Professores de Etecs preveem retrocesso em plano de carreira
Alunos se juntaram ao movimento em apoio aos professores e incluíram na pauta a instalação de bandejões nas Fatecs e melhoria nos prédios das escolas técnicas
São Paulo – Uma comissão de professores, funcionários e estudantes das Escolas Técnicas Estaduais (Etec) e das Faculdades de Tecnologia do Estado (Fatec), em greve desde segunda-feira (17), se reuniu no dia 21 com a superintendência do Centro Paula Souza, órgão do governo do estado responsável pela gestão das escolas. O encontro foi o desdobramento de um ato de protesto que reuniu cerca de 600 manifestantes próximo à instituição.
Os profissionais não conseguiram ter acesso ao plano de carreira unificado que vem sendo gestado desde 2011, mas anteveem, de acordo com informações preliminares obtidas junto ao governo, sinais de retrocessos em relação ao plano que começou a ser discutido em 2011.
Se a hipótese se confirmar, professores e funcionários prometem endurecer a greve e apresentar emendas ao projeto na Assembleia Legislativa. A superintendência do Centro Paula Souza teria afirmado que o plano de carreira está sendo analisado pela Comissão de Política Salarial do governo, última etapa antes de chegar ao governador. A partir daí, a proposta será convertida em projeto de lei a ser encaminhado à Assembleia Legislativa. A expectativa é que isso ocorra na próxima sexta-feira (28).
O processo se arrasta há mais de três anos, quando uma empresa privada foi contratada para elaborar um plano único de cargos e salários para professores e funcionários. Desde junho do ano passado o documento está parado na Secretaria Estadual de Gestão. As categorias não sabem sequer se a proposta contempla reivindicações já acordadas.
“Em junho do ano passado negociamos e abrimos mão de algumas coisas para que o plano fosse aprovado. O governo Alckmin engavetou e não temos garantias de que o plano que está lá é o mesmo em torno do qual já conversamos”, afirmou a presidenta do Sindicato dos Trabalhadores do Centro Paula Souza (Sinteps), Silvia Helena de Lima.
“O governo pagou para uma empresa fazer o plano de carreira e até agora o documento ainda não foi enviado para a Assembleia Legislativa. Esse dinheiro poderia ter sido melhor empregado. O Centro Paula Souza tem técnicos e professores competentes para estruturar um plano de carreira, o que acontece é que o governo Alckmin prioriza o repasse de dinheiro público para a iniciativa privada”, disse o professor do curso técnico de Design Gráfico, Carlos Verdasca.
Os professores e funcionários das Etecs e Fatecs são contratados pela autarquia Centro Paula Souza e não estão sujeitos aos mesmos direitos trabalhistas dos professores da rede estadual. Por isso reivindicam uma política de reajuste salarial, valorização por titulação e licença maternidade de 180 dias para as mulheres contratadas em regime CLT. Ao todo, 108 das 266 Etec do estado e 25 das 56 Fatec aderiram a grave.
“O plano de carreira vai beneficiar professores e funcionários. Estamos aqui para pressionar para que ele seja aprovado”, afirmou a técnica administrativa Tania Antônia Camisiro, que trabalha na Etec Lauro Gomes, em São Bernardo do Campo.
Empunhando cartazes com dizeres “governo do estado de cara de pau, eu quero a Etec do comercial”, alunos se juntaram ao movimento em apoio aos professores. Eles incluem na pauta de reivindicações a instalação de restaurantes universitários subsidiados nas unidades de Fatec e melhoria nos prédios das escolas de ensino médio.
“Queremos educação de qualidade, com bolsas de iniciação científica e infraestrutura”, afirmou o presidente do Diretório Central dos Estudantes da Fatec, Arthur Miranda. “Nós não estamos frequentando as aulas desde segunda-feira, em apoio aos nossos professores. A pauta de reivindicação é justa e interfere na qualidade do ensino”, disse a estudante do curso técnico Comunicação Visual, Ana Flavia Batimarchi, de 17 anos.
Fonte: Rede Brasil Atual
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