UMES se reúne com o Centro Paula Souza e defende a permanência do Ensino Técnico Integrado ao Médio nas ETECs
Na quinta-feira (03), a UMES realizou reunião com a direção do Centro Paula Souza representada pela superintendente Laura Lagana, para debater o futuro das ETECS e a importância do Ensino Técnico Integrado ao Ensino Médio (ETIM), modelo de ensino integral onde o estudante tem a formação completa tanto no Ensino Médio quanto no Ensino Técnico.
A UMES considera um retrocesso a decisão do Centro Paula Souza de não abrir vagas na modalidade ETIM nas ETECs diminui a qualidade do Ensino Técnico aqui no Estado de São Paulo.
A UMES entregou uma carta ao CPS respaldada por estudantes e grêmios de mais de 30 Etecs aqui do município, defendendo o ETIM e o Ensino Integral de qualidade.
Conversamos também sobre a importância do retorno às aulas presenciais e foi dada a garantia pelo CPS que as aulas voltaram presenciais para 100% dos alunos no dia 14 de fevereiro.
Ficou pré marcado uma visita da Laura Lagana em nossa sede da UMES para conversar sobre as mudança feitas pelo CPS com as lideranças e estudantes que cursam Ensino Técnico na cidade.
Os estudantes estão mobilizados!
Agradecemos ao @centropaulasouza e sua superintendente pela abertura e diálogo.
LEIA A CARTA ENTREGUE AO CENTRO PAULA SOUZA EM DEFESA DO ETIM:
Em Defesa da Permanência do ETIM
As Escolas Técnicas Estaduais (ETECs) organizadas pelo Centro Paula Souza (CEETEPS) são hoje um dos principais programas governamentais de Ensino Médio e Técnico do país. Localizadas no estado de São Paulo, principal potência econômica e industrial do Brasil, o ensino profissionalizante das ETECs possui importante papel para a capacitação de profissionais que atuem no desenvolvimento de suas áreas.
O ensino das ETECs representa ainda um dos melhores índices de ensino público do nosso país. Em setembro de 2020, a média do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) foi de 6. Acima da média de escolas de Ensino Médio de todo o país (4,2). Todos esses grandes feitos e resultados que as escolas apresentam são por grande parte consequência de seu modelo de ensino Ensino Técnico Integrado ao Médio, o ETIM.
Este modelo de Ensino Integral oferece em sua grade as disciplinas técnicas do curso escolhido em conjunto com toda base curricular do Ensino Médio, concedendo aos alunos uma formação integral completa. A Educação em tempo integral preenche toda a carga horária do estudante, deixando-o com um maior contato e aprofundamento das disciplinas acompanhado por professores orientando-o em sua formação e tendo suas dúvidas sanadas, o que permite um melhor aproveitamento do período escolar e fixação das matérias.
Essa modalidade se articula muito bem com diversas áreas do conhecimento, promovendo autonomia, pensamento crítico e desenvolvimento do domínio da ciência e tecnologia, garantindo também um maior preparo para o acesso à universidade. É inegável a significativa atuação da questão estrutural das instituições na participação formativa, e nas ETECs, problemas principalmente ligados à desatualização de seus equipamentos e maquinários, limitam o alcance do aprendizado dos alunos, mas que mesmo assim, devido ao alto nível de desempenho do método de formação que garante o foco do aluno exclusivamente para a educação, obtêm-se bons resultados.
A ETEC Getúlio Vargas, por exemplo, possui maquinário que chega a ter de 40 a 50 anos, mas que mesmo com a situação precária, conseguiu em 2019 ter como média geral no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) a pontuação 621.3 – mais de 100 pontos de diferença entre a média municipal e nacional, respectivamente: 517.4 e 504.9.
Para o início do ano letivo de 2022, o Centro Paula Souza já anunciou mudanças para as ETECs, mas, ao invés de corrigir as dificuldades existentes, remodela a grade curricular e horas-aula de seus cursos, não abrindo inscrições para novas turmas de ETIMs. Em vez disso, as vagas de período integral ofertadas foram para a modalidade Médio Técnico – Período Integral (M-Tec – PI). Ao contrário do ETIM, o M-Tec – PI não oferece toda grade curricular do Ensino Médio durantes os três anos letivos e também não apresenta toda matriz curricular Técnica, substituindo-as por aulas de Projeto de Aprofundamento.
Além dessa nova modalidade não ter sido consultada anteriormente e não trazer a solução de problemas já existentes, coloca um fim na modalidade ETIM que foi o principal responsável por trazer todos os feitos ligados a qualidade de ensino das ETECs, e mesmo que esse novo modelo continue tendo um período integral, sua formação não é, tendo em vista que as novas aulas agregadas que não integram nem a carga horária técnica, nem a carga horária comum dos estudantes.
Na prática, esse novo modelo é uma continuidade da expansão dos Novotecs Integrados, modalidade de ensino de meio período que, assim como o M-Tec – PI, disponibiliza aos alunos a base comum e base de formação técnica incompletas se comparado ao oferecido pelas ETIMs. Cursos que antes chegavam a passar de 1.400 a carga horas-aula agora não passam de 1.200, como é o caso do curso de química, que em seu primeiro e terceiro ano passava de 1.600 horas-aula e agora, com a modalidade Novotec, não passa de 1.200, tendo em seu terceiro ano apenas 1.120 horas-aula.
Desde sua implementação, os Novotecs já vem demonstrando descontentamento da maioria dos estudantes por não suprir com o aprendizado básico que deveriam receber. Em ETECs como Prof. Camargo Aranha e Albert Einstein, cujas inscrições para a modalidade ETIM já foram encerradas, os alunos alegam que, com a menor quantidade de aulas, os conteúdos são apressados e não é possível absorver.
Uma das principais queixas é em relação aos vestibulares, já que com a falta de aulas não são devidamente preparados para prestá-los.
CONTRADIÇÃO
Essa implementação também vai contra a atual linha defendida pela Secretária de Educação do Estado de São Paulo, que coloca escolas de Tempo Integral na Lei de Diretrizes e nos planos Nacional e Estadual de Educação como obrigatoriedade na expansão, obtendo a maior expansão da história do Programa de Ensino Integral (PEI).
Dado todos os pontos apresentados, a União Municipal dos Estudantes Secundaristas (UMES-SP) expressa por meio desta carta seu descontentamento com as mudanças executadas no modelo de ensino das escolas pertencentes ao Centro Paula Souza. Defendemos a permanência dos ETIMs e a ampliação curricular e maior contato tecnológico de seus discentes. Entendemos a necessidade de atualizações no currículo a fim de não o defasar, mas não acreditamos que as atuais dificuldades sejam vencidas através de um afastamento dos estudantes das unidades e diminuição dos conteúdos de formação.
Além de ser prejudicial que decisões de grande peso como tal sejam decididas sem um amplo debate entre toda a comunidade escolar envolvida. Com a implementação do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE-Paulista) nas instituições, diversas portas poderão se abrir para o desenvolvimento das mesmas, em especial na parte estrutural, mas somente com um molde de ensino que ofereça completa capacitação.
As Escolas Técnicas Estaduais são hoje um exemplo de educação pública e qualificação profissional, defendê-las é defender a educação e qualificação de qualidade em todo estado de São Paulo e o desenvolvimento de todo o Brasil, e para isso é preciso a continuidade das turmas ETIM.
São Paulo, 22 de janeiro de 2022
Grêmios estudantis e alunos representantes da UMES que apoiam essa carta:
Grêmio “Grupo Estudantil Atena”, ETEC Getúlio Vargas;
Grêmio “Grêmio Livre Antônio Fernandes (GLAF)”, ETEC Carlos de Campos;
Grêmio “Elo”, ETEC Albert Einstein;
Grêmio “Uma Voz”, ETEC José Rocha Mendes;
Grêmio “Fênix”, ETEC Irmã Agostina;
Grêmio “Onze de agosto”, ETEC Takashi Morita;
Grêmio “Vitória na Guerra”, ETEC Parque Belém;
Grêmio “Juventude Ativa”, ETEC de Artes;
Grêmio “Luz do Avanço”, ETEC Zona Leste;
Grêmio “Alpha”, ETEC Prof. Dra. Doroti Quiomi Kanashiro Toyohara;
Grêmio “Voz Ativa dos Estudantes”, ETEC Dra. Maria Augusta Saraiva;
Grêmio “Juscelino Kubitschek de Oliveira”, ETEC Juscelino Kubitschek de Oliveira;
Conjunto de Representantes de Turma, ETEC Martin Luther King;
Lucas Bernardes Conceição da Silva, ETEC de São Paulo;
Larissa Ferreira da Silva, ETEC Carolina Carinhato Sampaio;
Edson da Silva dos Santos, ETEC Prof. Camargo Aranha;
Wesley Diego Silva, ETEC Prof. Adhemar Batista Heméritas;
Victor dos Santos Lopes, ETEC Tereza Aparecida C. N. de Oliveira;
Ana Beatriz Moreira da Silva, ETEC Santa Ifigênia;
Wesley Carlos Soares, ETEC Perus – Gildo Marçal Bezerra Brandão;
Jaqueline de Sousa Bonfim, ETEC Prof. Basilides de Godoy;
Ingrid Leite Ferreira, ETEC Parque da Juventude;
Gabriel Gonçalves de Oliveira Santos, ETEC Prof. Horácio Augusto da Silveira;
Maria Julia Martins Ferrari, ETEC Guaracy Silveira;
Mauro de Azevedo Junior, ETEC de Vila Formosa;
Danielly de Gois Santos, ETEC Abdias do Nascimento;
Matheus Andriani Pereira, ETEC de Itaquera;
Mayara Bego Novaes, ETEC de Tiquatira;
Ana Carolina Louro Domingues, ETEC CEPAM (Centro de Estudos e Pesquisas de Administração Municipal);
Pedro Henrique da Silva Santos, ETEC Jardim Ângela;
Amanda Gabryella Castro Barbosa, ETEC de Cidade Tiradentes;
Lívia Kolekoski de Souza, ETEC de Heliópolis;
Jaiane Oliveira Farias, ETEC Mandaqui;
Auan Fabiano Cardoso dos Santos, ETEC Jaraguá.
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