Rodrigo: “UBES irá às ruas em defesa do pré-sal e por 10% do PIB para a Educação Pública”

Rodrigo Lucas, presidente da União Municipal dos Estudantes Secundaristas (UMES) e coordenador do Movimento Mutirão no 40º Congresso da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) destacou, em entrevista ao HP, que a luta contra a privatização do pré-sal e em defesa do Plano Nacional de Educação são os principais temas que a entidade terá como pauta na próxima gestão. Segundo ele, a entidade sai fortalecida deste congresso e o Movimento Mutirão, que ocupa a Secretaria Geral da entidade terá grande papel nesse próximo período.

 

HP – Qual foi o principal debate deste congresso da UBES?

Rodrigo – Sem dúvida a mais importante discussão do 40º Congresso da UBES foi sobre a privatização do Campo de Libra na camada pré-sal. Os estudantes ali presentes defenderam que as riquezas geradas pelo petróleo têm que ser investidas no desenvolvimento da nação, pela nossa emancipação e isso só é possível por meio da Petrobrás.

Não existe razão para se leiloar o pré-sal. A Petrobrás o descobriu, desenvolveu tecnologia de exploração e somente Libra tem uma reserva inicial de 15 bilhões de barris, reserva como essa a Petrobrás levou 60 anos para adquirir.

Como os estudantes da década de 40 que mobilizaram o país com a campanha “O Petróleo é Nosso!” para garantir que o petróleo fosse dos brasileiros e sua riqueza transformada em investimentos na indústria, na saúde, em ciência e educação. Nós entendemos que mais uma vez esse é o papel da juventude. Não aceitaremos que nossa maior riqueza seja entregue de mão beijada aos representantes do cartel petroleiro, do imperialismo.

 

HP – Sobre o Plano Nacional de Educação, como foi o debate?

Rodrigo – Os 10% do PIB para educação pública é nossa principal bandeira. Quando o projeto chegou na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, o senador Pimentel (PT/CE) mudou o texto que construímos, permitindo que parte dos 10% do PIB possa ser investido em educação privada.

Hoje a realidade é que das quase 142 mil escolas públicas de ensino fundamental e médio do Brasil, 54% não possuem laboratório de informática, 73% não têm uma quadra esportiva, 47% não têm sala de professores e 83% não têm biblioteca… Mesmo com a escola pública sendo a imensa maioria do ensino médio (87,2%), somente 14% dos aprovados em 2011 em universidades públicas eram de escolas públicas.

A mudança do texto altera a lógica do ensino brasileiro, beneficiando a educação privada em detrimento da pública. Os estudantes não permitirão que esse golpe se concretize! O Brasil tem recursos suficientes para investir e revolucionar a educação pública.

 

HP – O fim da aprovação automática tem sido uma bandeira do movimento estudantil nos últimos anos, por quê?

Rodrigo – A aprovação automática foi instituída em São Paulo pelos tucanos em 1995, condenou toda uma geração à ignorância, e o ensino público à destruição.

A política consiste em aprovar o aluno de ano sem nenhum tipo de avaliação. Desta forma, não importa se um aluno aprendeu ou não. Ele era aprovado de qualquer maneira. Com isso vimos estudantes saírem do 9º ano com dificuldades em realizar operações simples de matemática ou interpretar um texto. Isso quando temos, em pleno ensino médio, estudantes que mal foram alfabetizados.

Centenas de governantes de cidades e estados brasileiros adotaram a prática, tornando essa, uma bandeira de estudantes de todo o país. Em São Paulo, a luta dos estudantes secundaristas fez com que, este ano, o prefeito da cidade acabasse que a aprovação automática no ensino municipal. Outras cidades, como Rio de Janeiro e Florianópolis também botaram fim ao crime, e restabeleceram a prática dos exercícios e das avaliações. O que precisamos agora é por fim a este crime contra a educação brasileira.

 

Texto extraído da Hora do Povo – Edição 3.210

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