Ato contra o fechamento das escolas no Palácio dos Bandeirantes

Foto: APEOESP

 

Milhares de estudantes e professores marcharam nesta terça (10), do estádio do Morumbi até o Palácio dos Bandeirantes, na zona sul, contra o fechamento de escolas anunciado pelo governo do Estado há algumas semanas. “Se a escola for fechar, nós vamos ocupar”, cantavam os estudantes e os professores durante a manifestação.

 

A atividade teve início após duas escolas serem ocupadas pelos estudantes, a E. E. Fernão Dias, em São Paulo, ocupada na manhã de terça, e a E. E. Diadema, em Diadema, ocupada na segunda-feira.

 

Durante o ato a presidente da APEOESP, Maria Izabel Noronha (Bebel), afirmou que os professores seguem “em um movimento muito representativo que tende a continuar forte” disse Bebel, “não vamos aceitar o fechamento de nenhuma escola”. “Nós continuamos pedindo uma reunião com o secretário estadual da Educação (Herman Voorwald) para mostrar que é possível reduzir o número de alunos nas salas e aumentar a qualidade”. Ela também denunciou que a proposta não foi discutida com a sociedade, e o mesmo se repete com o Plano Estadual de Educação. Para ela o esforço do governo deve ser no sentido de reduzir o número de alunos por sala.

 

Manifestantes denunciam Cunha durante atividade (Foto APEOESP)

 

Para Kauê, presidente da UMES, durante sua intervenção na manifestação, o fechamento de escolas é um absurdo, e vem no sentido de aprofundar os cortes contra os direitos do povo. “Os estudantes são contra o fechamento de escolas, porque quem fecha uma escola abre uma prisão”. Para a liderança estudantil o momento exige um esforço dos governos para garantir o funcionamento das escolas. “Estamos enfrentando uma recessão no país. Ano que vem milhares de estudantes vão migrar das escolas privadas para as públicas. Desse jeito, se fechar escolas, quantos alunos vamos ter por sala? 50, 60, 70? É inaceitável… hoje com 40 alunos por sala, que é a realidade de muitas escolas de São Paulo, como a escola Fernão Dias, ocupada pelos estudantes, a aula fica muito difícil, é muita gente, e normalmente não cabe nem mesmo as cadeiras e mesas para todos os alunos”.

 

Para a professora Solange Loureiro, que leciona matemática na Escola Estadual Ruy Rodriguez, em Campinas, “a previsão é que pelo menos 20 mil colegas professores sejam afetados com o fechamento das escolas. E ainda não temos nenhuma garantia que essa proposta possa melhorar a qualidade da educação. Se esse é o objetivo do governo, eles deveriam investir nas escolas, melhorar a infraestrutura e disponibilizar laboratórios”.

 

Para a APEOESP essa proposta levará a demissão de muitos professores, como foi visto em 1994, durante uma medida similar do então governador Mário Covas, e os remanescentes sofrerão com a redução de salário decorrente da redução de jornada. De acordo com a entidade serão fechadas mais que 94 escolas.

 

No próximo dia 14, durante a reunião de pais e mestres, estudantes e professores, apoiados pelas suas entidades, realizarão uma vigília na porta das 94 escolas que serão fechadas. A ideia é discutir com os pais e alertar que na verdade essa “reorganização” é para gastar menos dinheiro com a educação.

 

“O governo Alckmin diz que é uma medida para melhorar nossas escolas. Mas como fechar escolas vai reduzir a superlotação de salas? Se há tanta sala ociosa como eles dizem, porque a maioria das salas de nossas escolas têm mais de 40 alunos?”, disse Kauê.

 

Apenas este ano o governo do estado fechou mais de 3.390 salas, em sua maioria no período noturno.

 

A próxima atividade geral convocada pela APEOSP será realizada no MASP, na Avenida Paulista, no dia 27 de novembro, a partir das 14 horas.

 

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