Estudantes ocupam Alesp contra roubo da merenda

 

Dezenas de estudantes secundaristas ocuparam a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) no final da tarde de ontem (3) para exigir a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigue a máfia da merenda. “Para a diretoria da UMES a ocupação da Alesp é um esforço que se soma a luta contra o roubo da merenda praticado por diversos membros do governo tucano. É por isso que apoiamos e nos solidarizamos com essa forma de luta contra os inimigos da escola pública de São Paulo”, afirmou Marcos Kauê, presidente da UMES.

 

O movimento de ocupação teve início na semana passada, com a ocupação do Centro Paula Souza para denunciar a falta de merenda e o fechamento das salas de aula pelo governo. A partir de então diversas ocupações foram organizadas pela cidade, principalmente nas ETECs, que recebem apenas merenda seca, quando recebem, culminado com a ocupação da Alesp na tarde de ontem.

 

“A luta contra o roubo da merenda foi iniciada há alguns meses, com diversas manifestações nas escolas da cidade e por todo o Estado. Engrossamos essa mobilização com a campanha ‘Cadê minha merenda? Nunca vi, nem comi. Eu só ouço falar’, com o intuito de aumentar e massificar a denúncia para fortalecer as manifestações de rua e nas escolas”, explicou Kauê, denunciando a ação truculenta do governo.

 

 

Sobre a decisão de proibir a entrada de alimentos do presidente da Assembleia Legislativa, o deputado Fernando Capez (PSDB), Kauê disse que “os ladrões da merenda estão tão viciados em deixar os estudantes passando fome que o Capez chegou a proibir a entrada de alimentos no plenário da Alesp. Esse é só mais um exemplo do compromisso desses governantes com a juventude e a educação: eles não querem dialogo, não querem conversa. E se questionamos que falta merenda, que salas estão sendo fechadas e que a educação está sendo destruída eles respondem com violência, com cacetada e bala de borracha”.

 

Na ocasião Capez disse que pediria reintegração de posse, processo que segundo ele está em andamento, e que não permitiria a entrada de alimentos para “fazer uma saturação para que eles saiam. Nosso objetivo é que haja a desocupação da Casa”. Com a repercussão negativa de proibir a entrada de comida, Capez flexibilizou sua decisão e permitiu a entrada de café e pães.

 

“Essa semana demos início na construção do 25º Congresso da UMES e a nossa mobilização tem se concentrado na denúncia do roubo da merenda, que é um crime escandaloso, quase tão grave quanto o corte bilionário nos recursos da educação do governo federal ou da privatização do pré-sal. E o nosso compromisso é detonar os inimigos da educação e do Brasil para que os estudantes ocupem as ruas em defesa da educação pública”, disse Kauê.

 

Estudantes durante manifestação no metrô Tatuapé

 

Durante a noite de terça o padre Júlio Lancellotti visitou os estudantes e levou pães e chocolate quente para os alunos. “Hoje esses jovens ressuscitaram a Assembleia Legislativa, que deveria dar um grande prêmio para eles, porque estava morta e a fizeram voltar à vida”, afirmou. Por sua vez, para a presidenta da UBES, Camila Lanes, uma das lideranças da ocupação, esse movimento tem uma pauta muito clara, que é a abertura imediata da CPI para investigar o roubo da merenda.

 

Até agora 24 deputados assinaram o pedido de abertura da CPI, sete a menos que as 32 necessárias.

 

 

Investigação

 

O roubo da merenda foi exposto pela operação Alba Branca, através da ação do Ministério Público, com apoio da Polícia Federal, que investiga o esquema milionário de superfaturamento e pagamento de propina nos contratos de fornecimento de merenda escolar da gestão Alckmin.

 

Uma das investigações é o possível desvio de 10% a 25% do valor das contratações. A Coaf, responsável por parte dos alimentos fornecidos às escolas, supostamente repassava valores a deputados federais, estaduais e funcionários do governo Alckmin.

 

A Justiça já determinou a quebra de sigilo bancário e fiscal do presidente da Assembleia Legislativa, o deputado Fernando Capez (PSDB), e de dois ex-assessores do governo de Geraldo Alckmin. "Está ficando insustentável para o presidente da Assembleia. O PSDB tenta em todas as frentes impedir a investigação. Nós vamos buscar em todos os meios possíveis a apuração do caso", avaliou o deputado Teonilio Barba.

 

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