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Governo torra R$ 31 bi com juros em junho e bancos lucram até 33% mais

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Em meio à maior recessão da história do país e o maior juro real do mundo, ganho dos bancos explode no primeiro semestre: Itaú sobe 15%, Bradesco 13% e o espanhol Santander 33%

O gasto com juros somou R$ 31,511 bilhões em junho deste ano, R$ 206,584 bilhões no primeiro semestre comparativamente a R$173,3 bilhões no primeiro semestre do ano anterior e R$ 440,297 bilhões no acumulado de 12 meses até junho, o equivalente a 6,89% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo números do Banco Central divulgados na sexta-feira (28/07). Essa brutal transferência de recursos do setor público catapultou o ganho dos bancos, que chegaram a lucrar até 33% no primeiro semestre.

Eis aqui o real motivo da paralisia do país, que vive a maior recessão de toda sua história, com a arrecadação beijando a lona. Assim é que em junho as contas do setor público (governo federal, estados, municípios e as empresas estatais, exceto Petrobrás e Eletrobrás) registraram um déficit primário (sem contar os gastos com juros da dívida pública) de R$ 19,55 bilhões e de R$ 35,18 bilhões no primeiro semestre, o pior resultado para o semestre desde o início da série histórica do BC, em dezembro de 2001.

Com a inclusão dos juros, foi registrado um resultado negativo de R$ 51,06 bilhões em junho e de R$ 241 bilhões nos seis primeiros meses do ano (7,6% do PIB).

Mesmo com toda a farra com gastos com juros a dívida líquida do setor público (governo, estados, municípios e empresas estatais) não para de crescer e chegou a R$ 3,11 trilhões em junho (48,7% do PIB). Em maio, estava em R$ 3,07 trilhões, ou 48,1% do PIB. Os maiores indexadores dos títulos da dívida pública são os papéis prefixados (27,1%) e os vinculados à taxa básica de juros (23,8%).

Já a dívida bruta do governo geral (governo federal, INSS, governos estaduais e municipais) passou de R$ 4,63 trilhões (72,5% do PIB) em maio para R$ 4,67 trilhões (73,1% do PIB) em junho.

Enquanto isso, no primeiro semestre, explodiu o lucro dos bancos. O Itaú Unibanco registrou um lucro líquido de R$ 12,3 bilhões, um aumento de 15% em relação ao mesmo período do ano passado. Só no segundo trimestre o lucro líquido foi de R$ 6,2 bilhões.
O lucro líquido do Bradesco foi de R$ 9,352 bilhões, um crescimento de 13,0% ante o lucro líquido de R$ 8,274 bilhões do primeiro semestre de 2016.

O lucro do Santander cresceu 33,2% no primeiro semestre de 2017, na comparação com o primeiro semestre do ano passado, e atingiu R$ 4,615 bilhões. No segundo trimestre, o lucro líquido totalizou R$ 2,335 bilhões, crescimento de 29,3% em 12 meses e 2,4% em relação ao primeiro trimestre deste ano.

O lucro líquido do Santander no Brasil representou 26% do lucro líquido mundial do banco de janeiro a junho deste ano. O país gerou para o Santander um ganho de 1,244 bilhão de euros, 32% superior ao obtido no mesmo período do ano passado.

Se o lucro dos bancos dispara, o mesmo não acontece com a indústria com os maiores juros reais do mundo (5,73% ao ano). Segundo a Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), as vendas realizadas pelo setor no primeiro semestre acumularam forte queda (-6,7%).

E o pior é que com a atual política econômica de Temer/Meirelles não há luz no fim do túnel. Os investimentos em bens de capital medidos pelo consumo aparente (produção interna mais importações menos exportações) no período foi 26,2% inferior ao mesmo semestre do ano anterior. Foi a 12ª queda consecutiva para esta comparação.

Sem investimento não há crescimento. E não há investimento porque é inviabilizado pelos juros siderais. Acrescente-se a isso o corte dos investimentos públicos, que são quem puxam os investimentos privados.

Para o país sair do buraco não há outra saída a não ser reduzir os juros reais aos níveis internacionais – média das 40 maiores economias estão negativos (-0,2%) – e acabar com a farra dos bancos.

 

Fonte – Valdo Albuquerque – Jornal Hora do Povo

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