Ninguém assume retirada de painel com Nelson Mandela em escola de Brasília
Um grafite com o rosto e uma frase do ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela, foi apagado no primeiro dia que a Polícia Militar assumiu a gestão compartilhada do Centro Educacional 1( CED1), na Estrutural, em Brasília. A medida não agradou os estudantes e nem a comunidade.
A parede onde estava a arte chama-se “Mural da Inclusão” e fica no pátio interno da escola. Ao lado do rosto de Mandela estava a frase “Educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”, que também foi apagada. A imagem e os dizeres foram pintados por um grupo de artistas voluntários do Paranoá no final do ano passado.
A retirada da pintura, segundo a diretora, Estela Accioly, foi feita à pedido da Polícia Militar. A Polícia Militar, por sua vez, informou, por meio de nota, que “não participou da decisão de retirar o painel”.
É compreensível que a PM não assuma ter participado de uma decisão tão inexplicável como esta. Afinal, Mandela representa os mais altos valores humanos, uniu um país dividido pela desigualdade e pela intolerância e tornou-se um símbolo universal da luta pela igualdade racial.
Esses valores humanos representados por Nelson Mandela não poderiam estar em contradição com os valores e os altos designios da instituição Polícia Militar. Além disso, a frase de Mandela, que foi apagada, reforça na juventude brasiliense a importância da educação. Não há, portanto, justificativa plausível para a retirada do painel.
A medida, não assumida por ninguém, mas efetivada, além de arbitrária, revela uma incivilidade com a figura de Nelson Mandela, um desprezo aos artistas que voluntariamente fizeram o mural, mas, principalmente, demonstra o desrespeito à opinião dos alunos e da comunidade que, segundo a diretora, “se identificavam e se sentiam representados pela pintura”
Se não foi a direção da escola, e se a Polícia Militar do DF nega que tenha participado da decisão, nada mais natural que seja feita uma solicitação aos artistas brasilienses para que recoloquem o painel no mural da escola.
Por Hora do Povo Publicado em 13 de fevereiro de 2019
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