“Eduardo se empenhou nos ideais de um mundo melhor”, diz Marina

Morte trágica num acidente aéreo do ex-governador de Pernambuco comoveu e gerou homenagens de todo o país 

 

Durante esses 10 meses de convivência aprendi a respeitá-lo, admirá-lo e a confiar nas suas atitudes e nos seus ideais de vida. Foram 10 meses de intensa convivência e começamos a fiar juntos principalmente a esperança de um mundo melhor, de um mundo mais justo”, afirmou Marina Silva, na quarta-feira, em Santos, após a confirmação de que Eduardo Campos estava no avião que caíra na cidade.

Quando Marina decidiu entrar no PSB, após o registro da Rede de Sustentabilidade ter sido recusado, Eduardo demonstrou a sua conhecida lealdade. Em outubro de 2013, diante do alvoroço aprontado pela mídia – e por alguns políticos pouco acostumados, talvez por não ter ideias ou propostas que possam sensibilizar o povo, com a disputa democrática – Eduardo declarou:

“Aqueles que estão incomodados com o surgimento de um caminho, de uma aliança que voltou a animar a política brasileira, procuram de todas as formas, até meio desesperadas, tentar atrapalhar essa construção de maneiras muito precárias e elementares. Uma é imaginar que vai me jogar contra a Marina, ou a Marina contra mim, o que é completamente impossível”.

Na quarta-feira, mostrando os inevitáveis sinais da emoção, Marina frisou como “Eduardo estava empenhado com esses ideais [de um mundo mais justo] até os últimos segundos de sua vida”.

“A imagem que quero guardar dele é a da despedida de ontem: cheio de alegria, sonhos, compromissos. Espero que seja com esse espírito que possa consolar sua família e a todos nós”.

Em outubro, ele declarara que sua aliança com Marina “tem como referência o interesse público, a necessidade de fazer política colocando não só ideias, mas um pensamento renovador”.

A escolha de Marina para sua vice teve o sentido de unir as forças vivas – e não se trata de um clichê, mas as forças que, por estarem vivas, estão inconformadas com a estagnação e o retrocesso, impostos ao país após o término do mandato de Lula – para dar um novo rumo ao país.

O próprio Eduardo sintetizou a questão: “a maior política social que pode ser feita hoje é não deixar o Brasil nesse crescimento medíocre”.

Marina tem toda razão ao se referir aos sonhos de Eduardo, tais como eles os explicitou: “… emancipar o nosso povo, construir um povo que tenha consciência de nação, de seus direitos, da sua força, da sua capacidade de transformar, que parecem, aos que não têm crença, impossível de transformar”.

A questão é, exatamente, levar à frente, tão longe quanto possível, “a necessidade de refazer a leitura do caminho estratégico”, diante da falência de “duas décadas onde os ventos neoliberais impuseram quase que um pensamento único ao mundo”.

O resultado, isto é, o fracasso desse engodo, podemos ver numa situação em que, ainda nas palavras de Eduardo, “o Brasil vive três anos em sequência de baixo crescimento econômico, onde se começa a colocar em risco as conquistas que tivemos num passado recente, as conquistas que tivemos não só no plano institucional, no plano democrático. Essas conquistas ainda são muito incipientes, esses milhões de brasileiros que conseguiram um precário trabalho, com uma renda ainda muito baixa. Se não retomarmos o ciclo de crescimento econômico, veremos aqueles que ascenderam três ou quatro degraus, descer essa escada de uma vez – em uma situação muito mais vulnerável que antes, carregados, sobretudo, de frustração, de dívidas e de desesperança. Isso é tudo que não precisamos ver na vida brasileira: um povo que não tenha esperança de lutar e de construir dias melhores, não vê os obstáculos que são colocados pelos interesses dos que querem manter o desequilíbrio social”.

Do ponto de vista político, isso significa que não existe tarefa mais urgente do que derrotar Dilma nessas eleições e o seu espelho tucano. Qualquer dessas alternativas não são alternativas para o Brasil. Mais quatro anos dessa terra arrasada – juros altos, política anti-industrial e privilégios aos pistoleiros de Wall Street – são muito parecidos com a tortura, não de alguns, o que já seria hediondo, mas de milhões, dezenas de milhões de brasileiros.

Gore Vidal, falando dos EUA, disse que naquele país dominava “um regime de partido único com duas alas direita”. É mais ou menos o que está se tentando impor ao Brasil. É isso que nós precisamos varrer.

Portanto, deve substituir Eduardo, como candidato a presidente, a melhor pessoa para vencer as eleições contra o atual estado de coisas. Aliás, foi para potencializar esse caminho que ele escolheu sua vice.

Marina referiu-se, na quarta-feira, emocionada, à família de Eduardo:

“Quero pedir a Deus que sustente a Renata, ao Zé, ao João, a Duda, o Pedro, o pequenino Miguel e a todos os familiares dos companheiros de Eduardo Campos. Esta é, sem sombra de dúvida, uma tragédia. Uma tragédia que impõe luto e muita tristeza. Eu sei que os brasileiros estão compartilhando com cada um de nós e principalmente com sua família, com seus amigos e conosco”.

 

Fonte: Hora do Povo

Foto: Divulgação

0 respostas

Deixe uma resposta

Want to join the discussion?
Feel free to contribute!

Deixe um comentário