25-6-16 Tubarão

Ensino superior privado movimentou mais de R$ 49 bilhões no ano de 2015

25-6-16 Tubarão

 

Valor duplicou durante os anos de governo Dilma: 2011/2015

 

O ensino superior privado registrou receita líquida R$ 49,3 bilhões no ano passado, segundo o estudo anual do setor, da empresa de consultoria Hoper Educação, divulgado no último dia 22. O crescimento passou de R$ 24,7 bilhões em 2011, 32 bilhões em 2013 para R$ 49,3 bilhões em 2015.

 

Dos R$ 49,3 bilhões, 44% (R$ 21,7 bilhões) são provenientes dos 12 maiores grupos educacionais, apontou o estudo da Hoper Educação.

 

As 12 maiores empresas de ensino superiores, considerando o volume de matrículas e suas respectivas participações na área, são: Kroton (16,3%), Estácio (7,2%), Unip (6,6%), Laureate (3,8%), Uninove (2,3%), Ser Educacional (2,1%), Cruzeiro do Sul (1,3%), Anima (1,2%), Unicesumar (0,95), Ilumno (0,8%), DeVry (0,7%) e Grupo Tiradentes (0,7%).

 

Das 12 instituições, apenas a Unip, a Uninove, a Unicesumar e o Grupo Tiradentes são genuinamente brasileiras. A Anima tem 44% do capital aberto na bolsa de valores, a Kroton é controlada pelo fundo de investimento Advent International, a Estácio é controlada em 20% pelo GP Investiments, a Ilumno é estadunidense, mas em 2015 vendeu sua atuação no Brasil pra Anima, DeVry é de Chicago, a Cruzeiro do Sul pertence ao fundo Actis do Reino Unido e a Ser Educacional é controlada pelo Cartesian Capital Group (USA), e a Laureate International, controlada pelo fundo KKR, estadunidense.

 

Atualmente é estudada a fusão entre a Kroton e a Estácio. A Kroton, maior empresa de educação superior privada do país, encerrou março com 1,01 milhão de alunos, enquanto a Estácio, segunda maior do setor, tinha base total de 588 mil estudantes.

 

A Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro (OAB-RJ) fez uma denúncia no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que rege as relações comerciais no país, contra o negócio. A OAB alega que a operação trará concentração econômica ilegal ao mercado, de mais de 30%, diante de um limite estabelecido pelo Cade de 20%.

 

O órgão está longe de ser um defensor da economia nacional. Por exemplo, o órgão aprovou a venda de operações de ensino a distância (EAD) da catarinense Uniasselvi, comprada pela Kroton em 2012 por 510 milhões de reais, que então concluiu em fevereiro a venda da Uniasselvi por 1,105 bilhão de reais aos gestores de fundos Carlyle e Vinci Partners.

 

A desnacionalização do ensino reforça o caráter mercantil da universidade privada e tem como objetivo central a obtenção de super-lucros para serem remetidos às suas matrizes. Os alunos são tratados exclusivamente como mercadoria, tendo sua vaga, avaliada em moeda corrente.

 

No Brasil, o investimento se torna sem risco, com lucro certo e inadimplência nula, visto que boa parte das matrículas são feitas pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) – pelo qual o governo paga a faculdade e o aluno tem 18 meses para começar a devolver o dinheiro investido a longo. No caso da Kroton, 40% das matrículas são do Fies.

 

Como um grupo de investimentos como o GP Investiments que controla a AmBev e a Lojas Americanas pode entender alguma coisa de educação para controlar também a Estácio?

 

Não é a toa que nos últimos anos tem sido política permanente das faculdades privadas entregues ao capital financeiro internacional a cobrança abusiva de mensalidades, a superlotação de salas de aula, a contratação de menos professores e com menos qualificação, nenhuma preocupação com produção científica, e o aumento desenfreado do ensino à distância – modalidade esta que demanda baixo custo de investimento e manutenção, e aumentou em 170 vezes nos últimos dez anos.

 

Enquanto o governo ajuda a garantir os lucros das multinacionais da educação, temos visto as universidades federais tem aulas suspensas, falta dinheiro pra pagar os funcionários e professores, trabalhos de pesquisa parados, sem luz, sem papel higiênico nos banheiros, tudo por falta de verba.

É claro que é fundamental garantir que os estudantes já matriculados, nas instituições privadas com bolsas do FIES, consigam terminar o curso e alcançar o tão sonhado diploma. O que é inadmissível é o governo Dilma/Temer achacar o ensino público e aliviar o ensino privado. O ensino público deve ser prioritário em relação ao privado, por ser um setor estratégico para o desenvolvimento do país e por assim exigir a Constituição Federal.

 

Fonte: Maíra Campos da Hora do Povo

 

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