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Michel Temer, parlamentares, governador e ministros na lista de propina da Odebrecht

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Padilha era o operador de Temer, vulgo MT, afirma Cláudio Melo Filho, diretor de propinas da Odebrecht

 

E a delação apenas começou. É apenas 1 de 77

 

O espantoso no depoimento de Cláudio Melo Filho, diretor de “relações institucionais” (ou seja, diretor de propinas a governantes e parlamentares) da Odebrecht S.A., é que se trata apenas de um entre 77 depoentes – e de apenas uma das empresas do Grupo Odebrecht. Como diz o próprio Melo Filho, “cada uma das empresas do grupo Odebrecht possuía seu próprio diretor de relações institucionais, com total autonomia de atuação e agenda própria” (cf. Cláudio Filho, Anexo pessoal, p. 4).

Segundo Melo Filho, havia departamentos de propinas, com ação em Brasília (isto é, fora Estados e municípios), nas seguintes empresas do Grupo Odebrecht:

 

1 – Odebrecht Agroindustrial.

2 – Enseada do Paraguaçú.

3 – Odebrecht Ambiental.

4 – Odebrecht S.A.

5 – Braskem.

6 – Odebrecht Internacional.

7 – Odebrecht Properties.

8 – Odebrecht Defesa e Tecnologia.

9 – Odebrecht Infraestrutura Brasil.

 

Pela mostra do setor de propinas (perdão, “operações estruturadas”) da Odebrecht S.A., a exceção, no Congresso e no governo, passou a ser quem não tenha sido subornado.

A lista de Melo Filho é um espelho desse governo, desse Congresso – e dos partidos que disputam o papel de achacadores do povo em troca do dinheiro de monopólios privados e cartéis, estrangeiros ou internos. Depois do “acordão” em que a maioria do STF, nas palavras de um jurista, tomou a decisão “mais indigna” da história da instituição – para conservar um dos mercenários da Odebrecht, o sr. Renan Calheiros, na presidência do Senado – pode-se dizer que o atual estado de coisas no Brasil chegou ao limite do insuportável, até porque inviável. Não há outra solução que não seja devolver a soberania ao povo, convocando eleições diretas para lavar essa estrebaria em que alguns ladrões tornaram as instituições.

 

14-12-16 Renan

Renan, que embolsou R$ 6 milhões, era chamado de Justiça

 

Só na lista de Melo Filho, depois de 75 nomes citados, ainda sobraram 15 que não foram, ainda, identificados: quem serão os recebedores da Odebrecht que, em suas planilhas, aparecem com os cognomes de “Sogra”, “Rezador”, “Regime”, “Rádio”, “Ovo”, “Narigudo”, “Miúdo”, “Menor”, “Adventista”, “Bezerro”, “Castanha”, “Contador”, “Corrida”, “Ferrovia” e “Lutador”? Melo Filho não conseguiu dizer quem são, pois pertencem à lista do outro diretor da Odebrecht S.A., José Filho.

 

REPÚBLICA

 

Na lista de Melo Filho está o atual presidente, Michel Temer; um ministro da Fazenda e da Casa Civil nos governos Lula e Dilma, Antônio Palocci (PT/SP); o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB/AL); o atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (Dem/RJ) e três de seus antecessores, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), Marco Maia (PT/RS) e Henrique Eduardo Alves (PMDB/RN).

Estão, na lista, também, três ministros da intimidade de Temer: Eliseu Padilha (PMDB/RS), Moreira Franco (PMDB/RJ) e o recém defenestrado Geddel Vieira Lima (PMDB/BA).

Está o candidato a presidente pelo PSDB nas últimas eleições, Aécio Neves; um ex-ministro da Defesa de Dilma e ex-governador da Bahia, Jaques Wagner (PT/BA); o líder do governo (e de todos os governos), Romero Jucá (PMDB/RO); o também líder do governo Dilma, Delcídio Amaral; o ministro de Dilma e Temer, e ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab; a ministra favorita de Dilma, Kátia Abreu; e até um assessor pessoal da ex-presidenta, Anderson Dornelles.

Também não deixa de ser impressionante, apesar de já conhecida e repisada, a facilidade com que certos elementos, detentores de mandatos ou de cargos de confiança, se oferecem para receber suborno.

Por exemplo, a senadora Kátia Abreu, que pediu suborno pelo telefone – depois de combiná-lo com outro setor do grupo Odebrecht (v. matéria na página quatro).

 

TEMER

 

Jamais se viu tanta gente inocente em Brasília, quanto depois da divulgação do depoimento de Cláudio Melo Filho.

No entanto, o depoimento é, em todos os trechos, acompanhado de provas materiais que são irretorquíveis. Este é o motivo que fez Temer não desmentir que realmente houve um jantar no Palácio do Jaburu, no qual solicitou dinheiro a Marcelo Odebrecht. Apenas, diz Temer, “as doações feitas pela Construtora Odebrecht ao PMDB foram todas por transferência bancária e declaradas ao TSE”.

Evidentemente, depois que o PT tornou moda a lavagem de propinas através de doações oficiais, isso não significa nada, muito menos um atestado de honestidade. A nota de Temer é suspeitamente breve: há um cuidado óbvio em não falar o que pode ser provado falso.

 

14-12-16 LJ1 - Cópia

 

Vejamos o relato do executivo da Odebrecht:

“… participei de um jantar no palácio do Jaburu juntamente com Marcelo Odebrecht, Michel Temer e Eliseu Padilha. Michel Temer solicitou, direta e pessoalmente para Marcelo, apoio financeiro para as campanhas do PMDB no ano de 2014. O jantar ocorreu possivelmente no dia 28 de maio de 2014, para o qual fui no carro da empresa (Toyota Corolla cinza – Placas dos carros da empresa: JIZ 0228, PAZ 4158 e PAZ 4159). Há chamada telefônica destinada ao celular de Eliseu Padilha, às 20 h 16 min no dia de realização do jantar.

“Chegamos no Palácio do Jaburu e fomos recebidos por Eliseu Padilha. (…) No jantar, Marcelo Odebrecht definiu que seria feito pagamento no valor de R$ 10.000.000,00. Inclusive, houve troca de e-mails nos quais Marcelo se referiu à ajuda definida no jantar, fazendo referência a Temer como ‘MT’ “.

Sobre o relacionamento do atual ocupante do Alvorada com a Odebrecht, Melo Filho exemplifica: “foi o caso de uma viagem institucional que seria realizada por Michel Temer a Portugal, país em que a Odebrecht tem atuação. Entreguei nota a Michel Temer sobre a atuação da companhia em Portugal.

“Do total de R$ 10 milhões prometido por Marcelo Odebrecht em atendimento ao pedido de Michel Temer, Eliseu Padilha ficou responsável por receber e alocar R$ 4.000.000,00. (…) Na parte que me foi designada, pedi a José Filho que mantivesse contatos com Eliseu Padilha para alinhamento da forma de pagamento. Além disso, mantive contatos telefônicos com Eliseu Padilha para tratar do assunto.

“Segundo me foi informado por Eliseu Padilha, sei que parte do pagamento foi destinada ao ex-deputado Eduardo Cunha.

“… apurei que um dos pagamentos entre 10 de agosto e o final de setembro de 2014 na Rua Capitão Francisco, 90, Jardim Europa, sede do escritório de Advocacia José Yunes e Associados. José Yunes hoje é assessor especial da Presidência da República” (cf. dep. cit. pp. 52-54).

Trata-se, aqui, do presidente oficial do país – e de seus amigos. Porém, há mais, nesta e na página seguinte.

 

Fonte: Carlos Lopes da Hora do Povo

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