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Perdemos Carlos Lyra e seu mais amplo sentimento de brasilidade

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Neste sábado, nos deparamos com a triste notícia da partida do icônico Carlos Lyra, um dos maiores artistas que o nosso povo já produziu. Os estudantes de São Paulo lamentam a morte deste grande ícone da nossa música e da cultura popular brasileira.

Criador da Bossa Nova junto a outros gigantes como Tom Jobim, João Gilberto, Nara Leão e Vinícius de Moraes, Carlos Lyra, carregava em suas composições o mais amplo sentimento de brasilidade.

Desde o início de sua trajetória, Carlos Lyra manteve uma ligação intrínseca com os movimentos populares e, em especial com o movimento estudantil. Lyra compôs e produziu icônicas obras como a trilha sonora da peça “A mais valia vai acabar, seu Edgar” (1960), do dramaturgo e diretor Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha.

Mais Valia vai acabar

Primeira exibição da “Mais Valia Vai Acabar, Seu Edgar”, de Vianinha e Carlos Lyra 

Junto a Vinícius de Moraes, foi autor do “Hino da UNE”, uma verdadeira ode à histórica luta dos estudantes brasileiros, e também um dos responsáveis pela fundação do Centro Popular de Cultura, o CPC da UNE, uma das maiores experiências de difusão da cultura brasileira e que temos orgulho de dar continuidade por meio do nosso CPC UMES.

Como diretor musical do CPC da UNE, lançou o álbum O Povo Canta, em 1962, que contava com as seguintes composições: “Canção do subdesenvolvido”, de Carlos Lyra e Francisco de Assis; “João da Silva ou o falso nacionalista”, de Billy Blanco; “Canção do trilhãozinho”, Carlos Lyra e Francisco de Assis; “Grileiro vem pedra vai”, de Raphael de Carvalho; e “Zé da Silva é um homem livre”, de Geni Marcondes e Augusto Boal.

Ele também participou da produção do show “Opinião”, em 1964, sob a direção de Augusto Boal, proporcionando uma resistência cultural histórica ao golpe que instalou a ditadura militar no Brasil, sendo responsável por trazer vozes como as de Zé Keti e João do Vale ao espetáculo.

A carreira musical de Lyra continuou com lançamentos de álbuns, incluindo “Eu e Elas” (1972) e “Herói do Medo” (1974), este último censurado na íntegra. Em 2019, após mais de 25 anos sem gravar, ele retornou com “Além da Bossa”, evidenciando sua duradoura contribuição para a música e a resistência cultural brasileira.

Em 1995, Carlos Lyra realizou um memorável show na nossa sede na abertura do projeto UMES-Cantarena, quando o Cine-Teatro Denoy de Oliveira, ainda se chamava Teatro da UMES. A escolha de Lyra para o primeiro show do projeto marcou a integração entre o trabalho desenvolvido pelo CPC da UNE e o que era então iniciado no CPC-UMES.

Carlos Lyra partiu, mas sua obra e seu legado serão sempre honrados pela juventude brasileira.

UNIÃO MUNICIPAL DOS ESTUDANTES
SECUNDARISTAS DE SÃO PAULO – UMES

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