Kauê: contra a “reestruturação” de Alckmin, todos à Paulista
Amanhã a UMES realizará uma grande manifestação unificando os esforços e denuncias das últimas semanas, onde em dezenas de escolas estudantes realizaram manifestações contra a “reestruturação” de Alckmin, que fechará mais de mil escolas, resultando na demissão em massa de professores e a transferência de milhões de estudantes. A manifestação será na Avenida Paulista, às 8 horas no Vão Livre do MASP.
Nesse sentido publicamos a entrevista abaixo, com o presidente da UMES, Marcos Kauê, no sentido de aprofundar o debate e contribuir com a discussão.
Kauê, o que mudará com a reforma educacional que o governo Alckmin está propondo para São Paulo?
O que vai mudar com essa “reestruturação” que o governo está propondo, bem, a primeira questão é que os estudante serão separados por ciclos específicos. Então no momento que você separa os alunos por ciclos, você impede qualquer tipo de integração entre jovens de diferentes idades. Essa é uma proposta que se diz pedagógica, mas é equivocada. Na escola aprendemos a viver em sociedade, porque é a melhor forma para se aprender, e agora isso não vai acontecer mais.
Como o governo vai fechar mais de mil escolas, isto vai levar a superlotação das salas de aula. Basta ver que as salas do ensino médio tem mais de 40 alunos por sala. E as diretrizes de base afirmam que este limite é de 40 alunos. Hoje o sistema educacional do governo do Estado é completamente inadequado para atender a demanda de nossa juventude. E os problemas só começam com a superlotação, porque nossas escolas estão caindo aos pedaços, não temos laboratórios, quadras esportivas. Nossos professores, quando temos professores em sala, são mal remunerados.
A nossa luta junto do Estado não é para fechar sala de aula, mas sim para reduzir o numero de alunos por sala de aula, porque só assim vamos aumentar a qualidade de nossas aulas. Porém o governo Alckmin afirma que existe uma demanda menor. Mas isso é mentira. E quem está em sala de aula sabe disso.
Essa medida também vai levar os estudantes a ficarem completamente abandonados dentro das salas de aula, porque esta é uma proposta de reduzir nossas escolas a uma estrutura mínima.
Que prejuízos serão impostos aos estudantes, professores e a população em geral?
Os prejuízos serão o fechamento de escolas, a demissão em massa de professores e salas de aulas completamente lotadas. S transferência de milhões de estudantes para outras escolas mais longe de suas casas e sem nenhuma ligação com sua formação escolar.
Teremos um aparelho a menos do Estado para atender a sociedade. Em muitas regiões de nossa cidade a escola é um instrumento de combate a vulnerabilidade social. E essas estruturas serão fechadas e reduzidas. Ou seja, perder ou reduzir esses espaços é um prejuízo muito grande.
Boa parte dos movimentos sociais não relaciona essa medida ao ajuste neoliberal de Dilma, que corta bilhões da educação, saúde e direitos trabalhistas, impondo uma dura crise econômica e social ao povo. Mas a UMES sim. Por que?
A UMES tem claro que os cortes impostos ao Brasil nestes últimos meses pela Dilma propiciam maiores condições para medidas como a “reestruturação” do Alckmin, que anuncia descaradamente que vai fechar escolas, demitir professores e transferir muitos alunos. É um caso parecido ao visto na proposta de redução da maioridade penal de Cunha.
Quando um governo corta bilhões da educação, saúde e diversos direitos sociais e trabalhistas, deixando a população de lado apenas para dar esses recursos aos banqueiros, essa decisão vai afetar diretamente o desenvolvimento do país. E nós sabemos que o investimento na educação é o que alavanca o desenvolvimento de um país. O investimento na educação, o investimento público. Então é simples, essas medidas do Alckmin para cortar da educação, fechando milhares de escolas e acabando com o ensino médio ou fundamental em muitas outras escolas, não são nada mais que a continuidade do ajuste neoliberal de Dilma imposto ao Brasil, porém restrito a São Paulo.
Por parte da Dilma já foram mais de R$10,4 bilhões cortados da educação, bilhões cortados da saúde, do Ministério das Cidades, foram dezenas de bilhões tirados dos direitos do povo. E isso é uma forma de cortar da população e fazer o povo pagar pela exigência de mega lucro dos banqueiros internacionais, enquanto o mundo está em crise. Só este ano será repassado pelo menos R$ 450 bilhões aos banqueiros. E o que o governo estadual está fazendo é muito parecido. Para eles educação não é investimento, educação é gasto. E gasto precisa ser reduzido, precisa ser cortado. Mas a educação não pode ser tratada como gasto. Então nós vamos denunciar esse crime. Porque de acordo com o nosso estatuto é nosso dever denunciar os traidores da pátria, os entreguistas, e principalmente zelar pela soberania nacional. E o que estamos achando nesse momento é que a Dilma está indo na contramão dos interesses do Brasil.
A reestruturação de Alckmin está mobilizando alunos, professores e até mesmo a direção das escolas. Como os cortes da Dilma se relacionam nesse contexto de mobilizações?
Em um primeiro momento a “reestruturação” de Alckmin mobiliza porque os estudantes, sua família, os professores, direção e funcionários da escola tem uma relação muito profunda com o ambiente escolar.
Na verdade o que existe é uma revolta muito grande com tudo o que está acontecendo no nosso país, e aí o Alckmin vem com uma medida que vai fechar escolas, demitir professores e transferir milhões de alunos. É como jogar fogo em um barril de pólvora.
Quanto a Dilma, ela cometeu um estelionato eleitoral. O povo votou nela e acreditou que ela faria o que prometeu. E agora todos estão indignados com a recessão, os cortes de direitos e toda essa corrupção na Petrobras. E mesmo ela se esforçando muito para sustentar o estelionato, mentira tem perna curta. E com aliados como o Cunha, Temer, Renan e até mesmo o Collor, não precisa ser muito ‘ligado’ para perceber que isso não pode durar muito.
A UMES tem organizado diversas manifestações contra a reforma de Alckmin. E no próximo dia 9 de outubro realizará uma manifestação contra o ajuste de Dilma e a ‘reestruturação” do governo de São Paulo. O que você espera dessa manifestação?
Acho que está manifestação vai cumprir alguns papeis. Em primeiro lugar esta manifestação vai mobilizar os estudantes contra o fechamento de nossas escolas. Mas acredito que vamos avançar ainda mais nessa construção, porque se o Alckmin está fechando escolas, a Dilma está destruindo não só a educação nacional, mas a saúde e dezenas de direitos sociais e trabalhistas conquistados com muita luta.
Então vamos nos reunir às 8 horas no MASP, e depois marchar até a Secretaria de Educação contra essa “estruturação” do Alckmin. Vamos declarar guerra a esse governo do Estado que fecha escolas. Porém vamos chamar a atenção da população e dos estudantes para o ajuste de Dilma, que é que realmente aperta o nosso pescoço. Estão todos convocados!
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