Grêmio do Caetano da Consolação afirma que desestruturação desestimula estudantes
Lucas em mobilização com o grêmio durante a entrada de sua escola
Abaixo publicamos a entrevista com Lucas Penteado (Kóka), presidente do grêmio da Escola Estadual Caetano de Campos da Consolação, da gestão Eskilos. Durante a conversa ele nos explicou como os estudantes têm resistido a desestruturação do governo Geraldo Alckmin.
A entrevista foi realizada no dia 30 de outubro, após uma plenária realizada pela UMES com o objetivo de organizar a manifestação do dia 6 de novembro contra a desestruturação. Na plenária Lucas afirmou que a única forma de acabar com esse projeto é com pressão popular e estudantes na rua. “Não da para esperar, o único jeito de resolver é ir pra rua. Com o Collor os estudantes pararam o Brasil. Vamos pra rua, vamos parar o Brasil”, disse o estudante criticando a desestruturação de Alckmin e os cortes de Dilma na educação.
O Caetano de Campos está entre uma das escolas que serão desorganizadas pela divisão em ciclos. A partir de 2016 a escola não terá mais o fundamental caso o projeto não seja revertido.
UMES: O Alckmin pretende acabar com o fundamental na sua escola. Como os estudantes estão se mobilizando contra mais essa medida autoritária?
Lucas Penteado: A primeira informação que chegou aos estudantes é que a reorganização iria acabar com o ensino médio na escola. Aí nós organizamos uma grande manifestação. Depois, chegou a informação de que o ensino médio permaneceria, porém a partir do ano que vêm não haveria mais fundamental. São três salas de 5° série, três de 6°, cinco de 7° e nove salas de 8° série. O Caetano tem 27 salas, das quais 15 estão vazias porque não se contrata professores para expandir nossas matrículas.
A primeira mobilização que nós organizamos foi uma assembléia há duas semanas, onde denunciamos a desestruturação e suas consequências para nossa escola. Nesse dia deixamos claro que nada de bom viria dessa proposta, e que é mentira que seríamos transferidos para escolas melhores, como falava o governador. Nesse dia um superintendente da Delegacia de Ensino de nossa região participou e explicou tudo diferente, falou um monte de mentiras. Segundo ele, com a desestruturação a escola iria receber mais ajuda, laboratório. E ele disse que quanto mais alunos concentrados na mesma escola, mais recursos isso traria para a escola. E com mais dinheiro para a escola as 15 salas vazias seriam ocupadas.
Outro dia também apareceu um representante da Secretaria de Ensino para tentar nos convencer a aceitar o fim do fundamental. Nesse momento já estávamos organizando diversos atos e manifestações, e ele nos disse que essas manifestações não levariam a nada, e que independente de qualquer manifestação as mudanças iriam ocorrer porque os estudantes não têm poder político para mudar o que estava acontecendo.
UMES: Mas vocês têm conseguido mobilizar os estudantes. E a direção da escola está apoiando os estudantes ou está a favor do fechamento das escolas?
Lucas Penteado: Desde a primeira manifestação que organizamos, já foram 12 atos. Participamos da manifestação do dia 23 de outubro, participamos das manifestações dessa semana. E o diretor da escola está tentando colocar os estudantes contra os alunos, dizendo que não sabemos do que estamos falando, que somos alienados. Após todos os atos que estamos organizando os alunos paralisam as aulas e não entram em suas salas.
Na escola os atos são organizados depois do intervalo, e levamos faixas e fotos da escola, fotos dos nossos pais na escola.
UMES: Mas o que você acha da divisão em ciclos. Você acha que a convivência entre crianças e jovens pode prejudicar a formação escolar, como tem dito o governo?
Acho que é importante os estudantes do fundamental conviverem com alunos do colegial. Quando ele vê o aluno do terceiro ano do médio indo para a faculdade isso é importante. Isso foi o que aconteceu comigo. Eu entrei no Caetano na 5° serie, e eu via o pessoal do terceiro ano terminando e indo para o cursinho, para a faculdade. Pra mim isso foi um incentivo. E hoje, para os estudantes do fundamental também é um incentivo. Um dia desses um aluno do fundamental também me disse isso.
UMES: Mas o que os estudantes do Caetano de Campos estão fazendo para barrar a desestruturação na escola?
Para barrar essa medida estamos organizando diversas manifestações. Realizamos manifestações dentro de sala de aula, onde todos os alunos baixam a cabeça dentro da sala para paralisar a aula. No último provão ninguém foi fazer a prova, ficamos todos no pátio. Estamos mobilizando bastante, junto com a UMES e com outras organizações. A APEOESP está apoiando agente. E na próxima manifestação do dia 6 de novembro vamos mobilizar os estudantes, e vamos convidar nossos pais e amigos para participarem. E também estamos organizando uma assembleia em um sábado, para que os alunos juntos com os pais e responsáveis, e moradores da região também participem e ajudem nessa luta.
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