Reitoria da USP dá início ao corte de três mil funcionários

Com PDV, Zago quer enfrentar crise financeira com arrocho, ao invés de exigir a ampliação do orçamento

 

A reitoria da Universidade de São Paulo (USP) deu início ao chamado Plano de Incentivo a Demissão Voluntária (PIDV), de servidores técnico-administrativos. Com o plano, o reitor da instituição, Marco Antonio Zago, pretende reduzir em cerca de três mil o quadro de funcionários concursados como forma de enxugar as despesas da universidade, descontando no corpo técnico da universidade, a política de arrocho dos tucanos para a Educação.

Inicialmente, o programa de demissão prevê a aposentadoria antecipada de 1,7 mil funcionários, com idade entre 55 e 67 anos. As inscrições para o PDV foram abertas na segunda-feira (17), e as rescisões ocorreram entre fevereiro e abril de 2015.

Se os funcionários aderirem ao PDV a USP pretende diminuir em 7% os gastos mensais com a folha. Para isso, a reitoria pretende gastar cerca de R$ 400 milhões com o plano.

Entre junho e setembro deste ano, a USP, em conjunto com a Unesp e a Unicamp, viveu a maior greve de sua história. Foram 116 dias de paralisação, contra as propostas de arrocho salarial, cortes do orçamento além da desvinculação do Hospital Universitário da USP (HU-USP), que transferia a gestão do principal hospital escola do país para uma fundação privada.

Os trabalhadores saíram vitoriosos da paralisação, com um reajuste de 5,2% e um abono de 28,6%, conquistados após decisão judicial, já que tanto a reitoria, quanto o governo estadual se mantiveram irredutíveis, com relação ao aumento de salário.

PISO SALARIAL

Além do PIDV, outra medida prejudica as condições da USP de manter a qualidade de ensino. Uma decisão de outubro do Supremo Tribunal Federal (STF) obrigará a USP a aplicar o teto salarial do Estado que é o salário do governador, R$ 20,662 mil mensais, com isso haverá uma redução no salário de 1.972 professores e funcionários. A redução salarial prejudica a manutenção dos professores mais qualificados na instituição, já que, estão inclusos na conta, os benefícios que os funcionários mais antigos conquistaram com o passar dos anos.

O STF determinou que devem ser incluídos no cálculo benefícios pessoais conquistados antes de 2003, quando o limite foi regulamentado por emenda à Constituição. Até a decisão de outubro, os benefícios conquistados por tempo de carreira, desempenho, títulos obtidos, acertadamente não eram considerados para o teto.

A maioria dos professores e funcionários da USP não recebe super-salários, a maioria já recebe menos que o teto salarial. Entre R$10 mil e R$15mil. É importante ressaltar que o desenvolvimento de pesquisa na principal universidade do país depende dessas pessoas. É um setor estratégico para o progresso do Estado e da Nação.

Isso já vem acontecendo na Unesp. Segundo Julio Cezar Durigan, reitor da UNESP já há docentes deixando a universidade. “Está difícil. O governador não tem interesse político em reajustar seu salário. Estamos perdendo gente muito boa”.

A questão é tão evidente que até mesmo Zago conseguiu notar. Segundo ele, as universidades federais, nas quais o teto passa de R$ 29 mil, poderão passar a receber parte dos docentes da USP. “Quando perceber que haverá limitação do teto, os jovens ficarão desestimulados a se dedicarem integralmente à USP”. “Na cidade de São Carlos, de um lado da rodovia, o teto é R$ 29 mil (UFSCar); do outro, R$ 20 mil. Faz diferença”, disse.

Outro ponto importante sobre os salários dos servidores, que comprova na verdade que não há salário de mais e sim de menos, está no caso dos médicos. O reitor Zago divulgou os salários dos médicos do Hospital Universitário com jornada de 24h semanais, como consta no contrato.

Entretanto, a reitoria da USP calunia os médicos e demais funcionários do Hospital da Universidade ao divulgar publicamente os salários como se a carga horária de médicos fosse de 24 horas semanais quando ele sabe que a carga horária mínima é de 36 horas semanais. Apesar do contrato ser de 24 horas, os funcionários do HU são obrigados a fazer hora extra de 12 horas semanais. Essa obrigatoriedade é causada pela falta de funcionários suficientes para atender uma demanda hipertrofiada.

Fonte: Hora do Povo

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