Unidade em defesa da educação, do país e contra o escola sem partido
A UMES realizou ontem, 06 de dezembro, em seu Cine-Teatro Denoy de Oliveira um ato para debater o projeto “Escola sem partido”. Projeto de lei que está em análise por comissão especial na Câmara dos Deputados.
Com o teatro cheio de estudantes de todas as regiões da cidade, os debatedores frisaram diversas ameaças presentes no projeto.
“Resolvemos puxar esse ato porque sabemos o que vamos enfrentar. Bolsonaro foi eleito e a principal área que ele atacar nesse momento é a educação. É por aí que ele começa a fazer o seu desgoverno nos próximos anos. Por isso nossa tarefa central é nos unirmos em torno dessa pauta, derrotar o escola sem partido que não representa somente o silenciamento dos professores. Eles não querem os estudantes e a sociedade organizados. Eles querem que nós acreditemos que a terra é plana! Querem anular a ciência e negar a história.” disse Lucas Chen dando inicio ao debate.
Entre os convidados, estavam presentes César Callegari – Presidente do Instituto Brasileiro de Sociologia Aplicada – IBSA e ex-membro do Conselho Nacional de Educação, o Vereador Eliseu Gabriel – PSB, Professor João Chaves – Coordenador do Fórum das Seis e Presidente da Associação dos Docentes da UNESP, Professor Wagner Romão – Presidente da Associação dos Docentes da Unicamp, Professor Renato de Menezes Quintino – Vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Centro Paula Souza – SINTEPS, a Professora Mariana Moura – Cientistas Engajados, o Professor Ricardo Ishiyama Martins – Membro do Conselho de Representantes dos Conselhos de Escolas – CRECE, Laís Souza – Presidente da União Paulista dos Estudantes Secundaristas – UPES e Karina Sampaio – Membro da Confederação das Mulheres do Brasil – CMB.
Em sua fala, César Callegari ressaltou a importância de se criar uma unidade em defesa da educação, do país e da democracia: “Não vamos permitir qualquer tipo de isolacionismo! É isso que eles querem. Não vamos ficar recuados. Nesse momento é nossa grande responsabilidade criarmos um campo de união, um campo de unidade. O Brasil já experimentou isso em outro momento da história e deu certo.” Callegari ainda lembrou que o Conselho Nacional de Educação aprovou na surdina a Base Nacional Comum Curricular, desprezando todo o debate sobre o assunto: “Precisamos agir para revogar essa decisão que é muito grave e vai contra os interesses da juventude, da população e, portanto, contra os interesses do Brasil.”
O Vereador Eliseu Gabriel alertou os participantes sobre a possível votação de um projeto semelhante ao do escola sem partido em São Paulo e sobre a armadilha do nome do projeto: “todo mundo é contra que a escola tenha um partido. Eu sou contra! O que precisamos é desmascarar a mentira que é esse nome. O projeto quer tirar a autonomia do professor e jogar o estudante contra ele.”
Para João Chaves, o projeto representa o rebaixamento da escola pública, barrando o aprendizado de matérias como história e filosofia, com claro interesse de cercear o pensamento crítico. E essa luta “vai precisar da força que os estudantes secundaristas demonstraram durante as ocupações, pois a dobradinha BolsoDória elegeu como principal alvo dos seus ataques a educação.”. Além disso, o professor também alertou sobre a tática que esse campo tem usado quando não tem seus projetos aprovados: “eles vêm comendo pelas beiradas. Aprovando uma coisinha aqui, outra ali, como tem feito em todo o processo de tentativa de destruição do serviço público brasileiro.”
“Esse projeto é uma bobagem conservadora. Quem o defende não conhece a escola pública e quer impor apenas sua ideologia. Na realidade, nossas escolas estão completamente precarizadas, faltam professores, a infraestrutura está sucateada. Quem defende esse projeto, vive uma ilusão. Por isso precisamos começar o ano que vem com uma agenda de manifestações por todo o estado contra esse projeto.”. Afirmou Laís Souza.
“Os CRECE’s foram criados na luta comunitária ainda na ditadura, e hoje estou aqui porque não aceitamos esse projeto. Esse projeto é inconstitucional, autoritário e persegue os professores. Passou da hora de nos unirmos e conversarmos de família em família, de casa em casa”, disse Ricardo Ishiayama, ressaltando a importância de trazer toda a comunidade e familiares para a luta contra o projeto, tal como afirmou Karina Sampaio: “eles dizem que esse projeto defende a família. Somos nós que mais defendemos a família, somos nós que vamos pra rua defender salário igual por trabalho igual para as mulheres, que lutamos por mais creches. Então que família é essa que eles defendem? O que eles querem é um povo calado e sem pensamento crítico, uma escola de partido único, o partido deles. Então vocês podem contar com a Confederação em portas de escolas. Vamos conversar com toda a família, vamos demonstrar pra todos que grande enganação é esse projeto.”.
Renato Quintino frisou que o escola sem partido é um pedaço de um projeto maior desmonte do ensino que começou no ano passado com a reforma do ensino médio: “Existem grandes interesses por trás desses projetos. Precisamos entender quais são eles. É para que esse tipo de debate e que esse tipo de questionamento não seja feito. Existe também o interesse financeiro por trás de tudo. A Kroton, a Estácio, todas elas têm interesse na aprovação do EaD no ensino básico. Além disso, quando eu reduzo o tempo de permanência dos alunos dentro da escola eu reduzo os custos, eu não preciso dar merenda. Viram como as lutas se ligam?”, questionou fazendo referência à luta por merenda nas ETEC’s em 2016.
Após a fala dos convidados, os participantes também falaram. Todos com o mesmo sentido, reforçando a importância de se construir uma unidade com toda a sociedade contra esse projeto.
“Precisamos iniciar 2019 com uma grande manifestação, tal como a gente fez no dia 16 de agosto, com os grêmios e comitês bem organizados. E dessa vez mais do que somente o estudante na rua, vamos precisar contar com professores, mulheres, sindicatos e com cada um que tiver interesse de estar no nosso lado. A educação é o que faz o Brasil ir para frente, é por meio dela que vamos construir a base de uma sociedade melhor e do projeto de nação que a gente quer. Vamos para cima!” disse Lucas Chen finalizando evento.
Veja aqui mais fotos do evento.
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