Estudantes voltam às ruas contra o aumento da passagem em São Paulo
“É inaceitável que em apenas dois anos a passagem aumente quase 30%. Não é justo, o transporte não é de excelência, não atende a necessidade da população, não há nada que justifiquei um preço tão alto”, afirmou o presidente da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo, Marcos Kauê, no último dia 12, durante a segunda manifestação contra o reajuste da tarifa de ônibus e metro, que foi anunciado pelos governos estadual e municipal no penúltimo dia de 2015.
Entre o final de 2013 e o final de 2015, a passagem saltou de R$ 3,00 para R$ 3,80. Um aumento de 27%. A inflação acumulada do período foi de 17,76%. Desde o dia nove está em vigor o valor reajustado. No dia oito aconteceu a primeira manifestação contra o aumento que contou com mais de cinco mil participantes. Na última terça-feira (12) aconteceu a segunda.
A revolta da população com o aumento é grande, mas o que mais chamou atenção na manifestação desta terça foi a desproporcionalidade da ação da Polícia Militar do Estado de São Paulo durante o protesto.
A Polícia Militar lançou uma bomba de efeito moral a cada sete segundos para dispersar o ato na Avenida Paulista. A contagem foi feita com base em um vídeo divulgado do coletivo Território Livre, grupo que apoia as manifestações contra o aumento da tarifa. Em seis minutos de imagens foram lançados pelo menos 49 artefatos explosivos contra um grupo que estava confinado dentro dos cordões de policiais.
No encontro da Avenida Paulista com a Rua da Consolação começou o ataque. A PM queria que os manifestantes seguissem pela Rua da Consolação, sentido centro, onde todo efetivo da tropa de Choque foi montado para este trajeto. E os manifestantes queriam seguir sentido Av. Rebouças, rumo ao Largo da Batata, em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo.
Os homens do Choque e os blindados israelenses foram posicionados de uma forma que impedia a descida da manifestação pela Avenida Rebouças até o Largo da Batata. Nesse momento a polícia armou um cerco na manifestação, encurralando a todos. Os policiais foram na direção dos manifestantes que tentavam correr e de costas para os agentes do Estado, apanharam de cassetetes, levaram bala nas costas, na cabeça, bombas gás lacrimogêneo e spray de pimenta.
Após o ataque aos manifestantes, o secretário estadual de Segurança Pública, Alexandre de Moraes, negou haver abusos por parte da corporação.
A Polícia Militar optou por uma tática de repressão à manifestação condenada por organizações de direitos humanos e pelo próprio manual de conduta da corporação. Kettling (ou panela de Hamburgo) consiste em cercar e isolar as pessoas dentro de um cordão policial. Foi exatamente o que ocorreu na Paulista. Isolados por cordões policiais que não permitiam que ninguém entrasse ou saísse da manifestação, os manifestantes foram surpreendidos com incontáveis bombas de gás lacrimogênio.
A tática viola o próprio Manual de Controle de Distúrbios Civis da Polícia Militar, quando trata sobre o tema. “A multidão não deve ser pressionada contra obstáculos físicos ou outra tropa, pois ocorrerá um confinamento de consequências violentas e indesejáveis”, diz o Manual de Controle de Distúrbios Civis da Polícia Militar, item 3.2.1.
Fonte: Jornal Hora do Povo
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