Greve nas universidades estaduais diz não ao corte orçamentário
Professores, funcionários e alunos da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp) estão em greve desde o dia (27/05) contra o congelamento de salários. O Conselho de reitores das Universidades Estaduais de São Paulo (CRUESP) anunciou um reajuste salarial de 0% para professores e funcionários, dando como desculpa uma crise orçamentária da USP. Segundo Magno de Carvalho, diretor do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), a categoria reivindica reajuste salarial de 10%, a suspensão do corte de 30% na verba destinada ao ensino e à pesquisa e a contratação de professores e funcionários.
O orçamento das estaduais é proveniente da arrecadação do ICMS (Imposto por Circulação de Mercadorias e Serviços), que tem 9,57% com alguns descontos indevidos, de seu valor repassado às três universidades. A principal bandeira do movimento é em defesa da ampliação do orçamento para 11,6% do total do produto do ICMS para as universidades estaduais.
O CRUESP tenta despejar sobre as costas de servidores, professores e estudantes os custos da crise econômica que vive as universidades citadas, e apresentam uma saída que se expressa na precarização das condições de trabalho e estudo, com a ausência de reajuste e cortes no orçamento, e na privatização da universidade, já surgindo propostas de cobranças de mensalidades e captação de recursos oriundos de fundações privadas. “Estamos diante não só de garantir imediatas condições de trabalho e ensino de qualidade, mas de luta em defesa da educação pública e gratuita que unifica professores, funcionários e estudantes de USP, UNESP e UNICAMP”, diz trecho da moção.
Para a secretária geral da União Nacional dos Estudantes, Iara Cassano, não é de hoje que setores ligados ao ensino privado e à direita querem cercear o direito de educação pública do povo brasileiro. “No governo Fernando Henrique Cardoso houve um forte sucateamento na universidade pública, com falta de investimentos, e se apresentou como única forma de solução o pagamento de mensalidade. Nós não vamos deixar, vamos mobilizar quem tiver para não ser cobrada mensalidade na USP”, afirmou.
No começo do mês a capa do jornal Folha de S. Paulo apresentou manchete afirmando que 6 a cada 10 estudantes da USP poderiam pagar mensalidade. Isso como proposta de solução para a crise orçamentária que assombra a universidade desde o começo do ano. “A USP já é conhecida por ser a universidade mais elitizada do país, com as maiores notas de corte no vestibular e alta concorrência na disputa de uma vaga em seus cursos. Dessa forma, a maioria dos aprovados são aqueles que estudaram em escolas particulares e puderam arcar com um cursinho pré vestibular. Partindo dessa perspectiva, a Folha, então, propõe que sejam cobradas mensalidades para solucionar o problema orçamentário da Universidade. Isso não passa de uma proposta de elitização de uma universidade já elitizada!”, destacou nota divulgada pelo DCE Livre da USP.
A greve, que começou no dia 27 de maio, na USP, seguida pelas demais instituições, recebeu apoio do Diretório Central dos Estudantes (DCE). Para a entidade, o ensino e a pesquisa estão sendo prejudicados. “As universidades já viviam no limite. Esse corte vai levar ao caos. A USP é responsável por 30% da pesquisa no Brasil. As três universidades estaduais paulistas são responsáveis por mais de 50%”, disse o presidente do Sintusp.
Além da pesquisa, alguns serviços oferecidos pela universidade, como o de saúde, foram afetados pelo corte de orçamento, informou o sindicalista. “O hospital universitário está tendo que suspender cirurgias porque falta material básico. Até fio de sutura, outro dia, não tinha. Teve que suspender cirurgia. Coisas absurdas que estão acontecendo numa universidade que era a melhor da América Latina e agora perdeu para outra universidade do Chile.”
A assessoria de imprensa da USP informou que as três universidades paulistas, USP, Unicamp e Unesp seguem em negociação com os professores, mas adiantou que o orçamento está apertado. “É indispensável interromper o ritmo de crescimento das despesas de custeio e capital e manter os gastos com folha de pagamento nos limites do orçamento da universidade. Com essas medidas, tem-se a expectativa de que, já no próximo ano, o quadro de desequilíbrio tenha se abrandado, e os projetos da universidade possam ser plenamente retomados”, diz a nota.
Fonte: UNE
Com informações da EBC e DCE da USP
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