‘Perto da perfeição’, Zanetti bate rivais e é campeão mundial nas argolas
Campeão olímpico em Londres, ginasta brasileiro não usa novo elemento, mas faz exibição tecnicamente brilhante e conquista o ouro na Antuérpia
Arthur Zanetti aguardava ao lado do aparelho quando ouviu seu nome no sistema de som do ginásio belga. Olhou para o chão, balbuciou um “vamos lá” e se posicionou. Na perfeição do primeiro movimento, parou no ar e olhou reto. Nas arquibancadas, aplausos tímidos, como se não ousassem atrapalhar a exibição do campeão olímpico. Contestado por um rival chinês em Londres, viu um adversário do mesmo país se apresentar como maior obstáculo rumo ao título que faltava. Yang Liu, no entanto, sequer foi ao pódio. Zanetti ficou livre para garantir o ouro inédito nas argolas e ser campeão no Mundial de Ginástica da Antuérpia, neste sábado.
Com uma chegada no solo precisa, o brasileiro terminou com 15.800 pontos. A prata ficou com o russo Aleksadr Balandin, com 15.733, enquanto Brandon Wynn, dos EUA, conquistou o bronze, com 15.666. O americano ainda contestou a nota, mas teve o protesto negado pela arbitragem. Considerado maior rival de Zanetti, Liu fechou em quarto lugar.
– Foi perto da perfeição. Fiz minha parte e o resultado era o que estava esperando. Estava buscando o ouro e consegui. Mas, claro, nunca é perfeito, a gente sempre busca melhorar alguma coisa, mas foi muito bom. Competir logo e ficar esperando é complicado. Eu não sei se é mais difícil ser um dos primeiros ou dos últimos, porque a final tem um nível muito alto. Estou trabalhando bastante para buscar sempre o melhor para o Brasil e para a ginástica brasileira. Está dando muito certo e teremos muito resultado também para frente. Mais uma etapa da minha vida foi concluída. Agora só falta mais um objetivo para a minha carreira: ganhar o título nos Jogos Pan-Americanos, que não tenho, para ficar plenamente satisfeito – disse o brasileiro.
Na final, Zanetti, de 23 anos, preferiu não usar seu novo elemento, de grau de dificuldade F, o mais complicado perante os juízes. Não precisou. Com uma ótima exibição, o ginasta de São Caetano do Sul, prata no Mundial de 2011, voltou a desbancar os rivais para ficar com o título.
– Ele chega muito cansado ao final da série. Fica mais difícil cravar a saída, sem dar passos. Então, decidimos tirar o elemento. E funcionou. Funcionou nas Olimpíadas, por que não funcionaria aqui? Eu até achei a nota baixa, poderia ser maior – disse o técnico Marcos Goto.
Zanetti acordou cedo neste sábado. Segundo ele, nem mesmo os roncos do companheiro de quarto, Francisco Barreto, seriam capazes de diminuir sua concentração. Desde Londres, havia colocado em sua cabeça que buscaria o título inédito. Planejou tantas vezes a conquista na cabeça que nem precisou comemorar muito. Manteve o semblante sereno e tranquilo ao desfilar com a nova medalha.
– Eu estou alegre. Mas quando algo é muito planejado, acaba sendo esperado. Não foi uma surpresa. Estava esperando o pódio com objetivo de ser o primeiro. Se eu não conseguisse, estaria com a cara fechada – disse o novo campeão mundial.
Neste domingo, Diego Hypolito, quinto colocado no solo neste sábado, e Sergio Sasaki voltam a disputar medalhas na Antuérpia. Os dois estão na final do salto, com transmissão do SporTV e acompanhamento em Tempo Real do SporTV.COM, a partir das 9h.
O caminho do ouro
Primeiro a se apresentar, o francês Samir Ait Said tinha uma considerável torcida ao seu favor no ginásio da Antuérpia. Com uma boa série, chegou a receber o cumprimento de Zanetti e tirou um 15.500 dos juízes. Na sequência, o russo Aleksandr Balandin, outro favorito, também mostrou força. Preciso, arrancou aplausos e somou 15.733.
Era, então, a vez de Arthur Zanetti. E o campeão olímpico se mostrou perfeito. Com pouquíssimas falhas de execução, mostrou força e precisão. Sequer precisou usar seu novo elemento, criado justamente para o Mundial. Com uma aterrisagem perfeita, o brasileiro arrancou aplausos e pulou para o primeiro lugar. O ouro estava garantido ali.
Principal rival do brasileiro, o chinês Yang Liu foi o sexto a se apresentar. Cercado de pressão, fez uma exibição mediana, com uma falha na aterrisagem. Já não havia quem tirasse o ouro de Zanetti. O brasileiro ainda esperou a exibição de dois rivais antes de comemorar. Campeão em Londres, o ginasta chegara, enfim, também ao topo do mundo.
Confira a classificação final:
1º – Arthur Zanetti (BRA) – 15.800
2º – Aleksandr Balandin (RUS) – 15.733
3º – Brandon Wynn (EUA) – 15.666
4º – Yang Liu (CHN) – 15.633
5º – Lambertus van Gelder (HOL) – 15.533
6º – Samir Ait Said (FRA) – 15.500
7º – Koji Yamamuro (JAP) – 15.433
8º – Danny Pinheiro Rodrigues (FRA) – 14.566
Fonte: globo.com
Deixe uma resposta
Want to join the discussion?Feel free to contribute!