6-7-16 Kroton

Alunos da Estácio e OAB entram com medidas judiciais contra fusão com multinacional Kroton

6-7-16 Kroton

 

A fusão entre a Estácio e a Kroton Educacional coloca em curso o maior passo para a monopolização e desnacionalização do ensino superior privado no país

 

Uma ação civil pública contra a Estácio foi protocolada nesta segunda-feira (4), pela Federação Nacional dos Alunos e Ex-Alunos de Direito da Universidade Estácio de Sá, após a empresa divulgar que será negociada com a Kroton.

 

A ação, protocolada no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, busca a explicação da Estácio sobre os assuntos relacionados à fusão. Segundo o advogado dos estudantes, Victor Travancas, os alunos ficaram sabendo da venda pela imprensa e, desde então, a empresa não fez nenhum comunicado direcionado aos estudantes.

 

“Temos insistentemente tentado falar com o diretor presidente da Estácio e ele não responde, se nega a nos receber. São os alunos que pagam a mensalidade, eles não podem ficar reféns da Estácio diante dessas mudanças”, afirmou Travancas.

 

O advogado conta que, especialmente para os alunos do Rio de Janeiro, a falta de um comunicado da Estácio é angustiante. “Muitos alunos da universidade Gama Filho, que fechou, foram transferidos para a Estácio pelo Ministério da Educação. Um dia os alunos chegaram para estudar e não tinha mais Gama Filho”.

 

A Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro (OAB-RJ) entrou com uma medida no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) contra o interesse da Kroton em adquirir a Estácio, em meados de junho. A Ordem alega que a operação trará concentração econômica ilegal ao mercado, de mais de 30%, diante de um limite estabelecido pelo Cade de 20%.

 

Fonte: Hora do Povo

 

1-7-16 Plebiscito1

Vem pra rua com a UMES por novas eleições!

1-7-16 Plebiscito1

 

A campanha por novas eleições organizada pelos secundaristas de São Paulo atingiu essa semana mais de 10 mil assinaturas. “Esse plebiscito é uma saída pra de fato acabar com a crise que o país está vivendo, crise dirigida agora pelo Temer, um governo de continuidade da política da Dilma”, comentou Caio Guilherme, presidente da UMES, sobre o abaixo-assinado em defesa do Plebiscito por novas eleições, que completou hoje sua quarta semana.

 

“O plebiscito é uma alternativa pra permitir que o povo escolha os rumos do país”, afirmou ao ponderar que tanto o retorno de Dilma quanto a permanência de Temer não são alternativas para o Brasil. “Por isso queremos novas eleições”, completou.

 

Quer coletar assinaturas com a UMES? Não perca tempo, fique por dentro da nossa agenda

Contato: (11) 3289-7477 – umes@umes.org.br

Ou nos faça uma visita: Rua Rui Barbosa, 323, Bela Vista ou na sede mais próxima

 

 

PLEBISCITO J NOVO

 

Ao explicar como tem funcionado o abaixo-assinado, Caio disse está foi a forma que os estudantes encontraram para levar a discussão para as ruas e escolas. “Esse abaixo-assinado é a forma que encontramos para colocar a campanha pelo plebiscito na rua, pra mobilizar os estudantes por novas eleições. Hoje muitas forças políticas estão se integrando a esse movimento, muitos sindicatos, centrais sindicais. No congresso essa posição por novas eleições está cada vez mais forte. Essa semana o senador Requião fez um pronunciamento onde basicamente disse que sem novas eleições a ‘vaca vai pro brejo’, porque percebeu que esse é o sentimento do povo e o melhor para o país”.

 

8-6-16 Plebiscito UMES

 

“O plebiscito é também uma forma de dizer que não queremos cortes em nossos direitos, não queremos crise… nossas escolas estão completamente sucateadas, professoresmal remunerados, e não temos merenda, mas a discussão do governo é cortar ainda mais da educação limitando e reduzindo o orçamento. Estamos com mais de 11 milhões de desempregados, o quilo do feijão está mais caro que a carne, parece que não temos governo. E qual é a alternativa apontada pelo Temer? É continuar na crise, porém colocando o seu peso nas costas da juventude e dos trabalhadores… agora ele quer acabar com a Previdência e cortar ainda mais os nossos direitos”.

 

O abaixo-assinado tem como finalidade declarar apoio ao Projeto de Decreto Legislativo 16, de 2016, em tramitação no Senado, que visa a convocação de um plebiscito para a realização de nova eleição presidencial. A campanha será realizada até o dia 9 de julho, porém há possibilidade de ser prorrogada.

 

1-7-16 Plebiscito

 

“Para vencer a crise que açoita o país é fundamental e urgente a aprovação do Projeto de Decreto Legislativo 16, de 2016, em tramitação no Senado visando a convocação de plebiscito para a realização de nova eleição para presidente e vice-presidente da República”, afirma o abaixo-assinado.

 

6-7-16 O Jardim dos Finzi-Contini

Participe da sessão de “O Jardim dos Finzi-Contini”, de Vittorio De Sica, na Mostra Permanente de Cinema Italiano da UMES

6-7-16 O Jardim dos Finzi-Contini

 

Na próxima segunda (11), a Mostra Permanente de Cinema Italiano apresenta o filme “O Jardim dos Finzi-Contini”, de Vittorio De Sica (1970). Aproveite, só na UMES você confere o melhor do cinema com entrada franca!

 

A sessão será iniciada às 19 horas no Cine-Teatro Denoy de Oliveira, na Rua Rui Barbosa, 323, Bela Vista. Chame sua família e seus amigos, participe!

 

Confirme sua presença!

  

O JARDIM DOS FINZI-CONTINI, de Vittorio de Sica  (1970), ITALIA, 95 min.

 

SINOPSE

Itália, 1938. Na cidade de Ferrara, os Finzi-Contini, uma família rica e aristocrática de italianos judeus, desfrutam de um magnífico jardim, circundado por um muro que demarca seus domínios, enquanto evitam encarar a metódica escalada de medidas baixadas pelo regime fascista contra a população judaica. A ilusão de que o controle sobre a situação poderia ser mantido termina numa tragédia.
“O Jardim dos Finzi-Contini” é baseado no romance homônimo de Giorgio Bassani e foi premiado com o Davi de Donatello (1971), o Urso de Ouro (Berlim, 1971) e o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro (1972).

 

DIRETOR: Vittorio De Sica (1901-1974)

Diretor, ator, escritor e produtor, Vittorio De Sica nasceu em Sora, mas cresceu em Nápoles e começou a trabalhar cedo como auxiliar de escritório, para sustentar a família. Sua paixão pelo teatro levou-o aos palcos. Ao final da década de 20, ele fazia sucesso como ator. Em 1933, montou sua própria companhia.De Sica voltou-se para o cinema em 1940. Ao amadurecer, tornou-se um dos fundadores do neorrealismo, emplacando uma sequência de quatro clássicos que figuram em todas as antologias: “Vítimas da Tormenta” (1946), “Ladrões de Bicicletas” (1948), “Milagre em Milão” (1950), “Humberto D” (1951) – os dois primeiros realizados em parceria com o escritor Cesare Zavattini, outro papa do movimento. Também dirigiu “O Juízo Universal” (1961), “La Rifa” (1962, episódio de “Decameron 70”), “Ontem, Hoje, Amanhã” (1963), “O Ouro de Nápoles” (1964), “Matrimônio à Italiana” (1964), “Girassóis da Rússia” (1970), “Jardim dos Finzi-Contini” (1970), “Amargo Despertar” (1973).

 

ARGUMENTO ORIGINAL: Giorgio Bassani (1916-2000)
Bassani nasceu em Bolonha. Em 1939, foi professor numa escola judaica de Ferrara. Seu primeiro livro, “A Cidade da Planície”, foi publicado em 1940 sob o pseudônimo de Giacomo Marchi, para fugir das leis raciais. Sua atividade na resistência antifascista levou-o à prisão, em maio de 1943. Também escreveu “Pobres Amantes e Outros Versos” (1944), “Passeggiata Prima di Cena” (1953), “Cinco Histórias de Ferrara” (1956), “O Jardim dos Finzi-Contini” (1962), “Atrás da Porta” (1964), “L’Odore del Fieno” (1972). Como diretor editorial da Feltrinelli, foi o responsável pela publicação póstuma, em 1958, do romance “O Leopardo”, de Giuseppe Tomasi di Lampedusa.
Bassani contribuiu com suas histórias para a realização de 15 filmes, entre os quais “I Vinti” (Michelangelo Antonioni, 1953), “La Romana” (Luigi Zampa, 1954), “La Lunga Notte del ’43” (Florestano Vancini, 1960), “O Jardim dos Finzi-Contini” (Vittorio De Sica, 1970). Foi vice-presidente da TV pública italiana RAI.
O roteiro contou com a participação de Cesare Zavattini e Valerio Zurlini.

 

MÚSICA ORIGINAL: Manuel De Sica (1949-2014)
O compositor romano Manuel De Sica é filho de Vittorio De Sica e da atriz Maria Mercader. Estudou teoria musical e composição na Accademia Nazionale di Santa Cecilia. Compôs mais de 100 trilhas para cinema e séries de televisão, entre as quais “O Jardim dos Finzi Contini” e “Amargo Despertar” (Vittorio De Sica, 1970 e 1973). “Folies Bourgeoises” (Claude Chabrol, 1976), “Caro Papá” e “Sono Fotogenico” (Dino Risi, 1979 e 1980), “Soldati – All’Alba 365” (Marco Risi, 1987), “Buona Giornata” (Carlo Vanzina, 2012).

 

 

Para maiores informações entre em contato pelo telefone (11) 3289-7475 ou pelo Facebook. O Cine-Teatro Denoy de Oliveira fica na Rua Rui Barbosa 323, Bela Vista (Sede Central da UMES)

 

Confira nossa programação!

 

4-7-16 junina GV

Semana cultural do grêmio da GV encerra primeiro semestre

4-7-16 junina GV

 

Durante a semana passada os estudantes da ETEC Getúlio Vargas realizaram a Semana Cultural do grêmio para agitar a escola durante a última semana de aula. “A semana cultural foi uma iniciativa do grêmio pra gente conseguir levar atividades na última semana de aula, que normalmente não tem mais nada. A nossa ideia era permitir que a galera conseguisse frequentar a escola mas com coisas interessantes pra fazer, com atividades recreativas, culturais e políticas”, explicou Lucas Chen, presidente do grêmio e Diretor de Escolas Técnicas da UMES.

 

As atividades da semana Cultural da GV foram realizadas durante toda a semana. “Na segunda a gente fez uma espécie de gincana, com sala de jogos e diversas brincadeiras como caça ao tesouro e organizamos a abertura da quadra para prática de esportes. Na terça realizamos uma feira de profissões, voltada aos estudantes do terceiro ano que já estão se formando e entrando no mercado de trabalho, nessa atividade participaram diversas faculdades e palestrantes”, disse Lucas ao detalhar que a feira de profissões era dirigida a discussão do futuro profissional dos estudantes.

 

4-7-16 GV1

 

Na quarta os estudantes organizaram workshops e palestras principalmente voltados à discussão de temas como a educação, movimento negro, mulheres e muitos outros.

 

Durante a semana cultural ainda foram realizadas apresentações de capoeira, com a galera da Capoeira na UMES, batalha de Rap, oficinas de literatura de cordel, show de talentos, teatro e um workshop de grafite. O encerramento, na sexta, foi realizado com uma festa junina com muita música e comidas típicas para resgatar a cultura popular, disse Lucas.

Para o presidente do grêmio a participação dos estudantes foi muito boa. Ele também agradeceu a direção da escola que apoiou a realização da atividade.

 

4-7-16 GV

 

Enquanto as atividades da semana cultural estavam acontecendo, alguns membros do grêmio e estudantes organizaram também a coleta de assinaturas em defesa de novas eleições, coletando centenas de apoios no sentido de antecipar as eleições presidenciais para este ano.

 

Segundo semestre

 

“Nós, Grêmio Dois de Junho iremos no segundo semestre continuar com propostas de luta. Buscando mais direitos para os estudantes, como temos feito com a luta para que os representantes possam falar durante o conselho de classe”. Para ele, será um semestre importante no que diz respeito às discussões sobre o despatrimoniamento dos equipamentos quebrados, ou mesmo sobre inclusão da história da GV na sala-museu.

 

4-7-16 Apeoesp

Governo de SP corta consignação da APEOESP

4-7-16 Apeoesp

Assembleia da Apeoesp dia 29 de Abril no MASP

 

Maria Izabel Azevedo Noronha*

 

De forma arbitrária, alegando supostas razões técnicas, o Governo do Estado de São Paulo, por meio da São Paulo Previdência e Secretaria da Fazenda, suspendeu o desconto em folha das mensalidades dos aposentados associados à APEOESP e ameaça no prazo de 30 dias suspender também os descontos das mensalidades dos associados da ativa, além de multar nossa entidade em R$ 270.000,00.

 

Por isso, apelamos neste momento aos nossos associados que são aposentados para que paguem a mensalidade por meio de boletos bancários que estão sendo enviados para suas residências.

 

Denunciamos de forma veemente este ataque do Governo do PSDB ao nosso sindicato, uma tentativa de inviabilizar o funcionamento de uma entidade que luta cotidianamente em defesa dos professores e das professoras e por uma escola pública de qualidade, confrontando medidas e projetos deste Governo que prejudicam os profissionais da educação, as comunidades escolares e a população. Estamos recorrendo dessas medidas do Governo do Estado e iremos às últimas instâncias judiciais para defender nossos direitos.

 

A APEOESP é o maior sindicato do país e um dos maiores do mundo, construído pelos professores para representar a categoria, defender seus interesses e lutar por educação pública de qualidade para todos e todas.

 

Nosso sindicato não depende do imposto sindical. Ele é sustentado pela contribuição voluntária de cada professor e de cada professora, da ativa e aposentados(as). Por isso, mantemos independência em relação ao Estado, aos partidos políticos, às igrejas e toda e qualquer organização alheia ao nosso movimento. Assim, organizamos as lutas da nossa categoria buscando a participação de todos e todas, nas escolas, nas atividades organizadas pelas subsedes, nas assembleias, conferências, congressos e todas as demais instâncias que deliberam sobre nossas lutas e campanhas.

 

Na luta para defender os direitos e reivindicações da nossa categoria, a APEOESP negocia, mobiliza, utiliza os recursos judiciais disponíveis, mas não hesita em liderar greves e paralisações sempre que necessário. Isto incomoda governos autoritários, que não prezam a democracia e não cumprem com sua obrigação de dialogar com os professores e professoras e com as comunidades escolares.

 

Não vão nos calar!

 

Com assédio moral, repressão e intransigência sucessivos governos tentam calar a APEOESP. Mas nossa entidade não se enverga, não se intimida, não se ajoelha. Assim ocorreu na histórica greve de 92 dias que realizamos em 2015 por melhores salários e condições de trabalho, quando o Governo Estadual cortou o pagamento dos salários para asfixiar o movimento. Fomos ao Supremo Tribunal Federal e obrigamos o Estado a pagar os dias parados. O Governo utilizou-se também de processos judiciais e ameaças de multas no valor de R$ 100.000,00 diários para impedir que utilizássemos formas de pressão como ocupação de rodovias e avenidas. Proibiu judicialmente até mesmo que entrássemos nas escolas durante a greve.

 

Na luta contra a “reorganização” da rede estadual de ensino, em 2015, o Governo Estadual ingressou com dezenas de ações judiciais em todo o estado de São Paulo para forçar a desocupação de mais de 200 escolas nas quais o movimento unitário de professores, estudantes, pais e movimentos sociais resistia ao projeto do Governo. Para tanto, ameaçava a APEOESP novamente com multas diárias de R$ 100.000,00 por escola ocupada. Não cedemos. Recorremos das multas, mantivemos nossa participação no movimento e, juntamente com os demais segmentos, derrotamos o Governo. Em 12/12/2015 a justiça suspendeu a reorganização.

 

Em defesa da liberdade de organização sindical

 

Convocamos nossa categoria, o movimento sindical e a sociedade civil organizada a se manifestarem contra esse ataque ao direito de organização sindical, que hoje atinge a APEOESP, mas poderá amanhã atingir outras entidades. Por isso, vamos criar alternativas para que todos os professores associados que o queiram fazer possam realizar seus pagamentos de mensalidades diretamente ao sindicato.

 

De nossa parte, denunciaremos esta agressão em todos os fóruns e organizações a que tivermos acesso, nacionais e internacionais, bem como a todos os meios de comunicação possíveis. Ameaças, truculência e tentativas de inviabilizar financeiramente nossa entidade não vão nos calar. A APEOESP continuará sua luta, sempre. Juntos, unidos, solidários, organizados nós, professores e sociedade, somos muito fortes.

 

*É presidente da APEOESP

 

29-5-16 Umberto D

Venha assistir o filme “Umberto D”, de Vittorio de Sica, na Mostra Permanente de Cinema Italiano

29-5-16 Umberto D

 

Na próxima segunda (4), a Mostra Permanente de Cinema Italiano apresenta o filme “Umberto D”, de Vittorio de Sica (1952). Com entrada franca, a sessão será iniciada às 19 horas no Cine-Teatro Denoy de Oliveira, na Rua Rui Barbosa, 323, na Bela Vista. Chame sua família e seus amigos e participe!

 

UMBERTO D, de Vittorio de Sica (1952), ITALIA, 91 min.

 

SINOPSE

Anos 50, Roma. Umberto Domenico Ferrari (Carlo Battisti), funcionário público aposentado, vive de aluguel num pequeno quarto junto com seu fiel companheiro Flik, um cachorro. Eventualmente ele conversa com Maria (Maria-Pia Casilio), jovem criada do prédio, grávida e solteira. Em dificuldades por conta de sua pequena pensão, Umberto recebe um ultimato da dona do quarto: ou paga o que deve ou será despejado.

 

O DIRETOR

Diretor, ator, escritor e produtor, Vittorio De Sica nasceu em Sora, mas cresceu em Nápoles e começou a trabalhar cedo como auxiliar de escritório, para sustentar a família. Sua paixão pelo teatro levou-o aos palcos. Ao final da década de 20, ele fazia sucesso como ator. Em 1933, montou sua própria companhia.De Sica voltou-se para o cinema em 1940. Ao amadurecer, tornou-se um dos fundadores do neorrealismo, emplacando uma sequência de quatro clássicos que figuram em todas as antologias: “Vítimas da Tormenta” (1946), “Ladrões de Bicicletas” (1948), “Milagre em Milão” (1950), “Humberto D” (1951) – os dois primeiros realizados em parceria com o escritor Cesare Zavattini, outro papa do movimento. Também dirigiu “O Juízo Universal” (1961), “La Rifa” (1962, episódio de “Decameron 70”), “Ontem, Hoje, Amanhã” (1963), “O Ouro de Nápoles” (1964), “Matrimônio à Italiana” (1964), “Girassóis da Rússia” (1970), “Jardim dos Finzi-Contini” (1970), “Amargo Despertar” (1973).

 

Para maiores informações entre em contato pelo telefone (11) 3289-7475 ou Facebook. O Cine-Teatro Denoy de Oliveira fica na Rua Rui Barbosa 323, Bela Vista (Sede Central da UMES)

 

Confira nossa programação!

 

22-6-16 Ladrões de Bicicleta

Ladrões de Bicicleta

22-6-16 Ladrões de Bicicleta

 

CAIO PLESSMMAN*

 

Visto hoje, quase 70 anos depois de seu lançamento, a força de Ladrões de Bicicleta não pode mais ser atribuída apenas à estética neorrealista, ou ao destaque no movimento revolucionário que levou de volta às ruas o poder cognitivo do cinema. Provavelmente é possível afirmar que a arte de Vittorio De Sica tem relação com o efeito de cumplicidade ampliada que alcançam os seus personagens que, em geral, são capazes de fazer com que o público, ele mesmo, experimente as curvas de expansão e retração dos mesmos em sua própria psique. 

 

São esquemas de forte identificação: no caso da criança (Bruno), De Sica faz ecoar sobre ela a sintonia natural do público como se fosse uma espécie de representação do íntimo de cada um nós. Todos fomos (e somos) a fragilidade da criança e conservamos, ao menos parcialmente, seus ideais errantes de bucólica ventura. Somado à ideia da bicicleta, símbolo de liberdade frugal, autonomia relativa, me parece temos o esquema que conquista a simpatia do público desde o início do filme.

 

Mas o envolvimento permanente e crescente que o filme gera, sua dinâmica interna evoluindo em atenção apreensiva durante toda a película transborda desse esquema. Na realidade ele alcança uma espécie de poética das coisas, uma rara habilidade de, a partir de narrativas concretas (a troca dos lençóis pela bicicleta, o roubo da bicicleta, o queijo elástico da fogaça, o pequeno paletó rasgado que se suja) e a rigor tudo o que se desdobra da miséria e corrupção que sobrou da Itália fascista, já no pós guerra, aguça, por comoção ou contraste, a sensibilidade do público que passa assim a partilhar os pontos de vista do autor através de seus personagens e suas situações.

 

 

Como se não fosse suficiente a força inusitada desse esquema, seus personagens parecem expressar um tipo de humildade ontológica, natural, como se dizia diante daquele craque de antigamente, no futebol, que “joga sem a bola”: suas situações, seus personagens, de tão reais, atuam como presenças de repercussão imaginária, e evidentemente isso é algo da magia perene do grande autor italiano.

 

Porém aqui nos deparamos com algo ainda mais intrigante e raro que é a convivência dessa humanização das pessoas, coisas e situações, com a dissolução delas mesmas: o público, o espectador, junto com os personagens, não consegue constatar, nem sequer, a verdade factual do crime que, no entanto, todos presenciam, ou seja, apesar de o público ver que ocorre o roubo da bicicleta, o mesmo público acompanha a incapacidade do pai do garoto encontrar seja o ladrão, seja a própria bicicleta roubada e, diante desse deserto em que se encerram todos os esforços, a virada final: no desespero de resolver sua situação, ele se lança ao roubo e, pego em flagrante, humilhado diante do filho, recebe a indulgência, a mesma que não conseguiu produzir. Invertem-se os papéis. Entra o todo da multidão, ladrões de bicicleta que voltam pra casa depois da difícil jornada.

 

A carestia, o desemprego, a criminalidade, a indiferença social, política, policial, a corrupção, tudo o que compõe o legado fascista parece ameaçar a contemporaneidade com a ideia amarga de que a verdade, ao menos a que repercute como tal na sociedade, depende de condições objetivas para existir. E ao contrário, as sugestões para o equívoco parecem ser uma decorrência natural dessa ampla crise social. O material que faltou para apurar o inquérito do roubo da bicicleta torna-se abundante na determinação do roubo de vidas de pessoas comuns, que protagonizam o filme sem estarem necessariamente à frente da cena e precisam de muito pouco para viver espontaneamente, com liberdade e autonomia.

 

* É diretor de cinema

 

1-7-16 Marcus

Marcus Vinicius: anotações sobre o heroísmo cultural

1-7-16 Marcus

Maestro e arranjador Marcus Vinicius de Andrade, de camiseta preta a direita, com atores da da peça “Os Azeredo Mais Os Benevides”, de Oduvaldo Viana Filho, acompanhado da direotria da UMES

 

Em julho de 1945, Graciliano Ramos publicou um pequeno artigo, O fator econômico no romance brasileiro. Até ler o que Marcus Vinicius escreveu sobre o seu trabalho (na composição da trilha da peça “Os Azeredo mais Os Benevides”), não nos tinha ocorrido estender as considerações de Graciliano à outras formas de arte, além da literatura

CARLOS LOPES*

 

Ninguém é ser humano se não é atingido, de vez em quando, pela beleza.

Um dia, ouvi minha filha cantando: “Como ser amigo de quem nega/ Quem arrenega a luta, que entrega/ Tudo que falou já não diz mais/ Como ser amigo de quem trai?”.

O leitor não pode ter uma ideia do que se passou, porque os jornais ainda não são dotados de trilha sonora. Só posso transcrever a letra, não a música.

Perguntei o que era aquilo e pedi que cantasse tudo:

“Se um pede e ninguém lhe dá a mão/ Se um passa fome e outro não/ Se a ajuda para no tostão/ Onde tá a amizade, então?/ Amizade não vem lá do céu/ Ela se constrói no chão// Amigo é quem tá com a gente/ Pra mudar o mundo sempre/ Na lida pra virar a vida/ Eterno mutirão// Como ser amigo de quem nega/ Quem arrenega a luta, que entrega/ Tudo que falou já não diz mais/ Como ser amigo de quem trai?”

Era o tema musical que encerrava a peça de Oduvaldo Vianna Filho, “Os Azeredo Mais Os Benevides”, composta pelo maestro Marcus Vinicius de Andrade.

Naturalmente, conheço Marcus Vinicius – e estive no lançamento do CD, com os temas musicais da peça, em dezembro do ano passado (v. HP 18/12/2015). Mas isso foi mais de um ano depois.

Não vou explicar porque levei sete meses para publicar um texto sobre o CD de Marcus Vinicius – mas que o CD “Os Azeredo + Os Benevides – 50 anos depois do golpe de 64” me parece ainda mais importante hoje, é verdade. Explico, então, a urgência de agora: comecemos por outra experiência transcendental, ocorrida muito tempo depois da peça e do lançamento do CD.

 LONGO RETORNO

 Há poucos domingos, voltando de viagem, no Aeroporto de Guarulhos, cada vez mais desconfortável após a privatização, entrei em um daqueles ônibus que levam ao centro de São Paulo.

Alguns minutos depois, o motorista escolheu o programa que devíamos assistir na televisão de bordo (bordo?!): era, que o diabo seja misericordioso, o programa do Faustão.

Não assisto muita TV, muito menos o programa do cavalheiro a quem a Globo entregou os seus domingos. Talvez por isso, lembrei da época, sob a ditadura, em que alguns iluminados descobriram, copiando um acadêmico francês que aportou por aqui – a luz desse tipo de iluminado sempre reflete alguma porcaria de fora – que o Chacrinha era um gênio.

Como quase todo mundo mais ou menos normal, sempre achei ridícula a elevação do velho Abelardo Barbosa ao Olimpo cultural. Tinha gente – perguntem ao Gilberto Gil – que achava o Chacrinha mais importante que Machado de Assis. Era muito ridículo. Mais ridículo que os ingleses de Alexandre Herculano (“Dois ingleses ridículos são incontestavelmente as duas coisas mais ridículas deste mundo”, escreveu o célebre português em “De Jersey a Granville”, um dos textos de “Lendas e Narrativas”, livro de 1851; Camilo Castelo Branco, que, além de português e escritor, era um machista impenitente, em “A Senhora Ratazzi”, de 1880, completou: “Uma inglesa ridícula equivale a dois ingleses ridículos”. Mas deixemos de lusas divagações. Voltemos ao Chacrinha).

Apesar dessa nossa fé, leitores, diante do sr. Fausto Silva não temos como deixar de constatar que o Chacrinha era mesmo um gênio, talvez mesmo um deus – é possível que fosse o próprio Zeus. Pelo menos não lembro (e nunca ouvi falar) que o sr. Barbosa tivesse dito algo semelhante a “o que faltou no Brasil foi uma Operação Lava Jato desde que Cabral chegou aqui”, como se não tivéssemos construído, durante cinco séculos, um país – e como se a avacalhação a que o PSDB e o PT, com apoio dos patrões do sr. Faustão, submeteram a propriedade pública e o dinheiro público, fosse a norma em toda a nossa História.

Mas isso vai aqui apenas como exemplo do que o povo tem de suportar nas tardes – e noites – de domingo. Embora, o leitor deve saber disso melhor que nós. Pior foi o que veio depois.

Apareceu um suposto cantor chamado Luan (ou será Luam?). Não conhecia o cantante. Mas não estou me gabando da minha ignorância. Já ouvira o nome. O que eu não conhecia era algum exemplar de seu excepcional repertório – em suma, jamais tinha escutado o cidadão cantar. Os leitores talvez o conheçam, pois, de acordo com o que foi dito pelo apresentador, ele já fez mais shows que o Roberto Carlos – e, se continuar na batida, vai, em breve, superá-lo também em número de discos (aliás, CDs).

O que não quer dizer nada. Exceto que a TV e as gravadoras – pelo menos algumas – pioraram muito. Porque, meus amigos, para chegar a ser uma nulidade musical, o cantor em foco teria que melhorar muito… Diz um amigo que o sujeito nem sempre foi assim, que já foi melhor, mas o fato é que, no momento, é assim.

Então, concluí que o Chacrinha era mesmo um gênio.

Não pelas razões supostamente epistemológicas (?!) que alguns papagueavam há 40 anos. Mas, em seu programa, podia-se ouvir (e ver, evidentemente), além de Roberto e Erasmo Carlos – e da Wanderléa -, as magníficas Ângela Maria (“Babalúúúúú…”), Dalva de Oliveira (“Quem sabe na volta/ Te encontre no mesmo lugar…”), Dircinha Batista (“Sei que o futuro é um segredo/ Que ninguém pode adivinhar…”), para não falar na rainha do Botafogo – Emilinha Borba – ou na sua rival, Marlene, ou na amiga de infância de meu pai, lá no Rio Grande do Norte, a rainha do chorinho, a fenomenal Ademilde Fonseca.

Ou, também, os grandes Orlando Silva (“Lábios que eu beijei/ Mãos que afaguei…”) e Nélson Gonçalves (“Boemia, aqui me tens de regresso/ E suplicante te peço/ A minha nova inscrição…”) – e até, de vez em quando, aparecia Anísio Silva (“Mais uma luz se apaga/ Mais um sonho que chega ao fim…”), além do Cauby Peixoto e da transcendental Elizeth Cardoso, sem contar, até, uma cantora mais afinada com a Zona Sul do Rio, Dóris Monteiro (“Mudando de conversa onde foi que ficou/ Aquela velha amizade…”).

Pois é, leitores, o Chacrinha não era um gênio epistemológico (??), mas, pelo menos, não empurrava lixo nos ouvidos – e na casa – dos telespectadores. É verdade que atirava bacalhau na cabeça do pessoal do auditório – cortesia das Casas da Banha que ninguém desprezava – e que, algumas vezes, também por lá aparecia o Orlando Dias (“Tu és a criatura mais linda que os meus olhos já viram/ Tu tens a boca mais linda que a minha boca beijou…”), sempre possuído por alguma coisa que o fazia se ajoelhar e acenar com um lenço branco. Mas todo mundo achava muito engraçado…

SEM LUZ

 As coisas apodreceram, e muito, na TV. A Globo já era ruim na época do Chacrinha – mas hoje é muito pior. O que é bastante interessante, quando se ouvem as queixas do PT em relação à Globo.

Afinal, foi o presidente Lula quem, nos idos de abril de 2008, após o parecer favorável do então ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, renovou as concessões da Globo por 15 anos – sem nenhuma discussão com qualquer setor, nem com o PT.

Hoje, alguns petistas tentam colocar a culpa no Congresso, que não anulou o ato do presidente (eram necessários 2/5 do parlamento para a anulação). Segundo esses teóricos, pela lei é impossível um governo não renovar automaticamente as concessões de uma empresa de TV ou rádio. Só o Congresso poderia fazer isso. Entretanto, além do fato de que – se isso fosse verdade – o governo Lula, antes de renovar as concessões da Globo, teve cinco anos para mudar ou tentar mudar a lei (e não fez nada disso), a Constituição é clara (“Art. 223. Compete ao Poder Executivo outorgar e renovar concessão, permissão e autorização para o serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens”).

Porém, meus amigos, todo esse introito é para dizer que o lixo televisivo nada tem a ver com o Brasil. Certamente, ele influencia – para o mal (e também para o mau) – o gosto de muitos brasileiros e brasileiras. Mas a questão é, exatamente, que isso é mau porque nada tem a ver com a Nação.

Voltemos, então, ao CD do Marcus Vinicius.

 NOSSO SOL

 Diz o maestro, no texto que acompanha o CD:

“Por duas vezes na minha vida, tive a honrosa e difícil missão de dar continuidade a trabalhos musicais iniciados pelo grande e estimado Edu Lobo. A primeira vez foi em 1980, portanto há 35 anos, quando substituí Edu na direção musical, arranjos e criação da música de cena para a peça Calabar (Chico Buarque e Ruy Guerra), que havia ficado seis anos interditada pela (com licença da má palavra) censura.

“A segunda foi agora em 2014, com a música deste Os Azeredo Mais Os Benevides, e mais uma vez por causa da maldita censura. Só que, desta feita, não falo só da censura sobre a arte: falo do golpe militar de 1964, que censurou o país inteiro, censurou o povo, censurou suas lutas, censurou minha juventude e os sonhos de uma geração que esperava inaugurar o Teatro da UNE exatamente com esta peça de Vianinha, para a qual Edu Lobo (com 21 anos incompletos) havia composto apertas o tema inicial, Chegança, que depois se tornaria referência na música brasileira. O teatro e a UNE foram incendiados pelos golpistas na própria madrugada de 1° de abril e a peça ficaria ausente dos palcos profissionais até o corrente ano de 2014. Ao que se sabe, Edu não chegou a compor nenhum outro tema para Os Azeredo… e, cinquenta anos depois, o locutor que vos fala foi chamado para completar o que faltava, tendo de colocar música não mais numa peça de teatro, mas no próprio sonho interrompido de uma geração.”

Mais adiante, o artista se revela em sua grandeza – e já veremos o que quero dizer, pois não fica bem puxar o saco dos amigos (e muito menos o dos inimigos):

“Observei que, com sua aguda percepção sobre o tema da amizade, o texto de Vianinha não só retratava os acontecimentos fundamentais da vida das comunidades rurais (a chegada e a fixação na terra, a construção das casas, o nascimento dos filhos, o compadrio, o plantio e a colheita, a morte, etc., temas clássicos da Antropologia, por sinal), como que fazia também uma síntese da história econômica da sociedade brasileira das primeiras décadas do séc. XX, abordando as heranças do patriarcalismo agrário, a implantação das práticas pré-capitalistas no campo, a crise da produção e do emprego e, por fim, a submissão ao ‘moderno’ capitalismo propriamente dito, que chega trazendo o fermento da rebelião e da morte. Partindo desses assuntos, concebi uma música calcada inicialmente em melodias de caráter nordestino (rojões, baiões, cirandas, etc.) que vão se tornando menos regionais e mais universais à medida em que os conflitos sociais vão se agudizando na peça. Da mesma forma, se inicialmente a música é cantada/vivida pelos personagens do enredo, à medida em que a conscientização dos conflitos emerge, as canções passam a ser entoadas pelos próprios atores – ao final já em sintonia com a plateia na busca de respostas para as perguntas que ficam: “Como ser amigo de quem arrenega a luta/ Como ser amigo de quem trai? Indagações mais que essenciais nos dias de hoje – e que cabe ao povo brasileiro responder, caso queira ser protagonista e não mero coadjuvante de sua história.”

A ARTE

 Tomemos a terceira faixa do CD, “Confiança no patrão” (a letra: “Ah, é muita confiança/ Patrão assim dá muita segurança/ Quando existe autoridade de verdade/ A gente esquece até felicidade!/ Quando existe autoridade de verdade/ A gente esquece até felicidade!”).

A entrada do acordeom, após a primeira vez em que a letra é cantada, é um comentário crítico, sublinhando a ilusão expressa pela letra. Mas isso acontece sem nada de explícito – o acordeom não emite um réquiem ou grita; no entanto, a insegurança é destacada contra o conteúdo da letra, isto é, da ilusão.

Na faixa seguinte, “Uma bela amizade”, essa espécie de contraponto ideológico, em que a música (nesse caso, o acordeom inicial é quase soturno, depois o violão que sucede o canto, depois, novamente, o acordeom) sublinha a precariedade da ilusão, é ainda mais desenvolvido (a letra: “Uma bela amizade/ Aqui logo começou/ Um doutor lá da cidade/ E um camponês, ai, meu amor/ Um doutor lá da cidade/ E um camponês, ai, meu amor”).

Compare-se com a décima-sexta faixa, “Amizade dominada” (“Uma bela amizade/ Aqui continuou/ Um doutor lá da cidade/ E um camponês, ai, meu amor/ Um doutor lá da cidade/ E um camponês, ai, meu amor”), cantada pela mulher do camponês que se submeteu ao mandante do assassinato de seu filho, a música agora abertamente triste, destacando o desespero – mas um desespero em volume baixo.

Qualquer leitor que entenda um pouco de música, entenderá também que eu não entendo nada – exceto no plano mais elementar possível, aquele que permite separar um CD do sr. Luan do CD de Marcus Vinicius. Na verdade, não sei distinguir o som de um “violão de oito cordas” do som de um “violão dinâmico”. Seria bom se todos fossem como o velho Bernard Shaw, que, segundo Thomas Mann, “quando, em 1885, William Archer viu pela primeira vez o jovem dublinense, recém-chegado a Londres, na biblioteca do Museu Britânico, encontrou-o ocupado com duas obras que vinha estudando alternadamente durante várias semanas. EramO Capital, de Marx, e a partitura de Tristão e Isolda, de Wagner” (Thomas Mann, “Bernard Shaw: Um ensaio” in “O escritor e sua missão”, trad. de Kristina Michahelles, Zahar, 2011).

Bem, leitores, deixamos a vocês, então, a avaliação – e a fruição – do CD de Marcus Vinicius com os temas de Os Azeredo Mais Os Benevides. Não retiraremos o vosso prazer com mais considerações específicas. Porém, nem por isso deixaremos de fazer mais algumas considerações gerais.

 FATORES

 Em julho de 1945, Graciliano Ramos publicou um pequeno artigo, O fator econômico no romance brasileiro. Até ler o que Marcus Vinicius escreveu sobre o seu trabalho, não nos tinha ocorrido estender as considerações de Graciliano à outras formas de arte, além da literatura.

Diz o autor de “Vidas Secas”:

“A leitura dos romances brasileiros, até dos melhores, quase sempre nos dá a impressão de que os nossos escritores não conseguem fazer senão trabalhos incompletos. Sem nos deixarmos vencer pelo pessimismo que nos leva a olhar com desconfiança a obra de arte nacional, pessimismo às vezes interrompido bruscamente por acessos de exaltação ingênua, meio infantil, devemos reconhecer que nos trabalhos de ficção brasileiros falta alguma coisa”.

Porém, continua ele, “a mania indígena de se comparar o literato cá da terra a um figurão estrangeiro, hábito inocente e antigo, sempre em moda, é apenas um meio de fazer crítica e não deve ser tomada a sério”.

Apesar disso, “faltava-nos (…) e ainda hoje nos falta, a observação cuidadosa dos fatos que devem contribuir para a formação da obra de arte. (…) Parece-nos que novelistas mais ou menos reputados julgaram certos estudos indignos de atenção e imaginaram poder livrar-se deles. Assim, abandonaram a outras profissões tudo quanto se refere à economia. Em consequência disso, fizeram uma construção de cima para baixo, ocuparam-se de questões sociais e questões políticas, sem notar que elas dependiam de outras mais profundas, que não podiam deixar de ser examinadas”.

É interessante como esse retrato dos escritores brasileiros daquela época – Graciliano frisa duas exceções: José Lins do Rego e Jorge Amado – se parece com esses velhos rapazes e velhas moças do meio artístico que, como no poema de Baudelaire, parecem viver em algum “Eldorado banal”, aderindo ao “volta Dilma” (se tivessem aderido ao “fica Temer”, seria a mesma coisa), sem saber do que estão falando.

Na História do Brasil houve pouquíssimos governos tão reacionários, tão direitistas, tão subservientes às matrizes imperialistas (melhor seria dizer: à matriz imperialista) quanto o governo Dilma, do qual o governo Temer, do ponto de vista político, econômico, ideológico, moral, e, inclusive, administrativo, é uma continuação.

Isso é óbvio, inclusive, para a maioria das pessoas do povo brasileiro, ainda que a clareza a esse respeito varie de indivíduo para indivíduo.

Porém, boa parte dos artistas parece não tê-lo percebido. Como diz Graciliano, “ocupados com a política, de ordinário esquecem a produção, desdenham o número, são inimigos de estatísticas”.

Procurando os motivos de tal alienação, Graciliano observa que “são exatamente cuidados excessivos de ordem econômica que lhes tiram o gosto de observar os fatos relativos à produção”.

Mas o que é, a rigor, a preocupação com a economia, com o mundo da produção?

“Para sermos completamente humanos, necessitamos estudar as coisas nacionais, estudá-las de baixo para cima. Não podemos tratar convenientemente das relações sociais e políticas, se esquecemos a estrutura econômica da região que desejamos apresentar”.

E conclui ele: “Acho que o artista deve procurar dizer a verdade” (Graciliano Ramos, “O fator econômico no romance brasileiro” in “Linhas Tortas”, 13ª edição, Record, 1986, pp. 253-259).

 POR FIM

Há algo de heroico na atitude de Graciliano Ramos, ao não se conformar com a situação de uma cultura nacional que ignora a própria nação – pois é isto o que constitui o fator econômico: a produção dos meios de vida do povo dessa nação. Não existe outra cultura que não seja cultura nacional. Sem base econômica, ela torna-se a sua negação. Quem nega a cultura nacional, nega não somente a Nação, mas a própria cultura.

É neste sentido que o heroísmo cultural é imprescindível. O CD de Marcus Vinicius é uma obra heroica. E não chamarei o autor de herói cultural porque ele não vai gostar. Além do que, qual a novidade nisso?

 

*É editor chefe do jornal Hora do Povo

 

29-6-16 EJA

Entre 2006 e 2014 Ensino de Jovens e Adultos perdeu 3,2 milhões de matrículas

29-6-16 EJA

 

O número de alunos matriculados na Educação de Jovens e Adultos tem caído drasticamente nos últimos anos. De acordo com o Censo Escolar da Educação Básica de 2014, se comparado com com as matrículas de 2006, houve uma redução de 3,2 milhões de matrículas na modalidade. “Essa queda mostra uma regressão. Vai na contramão dos direitos educativos já consolidados na nossa legislação”, afirma Maria Clara Di Pierro, professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em educação de adultos a Época.

 

 “A EJA é uma ferramenta preciosa para o desenvolvimento de qualquer país”, especialmente o Brasil que tem cerca de 13 milhões de analfabetos. Dados do IBGE de 2014 estimam que o número represente 8,7% da população acima de 15 anos, porém quando o critério é o analfabetismo funcional, os índices são ainda piores: 27% dos brasileiros (cerca de 40 milhões) não compreendem o que leem.

 

Di Pierro afirma que “falta atitude convocatória do poder público. Mobilizar adultos para estudar é difícil em vários países. Nessa etapa da vida, a educação vai competir com outras esferas prioritárias da vida: trabalho, família, atuação social e prática religiosa, por exemplo. Políticas de EJA demandam comunicação, convocação, mobilização, motivação, o que não acontece no Brasil – apesar de a Lei de Diretrizes e Bases dizer que o governo tem de fazer chamada pública. Com os meios de comunicação que temos hoje, isso poderia ser feito por mensagem de celular, rádio, televisão e internet. O governo, no entanto, apenas publica no Diário Oficial que as matrículas da EJA estão abertas. Obviamente, a repercussão é muito baixa”.

 

Ela também condena a falta de recursos. “Há inadequação da política pública, a começar pelo financiamento insuficiente. Apesar de a EJA estar incluída no Fundeb, ela tem o mais baixo fator de ponderação, ou seja, é a que menos recebe recursos do financiamento. Uma matrícula em EJA vale 80% do que vale a matrícula de um aluno na primeira fase do ensino fundamental urbano, que tem o maior fator de ponderação. Isso incentiva muito pouco o dirigente de ensino a investir nessa modalidade educacional, já que o adulto estudante custa a mesma coisa ou mais que uma criança ou um adolescente”.

 

Outro fator importante salientado é o padrão de colaboração intergovernamental inadequado, que impede as adaptações regionais necessárias. “Os municípios, por exemplo, quando assumem o compromisso de aderir ao Plano de Desenvolvimento da Educação [PDE, do governo federal], a única coisa com que se comprometem em relação à EJA é manter um programa de alfabetização de adultos. É pouco. Deveriam assumir o compromisso de lhes garantir educação básica e formação profissional”.

 

“O governo do Estado de São Paulo, por exemplo. Ele não faz nada para superar o analfabetismo desde 1996. Empurrou a responsabilidade para os municípios. É claro que municípios maiores, como Ribeirão Preto, Campinas e Santos, não precisam dessa ajuda do governo do Estado. Mas há municípios pequenos com índices de analfabetismo nordestinos. Falta uma indução mais efetiva dessa colaboração entre governos. Enfim, é preciso remunerar melhor e cobrar mais as atuações em EJA”.

 

Outra solução apontada por ela é o ajuste do EJA as necessidades de um público mais velho e maduro. “Eles têm dificuldade em compatibilizar trabalho e escola. Ainda mais onde se perde muito tempo com deslocamentos. Além disso, quais as ofertas de estudo disponíveis? Escolas somente noturnas, com carga horária rigorosa e currículo escolar. O currículo dialoga muito pouco com a cultura e com a necessidade de formação desse perfil de estudante. Enquanto alguém quer terminar os estudos para fazer um curso técnico, outro quer estudar para acompanhar melhor o desenvolvimento dos filhos na escola ou para ler a Bíblia. Um modelo de oferta de educação que reproduz a escola da criança e do adolescente não os atrai”.

 

“A importância da EJA vai além da lógica do mercado. Não é só para qualificar mão de obra para acelerar o desenvolvimento do país. É especialmente importante para a formação da cidadania. A educação estimula a participação efetiva das pessoas na vida política e cultural, incentiva a relação positiva entre as gerações. São os jovens e os adultos que votam e educam as crianças. A lógica de investir nas novas gerações e esperar os mais velhos morrerem é equivocada. Não é possível esperar as crianças crescerem para o país se desenvolver”.

 

29-6-16 Merenda

Verbas federais para merenda estão congeladas desde 2013

29-6-16 Merenda

 

A Confederação Nacional de Municípios (CNM) solicitou mais participação dos municípios em debate sobre a merenda escolar realizado nesta sexta-feira, dia 24. Segundo a CNM, os valores repassados pelo governo federal para o custeio da merenda estão congelados desde 2013. O valor transferido é de apenas R$1 por aluno/dia, gerando preocupação aos gestores de todo o Brasil.

 

De acordo com informe da CNM, se esse valor fosse reajustado pela inflação em maio deste ano, o repasse deveria ser de R$1,54 por aluno/dia. Ou seja, isso representa uma defasagem de 53,8% nesses quatro anos. Tal insuficiência nos repasses federais em relação ao alto custo do programa de alimentação escolar é decorrente da falta de atualização, ao menos pela inflação, da quantia repassada pela União. Sendo assim, o reajuste é dado pelo governo federal sem critérios predefinidos.

A educação infantil é considerada a etapa de aprendizagem escolar de maior custo para os gestores municipais.

 

A CNM ainda ressalta que o repasse fica muito aquém do que os municípios necessitam para a manutenção dos programas. Reivindicando diante disso, a mudança deste cenário, em audiências públicas na Câmara dos Deputados, no Senado Federal e junto à presidência do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE), a entidade tem sistematicamente reivindicado que seja revertida essa difícil situação vivenciada pelos municípios.

 

Fonte: Hora do Povo