Acessibilidade e Inclusão – Um debate necessário enche o Cine-Teatro Denoy de Oliveira
Ontem a UMES realizou o evento Acessibilidade e Inclusão – Um debate necessário, parte da semana Bixiga para Todos que visa ampliar a discussão acerca da acessibilidade na sociedade.
O evento Bixiga para Todos é uma iniciativa da moradora e integrante da SODEPRO – Sociedade em Defesa e Progresso da Bela Vista, Solang Taverna.
Abrindo as falas Solang contou um pouco da história do evento que incialmente era feito no dia 21 de setembro com todas as entidades do bairro participantes em um único local. Hoje na sétima edição cada entidade organiza um evento próprio. “É muito importante para que a gente aprenda a lidar com as dificuldades no dia a dia a enfrentar e viver”, ela também contou sobre a luta para inclusão do dia 21 de setembro no calendário escolar “porque no calendário escolar? Porque precisamos aprender a lidar com essas questões dentro da escola desde pequenininho”.
Compondo a mesa estavam Lucas Chen – Presidente da UMES, Eliane Lemos – Psicóloga especialista no atendimento da pessoa com deficiência e mestre em distúrbios do desenvolvimento e diretora da Ong Entrerodas, Lara Souto Santana – Coordenadora de Projetos da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Elza Leão – Diretoria Técnica do Comitê Paralímpico Brasileiro e Eduardo Auge – Arquiteto da Secretaria Municipal da pessoa com deficiência.
Elza Leão apresentou o Centro de Formação Esportiva do Comitê Paralímpico onde são atendidas cerca de 350 crianças com as mais diversas deficiências iniciando-as no esporte de alto rendimento.
Para Eliane Lemos, que fez uma apresentação do trabalho da Entrerodas “temos que parar de discutir acessibilidade e discutir direitos humanos, pois acessibilidade é uma questão humana, de se colocar no lugar do outro”. “É muito importante ver outra geração fazendo parte dessa luta, a juventude não pode ser somente o futuro, tem que fazer a diferença agora no presente.”
“O deficiente tem que ocupar os espaços, pois isso vai fazer a sociedade nos aceitar como nos aceitamos. Um laudo não me define, então um professor deve saber lidar com as diferenças dos alunos, deficientes ou não, todos temos mau humor, tmp’s e isso não está num laudo, minha personalidade não é laudada!” afirmou Lara Santana fazendo referencia às afirmações que já ouviu em escolas sobre os alunos agitados.
Já o arquiteto Eduardo Auge lançou o desafio aos participantes de realmente se colocar no lugar do outro, “porque a acessibilidade pode estar muito além de uma rampa, o cadeirante precisa de uma lousa em altura mais baixa para poder escrever como os outros alunos. Cheguem nas suas escolas e tentem enxergar onde falta, o que deveria ser feito para que aquele aluno seja parte da escola como todos os outros.”
Entre as falas dos participantes a que mais se destacou foi a do aluno Matheus, da Escola Estadual Profª. Etelvina de Góes Marcucci, que contou sua experiência como palestrante e aluno cadeirante. “A acessibilidade deve dar autonomia. Do que adianta ter um elevador na minha escola se eu não posso usar sozinho? Eu dependo do vice-diretor para mudar de andar e ele já me esqueceu várias vezes de uma aula para outra, chegou ao ponto de propor que eu entre em qualquer sala quando isso acontecer, assim eu não fico esperando por ele e não perco aula.” Sobre as palestras que deu, Matheus nos contou que uma das perguntas que mais lhe fazem e se ele sonha quando dorme, “sim eu sonho, e nos meus sonhos eu sempre estou correndo”, “aos meus olhos somos todos iguais, eu namoro também, aliás estou noivo” contou ele chocando os presentes por ter apenas 17 anos.
Outra fala que chamou atenção foi a do presidente do conselho de pais da EMEF Celso Leite Ribeiro Filho, Wellinton Souza, que contou que a escola que tem 58 crianças deficientes “laudadas”, é um prédio de 3 andares, que não possui elevador e as salas de aula são no primeiro andar, o banheiro adaptado fica no térreo e o único meio de transportar os alunos entres os lances de escadas é através de um carrinho escalador “ele é pesado, perigoso e demora cerca de 10 minutos para transportar cada criança, a aula tem 50 minutos…além disso, acabei de saber que ele quebrou e custa mais de 9 mil reais para arrumar. Nossa escola já falou para prefeitura que não temos condições de receber esses alunos sem as adaptações necessárias, mas não adianta, o número de crianças só aumenta a cada ano.”
Da esquerda para direita: Eduardo Auge, Eliane Lemos, Lucas Chen, Elza Leão e Lara Santana.
Encerrando o evento, Chen afirmou que “temos que lutar para que todos tenham acesso à educação pública, gratuita e de qualidade. Ela deve sim ser inclusiva e acessível e essa é uma batalha em que a UMES estará à frente, assim como é a batalha pela revogação da Reforma do Ensino Médio. Vamos nos somar à luta pela inclusão no calendário oficial e coletar em todas as escolas assinaturas no abaixo-assinado. Educação é um direito básico e para todos e a luta pela educação é a razão da UMES existir.”
Veja a programção completa do evento BIXIGA PARA TODOS
Veja abaixo as fotos do evento
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