Seminário reúne lideranças estudantis de São Paulo rumo ao 23º Congresso da UMES

A UMES realizou, nos dias 29 e 30 de março, o Seminário de Formação de Lideranças Estudantis, num encontro que reuniu grêmios e lideranças de dezenas de escolas de todas as regiões de São Paulo.

Durante os dois dias de Seminário, foram debatidos os temas Cultura, Educação e Movimento Estudantil, onde os estudantes puderam aprofundar as discussões em torno da importância da cultura brasileira e o seu papel da formação do jovem, assim como realidade da educação em São Paulo e no Brasil.

“Um seminário como este fortalece ainda mais a atuação dos grêmios dentro das escolas e também fora delas, pois sabemos o importante papel que o movimento estudantil teve e tem em conquistas históricas do nosso povo, como a luta pelo ‘O Petróleo é Nosso’, a luta pelas Diretas Já, o impeachment do Collor, contra as privatizações, entre outros momentos”, afirmou Rodrigo Lucas, presidente da UMES, na abertura.

 

CULTURA

A mesa de Cultura contou com as presenças do presidente do Centro Popular de Cultura (CPC-UMES), Gabriel Alves, e do diretor do CPC, Caio Plessmann.

Em sua explanação, Gabriel destacou a grave situação no setor de TV e cinema no país, onde se encontra altamente dominado por grupos estrangeiros. “Não só isso. Existe hoje uma ação de grandes empresas para dominar os espaços culturais no Brasil. E essa ação é feita para que lucrem sim, mas também para impor aqui o que há de pior que existe lá fora, principalmente dos Estados Unidos”. “Daí vem a importância de fortalecemos a nossa produção cultural nacional. Foi nisso que a UMES pensou ao criar o CPC-UMES, e que hoje conta com uma produção com mais de 130 CDs, mais de 200 shows, filmes e livros”, concluiu.

Para Caio Plessmann, “essa cultura imposta, não por acaso, reflete essa política de agressão aos povos praticada pelos EUA, onde os países são invadidos e homens, mulheres e crianças são assassinados em nome da ‘democracia’”.

Na mesa de Educação, que contou com as presenças do diretor da APEOESP, Roberto Guido, e da secretária-geral da UNE, Iara Cassano, os estudantes debateram os malefícios da política de aprovação continuada implementada no Estado de São Paulo, que prejudica milhões de alunos.

Durante o debate, Roberto Guido relatou o resultado da pesquisa realizada pela APEOESP/Data Popular, onde aponta uma série de dados sobre a escola paulista, feita com pais, alunos e professores. Um dos dados da pesquisa é a grande rejeição à aprovação automática: 63% dos professores são contra, assim como 94% dos pais e 75% dos alunos. (Veja aqui a pesquisa completa).

 

APROVAÇÃO AUTOMÁTICA = GENOCÍDIO DA EDUCAÇÃO

Destacando a situação do ensino em São Paulo, Guido falou do total descaso do governo com o ensino público. “Há uma decisão do governo aqui em São Paulo em não priorizar a educação pública. Nesses 20 anos de governo do PSDB nunca se debateu um plano estadual de educação, temos uma situação em que 40 mil professores são temporários, e questão da aprovação automática, que representa um verdadeiro genocídio da educação”, afirmou.

Os estudantes destacaram a importante vitória obtida no ano passado, que foi o fim da aprovação automática no município de São Paulo. Bandeira da UMES aprovada em seu último Congresso, o fim desse perverso mecanismo foi implementado pela prefeitura, que voltou a exigir a realização de meios de avaliação antes extintos, como boletim, provas e lição de casa.

 

PNE: FINANCIAMENTO PÚBLICO PARA EDUCAÇÃO PÚBLICA!

No Seminário, também foi debatida a batalha enfrentada pelos estudantes de todo o Brasil em defesa da aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE) com garantia de 10% do PIB para a educação pública.

Iara Cassano destacou que “com a mobilização estudantil, em conjunto com outros setores da área da educação, conseguimos avançar na elaboração do Plano Nacional. No entanto, o projeto, que já está há quatro anos em tramitação no Congresso, não avança. Isso porque o governo vêm fazendo uma manobra para tentar incluir no projeto que o financiamento público deve ser também para a educação privada, através de programas que beneficiam as instituições privadas. E isso nós não vamos permitir. Por isso estamos diariamente em Brasília para garantir a prioridade da educação Pública”, afirma.

“Defendemos que seja 10% para a educação pública porque sabemos que é a universidade pública, o ensino público, que tem real compromisso com os interesses do nosso país, ao contrários das instituições privadas que hoje estão cada vez mais sendo engolidas por poucos grupos estrangeiros. E sabemos que eles não têm nenhum compromisso com o país, com o desenvolvimento da nossa tecnologia e com o nosso desenvolvimento”, ressalta.

 

MOVIMENTO ESTUDANTIL

No debate de movimento estudantil, Ulisses Ramos, coordenador da UMES e ex-dirigente estudantil, resgatou a luta do estudante secundarista Edson Luís, morto pela ditadura há 46 anos, lembrando que “a mobilização em torno da morte do estudante foi o estopim para a primeira grande manifestação pública daquele ano, que culminaria três meses depois na Marcha dos 100 mil”. E destacou as inúmeras conquistas obtivas pela UMES nos últimos anos.

Marcos Kaue, vice-presidente da UMES também destacou a força dos grêmios estudantis e convocou os estudantes a ampliarem a mobilização e construir um vitorioso 23º Congresso da UMES em defesa de uma educação pública e de qualidade .

Após as discussões, os estudantes aprovaram uma agenda de mobilizações nas escolas para garantir estruturas como laboratórios de química e física, quadras esportivas reformadas e decidiram também denunciar à Secretaria da Educação do Estado a falta de professores nas escolas.  

 

 

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