Tigre Branco abre Mostra de Filmes Russos na Cinemateca

Em parceria com o CPC-UMES, mostra na Cinemateca Brasileira, em SP, traz 10 filmes representativos de diversos períodos do cinema soviético e pós-soviético

 

 

No próximo dia 13, a Cinemateca Brasileira abre a mostra "Mosfilm – 90 Anos", com a exibição de Tigre Branco, de Karen Shakhnazarov.

A mostra, uma parceria da Cinemateca com o Centro Popular de Cultura da UMES, vai até o dia 19 trazendo uma seleção de 10 filmes representativos de diversos períodos do cinema soviético e pós-soviético (ver programação completa abaixo). Conforme informa o CPC-UMES, dos 10 filmes selecionados nenhum foi exibido em cinema ou TV, no Brasil, e só dois podem ser encontrados em DVD.

Tigre Branco retrata os dias finais da 2ª Guerra Mundial e a resistência soviética ao nazismo de forma surpreendente, unindo filosofia e mistério. O filme foi o representante da Rússia ao Oscar de melhor filme estrangeiro, no ano passado, e rendeu a Shakhnazarov o prêmio de Melhor Diretor no IX Festival de Cinema Fantástico de Porto Alegre, também em 2013.

O Mosfilm, criado em 1924 e desde 1998 dirigido por Karen Shakhnazarov, década em que foi totalmente renovado e modernizado, abriga um acervo de mais de 2.500 filmes de diretores que ajudaram a criar a história do cinema mundial, como Sergei Eisenstein, Aleskandr Dovzhenko, Vsevolod Pudovkin, Ivan Pyriev, Grigori Aleksandrov, Mikhail Romm, Gigori Chukhrai, Mikhail Kalatozov, Serguei Bondarchuk, Andrei Tarkovsky, Leonid Gaiday e outros. Atualmente ainda é o maior estúdio da Rússia e um dos maiores da Europa.

 

Cinemateca Brasileira

Largo Senador Raul Cardoso, 207 – Vila Clementino

(11) 3512-6111 

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Inf.:  (11) 4327-0757

 

Programação da Mostra

 

Quinta-feira – 13 de novembro

20h – Tigre Branco

Direção: Karen Shakhnazarov (2012). Shakhnazarov mescla filosofia e mistério nesta batalha entre o tanquista Naydenov e um "tanque fantasma" alemão, nos dias finais da 2ª. Guerra Mundial. Recebeu indicação para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

 

Sexta-feira – 14 de novembro

17h – A Linha Geral

Direção: Sergei Eisenstein (1929). O mais aclamado dos cineastas soviéticos toma como pano de fundo a coletivização da agricultura para contar como a chegada de uma desnatadeira e um trator podem modificar antigos e tradicionais padrões de pensamento.

 

19h30 – Lenin em Outubro

Direção: Mikhail Romm (1938). Dez anos depois do "Outubro", de Eisenstein, onde o protagonista são as massas trabalhadoras, Romm aceita o desafio de individualizar e dar vida à figura de Lenin.

 

21h30 – Às Seis da Tarde Depois da Guerra

Direção: Ivan Pyriev (1944). Musical sobre a saga de dois amantes que, separados pela guerra, prometem reencontrar-se no Dia da Vitória. De 1929 a 1969, Pyriev dirigiu 18 filmes, entre os quais "Cartão do Partido" (1936), "Tratoristas" (1939), "Cossacos de Kuban" (1949).

 

Sábado – 15 de novembro

16h – Primavera

Direção: Griori Aleksandrov (1947). Quarta comédia musical estrelada por Liubov Orlova sob a direção de Aleksandrov, cineasta que assina com Eisenstein os roteiros de "A Greve" (1925), "Outubro" (1928), "Linha Geral" (1929), "Que Viva México" (1932). A história se passa nos primeiros anos da reconstrução da URSS, após a 2a. Guerra Mundial.

 

18h – O Retorno de Vasili Bortnikov

Direção: Vselvolod Pudovkin (1952). Dado como desaparecido na guerra, Vasili Bortnikov regressa ao lar e encontra a mulher casada com outro. Último filme do lendário diretor dos clássicos "Mãe" (1926) e "Tempestade Sobre a Ásia" (1928).

 

20h – O Fascismo de Todos os Dias

Direção: Mikhail Romm (1965). Narrado pelo próprio diretor, que pôs a alma nesse projeto repleto de inovações formais, "Fascismo de Todos os Dias" é, ainda hoje, considerado por muitos como o mais profundo, completo e impactante documentário produzido sobre o tema.

 

Domingo – 16 de novembro

16h – As 12 Cadeiras

Direção: Leonid Gaidai (1971). Na Rússia Soviética, ex-aristocrata procura os diamantes escondidos pela sogra – baseado no romance de Ilia Ilf e Evgueni Petrov. Campeãs de bilheteria, as comédias de Gaidai venderam mais de 600 milhões de ingressos na URSS.

 

19h – Sonhos

Direção: Karen Shakhnazarov/Aleksandr Borodyansky (1993). No final do século 19, a condessa Prizorovu é atormentada por picantes sonhos nos quais se vê transportada à Rússia pós-soviética. Ácida reflexão de Shakhnazarov sobre o rumo tomado pela restauração capitalista.

 

Segunda-feira – 17 de novembro

19h – A Mãe

Direção: Gleb Panfilov (1989). Egresso do VGIK, onde também se formaram Klimov, Tarkovsky, Chukhrai e outros expoentes da sua geração, Panfilov realiza, após Pudovkin (1926), Leonid Liukov (1941) e Mark Donskói (1956), a quarta filmagem do célebre romance de Maxim Gorki.

 

Terça-feira – 18 de novembro

19h – Reprise: Sonhos

21h – Reprise: O Fascismo de Todos os Dias

Quarta-feira – 19 de novembro

19h – Reprise: Tigre Branco

 

Notas sobre o "Tigre Branco"

Extratos do artigo de Elena Zhuk e Halina Zhuk, publicado em Rússia Profile, edição de 20/06/2012

Shakhnazarov disse na estreia de "Tigre Branco" no Cinema Oktyabr, que havia dedicado o filme a seu pai, que ingressou no exército, quando ele tinha 18 anos, bem como para os milhões de seus irmãos de armas.

O personagem principal, condutor de tanque Ivan Naidenov, interpretado por Alexei Vertkov, tem o corpo todo queimado em uma batalha. Como por milagre, suas queimaduras se curam rapidamente e o herói, que perdeu a memória, revela novas habilidades, como a de conversar com tanques que lhe contam suas histórias e pedem ajuda contra o Tigre Branco.

O Tigre Branco é uma encarnação mística da convicção dos nazistas na legitimidade de suas ações. Nos momentos mais inesperados, ele surge no campo de batalha para destroçar os tanques soviéticos com precisão sobre-humana.

O diretor compara a luta entre o homem e a máquina com o confronto entre o homem e a baleia de Herman Melville em Moby Dick.

Há uma óbvia referência à "besta loira" de Nietzsche["na base de todas as raças aristocráticas existe o animal de rapina"], quando o Tigre Branco surge na tela, acompanhado pela música de Richard Wagner.

 

No monólogo final, escrito pelos roteiristas, Shakhnazarov, Boyashov e Borodyansky, com base em fragmentos dos discursos do Führer, Hitler disserta sobre a inevitabilidade da guerra e argumenta que a Alemanha comprometeu-se apenas com algo que o resto da Europa há muito ardia de desejo para realizar.

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