Pronatec: Apenas 3,6% das vagas abertas são nas escolas federais

Cursos rápidos na iniciativa privada substituem expansão dos institutos federais de educação

 

Principal bandeira de Dilma para a educação, o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) reforça a opção de seu governo pelo caminho da privatização da educação brasileira. Com um gasto de cerca de R$ 14 bilhões, o programa, ao invés de disponibilizar cursos técnicos de qualidade para a juventude brasileira, transfere recursos para a iniciativa privada para a criação de cursos rápidos e sem qualquer controle do estado.

Em seu discurso na última semana, durante a entrega de certificados de conclusão de cursos para participantes do programa no Mato Grosso, Dilma afirmou que “o Pronatec é uma prioridade para se construir um Brasil melhor, para cada um de nós. Por isso, venho para mostrar a importância que esse curso tem para o país”. Segundo a presidente, os cursos oferecidos no programa são fundamentais para o desenvolvimento do país.

Entretanto, o programa criado vai na contramão do caminho do desenvolvimento do ensino técnico do país. Pois injeta diretamente dinheiro público na iniciativa privada e esvazia a rede federal de ensino técnico, antes fortalecida pelo governo Lula.

Nas inscrições para a etapa mais recente do programa, ocorridas entre os dias 17 e 21 de março, foram oferecidas um total de 291.338 vagas em 122 cursos em 937 unidades de ensino. Deste total, apenas 8.040 vagas são nas escolas da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica; composta pelos Institutos Federais, Universidades Tecnológicas, CEFETs e escolas técnicas vinculadas à universidades.

Do restante, 37.070 são oferecidas pelas escolas do chamado Sistema S (Senai, Senac, Sesi, etc.), instituições vinculadas a industria e comércio e mantidas por contribuições das suas categorias.

E por fim, as 246.228 vagas ofertadas diretamente por instituições privadas que serão sustentadas diretamente com dinheiro público, já que o Pronatec, diferentemente do Prouni, não consiste em isenções fiscais, mas sim, dinheiro injetado diretamente nos bolsos dos tubarões de ensino.

Tamanho o descaramento do governo, assim como seu compromisso em priorizar as instituições privadas de ensino em detrimento à escola pública, que o programa permite ainda que as faculdades particulares forneçam os cursos ditos profissionalizantes. Segundo o Ministério da Educação, nada mais justo, pois elas possuem toda a infraestrutura e profissionais capacitados para oferecer esses cursos. As principais instituições que aderiram ao programa, são justamente àquelas vinculadas ao capital estrangeiro, como os grupos Kroton/Anhanguera, Estácio e Anhembi Morumbi.

 

CURSOS

Durante seu discurso, Dilma, pontuou que “a variedade de cursos é muito importante. É a primeira característica do Pronatec. A segunda é a qualidade do Pronatec”. De fato, podemos verificar a qualidade dos cursos oferecidos: tais como o de Massoterapia, oferecido por ensino à distância; o de cuidador de idosos; ou ainda o de batedor de massas para construções.

Outros cursos técnicos também chamaram a nossa atenção.

Podemos verificar o curso técnico de Adestrador de Cães, cuja descrição é “adestrar cães visando o controle do seu comportamento e obediência, utilizando métodos e técnicas apropriados”.

Temos ainda o curso de Disc Jóquei (DJ), na categoria Produção Cultural e Design que possui a seguinte descrição: “Seleciona e faz rodar as mais diferentes composições musicais previamente gravadas para um determinado público alvo utilizando vinil, CD ou meios e arquivos digitais sonoros”.

Agora, sem dúvida, a descrição mais fiel de um curso do Pronatec é o do curso de “Alemão Básico”, que “compreende e usa expressões familiares e cotidianas, assim como enunciados muito simples, que visam satisfazer necessidades concretas. Apresenta-se e apresenta a outros e é capaz de fazer perguntas e dar respostas sobre aspectos pessoais como, por exemplo, o local onde vive, as pessoas que conhece e as coisas que tem. Comunica-se de modo simples, se o interlocutor falar lenta e distintamente e se mostrar cooperante”.

Contudo, a juventude brasileira pode acreditar que está bem encaminhada graças ao Pronatec de Dilma. E que as gerações futuras fiquem tranquilas, já que nas suas palavras há o seu “compromisso de transformar o Pronatec em um programa do Estado brasileiro”.

 

ANDRÉ SANTANA

Fonte: Hora do Povo

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