Manifestação denuncia roubo da merenda no metrô Tatuapé
“Cadê minha merenda? Tucano seu safado! Estudo o dia inteiro e não roubo o meu Estado”, cantavam os estudantes no metrô Tatuapé, durante a manifestação realizada na manhã de terça (19), na zona leste, para denunciar o escândalo da merenda em São Paulo. Para o presidente da UMES, Marcos kauê, “o governo vem sucateando cada vez mais a escola pública. Sucateou através da aprovação automática, da superlotação das salas de aula e da desvalorização dos salários dos professores. Agora sucateia nossa educação roubando nossa merenda e isso não vamos aceitar! Vamos pra rua pedir justiça e exigir merenda e escola pública de qualidade”.
Para Kauê o programa de educação dos tucanos para o Estado de São Paulo é o corte continuo dos recursos da educação. “O plano de educação de Alckmin para São Paulo é o sucateamento da escola pública. Por isso tantas aulas vagas. Escolas sem laboratórios e quadras, com professores mal remunerados. Desafio a todos os alunos presentes a me dizer que durante a semana não tiveram ao menos uma aula vaga”.
A manifestação saiu da ETEC Parque Belém, com apoio do grêmio da ETEC Getúlio Vargas, com estudantes da ETEC Rocha Mendes e alunos da escola Oswaldo Catalano. Pela Avenida Celso Garcia os estudantes marcharam até a escola Catalano, onde realizaram um ato e de lá seguiram para o metrô Tatuapé, onde cantaram diversas palavras de ordem e conversaram com diversos passageiros. Ao exigir a instalação de uma Comissão de Inquérito Parlamentar, para punir os deputados e demais ladrões da merenda, os estudantes cantavam “ão, ão, ão, CPI pega ladrão”.
Durante o ato realizado em frente a escola Catalano os estudantes, de dentro da escola, demonstraram seu apoio e cantavam: “nós apoiamos!”
A diretora da UMES da região centro, Tais Alves, explicou que os alunos da escola Professor Loureiro Júnior foram impedidos de participar da manifestação. “A direção da escola aterrorizou os alunos para que eles não participem, alegando que não é obrigação do estado dar merenda pra criança, porém ignorando o escândalo de corrupção”, relatou. Para ela, esta tem sido a postura da direção de muitas escolas com relação a exigência dos estudantes por respeito e educação de qualidade. Algumas escolas chegam a ameaçar afirmando que vão intervir no grêmio.
Para Tais “a manifestação deixou ainda mais claro para a população de que a voz dos estudantes é maior do que qualquer política que corte dos nossos direitos. Quando cantamos palavras de ordem no metrô, a população nos apoiou e tomou ainda mais consciência”, comentou a estudante.
Para o presidente do grêmio da ETEC GV e diretor da UMES pelo centro, Lucas Chen, as manifestações dos estudantes estão crescendo e cada vez mais fica difícil para o governo esconder esse escândalo. “Os estudantes são contra esse governo que rouba merenda e corta da educação, e a população está com a gente”. Na semana passada, durante uma manifestação no Ipiranga, ele afirmou que os estudantes querem uma escola pública de qualidade. “Estamos aqui para exigir mais investimentos na educação. É inaceitável esse descaso com a escola pública que revela na verdade o tratamento destes políticos com a juventude. Descaso que levou ao roubo da nossa merenda para pagar propina. Um esquema que envolve o ex-chefe de gabinete da Secretaria de Educação de Alckmin [Fernando Padula] ou o atual presidente da Assembleia dos Deputados de São Paulo [Fernando Capez], que foi eleito na chapa de Alckmin”, denunciou.
A manifestação foi organizada pelos estudantes da ETEC Parque Belém em conjunto com a diretoria da UMES e demais escolas e ETECs. Bruno Fernandes, estudante do 2º ano do ensino médio e da imprensa do grêmio, denunciou que o roubo da merenda deixou em evidência diversos problemas que já existiam. “Em nossa escola a merenda é três barrinhas de cereal e três suquinhos, que recebemos para comer durante toda a semana”, disse, explicando que além de não alimentar a merenda seca distribuída na escola não rende para todos os dias.
Para Isabella Santos, do 2º ano do médio da ETEC Parque Belem, “o Estado não dá as condições necessárias para a juventude estudar e ainda corta da merenda e da nossa educação”. Já a estudantes Beatriz Dantas, do 3º ano do ensino médio, denunciou que além de não dar merenda o Estado terceiriza a cantina, que possui péssima qualidade e preços abusivos. Ela lembrou que a escola foi construída sob uma antiga instalação da antiga Febem, sem maiores adaptações para funcionar como uma escola.
Operação Alba Branca
O escândalo da merenda veio a público através da Operação Alba Branca, dirigida pelo Ministério Público Estadual de São Paulo, que investiga os desvios na compra de alimentos da rede paulista de ensino. Nos depoimentos colhidos durante a ação policial foram citados agentes públicos como Fernando Capez (PSDB), o ex-chefe de gabinete da Casa Civil do governo estadual, Luiz Roberto dos Santos, conhecido como Moita, e o atual secretário de Logística e Transporte, Duarte Nogueira Júnior, ex-secretário de Agricultura.
De acordo com o MP, a Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf) liderava um esquema de pagamento de propina para manter contratos com diversas prefeituras, com valores superiores a R$ 1 milhão, bem como contrato com o governo do estado. A empresa também é investigada por fraudar a modalidade de compra “chamada pública”, que pressupõe a aquisição de produtos de pequenos produtores agrícolas. De acordo com o Ministério Público a cooperativa adquiria mercadorias de grandes produtores e na central de abastecimento do estado.,
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