Estudantes ocupam Paulista contra a desestruturação
Foto: Leonardo Varela
“Viemos denunciar o fechamento de nossas escolas e o plano de Alckmin que quer fazer desta reestruturação um meio para gastar menos dinheiro com educação. Queremos estudar, mas estão fechando nossas escolas, queremos estudar, mas estão superlotando nossas salas, queremos estudar, mas estão demitindo nossos professores. Nós somos contra essa reestruturação que na verdade é uma desorganização”, afirmou o presidente da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (UMES) Marcos Kauê, durante a manifestação que reuniu cerca de 1.500 estudantes da rede pública estadual de São Paulo contra a “desestruturação” do governador Geraldo Alckmin.
A concentração teve início às 8 horas em frente o MASP, e reuniu estudantes de dezenas de escolas da capital, que seguiram pela Avenida Paulista e Consolação rumo à sede da Secretaria da Educação, na Praça da República. Durante todo o percurso os estudantes carregavam faixas e cartazes condenando a desestruturação de Alckmin, bem como os cortes de mais de R$ 10,4 bilhões de Dilma na educação. Durante todo o trajeto os estudantes cantavam palavras de ordem como "Geraldo Alckmin a culpa é sua, hoje a aula é na rua", "e se a escola for fechar, a cidade vai parar. E se o povo se unir, o Geraldo vai cair". Houve momentos nos quais as palavras de ordem comparavam Alckmin e Dilma, “o que a Dilma e o Alckmin são? São inimigos da educação” ou "Um, dois, três, Dilma no xadrez. Pra melhorar pra mim, também vai o Alckmin".
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Ao chegarem na Secretaria de Educação, por volta das 11 horas, os estudantes deram uma vaia para o Alckmin e seu secretário de educação, Herman Voorwald, e após alguns minutos deram inicio ao ato de encerramento da manifestação em frente a secretaria. “Queremos que fique bem claro para o secretário que os estudantes são contra a desestruturação”, disse Kauê ao iniciar as falas, que por fim convidou o secretario a vir prestar contas aos estudantes.
Logo em seguida Jonathan Oliveira (16), presidente do grêmio da E. E. Charles De Gaulle, e também diretor da UMES afirmou que “os estudantes estão na rua contra esse governo que quer fechar escolas e cortar da educação. Porém nós temos um recado: ninguém vai fechar as nossas escolas. Fora os inimigos da educação!” Por fim o estudante desafiou o secretário a explicar o fechamento das escolas aos estudantes. “Eu quero ver se esse secretário tem coragem de vir aqui falar para os estudantes que vai fechar e desorganizar a nossa escola. Não vamos deixar ninguém fechar escola ou cortar dinheiro da educação” concluiu, chamando os estudantes a cantar “Geraldo, almofadinha. Os estudantes vão te por na linha”.
O vice-presidente da UMES, Tiago Cesar agitou os estudantes presentes e disse que a UMES organizou o ato em defesa de uma educação pública, gratuita e de qualidade. Ele afirmou que os estudantes não vão permitir que nenhuma escola seja fechada, ou que professores sejam demitidos ou mesmo que alunos sejam transferidos contra a própria vontade.
Para Keila Pereira, diretora da UMES, os estudantes participaram da manifestação “para dizer que não vai ter arrego, não vamos aceitar a desestruturação, estamos cansados de chegar nas Delegacias de Ensino e escutar que o fechamento de escolas não passa de um boato. Há 20 anos o governo tucano destrói a educação no Estado, e com os cortes do Governo Federal a situação está ainda mais caótica, estamos aqui para lutar contra o descaso da ‘Pátria Educadora’ com a educação”.
A Secretaria de Educação “está tratando os estudantes como números. Um dias vocês já foram educadores, porém agora que estão no gabinete estão fechando escolas”, afirmou o presidente do grêmio da Escola Estadual Padre Saboia de Medeiros, Pedro Vieira. Já a estudante da escola Adolfo Casais disse que “Alckmin não vai nas nossas salas para ver que não há materiais ou merenda. Ele não vê que nossas salas estão destruídas”.
“Sabemos o que isso vai causar: é mais salas superlotadas! Mas os estudantes vão estar nas ruas, e essa proposta vai cair nem que seja preciso fazer que isso aconteça goela abaixo desse governador e do seu secretário”, denúncia Caio Guilherme, diretor da UMES.
Para Caio, da juventude do Juntos (uma corrente da juventude do PSOL), a manifestação foi um importante para a unidade da juventude contra a reestruturação. “Queremos ver se o secretário vai vir falar com os estudantes. As manifestações estão em São Paulo e outras 40 cidades. Não vamos admitir que nossas escolas sejam fechadas”, afirmou o estudante, convidando a todos para a Audiência Pública na Alesp dia 27 de outubro para discutir o Plano Estadual de Educação. Também participaram da manifestação os movimentos Território Livre e Juventude as Ruas, que denunciaram as medidas do governador e afirmaram a necessidade de ampliar a mobilização dentro das escolas.
Entre os movimentos sociais estava a Eliane Souza, da Federação das Mulheres Paulistas que ressaltou que as mulheres estão junto com os estudantes em defesa das escolas e da educação. “Somos mães e estamos com a juventude nessa luta”. Cleide Almeida, do Congresso Nacional Afro-Brasileiro disse que é contra a demissão de professores e o fechamento das escolas. “A juventude precisa estar dentro da escola. Essa desestruturação é um absurdo”, afirmou.
Por fim Kauê encerrou o ato explicando que mais uma vez o secretário decidiu não conversar com os estudantes durante a manifestação. Ele recordou que o dia 23 foi muito importante porque deixou claro que “enquanto os inimigos da educação estiverem no poder a aula vai ser na rua”. Kauê também convidou a todos para a plenária do dia próximo dia 30, na sede da UMES, que construirá a próxima manifestação do dia 6 de novembro contra a desestruturação.
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