Vereador Fernando Holiday abusa da autoridade e vai as escolas assediar docentes em defesa do projeto “Escola Sem Partido”
O vereador Fernando Holiday anunciou na segunda-feira, 3, em sua página no Facebook, que está fazendo visitas surpresas e ilegais a escolas municipais de São Paulo, para verificar se está acontecendo algum tipo de “doutrinação ideológica” dentro das salas de aula.
Em uma das publicações no Facebook, o vereador dizia ter visitado duas escolas na zona sul de São Paulo e pediu ainda denúncias sobre as unidades. “Se seu filho, filha, neto ou neta estuda em uma escola que não é exemplo, onde os professores abusam da autoridade em sala de aula, onde a direção não faz o seu trabalho devidamente, não deixe de denunciar. Eu vou chegar de forma surpresa para que todos saibam que tipo de escola é aquela”.
O que Holiday está fazendo exatamente é usar o cargo dele para um comportamento ilícito, abusando da autoridade e do poder, assediando os docentes e funcionários das escolas, impondo o que tem ou não que ser feito no ensino público municipal, a atitude dele é grave.
O Deputado Estadual Carlos Giannazi, membro-titular da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, se manifestou em relação ao assunto e falou que o mandato de vereador não dá a Holiday prerrogativa para entrar em escolas e fazer inspeção dos conteúdos lecionados. Ele conta que recebeu diversas denúncias dos professores de que o vereador tentou entrar em salas de aula. “Ele não é supervisor de ensino, ele não tem formação para isso. O máximo que ele pode fazer é fiscalizar a estrutura física (da escola). Ele deveria se ocupar em denunciar o desmantelamento das salas de informática e brinquedotecas que o Doria está fechando.”
Até mesmo a Secretaria Municipal de Educação do governo Doria, da qual Holiday apoia, não concordou com a ação dele na segunda. Alexandre Schneider, secretário de educação do município, criticou a ação do vereador em ir às escolas. Para Schneider, Holiday “exacerbou suas funções e não pode usar de seu mandato para intimidar professores”. “Fui surpreendido por um vídeo em que Holiday contava que estava percorrendo as unidades da rede pública e pedindo que pais denunciassem casos de doutrinação. A escola, como qualquer organização social, pública ou privada, não é nem nunca será um espaço neutro. A escola pública, laica, plural, não deve ser espaço de proselitismo de qualquer espécie, é o que diz a Lei de Diretrizes e Bases, a LDB”, defendeu o secretário.
Para Caio Guilherme, presidente da UMES, Holiday com esses atos, intimida todo o corpo estudantil e reprime o ensino livre de cada estudante dentro da escola e que “ele (Holiday) aplica o discurso do medo pra cima dos docentes, funcionários e estudantes dentro das escolas, impondo o PL da “Escola Sem Partido”, fazendo que não se tenha pensamento crítico, social e político dentro das escolas, para assim transformar a escola apática, sem opinião e sem formar o cidadão orgânico para contribuir com a sociedade. Não podemos deixar que ele, sem formação e sem experiência nenhuma na educação, faça esse tipo de abordagem ilegal nas escolas. O espaço escolar é lúdico e essencial na fomentação do pensamento crítico e nós estaremos acompanhando e fazendo as denúncias quando o vereador fizer esse abuso e assédio nas escolas”.
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