Há 48 anos assassinato do estudante Edson Luís mobilizava o país contra a ditadura
Devido os escândalos envolvendo a merenda no Estado de São Paulo a diretoria da UMES decidiu homenagear o estudante secundarista Edson Luís de 18 anos, que foi assassinado no dia 28 de março de 1968, pela ditadura, enquanto defendia melhores condições para o restaurante estudantil do Calabouço, no Rio de Janeiro
Há 48 anos, o estudante secundarista Edson Luís de Lima Souto foi morto pela Polícia Militar do Rio de Janeiro enquanto participava da manifestação contra o alto preço e a má qualidade da comida servida no restaurante estudantil do Calabouço, que funcionava no Instituto Cooperativo de Ensino, onde ele cursava o segundo grau.
A manifestação foi duramente reprimida pela polícia militar, que respondeu com tiros contra a resistência estudantil. Com a chegada de reforços policiais os estudantes que não conseguiram fugir se abrigarem no restaurante que foi invadido pela polícia que assassinou dois estudantes e deixou ao menos cinco feridos. Entre os mortos estavam Benedito Frazão Dutra, que morreu no hospital e Edson que morreu na hora após levar um tiro a queima-roupa no peito, de uma pistola calibre 45.
A manifestação do dia 28 de março de 68 se deu após diversas manifestações pela melhoria do refeitório, que passou para o controle da ditadura em 1967, quando perceberam que a escola havia se convertido em um centro de agitação em defesa da redemocratização e contra o acordo MEC-USAID, após as massivas manifestações em defesa de melhorias na merenda do instituto.
Após sua morte os estudantes, temendo que a PM sumisse com o corpo, impediram que Edson fosse conduzido para o Instituto Médico Legal (IML) e o carregaram em passeata diretamente para a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, onde foi velado. Mais de 50 mil pessoas compareceram ao enterro, gritando palavras denunciando a ditadura: “Mataram um estudante. Podia ser seu filho!”, “Bala mata fome?”, “Os velhos no poder, os jovens no caixão”.
Durante o período que se estendeu entre o Velório e a missa realizada na Igreja da Candelária, no dia 2 de abril, foram mobilizados protestos em todo o país: greve nacional dos estudantes, luto por 3 dias no Rio de Janeiro e paralisação de espetáculos teatrais. Em São Paulo estudantes de diversos cursos da USP e PUC também organizaram protestos contra o assassinato de Edson. A morte de Edson também estava entre um dos fatores que levou a organização da passeata dos Cem Mil, no dia 26 de junho de 1968, na cidade do Rio de Janeiro.
Ao longo do tempo Edson recebeu diversas homenagens, entre as quais a canção “Menino”, composta por Milton Nascimento e Ronaldo Bastos de 1976: “Quem cala sobre teu corpo/ Consente na tua morte/ …/ Quem grita vive contigo”.
Edson nasceu em Belém, no Pará, e concluiu o primeiro grau na Escola Estadual Augusto Meira na cidade de Belém. Posteriormente mudou-se para o Rio de Janeiro para concluir seus estudos.
Foto: Acervo da Biblioteca Nacional
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