Estudantes espanhóis se levantam contra cortes e privatização do ensino

Uma multidão de estudantes, pais e professores tomaram as ruas de Madrid e outras cidades ao mesmo tempo em que ocorria greve de 72 horas

 

Mais de 150 mil estudantes se manifestaram, na quarta-feira (22), na Espanha, contra os cortes de orçamento, a privatização do ensino e contra o desemprego dos professores. Os protestos aconteceram no segundo dia de uma greve de 72 horas, convocada pelo Sindicato de Estudantes, entidade que congrega os alunos do ensino secundário e universitário.

Em Madrid, em marcha que reuniu mais de 60 mil pessoas, os manifestantes percorreram desde a estação de trem de Atocha até a central praça Puerta del Sol, exigindo ainda a demissão do ministro de Educação, José Wert, e a retirada da chamada Lei Orgânica para a Melhoria Educativa cuja aprovação esta prevista para os próximos dias.

“Desde o Sindicato de Estudantes dizemos alto e claro: voltaremos às ruas até obrigar Wert a retirar sua contra-reforma franquista e sua agenda privatizadora da educação pública, e até que renuncie de uma vez. E temos que fazer isso todos juntos: estudantes, mães, pais e professores”, assinalaram em nota.

“A greve de três dias foi respaldada nos colégios de ensino secundário por mais de 90% na maioria das regiões do país, e nas universidades é completamente majoritária: Mais de dois milhões de estudantes esvaziamos as aulas, e milhares enchemos as ruas!”, informaram.

Segundo os organizadores, em um ano e meio se reduziu a quantidade de professores em 32 mil 801, apesar do aumento em 55 mil alunos, enquanto a reforma da lei aponta para uma discriminação maior dos estudantes de menos recursos a ao enfraquecimento da escola pública.

O Sindicato denunciou também que 45.000 estudantes já foram expulsos da Universidade por não poder custear as novas taxas, que aumentaram 66%. “Só poderá ter estudos universitários quem disponha de cerca de 20.000 euros para pagá-los, ou seja, uma reduzida minoria.” Os estudantes reivindicam uma educação “pública, laica, de qualidade, e gratuita”.

Afirmaram que isso é a ponta do iceberg porque se espera um corte orçamentário na educação para 2015 que não foi anunciado, e deve ser maior do que esse já em andamento. Avaliam que, nos últimos cinco anos, a redução das verbas para a educação é de quase sete bilhões de euros.

A privatização que pretendem atinge a universidade, o segundo grau e até escolas primárias e creches.

Outra consequência dos cortes é a supressão de subvenções para livros, restaurantes estudantis e transporte, além da eliminação de medidas para garantir a amplitude das matérias.

Tudo isso se agrava com a elevação do desemprego o que reduz a condição de muitas famílias custearem os estudos dos seus entes mais jovens.

Além da capital, mais de 20.000 saíram às ruas de Barcelona e milhares em Tarragona e no restante da Catalunha. No País Basco, cerca de 15.000 em Bilbao, mais de 3.000 em Donosti e de 4.000 em Gasteiz. Na Andaluzia mais de 10.000 entre Sevilha e Málaga. Em Astúrias, onde a greve foi grande, milhares se manifestaram em Oviedo e Gijón, como também nas capitais da Galícia e de Valencia. Em todas as cidades de meio porte a greve e as manifestações tiveram forte presença. Na quinta, continuam as manifestações com assembleias e com a adesão de entidades de professores e dos pais dos alunos.

A crise econômica que atingiu a Europa nos últimos anos teve um impacto particularmente significativo no mercado de trabalho da Espanha, onde o desemprego está em torno de 26%.

O desemprego entre os jovens alcançou níveis assombrosos: em setembro, para aqueles com 24 anos ou menos, chegou a 56%.

 

SUSANA SANTOS do Hora do Povo

 

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