Zé Celso vive em seu legado e sua luta pela cultura brasileira
É com pesar que recebemos a triste notícia da partida do ícone do teatro brasileiro, Zé Celso.
Em suas redes sociais o Teatro Oficina Uzyna Uzona confirmou a morte de Zé Celso com a citação: “Tudo é tempo e contra-tempo! E o tempo é eterno. Eu sou uma forma vitoriosa do tempo. Nossa fênix acaba de partir para a morada do sol”.
Ao longo de sua vida, Zé Celso deu uma contribuição inestimável para a cultura brasileira. Fundador do Teatro Oficina, em 1961, tornou-se referência para gerações de artistas em todo o país.
Em plena ditadura, levou aos palcos do Oficina “Galileu Galilei” de Bertolt Brecht.
Em 1966, a sede do teatro foi destruída por um incêndio. A instalação foi reconstruída com grande mobilização popular e a produção de grandes espetáculos pelo grupo de teatro. Hoje o prédio, que foi projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi, é tombado e patrimônio da capital paulista.
No final da década de 1968, Zé Celso levou ao Rio de Janeiro sua primeira peça fora do Teatro Oficina. Ele dirigiu o histórico espetáculo Roda Viva, de Chico Buarque. Durante a exibição do espetáculo em São Paulo, o Comando de Caça aos Comunistas – CCC, milícia privada que colabora com a ditadura, invade o Teatro Ruth Escobar, destruindo o cenário, camarins e agredindo atores, entre eles, Marília Pêra.
Zé Celso foi preso pela ditadura em 1974. Ele foi encapuzado e levado ao Departamento de Ordem Política e Social (Dops), na capital paulista, onde foi torturado e confinado em uma solitária por quase um mês. Exilado, o grupo Oficina seguiu então para Portugal.
O exílio durou aproximadamente cinco anos e o grupo trabalhou com teatro e cinema em Lisboa, Moçambique, Paris e Londres. Em 1979, após a anistia, Zé Celso e demais artistas voltaram ao país reformulando o grupo e voltando a atuar no Teatro Oficina.
Essas são apenas algumas das suas imensas contribuições à arte e ao nosso país.
No nosso Bixiga, Zé Celso foi além da arte e seu nome é símbolo da resistência. Foi o maior defensor da construção do Parque do Bixiga, no terreno ao lado do Teatro Oficina, onde o bilionário Silvio Santos pretende, há 50 anos, construir duas torres de mais de 100 metros para residências de alto padrão, favorecendo a especulação e ampliando ainda mais a desigualdade no centro de São Paulo.
Mais do que nunca se faz necessária a mobilização pelo Parque do Bixiga, em homenagem a Zé Celso e pelo povo da nossa cidade.
Zé Celso vive em seu legado e sua luta pela cultura brasileira!
UNIÃO MUNICIPAL DOS ESTUDANTES
SECUNDARISTAS DE SÃO PAULO – UMES
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