Nota da UMES contra a distorção das cotas na FUVEST e pela democratização da universidade pública.

Os muitos anos de descaso e falta de investimento do governo de SP com a educação pública criaram muitos problemas para os estudantes. Um desses problemas é que se criou uma barreira entre os alunos que se formam na rede estadual e a universidade pública, especialmente nos cursos mais concorridos como medicina, psicologia e engenharia, por exemplo.

 

A defesa da escola e da universidade pública sempre foram as principais bandeiras de luta da UMES, por isso brigamos para melhorar a educação de nosso estado e, também, para que existam mecanismos que garantam o acesso dos alunos da rede pública nas melhores universidades. Sempre apoiamos as ações afirmativas, defendemos as cotas para estudantes de escola pública e também as cotas raciais.

 

Por isso, ficamos extremamente preocupados com os dados divulgados pela Fuvest sobre o vestibular para o ano de 2019. A relação candidato/vaga divulgada pela fundação no dia 16 de novembro mostra que a mudança realizada para o concurso deste ano, ao invés de facilitar o acesso, só piorou a condição dos estudantes que escolhem concorrer pelas cotas. Ao obrigar o estudante a escolher no momento da inscrição por qual categoria (ampla concorrência, escola pública e cota racial) ele deseja concorrer criou-se uma situação absurda: os estudantes da rede pública de ensino, que representa 73,5% das matriculas no Brasil, concorrem a somente 37% das vagas oferecidas no vestibular. Essa inversão na forma da seleção aumentou muito a concorrência para os candidatos que disputam pela cota e diminuiu a concorrência para os estudantes que não precisam dela para entrar na universidade.

 

Essa situação é ainda mais absurda nos cursos mais disputados da capital. No curso de medicina a relação candidato/vaga para os estudantes que optaram pela ampla concorrência para o seu acesso é de 107,81 candidato por vaga oferecida, enquanto para os estudantes que concorrem a uma vaga pela cota de escola pública a concorrência é de 166,7 candidato por vaga. No curso de Arquitetura são 24,07 candidatos por vaga na ampla concorrência e 58,89 para os estudantes de escola pública. Já no curso de psicologia são 54 candidatos por vaga na ampla concorrência e 144,8 para aqueles que concorrem pelas cotas da rede pública. Essa situação se repete em 73 dos 106 cursos oferecidos pela universidade.

 

Obrigar os estudantes da rede pública e os negros, pardos e indígenas a escolher na inscrição como vão concorrer é o mesmo que criar um gueto na seleção. A cota existe para garantir um percentual mínimo dos estudantes que sofrem com as duras mazelas da escola pública e do racismo, já essa política faz o contrário e praticamente estabelece um número máximo desses estudantes. Por isso defendemos a mudança imediata desse sistema, de forma que a cota seja um complemento aos estudantes que foram convocados na ampla concorrência e não uma forma diferente de acesso. A participação desses estudantes na universidade não é somente uma compensação pela dívida da sociedade brasileira com eles, é também a forma que a universidade tem para conseguir se democratizar e representar melhor o povo brasileira com toda sua diversidade.

 

 

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