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Em defesa da Cultura nacional! Veja aqui como foi o debate de cultura no 26° Congresso da UMES

Em defesa da cultura nacional, contra os monopólios da cultura enlatada!
Capoeira nas escolas!
Criação do Parque do Bixiga!

 

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Essas foram as resoluções do grupo de debate sobre Cultura no 26° Congresso da UMES, realizado no dia 10 de maio.

 

Compondo a mesa estavam: Keila Pereira – ex-diretora de cultura da UMES, Fabiano Pavio – Coordenador do projeto Capoeira na UMES, Valério Bemfica – Presidente do Centro Popular de Cultura da UMES, Rodrigo Minhoca – Casa Mestre Ananias, Nathiele França – diretora de cultura da UMES, Alex Oliveira – 1° Secretário da UMES e Laís do Valle – Presidente da União Paulista dos Estudantes Secundaristas.

 

Valério abriu sua fala expondo o porquê a UMES decidiu em 1994 investir em cultura, “a cultura concentra de maneira extraordinária, a luta ideológica que existe entre a nação e o imperialismo e entre explorados e exploradores. Como não anda exatamente no mesmo ritmo das relações sociais, a cultura tem a capacidade de ajudar a avançar – ou a retardar – a luta pela libertação dos povos. E foi por enxergar a importância de manter nosso povo ligado às suas raízes e para dar àqueles que não têm espaços nas grandes mídias que resolvemos criar o CPC da UMES. E este continua sendo seu ideal. Não podemos aceitar que nos imponham o que ouvir ou que assistir.”

 

Regado por vários versos recitados, o debate teve de poesia à cantiga.

Sobre o ponto de vista levantado por Valério o debate seguiu com estudantes se inscrevendo, falando, recitando e cantando.

 

“Temos que brigar para o que povo aprenda a pensar de maneira crítica, por isso temos que lutar para manter a sociologia e a filosofia em nossas escolas. Vamos fazer o povo pensar”, disse a estudante Mariana Santos da EE Barão de Ramalho.

 

Em forma de verso, Jonathan da EE Rui Bloem levantou a galera com crítica sobre os valores culturais contra o dinheiro que movimenta o mercado midiático e chamou a galera para fazer parte da mudança.

 

“Primeiramente é uma satisfação, meio diferente fazer uma improvisação?
Eu penso que não, vamos lá então, o diferente é estranho ou interessante?
Pra mim só cansamos do entediante e queremos levar os projetos à diante,
Por isso contamos com cada um que está aqui, valorizando atores artistas e Mc’s,
Cultura acontece o tempo inteiro, e tem um valor maior que o dinheiro,
Pois me trás muita alegria enquanto eu apresentava e a plateia sorria,
Esse é o maior incentivo, sob um sentimento que é sinistro
Cultura nas ruas nas praças quem disse que sumiu?
Se dependesse do governo isso nunca existiu
Mas calma senhoras e senhores, no governo têm ótimos atores
Em papéis de presidente, deputados e senadores,
Cansamos e vamos para a atividade que entre alguém que acabe com a desigualdade
Porque nosso país isso está sendo realidade
Agora vamos mudar com a ajuda da UMES, mas a mudança não vêm em um mês,
mas sim com a ajuda de vocês porque agora somos a bola da vez”

 

Ressaltando a importância de buscar nossas raízes para construir o que é novo, Rodrigo Minhoca da Casa Mestre Ananias emocionou a todos. “Não podemos esquecer que se eu cheguei até aqui com o conhecimento que tenho é porque eu tive uma geração inteira que me abriu esse caminho, e antes uma geração que abriu caminho para eles e isso é extremamente importe de se lembrar, não devemos construir o novo esquecendo o nosso passado, de quem somos e quem nos trouxe até aqui. Busquem beber de todo conhecimento que podem dessas gerações e a Casa está aberta para todos vocês.”

 

Direcionada à luta pela criação do Parque do Bixiga, que vem sendo travada pela comunidade e apoiada por diversas entidades do bairro, entre elas a UMES, Keila Pereira fez sua fala pedindo o apoio de todos os estudantes presentes. “Estão passando para vocês um abaixo-assinado e eu faço questão de explicar do que ele trata. Existe no bairro do Bixiga, onde fica nosso Cine-Teatro Denoy de Oliveira, uma luta que vem sendo travada por anos para a construção do Parque do Bixiga. O Bixiga para aqueles que não conhecem é o bairro com mais gente por metro quadrado de São Paulo e nele existe apenas uma área verde que é a uma praça. Nele se encontram aproximadamente 10 mil secundaristas, desde crianças até jovens com 20 anos de idade. E essa juventude não tem um espaço verde, uma área para estudar além dos muros cinzas das escolas. É por esse motivo que a UMES apoia a criação do Parque do Bixiga e contamos com a assinatura de cada um no abaixo-assinado que estamos realizando.”

 

Fabiano Pavio fez um apanhado histórico sobre a luta de Zumbi e a formação do projeto Capoeira na UMES, e fez um paralelo com a fala de Valério sobre o poder de libertação que tem a Cultura de um povo. “Quando os negros vieram para cá a única forma que eles tinham de tentar se comunicar, porque a maioria deles era de tribos diferentes, para que eles não pudessem se comunicar, começava ali a tirar identidade deles. E quando chegam aqui eles começam a se rebelar, isso é um processo, e de todas as culturas que existiam ali foi se formando essa coisa que a gente chama hoje de capoeira. Então a capoeira nada mais é do que a expressão daqueles que queriam se livrar dessas amarras, que perduram até hoje. A luta dos grandes monopólios é para destruir a cultura como a gente tem, que é uma cultura que mostra a luta do povo, a identidade dele e seus sonhos, para colocar em seu lugar uma cultura enlatada algo que tire nossa identidade, e a capoeira é uma dessas culturas que eles tentam abafar, porque ela é uma luta de identidade forjada com muita luta e muito sangue derramado, por isso que mesmo tendo uma lei nacional, a 10.639, que fala que em todas as escolas do território nacional, pública ou privada, deve ter o ensino da cultura afro-brasileira, a capoeira ainda tá faltando por aí. Precisamos resolver essa deficiência que já perdura há muitos anos, então a gente tem que começar a olhar mais a nossa cultura por esse olhar mais Libertador para que a gente possa votar nas pessoas certas e não continuemos sendo enganados por essa laia que está lá no Congresso Nacional.”

 

Após a fala de Pavio, Islan Gonçalves, o Ligeiro, se apresentou com a Cantiga Choro da Senzala, de sua composição, premiada no campeonato “Mania de Capoeira”, veja aqui a íntegra da cantiga.

 

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Estudante da ETEC Santa Ifigênia, Jéssica Nunes questionou os participantes se cada um ali não tinha um amigo que fazia algum tipo de arte, o plenário inteiro, com poucas exceções levantou o braço. “Vocês não acham que se houvesse apoio à cultura e à arte dentro das escolas esse nossos amigos não poderiam estar, entre os mais tocados da rádio? Nós precisamos ampliar esse trabalho cultural da UMES, precisamos continuar rodando as escolas levando a capoeira, isso precisa estar em todas as escolas.”

 

Fechando o grupo o então candidato, eleito no final do congresso, Chen, fez um paralelo sobre a educação e a cultura nas escolas e convidou todos a se somarem na luta com a nova diretoria da entidade. “Precisamos entender que a cultura assim como a educação tem um sentido. Não estamos aqui para dizer que o estilo é bom e o outro não, estamos aqui para demonstrar a imposição de algo que não é nosso, o que precisamos é de algo que nos jogue para frente, assim como os poemas e músicas recitados aqui hoje, que nos alçam à luta. Hoje o que a gente tem exposto nas grandes mídias não é nossa cultura. A cultura como a educação tem que ter o sentido de libertação, como a capoeira fez com negro, a cultura tem que ser libertadora. Enquanto não demonstrarmos ao nosso povo do que ele é e o que ele pode e o que representa a coisa nunca vai avançar. É pra isso que eu me proponho a dirigir a Umes pelos próximos dois anos e convido quem tem interesse de construir uma educação libertadora e ocupar as nossas escolas com a nossa cultura!”

 

Veja aqui as fotos do congresso.

 

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