22-6-16 Carlos Lopes

Projeto de PT, PMDB e PSDB é roubar o Brasil

22-6-16 Carlos Lopes

Carlos Lopes ao microfone durante lançamento do seu livro “Os Crimes do Cartel do Bilhão contra o Brasil” 

 

CARLOS LOPES*

 

Sem projeto nacional, de desenvolvimento do país, o que resta é o assalto aos cofres e ao patrimônio público

 

A Operação Lava Jato completou dois anos em março. São, portanto, dois anos e três meses em que o regime político e eleitoral instalado no Brasil, cada vez mais antidemocrático – cada vez mais falso e falsificado pelo abuso desbragado, sem limites, do poder financeiro – está com as entranhas expostas.

 

O que é a Lava Jato, senão a revelação, pela Polícia Federal, Ministério Público Federal e Justiça Federal, de que grandes empresas monopolistas assaltavam o Estado e sustentavam, com propinas, os políticos e partidos governistas – e até, como em Furnas, alguns da então oposição oficial?

 

Até agora, sem contar as ações sob jurisdição do STF, foram abertas 1.237 investigações, colocados no banco dos réus 209 envolvidos (210 com o ex-presidente Lula, enviado pelo STF) – e já houve 105 condenações à pena, somada, de 1.140 anos, 9 meses e 11 dias de cadeia.

 

Os pedidos totais de ressarcimento do que foi roubado (incluídas as multas de lei) por superfaturamento e sobrepreço em obras, somente no caso da Petrobrás, já chegam a R$ 37,6 bilhões.

 

As propinas já provadas – também só no caso da Petrobrás – somam, até agora, R$ 6,4 bilhões.

 

E até agora já foram recuperados – também apenas em relação à Petrobrás – R$ 2,9 bilhões.

 

Houve 52 confissões “premiadas”, ou seja, em troca de atenuação do cumprimento da condenação. Além disso, somente nessa instância – as investigações sobre o assalto à Petrobrás, na circunscrição do juiz Sérgio Moro, ou seja, réus sem “foro privilegiado” – houve 73 prisões preventivas, 87 prisões temporárias e 6 prisões em flagrante.

 

O resultado das investigações na esfera do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ), considerando o número de acusados e a maior morosidade que caracteriza tais instâncias, não deixa, também, de ser impressionante: até agora há 134 investigados com “foro privilegiado” – incluídos os governadores do Rio e do Acre, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB/AL), o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), os senadores Lindbergh Farias (PT/RJ), Gleisi Hoffman (PT/PR), Aécio Neves (PSDB/MG), Romero Jucá (PMDB/RR), Humberto Costa (PT/PE), Edison Lobão (PMDB/MA), Fernando Collor de Mello (PTC/AL), Antonio Anastasia (PSDB/MG), o ex-ministro Antônio Palocci (PT/SP), o ex-líder de Dilma na Câmara, Candido Vaccarezza (PT/SP), o ex-líder de Dilma no Senado e ex-petista Delcídio do Amaral, o ex-ministro Henrique Eduardo Alves (PMDB/RN) e nem vamos falar nos deputados, pois esta lista ficaria, para os leitores, apenas um pouco menos que interminável.

 

Transcrevemos apenas uma amostra – e somente para dar uma dimensão do maior escândalo que já dinamitou um regime no Brasil (e em boa hora).

 

JK

 

Diante disso, as reações dos partidos governistas ou quase-governistas têm sido primorosas. Um dia desses, em um encontro petista, ouviu-se a afirmação de que “todos somos corruptos”. A informação nos foi passada por um petista presente ao encontro, que saiu escandalizado. Mas a afirmação não é mais que a transposição para o plano existencial daquele outro dito, segundo o qual, “política é assim mesmo” – ou seja, é normal roubar em política, ou, em termos mais radicais (cáspite!), “se os tucanos roubam, por que nós não podemos roubar?”.

 

Porém, essas exalações nauseabundas poderiam ser apenas suspiros (palavra elegante para substituir outras nem tanto) dentro de algum cochicholo partidário, se o deputado, ex-ministro e ex-prefeito de Belo Horizonte Patrus Ananias, não tivesse apresentado a mesma tese, de outra forma, em entrevista recente ao jornal “Valor Econômico”.

 

Disse Patrus, um dos fundadores do PT, que “a relação promíscua entre empresas que prestam serviços públicos, especialmente as empreiteiras, todos os historiadores dizem claramente que isso começou, para pegar mais recentemente, com o grande presidente Juscelino Kubitschek”.

 

Quem dizia isso era Carlos Lacerda – e não nos consta que ele fosse historiador. Era um demagogo fascistóide, entreguista, covarde e frouxo, com o único talento (?) da difamação de homens honrados. Jamais houve prova alguma de quaisquer das calúnias lacerdistas contra JK ou Getúlio. Pelo contrário.

 

LADROAGEM

 

Mas, continuou Patrus, JK “era um homem de vida austera. Mas para fazer Brasília, para levar o Brasil para o sertão, as estradas, as duas grandes represas de Minas Gerais, Três Marias e Furnas, a história registra claramente que ele foi muito tolerante, digamos assim, com as empresas.”

 

Isso é mentira. Não foi a corrupção que fez o Brasil crescer – e nunca houve nada no governo JK que se assemelhasse, nem longinquamente, ao atentado contra a Petrobrás, promovido por um cartel de empreiteiras com o acobertamento, sob propina, do PT.

 

Patrus “justifica” o conúbio com a ladroagem em nome das grandes obras públicas que JK fez em cinco anos – todas elas terminadas. Evidentemente, pretende, com essa falsidade, absolver o PT da ladroagem real. É, na verdade, uma confissão.

 

Porém, desde quando o PT roubou e deixou roubar para fazer algo parecido com Brasília ou com a Rio-Bahia ou com a Belém-Brasília ou com Três Marias e Furnas?

 

Além de poucas – para as necessidades do Brasil – qual a obra do PT que terminou?

JK não precisou aderir à ladroagem para fazer as suas grandes obras públicas. O PT, ao que parece, usou as poucas obras que iniciou como pretexto – ou caminho – para roubar. Caso contrário, como o PT e seu governo estavam tão despreocupados com o fato de que essas obras, superfaturadas e bem propinadas, jamais terminavam?

 

Se o PT é assim, que dizer do PMDB?

 

Que dizer de Jucá, Henrique Alves, Temer, Renan, Jader ou Cunha?

 

Algum deles convence alguém no papel de vestal da moralidade pública?

 

Ou o senador Aécio Neves – seja em estado sólido ou em estado líquido – será algum Catão da República Brasileira? Ou algum dos outros tucanos da cúpula, que já imergiram este país em oito anos de roubo, privatização (ou seja, roubo) e esbórnia financeira (outro roubo) estará agora convicto das vantagens de preservar a propriedade pública e o dinheiro público? Ou, para ficar no PSDB, talvez o senador Ferraço seja algum exemplo de seriedade, depois de sua adaptação do projeto Serra, que retira a Petrobrás do pré-sal em prol das petroleiras estrangeiras. Será?

 

Ou, pode ser que o senador Perrela, do PTB, esteja pronto para zelar pela agricultura brasileira e carregar seus frutos de helicóptero até o mercado…

 

Sem projeto nacional, essa tralha que inclui PT, PMDB, PSDB – e quejandos – tem como único projeto roubar o Brasil. Por isso querem ser os feitores do neoliberalismo – isto é, da dominação do imperialismo norte-americano sobre o Brasil.

 

Querem, portanto, as migalhas do grande roubo sobre o país – assim como os propinados que permitiram o assalto à Petrobrás levaram as migalhas do roubo maior.

Não há nada, exceto isso, que eles pretendam fazer com o Brasil. Até porque degeneraram tanto moralmente, ideologicamente, que já não sabem fazer outra coisa.

 

*É editor chefe da redação do jornal Hora do Povo

 

0 respostas

Deixe uma resposta

Want to join the discussion?
Feel free to contribute!

Deixe um comentário