com mais de 40 alunos”, disse o estudante ao contestar o argumento do governo para fechar escolas.

 

O estudante explicou que a ocupação se deu após diversas tentativas de conversa com a Secretaria de Educação, Diretoria de Ensino Regional Centro-Oeste, e a realização e participação em manifestações e também diversas paralisações das principais vias próximas à escola. “A ocupação busca dar voz aos estudantes” disse Heudes, explicando que nenhum diálogo foi feito com os estudantes. “Já estamos na há mais de 32 horas e mesmo assim ninguém [do poder público] veio conversar com a gente [sobre a reorganização]. Tornaram nossa reivindicação em um caso de polícia” disse o jovem. “A Diretoria de Ensino passou pela escola só para pedir o fim da ocupação, não quer dialogar com os estudantes sobre o fechamento de escolas ou nos explicar o que está acontecendo”.

 

Foto: Saboia News

 

“A UMES apoia a ocupação, e vamos estimular estes tipos de manifestação. Os estudantes estão nas ruas contra o fechamento das escolas, e estas ocupações vão se ampliar se o fechamento de escolas não for revertido. A nossa mobilização vai crescer cada vez mais, porque ninguém é favorável ao fechamento de escola. ‘Quem fecha escola abre prisão’”, afirmou Marcos Kauê, presidente da UMES. Que em apoio a ocupação, acampou na escola, junto com a diretoria da UMES, para manifestar sua solidariedade e apoio aos estudantes presentes na ocupação.

 

“Acampamos na frente da escola para manifestar nossa solidariedade. E ficamos do lado de fora porque a polícia não permitiu a nossa entrada. Não deixavam nem comida nem água entrar” denunciou Kauê. Para ele a ocupação é muito importante porque é um exemplo de como os estudantes e a população estão se sentindo em relação ao fechamento das escolas. “Desde o início avisamos ao secretário de educação que os estudantes, suas famílias e a população eram contra o fechamento de escolas e contra a reorganização. Ninguém está feliz com essa medida, e a prova são as centenas de manifestações nas escolas, nas ruas. E agora temos a ocupação da escola Fernão Dias, e da escola Diadema que fica em outro município, denunciando essa falta de diálogo”.

 

Foto: Ícaro Bendas

 

“No Fernão falta cadeira, professor e carteira. As portas estão quebradas, os banheiros abandonados com os vasos quebrados. Nossas salas estão superlotadas e nós, estudantes, só queremos melhorias e investimentos. Estamos lutando por nossa escola e por todas as outras, porque o estudante precisa de escola e tem o direito de escolher onde quer estudar” disse a estudantes Mariana Martins que estava do lado de fora da escola, na tarde de ontem, devido à proibição da polícia. Junto com Mariana estavam diversos estudantes, pais, professores e moradores do bairro. Enquanto prestavam solidariedade aos estudantes na ocupação, a manifestação do lado de foram estava com cartazes e faixas defendendo a ocupação. "Aqui eu vou, aqui eu vou ficar, da minha escola ninguém vai me tirar" e “não tem arrego, você tira a minha escola e eu tiro o seu sossego” cantavam do lado de fora todos os que prestavam solidariedade a ocupação.

 

Heudes explicou que no começo da ocupação os estudantes tinham total controle sobre a entrada e saída da escola, e deixaram livre o fluxo de estudantes, professores e demais pessoas. Porém após a chegada da polícia, na manhã de terça, com mais de 10 viaturas e até mesmo um ônibus, a entrada da escola foi bloqueada e todos foram proibidos de entrar. “Só era permitida a saída dos estudantes, que precisavam apresentar seus documentos”, comentou.

 

Foto: Saboia News

 

“A polícia fez um cerco à escola. Cercaram toda a escola com um cordão de policiais. Havia dezenas de policiais para acabar com a ocupação, eles impediam a entrada na escola, e proibiram que água ou comida fosse dada aos estudantes. Até a comunicação ficou difícil. Pelo menos duas pessoas foram presas e houve agressões”, disse Tiago Cesar, vice-presidente da UMES, que estava presente na escola e passou a noite por lá.

 

Com a reorganização o fundamental II (5° à 8° serie) do Fernão Dias será encerrado, no período da tarde, e a escola terá apenas ensino médio. Para Heudes a escola receberá centenas de estudantes do ensino médio da região, o que aumentará ainda mais a superlotação das salas da escola.

 

No município do ABC a Escola Estadual Diadema também foi ocupara contra o fim do ensino médio da escola. A ocupação teve início as 19 horas desta segunda, quando alunos de 12 salas acamparam no refeitório e pátio da unidade escolar. Os estudantes querem que o governo Alckmin recue de sua decisão de fechar o ensino médio e o período noturno da escola.

 

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