Enquanto corta as verbas da Saúde e Educação, Dória declara guerra contra pichadores e grafiteiros
O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), voltou a atacar pichadores em entrevista à rádio CBN no último sábado (4), e de acordo com ele a perseguição vai continuar, “a prefeitura não vai ter tolerância com pichador. Não há diálogo com contraventor. Todo pichador é bandido”. Enquanto isso, Dória corta leite e transporte das crianças, anuncia fechamento de farmácias populares, deixa as ruas com verdadeiras crateras e abandonada praças e parques.
Mas para ele, como os pichadores oferecessem grande risco à sociedade, “a prefeitura vai gastar o que for necessário para proteger a cidade [dos pichadores]”.
O prefeito tucano preparou um projeto de lei que cria uma multa de até R$ 50 mil para quem pichar monumentos públicos. Quem não tiver condições de pagar prestará serviços comunitários, como a limpeza urbana ou a jardinagem da cidade. Vale tudo para deixar a “Cidade Linda”, e cinza.
Ao iniciar sua gestão, Dória congelou os orçamentos de diversas áreas da Prefeitura, inclusive a verba para a Educação (-28%) e Saúde (-20,7%). Mas, perseguir grafiteiros e pichadores é a prioridade da gestão.
Na Cultura, o contingenciamento dos recursos, chega a 43,5%. A Gestão Ambiental foi a área que teve o maior corte, proporcionalmente: 44,5% dos recursos foram congelados, somando R$ 79 milhões. Em Saneamento, os cortes de custeio foram de R$ 45 milhões, ou 25% do orçamento. No mesmo decreto, Doria congelou percentuais menores em investimento em Urbanismo, que cuida de ações de zeladoria, bandeira do início de governo, liberando R$ 215 milhões para gastos. O levantamento dos dados foi divulgado pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Já no mundo real, pais de alunos que frequentam escolas municipais, que voltaram às aulas esta semana, estão sendo avisados sobre o corte no Transporte Escolar Gratuito (TEG) através de motoristas ou pelas escolas.
Na gestão anterior, a van era disponível para quem morava a mais de 2 km da escola, pelo trajeto de carro. Já Dória passou a calcular a distância entre a casa do aluno e a escola pela rota a pé. Com isso, muitas famílias que moram a menos de 2 km pela rota a pé, mas a mais do limite pelo trajeto de carro, não terão mais o transporte neste ano. Outro programa que vai ser cortado pela prefeitura é o fornecimento de leite para crianças da rede municipal. A entrega, que hoje é feita para 900 mil estudantes da creche ao 9° ano.
Danuzia Costa, desempregada, que tem uma filha de 2 anos e 8 meses estudando em uma creche da zona sul, critica a medida, “tem tanta coisa para cortar, vão tirar logo o leite das crianças?”. Já a comerciante Monica Candido, conta que costuma usar o produto para fazer vitaminas, pão e bolo para a filha de 2 anos, “é a base da alimentação, não tem sentido cortar”.
Mas o secretário municipal de Educação, Alexandre Schneider, afirmou que também será revista a compra de material escolar e informou que “todos os contratos estão sob revisão” e que “se tiver que rever o leite, contratos de serviços terceirizados, se tiver que aprofundar essa revisão, por mais mérito que tenha, vamos fazer”.
Dória confirmou ainda que o fechamento das mais de 900 farmácias do SUS está em estudo. Segundo ele, a ideia é transferir a distribuição dos remédios gratuitos à população para a rede privada, já que, existe muita burocracia em entregar os remédios na rede do município. A ação irá prejudicar a população mais pobre da cidade, pois as redes comerciais defendidas pelo prefeito estão localizadas nos bairros centrais de São Paulo, e não no bairro onde a pessoa reside.
CAMILA SEVERO – Jornal Hora do Povo
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