Mostra Permanente de Cinema Italiano chega à 10ª edição – CONFIRA A PROGRAMAÇÃO
A Mostra Permanente de Cinema Italiano comemora sua 10ª edição. Desde 2016, já são mais de 350 sessões realizadas, que fizeram da nossa Mostra uma programação cultural tradicional de São Paulo e garantia de um bom programa de segunda-feira.
Organizada pelo Centro Popular de Cultura da UMES, a Mostra é uma iniciativa para homenagear e difundir uma das cinematografias mais importantes do mundo. Infelizmente hoje o cinema italiano já não é muito acessível por outros meios, como serviços de streaming ou até mesmo na programação de outros espaços de cinema, abarrotados de obras da indústria americana dominante.
Situada no coração do Bixiga, a Mostra Permanente de Cinema Italiano acontece todas as segundas-feiras, às 19h, no Cine-Teatro Denoy de Oliveira. Neste ano, apresentaremos 43 filmes na programação normal, além de uma sessão mais do que especial em um sábado. Vinte e cinco dos mais expressivos diretores italianos compõem a programação especial de dez anos da Mostra e representam a amplitude do cinema clássico daquele país. Ao longo do ano, para comemorar esse marco de uma década de bons filmes e grandes amizades com o nosso público mais fiel, estamos preparando algumas surpresas. Participe!
PROGRAMAÇÃO:
03/02 – O BAILE
Ettore Scola (1982), 112 min. Musical/Comédia
10/02 – OS AMORES DE UM DEMÔNIO
Ettore Scola (1966), 103 min. Comédia/História
17/02 – FORTUNELLA
Eduardo De Filippo (1958), 101 min. Drama
24/02 – A MULHER DE DOMINGO
Luigi Comencini (1975), 109 min. Policial/Thriller
03/03 – CARNAVAL (NÃO HAVERÁ SESSÃO)
10/03 – QUANDO EXPLODE A VINGANÇA
Sergio Leone (1971), 157 min. Faroeste/Guerra
15/03 – ERA UMA VEZ NA AMÉRICA
(SESSÃO ESPECIAL NO SÁBADO – 18H)
Sergio Leone (1984), 229 min. Crime/Faroeste
17/03 – MIMI, O METALÚRGICO
Lina Wertmüller (1972), 121 min. Comédia/Drama
24/03 – TUDO CERTO, MAS NADA EM ORDEM
Lina Wertmüller (1974), 105 min. Comédia/Drama
31/03 – MEDITERRÂNEO
Gabriele Salvatores (1991), 96 min. Comédia/Guerra
07/04 – AS BRUXAS
Mauro Bolognini, Franco Rossi, Luchino Visconti, Pier Paolo Pasolini, Vittorio De Sica (1967), 121 min. Comédia/Romance
14/04 – O MESSIAS
Roberto Rossellini (1975), 140 min. Drama/História
21/04 – SÓCRATES
Roberto Rossellini (1971), 120 min. Drama/História
28/04 – OS DIAS SÃO NUMERADOS
Elio Petri (1962), 100 min. Drama
05/05 – JUÍZO FINAL
Elio Petri (1976), 133 min. Thriller/Ficção policial
12/05 – GAVIÕES E PASSARINHOS
Pier Paolo Pasolini (1966), 89 min. Comédia/Fantasia
19/05 – DECAMERON
Pier Paolo Pasolini (1971), 112 min. Comédia/Erótica
26/05 – BELÍSSIMA
Luchino Visconti (1951), 114 min. Drama
02/06 – O ESTRANGEIRO
Luchino Visconti (1967), 104 min. Drama
09/06 – DEUSES MALDITOS
Luchino Visconti (1969), 157 min. Guerra/Thriller
16/06 – SEDUZIDA E ABANDONADA
Pietro Germi (1964), 115 min. Comédia
23/06 – COMO VIVER COM TRÊS MULHERES
Pietro Germi (1967), 100 min. Comédia/Drama
30/06 – O POSTO
Ermanno Olmi (1961), 93 min. Drama
07/07 – OS NOIVOS
Ermanno Olmi (1963), 77 min. Drama
14/07 – O MONSTRO NA PRIMEIRA PÁGINA
Marco Bellocchio (1972), 93 min. Drama Político
21/07 – MEUS CAROS AMIGOS
Mario Monicelli (1975), 140 min. Comédia
28/07 – MEUS CAROS AMIGOS 2
Mario Monicelli (1982), 130 min. Comédia
04/08 – MEUS CAROS AMIGOS 3
Nanni Loy (1985), 110 min. Comédia
11/08 – OS QUATRO DIAS DE NÁPOLES
Nanni Loy (1962), 124 min. Guerra/Drama
18/08 – A NOITE DO MASSACRE
Florestano Vancini (1960), 110 min. Guerra/Drama
25/08 – AMARCORD
Federico Fellini (1973), 127 min. Comédia/Drama
01/09 – A DOCE VIDA
Federico Fellini (1960), 174 min. Comédia/Drama
08/09 – ENTREVISTA
Federico Fellini (1987), 105 min. Comédia/ Falso Documentário
15/09 – O DESERTO DOS TÁRTAROS
Valerio Zurlini (1976), 140 min. Drama
22/09 – BRINQUEDO LOUCO
Marco Ferreri (1968), 85 min. Comédia/Drama
29/09 – DILLINGER ESTÁ MORTO
Marco Ferreri (1969), 90 min. Crime/Thriller
06/10 – O INCRÍVEL EXÉRCITO DE BRANCALEONE
Mario Monicelli (1966), 120 min. Comédia/Aventura
13/10 – GOLPE DE ESTADO À ITALIANA
Mario Monicelli (1973), 105 min. Comédia
20/10 – ESSE CRIME CHAMADO JUSTIÇA
Dino Risi (1971), 103 min. Comédia Política
27/10 – CONHEÇO BEM ESSA MOÇA
Antonio Pietrangeli (1965), 97 min. Comédia/Drama
03/11 – FANTASMAS EM ROMA
Antonio Pietrangeli (1961), 100 min. Comédia/Fantasia
10/11 – O CONFORMISTA
Bernardo Bertolucci (1970), 113 min. Drama Político
17/11 – MILAGRE EM MILÃO
Vittorio de Sica (1951), 100 min. Comédia/Fantasia
24/11 – AMARGO DESPERTAR
Vittorio de Sica (1973), 112 min. Romance/Drama
01/12 – MATRIMÔNIO À ITALIANA
Vittorio de Sica (1964), 102 min. Comédia/Romance
DIRETORES APRESENTADOS NA EDIÇÃO DE 2025
ETTORE SCOLA (1931-2016)
Nasceu em Trevico. Ingressou no cinema como roteirista em 1953. Escreveu para Steno (“Um Americano em Roma”, 1954), Luigi Zampa (“Gli Anni Ruggenti”, 1962), Dino Risi (“Il Sorpasso”, 1962). Seu primeiro filme foi “Fala-me de Mulheres”, em 1964. Obteve reconhecimento com “Nós Que Nos Amávamos Tanto” (1974), tocante painel da Itália pós-guerra. Em 1976, ganhou o Prêmio de Melhor Direção no 29º Festival de Cannes, com “Feios, Sujos e Malvados”. Realizou vários filmes de sucesso, incluindo “Um Dia Muito Especial” (1977), “Casanova e a Revolução” (1982), “O Baile” (1983), “Splendor” (1987), “O Jantar” (1998), “Concorrência Desleal” (2000). Em 2011 dirigiu “Que Estranho se Chamar Federico”, uma homenagem ao amigo Federico Fellini.
EDUARDO DE FILIPPO (1900-1984)
De Nápoles, foi dramaturgo, diretor, roteirista e ator. Assim como seu pai, Eduardo Scarpetta, Eduardo De Filippo foi um dos autores mais representativos do teatro popular napolitano. Diversos membros da família Scarpetta/De Filippo se consagraram por sua atuação no teatro e posteriormente no cinema. Por sua contribuição e defesa da cultura popular italiana, Eduardo De Filippo foi nomeado senador vitalício da Itália em 1981.
Já estabelecido no teatro, De Filippo começou a trabalhar com cinema em 1932. Seu primeiro filme como diretor foi “In campagna è caduta una stella” (1940), no qual também atua junto com seu irmão Peppino. Colaborou com Vittorio de Sica em alguns filmes, como no roteiro de “Matrimônio à Italiana” (1964), refilmagem da peça “Filumena Marturano” (1946) do próprio Eduardo. Entre seus filmes de sucesso estão: “Nápoles Milionária” (1950), “Napolitani a Milano” (1953), “Miseria e Nobiltà” (1955) e “Le Voci di Dentro” (1978).
LUIGI COMENCINI (1916-2007)
Nasceu em Bréscia. Roteirista e diretor com mais de 40 filmes em sua carreira. Junto a Dino Risi, Ettore Scola e Mario Monicelli, é considerado um dos mestres da commedia all’italiana. “Retorno ao Lar” (1960) é um de seus principais filmes. A comédia “Pão, Amor e Fantasia” (1953) levou o Urso de Prata em Berlim, em 1954. Ganhou o David di Donatello de Melhor Diretor e foi indicado à Palma de Ouro com o filme “Quando o Amor é Cruel” (1966). Em 1974, seu filme “Delitto d´amore” representou a Itália em Cannes e, em 1986, dirigiu “Un ragazzo di Calabria”, apresentado no Festival de Veneza em 1987, em edição em que Comencini recebeu o Leão de Ouro pela sua carreira.
SERGIO LEONE (1929-1989)
Diretor de cinema, célebre por seu impacto nos filmes de “velho oeste”. Nasceu em Roma e tornou-se um ícone do cinema mundial com sua abordagem estética inovadora. Leone ganhou reconhecimento principalmente pela “trilogia dos dólares”, estrelando Clint Eastwood, que redefiniu o gênero western spaghetti. Sua direção caracterizava-se por closes intensos, trilhas sonoras marcantes e a ampliação dos silêncios dramáticos. Além do sucesso nos westerns, explorou outros gêneros, como o épico “Era Uma Vez na América”. Sua influência e visão única perduram, consolidando-o como um dos mestres do cinema.
LINA WERTMÜLLER (1928-2021)
Nascida em Roma, Arcangela Felice Assunta Wertmüller von Elgg Spanol von Braucich estudou teatro e trabalhou como assistente de direção de Giorgio Lullo nos anos 50. No cinema, foi assistente de Federico Fellini em “Oito e Meio” (1963). Estreou como diretora com “I Basilischi” (1963). Em 65, dirigiu o filme em episódios “Questa Volta Parliamo di Uomini” e para a televisão “Il Giornalino di Gian Burrasca”, adaptação do romance homônimo de Vamba. Assinou mais 17 longas, entre eles: “Mimi, o Metalúrgico” (1972), “Amor e Anarquia” (1973), “Pasqualino Sete Belezas” (1975), “Sábado, Domingo e Segunda” (1990), “Ninfa Plebeia” (1996). Em 2001, lançou “A Pequena Orfã”, telefilme estrelado por Sophia Loren, extraído do romance homônimo da escritora napolitana Maria Orsini Natale. Lina foi a primeira mulher indicada ao Oscar de Melhor Direção, por “Pasqualino Sete Belezas” e, em 2019, a cineasta foi agraciada com um Oscar pelo conjunto de sua obra.
GABRIELE SALVATORES (1950 – )
De Nápoles, Gabriele Salvatores começou pelo teatro. Em 1972, fundou em Milão o Teatro dell’Elfo. Em 1983, dirigiu seu primeiro filme “Sonhos de Uma Noite de Verão”, baseado na peça de Shakespeare. Em 89, voltou-se exclusivamente para o cinema. Em 1991, dirigiu “Mediterrâneo”, Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Realizou também “Turné” (1990), a comédia “Puerto Escondido” (1992),”Sul” (1993),”Nirvana” (1997), “Eu Não Tenho Medo” (2003), “Como Deus Manda” (2008), “Educação Siberiana” (2013), “Il Ragazzo Invisible” (2015).
MAURO BOLOGNINI (1922-2001)
Nasceu na Toscana. Formado em arquitetura, estudou cenografia na Academia Nacional Italiana de Cinema. Foi assistente de Luigi Zampa na Itália, e Yves Allégret e Jean Delannoy na França. Estreou em 1953 com ”Ci Troviamo In Galleria”. Seu primeiro sucesso de crítica e público foi “O Belo Antônio”, em 1960. Além do cinema, também dirigiu produções teatrais e óperas. Entre suas obras, estão: ”A Longa Noite das Loucuras’ (1959), ”Caminho Amargo” (1961), ”Desejo que Atormenta” (1962), ”As Bruxas” (1967) e ”A Grande Burguesia” (1974).
FRANCO ROSSI (1919-2000)
Foi diretor, roteirista e diretor de dublagem. Se formou em Direito e, na década de 30, dirigiu alguns espetáculos teatrais. Seu primeiro filme foi “I falsari”, em 1951, mas seu primeiro sucesso foi em 1954 com “Il seduttore”, estrelado por Alberto Sordi. Entre seus filmes mais conhecidos estão “Amigos do Peito” (1955), “Odissea Nuda” (1961) e “Smog” (1962).
Rossi foi também diretor de dublagem na Organização de Dubladores Italianos e dirigiu a dublagem de diversos filmes, como “Noites de Cabíria” (1957) e “A Doce Vida” (1960), de Federico Fellini.
LUCHINO VISCONTI (1906-1976)
Luchino Visconti di Modrone, conde de Lonate Pozzolo, nasceu em Milão e descende da família Visconti da antiga nobreza italiana. Começou seu trabalho no cinema como assistente de Jean Renoir nos filmes “Toni” (1934), “Les Bas-Fonds” (1936), “Partie de Campagne” (1936). Ingressou no Partido Comunista da Itália em 1942. Seu primeiro filme como diretor foi “Obsessão” (1943). Voltou-se em seguida para o teatro. Em 1948, realizou “La Terra Trema”, um clássico do cinema neo-realista. Recebeu sua primeira premiação no Festival de Veneza (Leão de Prata), em 1957, pelo filme “As Noites Brancas” – baseado em conto de Fiodor Dostoievski. Em 1960, chega aos cinemas “Rocco e Seus Irmãos” e, em 63, o mais aplaudido de seus trabalhos, “O Leopardo”, adaptação do romance de mesmo nome de Giuseppe Tomasi di Lampedusa. Depois vieram “As Vagas Estrelas da Ursa” (1965), “O Estrangeiro” (1967), “Os Deuses Malditos” (1969), “Morte em Veneza” (1971), “Ludwig” (1972), “Violência e Paixão” (1974) e “O Inocente” (1976). Assina também a direção de 42 peças teatrais e 20 óperas encenadas entre 1945 e 1973.
PIER PAOLO PASOLINI (1922-1975)
De Bolonha, foi poeta, escritor e cineasta. Compôs os primeiros poemas em dialeto friulano, “Poesia a Casarsa” (1942). Seus romances “Vadios” (1954) e “Uma Vida Violenta” (1959) lhe asseguraram o êxito literário. Dirigiu, entre 1955 e 1959, a revista Officina, escrevendo depois roteiros e realizando vários filmes, entre os quais “Accattone” (1961), “Mamma Roma” (1962), “O Evangelho Segundo Mateus” (1964), “Gaviões e Passarinhos” (1966), “Édipo Rei” (1967), “Teorema” (1968), “Medeia” (1969), “Pocilga” (1969), “Decameron” (1971). Repudiado pelo Vaticano, quando lançado em 1964 no Festival de Veneza, “O Evangelho…” foi reabilitado em 2014, um ano após a posse do Papa Francisco, como “o melhor filme já feito sobre a vida de Jesus Cristo”.
VITTORIO DE SICA (1901-1974)
Diretor, ator, escritor e produtor. Nasceu em Sora, mas cresceu em Nápoles e começou a trabalhar cedo como auxiliar de escritório, para sustentar a família. Sua paixão pelo teatro levou-o aos palcos. Ao final da década de 20, fazia sucesso como ator. Em 1933, montou sua própria companhia.
Voltou-se para o cinema em 1940. Ao amadurecer, tornou-se um dos fundadores do neorrealismo, emplacando uma sequência de quatro clássicos que figuram em todas as antologias: “Vítimas da Tormenta” (1946), “Ladrões de Bicicletas” (1948), “Milagre em Milão” (1950), “Umberto D” (1951) – os dois primeiros realizados junto com Cesare Zavattini, outro papa do movimento. Também dirigiu “O Juízo Universal” (1961), “La Rifa” (1962, episódio de “Boccaccio 70”), “Ontem, Hoje, Amanhã” (1963), “O Ouro de Nápoles” (1964), “Matrimônio à Italiana” (1964), “Girassóis da Rússia” (1970), “Jardim dos Finzi-Contini” (1970), “Amargo Despertar” (1973).
ROBERTO ROSSELLINI (1906-1977)
De Roma. Seu pai era proprietário do Cine-Teatro Barberini. Nos anos 30, quando a família teve os bens confiscados pelo governo fascista, Rossellini ganhou a vida na indústria cinematográfica e chegou a obter sucesso com filmes encomendados pelo regime. Ao mesmo tempo, registrava em segredo as atividades da Resistência. Nos últimos dias da ocupação nazista, levou a câmera às ruas para captar a insurreição popular que libertou a cidade em junho de 1944. Nascia o clássico “Roma, Cidade Aberta” (1945), baseado no roteiro que criou em parceria com Sergio Amidei e Federico Fellini. Entre suas obras estão “Paisá” (1946), “Alemanha Ano Zero” (1948), “Stromboli” (1949), “Europa 51” (1952), “Romance na Itália” (1953), “Joana D’Arc (1954), “Índia: Matri Bhumi” (1959), “De Crápula a Herói” (1959), “Era Noite em Roma” (1960).
ELIO PETRI (1929-1982)
Um dos mais fascinantes e irreverentes diretores de toda a Europa, o romano Elio Petri dirigiu os clássicos “Investigação Sobre um Cidadão Acima de Qualquer Suspeita” (1970), “A Classe Operária Vai ao Paraíso” (1972) e “Juízo Final” (1976). Começou a carreira como crítico de cinema do L’Unità, jornal do Partido Comunista Italiano. Escreveu roteiros para Giuseppe De Santis, Carlos Lizzani e Dino Risi. Estreou na direção com “O Assassino” (1961). Realizou 13 longas, entre os quais “A Décima Vítima” (1965), “Condenado Pela Máfia” (1967), “A Propriedade não é mais um Furto” (1973). Seu cinema político combinava a abordagem marxista com uma alta capacidade cinematográfica na utilização de gêneros e estilos diversos, contribuindo para o debate do período, com observações sobre a sociedade e o poder, explorando questões sociais ainda hoje relevantes, como o crime organizado, a relação entre autoridades e cidadãos, o papel do artista, os direitos de classe e o consumismo.
PIETRO GERMI (1914-1974)
De Gênova, estudou teatro e direção em Roma no Centro Experimental de Cinematografia. Durante os estudos trabalhou como ator, assistente de direção e roteirista. Colaborou em grande parte dos roteiros dos filmes que dirigiu, e inclusive atuou em alguns deles. Após alcançar sucesso com dramas populares de corte neorrealista, passou a escrever e dirigir comédias satíricas. Tem entre suas obras “Em Nome da Lei” (1949), “Caminho da Esperança” (1950), “O Ferroviário” (1956), “O Homem de Palha” (1957), “Divórcio à Italiana” (1961), premiado com o Oscar de Melhor Roteiro Original, “Seduzida e Abandonada” (1963) e “Confusões à Italiana” (1966), premiados no Festival de Cannes e, na Itália, com o David di Donatello.
ERMANNO OLMI (1931-2018)
De Bergamo, começou a dirigir documentários e curtas em 1953. Seu primeiro longa foi “O Tempo Parou” (1959). Dois anos depois, “O Posto” (1961) rende a Olmi o David di Donatello de Melhor Diretor. Em 1978, “A Árvore dos Tamancos” ganhou 18 prêmios, entre eles a Palma de Ouro e o Prêmio do Júri Ecumênico, em Cannes, e o César de Melhor Filme Estrangeiro, na França.
Também dirigiu “A Lenda do Santo Beberrão” (1988), “O Segredo do Bosque Velho” (1993), “O Objetivo das Armas” (2001) e “Tickets” (2005), em parceria com o iraniano Abbas Kiarostami e o inglês Ken Loach. Apesar da saúde debilitada, lançou em 2014 mais um filme de sucesso, “Os Campos Voltarão”.
MARCO BELLOCCHIO (1939 – )
De Bobbio, na Emilia-Romagna. Estudou cinema em Roma, no Centro Experimental de Cinematografia, e depois em Londres. Dirigiu, aos 26 anos, seu primeiro filme, o polêmico e inconformista “De Punhos Cerrados” (1965), até hoje uma de suas obras mais vistas. Realizou cerca de 30 longas, entre os quais: “La China È Vicina” (1967), “O Monstro na Primeira Página” (1972), “A Hora da Religião” (2002), “Bom Dia, Noite” (2003), “Vencer” (2009), “O Traidor” (2019).
MARIO MONICELLI (1915-2010)
Crítico cinematográfico desde 1932, de 1939 a 1949 colaborou em cerca de 40 filmes, como argumentista, roteirista e assistente de direção. Como diretor, estreia em parceria com Stefano Vanzina com “Totò Cerca Casa” (1949). A colaboração dos dois diretores gerou 8 filmes, entre eles, o célebre “Guardie e Ladri” (1951). “Os Eternos Desconhecidos” (1958), é considerado o primeiro do filão da commedia all`italiana. Em 1959, “A Grande Guerra” ganhou o Leão de Ouro do Festival de Veneza e rendeu sua primeira indicação ao Oscar. A segunda viria em 1963, com “Os Companheiros”. Diversas outras obras merecem destaque em sua carreira de mais de 60 filmes: “O Incrível Exército de Brancaleone” (1966), “Meus Caros Amigos” (1975), “Um Burguês Muito Pequeno” (1977), “Meus Caros Amigos 2: Quinteto Irreverente” (1982).
NANNI LOY (1925-1995)
Giovanni Battista Loy é de Cagliari, na Sardenha, e se formou em direção de cinema no Centro Experimental de Cinematografia de Roma, em 1948. Estreou como diretor (e escritor) com “Parola di Ladro” (1957), ao lado de Gianni Puccini, um filme sobre o mistério de um assassinato no pós-guerra. Loy passa a dirigir sozinho em 1959 com “Golpe dos Eternos Desconhecidos”. Nos anos seguintes assina dois filmes sobre a Resistência: “Um Dia de Leões” (1961) e “Os Quatro Dias de Nápoles” (1962), com Gian Maria Volontè, que ganhou o prêmio da Federação Internacional de Críticos de Cinema no 3º Festival de Moscou. Sua habilidade para a comédia e a sátira se expressa em obras como “O Pai da Família” (1967), “Café Express” (1980), “Mi Manda Picone” (1984) e “Scugnizzi” (1989).
FLORESTANO VANCINI (1926-2008)
Após alguns curtas e colaboração com Mario Soldati (1906-99) e Valerio Zurlini (1926-82), Vancini realizou em 1960 seu primeiro longa, “A Noite do Massacre”, que revive o massacre de 11 resistentes pelas brigadas fascistas da República de Salò. Com roteiro de Pier Paolo Pasolini (1922-1975), adaptado da coletânea “Cinco Histórias de Ferrara”, de Giorgio Bassani, o filme recebeu indicação para o Prêmio Primeira Obra e o Leão de Ouro, no 21º Festival de Veneza. Vancini dirigiu 15 longas, entre os quais, “La Calda Vita” (1963); “Le Stagioni del Nostro Amore” (1965), Prêmio da Crítica no Festival de Berlim; “Dio E’ Com Noi” (1970); “Bronte” (1972); “Il Delitto Matteotti” (1973); “Amore Amaro” (1974); “Un Dramma Borghese” (1983). Nos anos 1980, realizou séries para televisão: “La Neve nel Bicchiere” (1984) – história de três gerações de camponeses da planície ferrarense, sua terra natal – e “Lettera dal Salvador” (1987), telefilme político sobre médico francês em El Salvador no período da guerra civil, para a série francesa “Médecins des Hommes”.
FEDERICO FELLINI (1920-1993)
Nascido e criado em Rimini, na Emilia-Romagna. Se mudou para Roma em 1939, e começou escrever e desenhar caricaturas na revista Marc´Aurelio – vários desses textos foram adaptados para uma série de programas de rádio sobre os recém casados “Cico e Paullina”. Estreou no cinema em 1942, redigindo histórias para o comediante Aldo Fabrizzi. A partir de 1945, colaborou intensamente como roteirista com três dos principais criadores do movimento neorrealista (Roberto Rossellini, Alberto Lattuada, Pietro Germi), antes de desenvolver um estilo alegórico e barroco que se tornou sua marca registrada. Fellini participou da elaboração de 51 roteiros e dirigiu 25 filmes, entre os quais “Os Boas Vidas” (1953), “Estrada da Vida” (1954), “Noites de Cabíria” (1957), “A Doce Vida” (1960), “8½” (1963), “Amarcord” (1973), “Ensaio de Orquestra” (1978). “E La Nave Va” (1983).
VALERIO ZURLINI (1926-1982)
De Bolonha, estudava Direito quando ingressou na Resistência, em 1943. Depois da 2ª Guerra Mundial, foi assistente de direção no Piccolo Teatro de Milão. Realizou em 1954 seu primeiro longa: “Quando o Amor é Mentira”, baseado no romance “Le Ragazze di San Frediano” de Vasco Pratolini. Seu segundo longa, “Verão Violento” (1959), lhe trouxe notoriedade. “A Moça com a Valise” (1961) repetiu a dose. Mas Zurlini ficou mais conhecido por suas adaptações literárias: “Dois Destinos” (1962), adaptação de outro romance de Pratolini; “Mulheres no Front” (1965), baseado em romance de Ugo Pirro; “La Promessa” (1970) em uma peça de Aleksei Arbuzov e seu último filme “O Deserto dos Tártaros” (1976), em romance de Dino Buzzati.
MARCO FERRERI (1928-1997)
De Roma. Estudou Veterinária, mas trabalhou também como jornalista. Era conhecido por suas opiniões fortes e pontuais sobre socialismo e religião. Sua carreira começou com a efervescência cultural do pós-guerra, com uma série de documentários pedindo aos cineastas que parassem de enganar o público com seus filmes. Em 59, dirige seu primeiro longa, uma comédia espanhola chamada “El Pisito”. Em 61, inicia sua carreira na Itália, reunindo-se com Cesare Zavattini para um filme policial, “As Mulheres Acusam”. Os filmes de Ferreri se tornam mais críticos à sociedade moderna: “A Mulher Macaco” (1964) sobre como a sociedade enxerga e objetifica as mulheres. Entre seus filmes estão “Dilinger está Morto” (1969), “Liza (1972)”, “A Comilança” (1973) e “Crônica de um Amor Louco” (1981).
DINO RISI (1916-2008)
O milanês Dino Risi formou-se em Psiquiatria. Foi crítico de cinema, roteirista e trabalhou como assistente de direção. Nos anos 50, mudou para Roma, se tornando um dos grandes criadores da commedia all’italiana, junto a Ettore Scola, Mario Monicelli e Pietro Germi. Dirigiu 54 filmes, entre eles: “Uma Vida Difícil” (1961), “Aquele que Sabe Viver” (1962), “Operação San Genaro” (1966), “Esse Crime Chamado Justiça” (1971). “Perfume de Mulher” valeu a Vittorio Gassman o grande prêmio de interpretação masculina no Festival de Cannes de 1975. Em 2002, recebeu o Leão de Ouro, no Festival de Veneza, pelo conjunto da obra.
ANTONIO PIETRANGELI (1919-1968)
Romano, escrevia resenhas de filmes para revistas. Como roteirista, destaca-se sua participação nas obras “Obsessão” (1943), de Visconti, e “Europa ’51” (1952), de Rossellini. Na direção, estreou em 1953 com o filme “O Sol nos Olhos”. “Adua e suas Companheiras” (1960) foi um filme de destaque. “Conheço Bem Essa Moça” lhe rendeu três Nastro d’Argento de Melhor Diretor, Melhor Roteiro e Melhor Ator Coadjuvante (Ugo Tognazzi). Pietrangeli faleceu aos 49 anos enquanto trabalhava no filme “História de um Adultério”, finalizado por Valerio Zurlini.
BERNARDO BERTOLUCCI (1941-2018)
Filho do poeta e crítico de cinema Attilio Bertolucci, Bernardo Bertolucci nasceu em Parma. Começou ainda no final dos anos 50, quando realizou seus primeiros curtas, em 1959 e 1960. Em 1961, frequentou a Universidade de Roma, onde começou o curso de Literatura Moderna após trabalhar como assistente de direção em “Accattone”, de Pier Paolo Pasolini. Estreou como diretor em 1962 com “A Morte”.
Conhecido por sua versatilidade, Bertolucci tem entre suas obras “Antes da Revolução” (1964); o clássico “O Conformista” (1970), livre adaptação do livro homônimo de Alberto Moravia; o polêmico “O Último Tango em Paris” (1972), com Marlon Brando e Maria Schneider; o épico “1900” (1976), conhecido como o mais grandioso filme de sua carreira.