Tucano manda PM atacar estudantes que acompanhavam a CPI da Merenda
Antes do depoimento do deputado Fernando Capez (PSDB) na CPI da Merenda na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) nesta quarta-feira, dia 14, policiais militares agrediram os estudantes que foram impedidos de acompanhar a sessão.
Dezenas de estudantes secundaristas aguardavam a abertura da sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Merenda que investiga as denúncias de superfaturamento e desvios de verba da merenda em São Paulo. Os estudantes foram barrados na porta de entrada da sala em que ocorreria o depoimento do deputado tucano, Fernando Capez. Eles foram informados que as cadeiras destinadas visitantes já estavam ocupadas por assessores dos parlamentares membros da CPI, além dos assessores de Capez, que preside a Alesp.
Após empurra-empurra no corredor de entrada da CPI, PMs agrediram os estudantes com cacetetes e dispararam spray de gás pimenta contra eles. O estudante e ex-vice-presidente da União Municipal dos Estudantes Secundaristas (UMES), Tiago César, foi atingido nos olhos e passou mal, sendo atendido por um brigadista do Corpo de Bombeiros. Um outro estudante foi detido pela PM.
“Só quero deixar bem claro minha indignação a essa PM fascista que reprime, agride e ameaça estudante e deixa à solta os reais bandidos que assolam nossas escolas e nossa sociedade. O spray de pimenta foi bem no meu olho e causou uma pequena lesão ocular, estou bem e isso não me impede de lutar por uma escola pública melhor, por mais educação e mais direitos. E não tem arrego contra os ladrões de merenda”, declarou o estudante Tiago César, agredido pela PM.
DEPOIMENTOS
Durante seu depoimento, Fernando Capez insistiu que seu nome foi indevidamente usado por ex-assessores e por membros da Coaf e se esquivou de responder sobre as negociatas realizadas por seus assessores com a cooperativa. Ao invés disso, Capez sugeriu que os deputados investigassem toda a merenda fornecida pelo governo de Geraldo Alckmin, seu colega de partido, e não apenas o suco de laranja vendido por uma cooperativa suspeita.
“Cadê o superfaturamento que existe dos grandes fornecedores da merenda? A merenda seca? Por que não se apura toda a merenda?”, disse Capez em coletiva após a CPI, repetindo o que já havia dito durante a sessão.
Os assessores de Capez, Jéter Rodrigues Pereira e José Merivaldo dos Santos também foram convocados a prestar depoimento na CPI. Jéter Pereira, prestou seu depoimento à CPI na terça-feira (13) e admitiu ter assinado um contrato de R$ 200 mil com a Coaf em 2014, quando atuava no gabinete do tucano. Para investigadores, o documento servia para justificar a saída de propina da cooperativa.
Já Merivaldo era esperado para depor nesta quarta, mas faltou à CPI alegando problemas de saúde. Ele foi destinatário de um cheque da Coaf de R$ 50 mil, que chegou a ser depositado em sua conta, mas voltou por falta de fundos. Embora diga que seu nome foi indevidamente usado por ex-assessores e por membros da Coaf, Capez evitou defender uma punição dura aos dois. Disse que a Assembleia instaurou uma sindicância interna para apurar os fatos.
Além da CPI, ocorre também uma investigação criminal, realizada pelo Tribunal de Justiça. Entre os agentes públicos supostamente envolvidos no esquema estão o ex-chefe de gabinete da Casa Civil, Luiz Roberto dos Santos, o Moita, e o ex-chefe de gabinete da Secretaria da Educação, Fernando Padula. Além de Capez, também foram citados como beneficiários do esquema os deputados federais Baleia Rossi (PMDB) e Nelson Marquezelli (PTB) e o deputado estadual Luiz Carlos Godim (SD).
Fonte: Hora do Povo
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