1-7-16 Marcus

Marcus Vinicius: anotações sobre o heroísmo cultural

1-7-16 Marcus

Maestro e arranjador Marcus Vinicius de Andrade, de camiseta preta a direita, com atores da da peça “Os Azeredo Mais Os Benevides”, de Oduvaldo Viana Filho, acompanhado da direotria da UMES

 

Em julho de 1945, Graciliano Ramos publicou um pequeno artigo, O fator econômico no romance brasileiro. Até ler o que Marcus Vinicius escreveu sobre o seu trabalho (na composição da trilha da peça “Os Azeredo mais Os Benevides”), não nos tinha ocorrido estender as considerações de Graciliano à outras formas de arte, além da literatura

CARLOS LOPES*

 

Ninguém é ser humano se não é atingido, de vez em quando, pela beleza.

Um dia, ouvi minha filha cantando: “Como ser amigo de quem nega/ Quem arrenega a luta, que entrega/ Tudo que falou já não diz mais/ Como ser amigo de quem trai?”.

O leitor não pode ter uma ideia do que se passou, porque os jornais ainda não são dotados de trilha sonora. Só posso transcrever a letra, não a música.

Perguntei o que era aquilo e pedi que cantasse tudo:

“Se um pede e ninguém lhe dá a mão/ Se um passa fome e outro não/ Se a ajuda para no tostão/ Onde tá a amizade, então?/ Amizade não vem lá do céu/ Ela se constrói no chão// Amigo é quem tá com a gente/ Pra mudar o mundo sempre/ Na lida pra virar a vida/ Eterno mutirão// Como ser amigo de quem nega/ Quem arrenega a luta, que entrega/ Tudo que falou já não diz mais/ Como ser amigo de quem trai?”

Era o tema musical que encerrava a peça de Oduvaldo Vianna Filho, “Os Azeredo Mais Os Benevides”, composta pelo maestro Marcus Vinicius de Andrade.

Naturalmente, conheço Marcus Vinicius – e estive no lançamento do CD, com os temas musicais da peça, em dezembro do ano passado (v. HP 18/12/2015). Mas isso foi mais de um ano depois.

Não vou explicar porque levei sete meses para publicar um texto sobre o CD de Marcus Vinicius – mas que o CD “Os Azeredo + Os Benevides – 50 anos depois do golpe de 64” me parece ainda mais importante hoje, é verdade. Explico, então, a urgência de agora: comecemos por outra experiência transcendental, ocorrida muito tempo depois da peça e do lançamento do CD.

 LONGO RETORNO

 Há poucos domingos, voltando de viagem, no Aeroporto de Guarulhos, cada vez mais desconfortável após a privatização, entrei em um daqueles ônibus que levam ao centro de São Paulo.

Alguns minutos depois, o motorista escolheu o programa que devíamos assistir na televisão de bordo (bordo?!): era, que o diabo seja misericordioso, o programa do Faustão.

Não assisto muita TV, muito menos o programa do cavalheiro a quem a Globo entregou os seus domingos. Talvez por isso, lembrei da época, sob a ditadura, em que alguns iluminados descobriram, copiando um acadêmico francês que aportou por aqui – a luz desse tipo de iluminado sempre reflete alguma porcaria de fora – que o Chacrinha era um gênio.

Como quase todo mundo mais ou menos normal, sempre achei ridícula a elevação do velho Abelardo Barbosa ao Olimpo cultural. Tinha gente – perguntem ao Gilberto Gil – que achava o Chacrinha mais importante que Machado de Assis. Era muito ridículo. Mais ridículo que os ingleses de Alexandre Herculano (“Dois ingleses ridículos são incontestavelmente as duas coisas mais ridículas deste mundo”, escreveu o célebre português em “De Jersey a Granville”, um dos textos de “Lendas e Narrativas”, livro de 1851; Camilo Castelo Branco, que, além de português e escritor, era um machista impenitente, em “A Senhora Ratazzi”, de 1880, completou: “Uma inglesa ridícula equivale a dois ingleses ridículos”. Mas deixemos de lusas divagações. Voltemos ao Chacrinha).

Apesar dessa nossa fé, leitores, diante do sr. Fausto Silva não temos como deixar de constatar que o Chacrinha era mesmo um gênio, talvez mesmo um deus – é possível que fosse o próprio Zeus. Pelo menos não lembro (e nunca ouvi falar) que o sr. Barbosa tivesse dito algo semelhante a “o que faltou no Brasil foi uma Operação Lava Jato desde que Cabral chegou aqui”, como se não tivéssemos construído, durante cinco séculos, um país – e como se a avacalhação a que o PSDB e o PT, com apoio dos patrões do sr. Faustão, submeteram a propriedade pública e o dinheiro público, fosse a norma em toda a nossa História.

Mas isso vai aqui apenas como exemplo do que o povo tem de suportar nas tardes – e noites – de domingo. Embora, o leitor deve saber disso melhor que nós. Pior foi o que veio depois.

Apareceu um suposto cantor chamado Luan (ou será Luam?). Não conhecia o cantante. Mas não estou me gabando da minha ignorância. Já ouvira o nome. O que eu não conhecia era algum exemplar de seu excepcional repertório – em suma, jamais tinha escutado o cidadão cantar. Os leitores talvez o conheçam, pois, de acordo com o que foi dito pelo apresentador, ele já fez mais shows que o Roberto Carlos – e, se continuar na batida, vai, em breve, superá-lo também em número de discos (aliás, CDs).

O que não quer dizer nada. Exceto que a TV e as gravadoras – pelo menos algumas – pioraram muito. Porque, meus amigos, para chegar a ser uma nulidade musical, o cantor em foco teria que melhorar muito… Diz um amigo que o sujeito nem sempre foi assim, que já foi melhor, mas o fato é que, no momento, é assim.

Então, concluí que o Chacrinha era mesmo um gênio.

Não pelas razões supostamente epistemológicas (?!) que alguns papagueavam há 40 anos. Mas, em seu programa, podia-se ouvir (e ver, evidentemente), além de Roberto e Erasmo Carlos – e da Wanderléa -, as magníficas Ângela Maria (“Babalúúúúú…”), Dalva de Oliveira (“Quem sabe na volta/ Te encontre no mesmo lugar…”), Dircinha Batista (“Sei que o futuro é um segredo/ Que ninguém pode adivinhar…”), para não falar na rainha do Botafogo – Emilinha Borba – ou na sua rival, Marlene, ou na amiga de infância de meu pai, lá no Rio Grande do Norte, a rainha do chorinho, a fenomenal Ademilde Fonseca.

Ou, também, os grandes Orlando Silva (“Lábios que eu beijei/ Mãos que afaguei…”) e Nélson Gonçalves (“Boemia, aqui me tens de regresso/ E suplicante te peço/ A minha nova inscrição…”) – e até, de vez em quando, aparecia Anísio Silva (“Mais uma luz se apaga/ Mais um sonho que chega ao fim…”), além do Cauby Peixoto e da transcendental Elizeth Cardoso, sem contar, até, uma cantora mais afinada com a Zona Sul do Rio, Dóris Monteiro (“Mudando de conversa onde foi que ficou/ Aquela velha amizade…”).

Pois é, leitores, o Chacrinha não era um gênio epistemológico (??), mas, pelo menos, não empurrava lixo nos ouvidos – e na casa – dos telespectadores. É verdade que atirava bacalhau na cabeça do pessoal do auditório – cortesia das Casas da Banha que ninguém desprezava – e que, algumas vezes, também por lá aparecia o Orlando Dias (“Tu és a criatura mais linda que os meus olhos já viram/ Tu tens a boca mais linda que a minha boca beijou…”), sempre possuído por alguma coisa que o fazia se ajoelhar e acenar com um lenço branco. Mas todo mundo achava muito engraçado…

SEM LUZ

 As coisas apodreceram, e muito, na TV. A Globo já era ruim na época do Chacrinha – mas hoje é muito pior. O que é bastante interessante, quando se ouvem as queixas do PT em relação à Globo.

Afinal, foi o presidente Lula quem, nos idos de abril de 2008, após o parecer favorável do então ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, renovou as concessões da Globo por 15 anos – sem nenhuma discussão com qualquer setor, nem com o PT.

Hoje, alguns petistas tentam colocar a culpa no Congresso, que não anulou o ato do presidente (eram necessários 2/5 do parlamento para a anulação). Segundo esses teóricos, pela lei é impossível um governo não renovar automaticamente as concessões de uma empresa de TV ou rádio. Só o Congresso poderia fazer isso. Entretanto, além do fato de que – se isso fosse verdade – o governo Lula, antes de renovar as concessões da Globo, teve cinco anos para mudar ou tentar mudar a lei (e não fez nada disso), a Constituição é clara (“Art. 223. Compete ao Poder Executivo outorgar e renovar concessão, permissão e autorização para o serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens”).

Porém, meus amigos, todo esse introito é para dizer que o lixo televisivo nada tem a ver com o Brasil. Certamente, ele influencia – para o mal (e também para o mau) – o gosto de muitos brasileiros e brasileiras. Mas a questão é, exatamente, que isso é mau porque nada tem a ver com a Nação.

Voltemos, então, ao CD do Marcus Vinicius.

 NOSSO SOL

 Diz o maestro, no texto que acompanha o CD:

“Por duas vezes na minha vida, tive a honrosa e difícil missão de dar continuidade a trabalhos musicais iniciados pelo grande e estimado Edu Lobo. A primeira vez foi em 1980, portanto há 35 anos, quando substituí Edu na direção musical, arranjos e criação da música de cena para a peça Calabar (Chico Buarque e Ruy Guerra), que havia ficado seis anos interditada pela (com licença da má palavra) censura.

“A segunda foi agora em 2014, com a música deste Os Azeredo Mais Os Benevides, e mais uma vez por causa da maldita censura. Só que, desta feita, não falo só da censura sobre a arte: falo do golpe militar de 1964, que censurou o país inteiro, censurou o povo, censurou suas lutas, censurou minha juventude e os sonhos de uma geração que esperava inaugurar o Teatro da UNE exatamente com esta peça de Vianinha, para a qual Edu Lobo (com 21 anos incompletos) havia composto apertas o tema inicial, Chegança, que depois se tornaria referência na música brasileira. O teatro e a UNE foram incendiados pelos golpistas na própria madrugada de 1° de abril e a peça ficaria ausente dos palcos profissionais até o corrente ano de 2014. Ao que se sabe, Edu não chegou a compor nenhum outro tema para Os Azeredo… e, cinquenta anos depois, o locutor que vos fala foi chamado para completar o que faltava, tendo de colocar música não mais numa peça de teatro, mas no próprio sonho interrompido de uma geração.”

Mais adiante, o artista se revela em sua grandeza – e já veremos o que quero dizer, pois não fica bem puxar o saco dos amigos (e muito menos o dos inimigos):

“Observei que, com sua aguda percepção sobre o tema da amizade, o texto de Vianinha não só retratava os acontecimentos fundamentais da vida das comunidades rurais (a chegada e a fixação na terra, a construção das casas, o nascimento dos filhos, o compadrio, o plantio e a colheita, a morte, etc., temas clássicos da Antropologia, por sinal), como que fazia também uma síntese da história econômica da sociedade brasileira das primeiras décadas do séc. XX, abordando as heranças do patriarcalismo agrário, a implantação das práticas pré-capitalistas no campo, a crise da produção e do emprego e, por fim, a submissão ao ‘moderno’ capitalismo propriamente dito, que chega trazendo o fermento da rebelião e da morte. Partindo desses assuntos, concebi uma música calcada inicialmente em melodias de caráter nordestino (rojões, baiões, cirandas, etc.) que vão se tornando menos regionais e mais universais à medida em que os conflitos sociais vão se agudizando na peça. Da mesma forma, se inicialmente a música é cantada/vivida pelos personagens do enredo, à medida em que a conscientização dos conflitos emerge, as canções passam a ser entoadas pelos próprios atores – ao final já em sintonia com a plateia na busca de respostas para as perguntas que ficam: “Como ser amigo de quem arrenega a luta/ Como ser amigo de quem trai? Indagações mais que essenciais nos dias de hoje – e que cabe ao povo brasileiro responder, caso queira ser protagonista e não mero coadjuvante de sua história.”

A ARTE

 Tomemos a terceira faixa do CD, “Confiança no patrão” (a letra: “Ah, é muita confiança/ Patrão assim dá muita segurança/ Quando existe autoridade de verdade/ A gente esquece até felicidade!/ Quando existe autoridade de verdade/ A gente esquece até felicidade!”).

A entrada do acordeom, após a primeira vez em que a letra é cantada, é um comentário crítico, sublinhando a ilusão expressa pela letra. Mas isso acontece sem nada de explícito – o acordeom não emite um réquiem ou grita; no entanto, a insegurança é destacada contra o conteúdo da letra, isto é, da ilusão.

Na faixa seguinte, “Uma bela amizade”, essa espécie de contraponto ideológico, em que a música (nesse caso, o acordeom inicial é quase soturno, depois o violão que sucede o canto, depois, novamente, o acordeom) sublinha a precariedade da ilusão, é ainda mais desenvolvido (a letra: “Uma bela amizade/ Aqui logo começou/ Um doutor lá da cidade/ E um camponês, ai, meu amor/ Um doutor lá da cidade/ E um camponês, ai, meu amor”).

Compare-se com a décima-sexta faixa, “Amizade dominada” (“Uma bela amizade/ Aqui continuou/ Um doutor lá da cidade/ E um camponês, ai, meu amor/ Um doutor lá da cidade/ E um camponês, ai, meu amor”), cantada pela mulher do camponês que se submeteu ao mandante do assassinato de seu filho, a música agora abertamente triste, destacando o desespero – mas um desespero em volume baixo.

Qualquer leitor que entenda um pouco de música, entenderá também que eu não entendo nada – exceto no plano mais elementar possível, aquele que permite separar um CD do sr. Luan do CD de Marcus Vinicius. Na verdade, não sei distinguir o som de um “violão de oito cordas” do som de um “violão dinâmico”. Seria bom se todos fossem como o velho Bernard Shaw, que, segundo Thomas Mann, “quando, em 1885, William Archer viu pela primeira vez o jovem dublinense, recém-chegado a Londres, na biblioteca do Museu Britânico, encontrou-o ocupado com duas obras que vinha estudando alternadamente durante várias semanas. EramO Capital, de Marx, e a partitura de Tristão e Isolda, de Wagner” (Thomas Mann, “Bernard Shaw: Um ensaio” in “O escritor e sua missão”, trad. de Kristina Michahelles, Zahar, 2011).

Bem, leitores, deixamos a vocês, então, a avaliação – e a fruição – do CD de Marcus Vinicius com os temas de Os Azeredo Mais Os Benevides. Não retiraremos o vosso prazer com mais considerações específicas. Porém, nem por isso deixaremos de fazer mais algumas considerações gerais.

 FATORES

 Em julho de 1945, Graciliano Ramos publicou um pequeno artigo, O fator econômico no romance brasileiro. Até ler o que Marcus Vinicius escreveu sobre o seu trabalho, não nos tinha ocorrido estender as considerações de Graciliano à outras formas de arte, além da literatura.

Diz o autor de “Vidas Secas”:

“A leitura dos romances brasileiros, até dos melhores, quase sempre nos dá a impressão de que os nossos escritores não conseguem fazer senão trabalhos incompletos. Sem nos deixarmos vencer pelo pessimismo que nos leva a olhar com desconfiança a obra de arte nacional, pessimismo às vezes interrompido bruscamente por acessos de exaltação ingênua, meio infantil, devemos reconhecer que nos trabalhos de ficção brasileiros falta alguma coisa”.

Porém, continua ele, “a mania indígena de se comparar o literato cá da terra a um figurão estrangeiro, hábito inocente e antigo, sempre em moda, é apenas um meio de fazer crítica e não deve ser tomada a sério”.

Apesar disso, “faltava-nos (…) e ainda hoje nos falta, a observação cuidadosa dos fatos que devem contribuir para a formação da obra de arte. (…) Parece-nos que novelistas mais ou menos reputados julgaram certos estudos indignos de atenção e imaginaram poder livrar-se deles. Assim, abandonaram a outras profissões tudo quanto se refere à economia. Em consequência disso, fizeram uma construção de cima para baixo, ocuparam-se de questões sociais e questões políticas, sem notar que elas dependiam de outras mais profundas, que não podiam deixar de ser examinadas”.

É interessante como esse retrato dos escritores brasileiros daquela época – Graciliano frisa duas exceções: José Lins do Rego e Jorge Amado – se parece com esses velhos rapazes e velhas moças do meio artístico que, como no poema de Baudelaire, parecem viver em algum “Eldorado banal”, aderindo ao “volta Dilma” (se tivessem aderido ao “fica Temer”, seria a mesma coisa), sem saber do que estão falando.

Na História do Brasil houve pouquíssimos governos tão reacionários, tão direitistas, tão subservientes às matrizes imperialistas (melhor seria dizer: à matriz imperialista) quanto o governo Dilma, do qual o governo Temer, do ponto de vista político, econômico, ideológico, moral, e, inclusive, administrativo, é uma continuação.

Isso é óbvio, inclusive, para a maioria das pessoas do povo brasileiro, ainda que a clareza a esse respeito varie de indivíduo para indivíduo.

Porém, boa parte dos artistas parece não tê-lo percebido. Como diz Graciliano, “ocupados com a política, de ordinário esquecem a produção, desdenham o número, são inimigos de estatísticas”.

Procurando os motivos de tal alienação, Graciliano observa que “são exatamente cuidados excessivos de ordem econômica que lhes tiram o gosto de observar os fatos relativos à produção”.

Mas o que é, a rigor, a preocupação com a economia, com o mundo da produção?

“Para sermos completamente humanos, necessitamos estudar as coisas nacionais, estudá-las de baixo para cima. Não podemos tratar convenientemente das relações sociais e políticas, se esquecemos a estrutura econômica da região que desejamos apresentar”.

E conclui ele: “Acho que o artista deve procurar dizer a verdade” (Graciliano Ramos, “O fator econômico no romance brasileiro” in “Linhas Tortas”, 13ª edição, Record, 1986, pp. 253-259).

 POR FIM

Há algo de heroico na atitude de Graciliano Ramos, ao não se conformar com a situação de uma cultura nacional que ignora a própria nação – pois é isto o que constitui o fator econômico: a produção dos meios de vida do povo dessa nação. Não existe outra cultura que não seja cultura nacional. Sem base econômica, ela torna-se a sua negação. Quem nega a cultura nacional, nega não somente a Nação, mas a própria cultura.

É neste sentido que o heroísmo cultural é imprescindível. O CD de Marcus Vinicius é uma obra heroica. E não chamarei o autor de herói cultural porque ele não vai gostar. Além do que, qual a novidade nisso?

 

*É editor chefe do jornal Hora do Povo

 

29-6-16 EJA

Entre 2006 e 2014 Ensino de Jovens e Adultos perdeu 3,2 milhões de matrículas

29-6-16 EJA

 

O número de alunos matriculados na Educação de Jovens e Adultos tem caído drasticamente nos últimos anos. De acordo com o Censo Escolar da Educação Básica de 2014, se comparado com com as matrículas de 2006, houve uma redução de 3,2 milhões de matrículas na modalidade. “Essa queda mostra uma regressão. Vai na contramão dos direitos educativos já consolidados na nossa legislação”, afirma Maria Clara Di Pierro, professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em educação de adultos a Época.

 

 “A EJA é uma ferramenta preciosa para o desenvolvimento de qualquer país”, especialmente o Brasil que tem cerca de 13 milhões de analfabetos. Dados do IBGE de 2014 estimam que o número represente 8,7% da população acima de 15 anos, porém quando o critério é o analfabetismo funcional, os índices são ainda piores: 27% dos brasileiros (cerca de 40 milhões) não compreendem o que leem.

 

Di Pierro afirma que “falta atitude convocatória do poder público. Mobilizar adultos para estudar é difícil em vários países. Nessa etapa da vida, a educação vai competir com outras esferas prioritárias da vida: trabalho, família, atuação social e prática religiosa, por exemplo. Políticas de EJA demandam comunicação, convocação, mobilização, motivação, o que não acontece no Brasil – apesar de a Lei de Diretrizes e Bases dizer que o governo tem de fazer chamada pública. Com os meios de comunicação que temos hoje, isso poderia ser feito por mensagem de celular, rádio, televisão e internet. O governo, no entanto, apenas publica no Diário Oficial que as matrículas da EJA estão abertas. Obviamente, a repercussão é muito baixa”.

 

Ela também condena a falta de recursos. “Há inadequação da política pública, a começar pelo financiamento insuficiente. Apesar de a EJA estar incluída no Fundeb, ela tem o mais baixo fator de ponderação, ou seja, é a que menos recebe recursos do financiamento. Uma matrícula em EJA vale 80% do que vale a matrícula de um aluno na primeira fase do ensino fundamental urbano, que tem o maior fator de ponderação. Isso incentiva muito pouco o dirigente de ensino a investir nessa modalidade educacional, já que o adulto estudante custa a mesma coisa ou mais que uma criança ou um adolescente”.

 

Outro fator importante salientado é o padrão de colaboração intergovernamental inadequado, que impede as adaptações regionais necessárias. “Os municípios, por exemplo, quando assumem o compromisso de aderir ao Plano de Desenvolvimento da Educação [PDE, do governo federal], a única coisa com que se comprometem em relação à EJA é manter um programa de alfabetização de adultos. É pouco. Deveriam assumir o compromisso de lhes garantir educação básica e formação profissional”.

 

“O governo do Estado de São Paulo, por exemplo. Ele não faz nada para superar o analfabetismo desde 1996. Empurrou a responsabilidade para os municípios. É claro que municípios maiores, como Ribeirão Preto, Campinas e Santos, não precisam dessa ajuda do governo do Estado. Mas há municípios pequenos com índices de analfabetismo nordestinos. Falta uma indução mais efetiva dessa colaboração entre governos. Enfim, é preciso remunerar melhor e cobrar mais as atuações em EJA”.

 

Outra solução apontada por ela é o ajuste do EJA as necessidades de um público mais velho e maduro. “Eles têm dificuldade em compatibilizar trabalho e escola. Ainda mais onde se perde muito tempo com deslocamentos. Além disso, quais as ofertas de estudo disponíveis? Escolas somente noturnas, com carga horária rigorosa e currículo escolar. O currículo dialoga muito pouco com a cultura e com a necessidade de formação desse perfil de estudante. Enquanto alguém quer terminar os estudos para fazer um curso técnico, outro quer estudar para acompanhar melhor o desenvolvimento dos filhos na escola ou para ler a Bíblia. Um modelo de oferta de educação que reproduz a escola da criança e do adolescente não os atrai”.

 

“A importância da EJA vai além da lógica do mercado. Não é só para qualificar mão de obra para acelerar o desenvolvimento do país. É especialmente importante para a formação da cidadania. A educação estimula a participação efetiva das pessoas na vida política e cultural, incentiva a relação positiva entre as gerações. São os jovens e os adultos que votam e educam as crianças. A lógica de investir nas novas gerações e esperar os mais velhos morrerem é equivocada. Não é possível esperar as crianças crescerem para o país se desenvolver”.

 

29-6-16 Merenda

Verbas federais para merenda estão congeladas desde 2013

29-6-16 Merenda

 

A Confederação Nacional de Municípios (CNM) solicitou mais participação dos municípios em debate sobre a merenda escolar realizado nesta sexta-feira, dia 24. Segundo a CNM, os valores repassados pelo governo federal para o custeio da merenda estão congelados desde 2013. O valor transferido é de apenas R$1 por aluno/dia, gerando preocupação aos gestores de todo o Brasil.

 

De acordo com informe da CNM, se esse valor fosse reajustado pela inflação em maio deste ano, o repasse deveria ser de R$1,54 por aluno/dia. Ou seja, isso representa uma defasagem de 53,8% nesses quatro anos. Tal insuficiência nos repasses federais em relação ao alto custo do programa de alimentação escolar é decorrente da falta de atualização, ao menos pela inflação, da quantia repassada pela União. Sendo assim, o reajuste é dado pelo governo federal sem critérios predefinidos.

A educação infantil é considerada a etapa de aprendizagem escolar de maior custo para os gestores municipais.

 

A CNM ainda ressalta que o repasse fica muito aquém do que os municípios necessitam para a manutenção dos programas. Reivindicando diante disso, a mudança deste cenário, em audiências públicas na Câmara dos Deputados, no Senado Federal e junto à presidência do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE), a entidade tem sistematicamente reivindicado que seja revertida essa difícil situação vivenciada pelos municípios.

 

Fonte: Hora do Povo

 

29-6-16 Lotação de salas

Governo de SP lota salas além do limite fixado em resolução da Secretaria da Educação

29-6-16 Lotação de salas

 

Com a extinção de turmas em 2016, contrariando a Justiça, parte das salas recebeu mais alunos do que o máximo permitido por resolução do governo que oficializa a superlotação

 

Nas mais de 5 mil escolas mantidas pelo governo de Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo, 13% de todas as classes têm mais alunos do que o limite estabelecido pela resolução 02/2016, de sua própria Secretaria da Educação, que oficializou a superlotação.

Pela determinação publicada no começo de janeiro, um mês após o anúncio da suspensão da reorganização, é permitido até 33 alunos por turma do 1º ao 5º ano do ensino fundamental (anos iniciais), até 38 nas do 6º ao 9º ano (anos finais), até 44 nas do ensino médio e até 50 no ensino de jovens e adultos (EJA).

 

No entanto, neste ano, esse limite é ultrapassado em 24% das turmas dos anos iniciais do ensino fundamental, em 16% dos anos finais, em 4% do ensino médio e 8% das de EJA.

Os dados são de um estudo da Rede Escola Pública e Universidade, que comparou o número de alunos por classe entre 2015 e 2016.

 

Formada por professores e pesquisadores da USP, Unicamp, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Universidade Federal do ABC (UFABC) e Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia São Paulo (IFSP) a partir da ocupação de 213 escolas estaduais em 2015 contra o fechamento de unidades e turmas, a Rede subsidia o processo de controle judicial em curso através de Ação Civil Pública proposta pelo Ministério Público e pela Defensoria Pública (Processo n° 1049683-05.2015.8.26.0053).

 

Para chegar a esses dados, os pesquisadores compararam as situações de 2015 e 2016 em relação ao número de alunos, de turmas e de escolas que oferecem cada ciclo de ensino a partir de informações do próprio órgão, obtidas por meio da Lei de Acesso à Informação.

Os pesquisadores analisaram também o documento enviado pela Secretaria da Educação ao Tribunal de Justiça, que chegou a proibir a reorganização. Eles detectaram inconsistências e lacunas, que impedem a compreensão dos dados informados. Segundo eles, há somas contraditórias, que sugerem redução de matrículas em 2016 – o que não se confirma.

 

Ao comparar as variações no número de matrículas nas etapas do ensino fundamental e no ensino médio, eles identificaram que não houve o efeito demográfico utilizado pelo governo paulista para justificar o projeto de reorganização que levou ao maior movimento secundarista com a ocupação de 213 escolas em todo o estado.

 

A redução foi praticamente nula – menos 1.336 alunos – muito distante da expectativa de redução de 66 mil alunos na rede. Uma redução desproporcional, conforme eles, das 2.404 turmas fechadas neste ano, sobretudo na periferia, mais carente de investimento em políticas públicas. Além disso, há, de maneira geral, uma diminuição do número de escolas que oferecem cada ciclo de ensino, um dos objetivos da reorganização proposta em 2015.

 

Conforme os pesquisadores, o documento se limita a informar sobre a falta de oferta de vagas nas chamadas turmas de ingresso (início de ciclo). Mesmo assim, deixou de informar a lista das 158 escolas que teriam deixado de oferecer turmas de ingresso.

 

A análise dos dados fornecidos, referentes aos meses de maio de 2015 e de 2016, aponta que das 165 escolas que deixaram de abrir turmas de ingresso em 2016, 53 constam em uma das duas listas do programa de reorganização – que seriam fechadas ou reorganizadas –, totalizando 32% .

 

Para os autores, não há dúvidas da existência de um processo gradativo de reorganização escolar. Afinal, em 51 destas 53 escolas o fechamento das vagas de  início de ciclo coincidiu com o ciclo que seria fechado na unidade caso a reorganização fosse implementada nos moldes propostos pelo governo Alckmin.

 

Fonte: APEOESP

 

29-6-16 Requião

Senador Requião defende plebiscito e nova eleição

 

29-6-16 Requião

 

O senador Roberto Requião (PMDB-PR) afirmou, em pronunciamento feito da tribuna do Senado na última quinta-feira (23), que o povo tem que decidir democraticamente o que lhe é de direito, ao defender a realização de um plebiscito nacional para decidir sobre a antecipação das eleições presidenciais. “Quero que o povo decida democraticamente o que lhe é de direito. Quero que o povo discuta sobre a política e sobre que futuro quer para si, como faz no dia de hoje, 23 de junho, na Inglaterra”, assinalou Requião.

 

“Quero apenas que o povo brasileiro diga o que pretende do país, e não mais o Meirelles, o Goldfajn, o Bradesco, o Itaú e as conversas feitas nos corredores de embaixadas de países geopoliticamente mais fortes que querem que o Brasil seja uma espécie de Porto Rico, um Estado associado aos interesses dos países poderosos e do grande capital”, prosseguiu o senador. “Apelo assim para uma nova eleição e plebiscito antecipado por uma grande discussão nacional”, defendeu.

 

Ao responder a um aparte da senadora Fátima Bezerra (PT-RN), que tentou defender a volta de Dilma Rousseff à presidência, Requião foi categórico: “É por isso, senadora, que a minha posição é clara: nem “Volta Querida!” nem “Fora Temer!””. “Mas nós temos que admitir que quem tem que decidir isso é o povo brasileiro, não são os sucessores do Joaquim Levy – Henrique Meirelles e Goldfajn –, não é o interesse do Banco do Itaú e do Bradesco, que está mandando no governo”, destacou.

 

“Quem governa o Brasil, hoje, é a Febraban e os interesses geopolíticos de países mais poderosos no mundo! Os brasileiros estão reduzidos a uma participação negativa neste momento da nossa história! Nós não podemos aceitar que isso continue acontecendo!”, ponderou o senador paranaense. Ele fez duras críticas à política econômica do atual governo que pretende tirar direitos trabalhistas, privatizar estatais e cortar verbas da saúde e educação. “Eles querem acabar com CLT com a alegação de que ela seria uma lei muito antiga. Pois eu digo que a Lei Áurea é muito mais antiga que a CLT. O que eles querem com a idéia do negociado acima do legislado, é acabar com as conquistas dos trabalhadores, como férias, décimo terceiro, etc.”, alertou.

 

Em outro aparte, agora da senadora Rose de Freitas (PMDB-ES), que será a líder do governo no Senado, Requião desejou a ela uma interinidade curta na liderança do governo. “Eu desejo que essa sua liderança seja breve, que essa interinidade acabe e nós devolvamos a decisão sobre os destinos políticos do Brasil ao povo, através de uma eleição direta”, defendeu. Requião ressaltou que há continuação da política econômica que arrasou o país. “É verdade que a presidente foi submetida a um referendo revogatório. Ninguém pode negar que ela tinha diante de si a insatisfação do Congresso Nacional e que ninguém estava contente com a política econômica do país. Mas esta política econômica de hoje é uma política entreguista, é uma política que privilegia o capital vadio que privilegia a banca, os juros e a exploração. E nós não podemos admitir que isso continue assim”.

 

Fonte: Hora do Povo

 

Colabore com o abaixo-assinado em defesa de novas eleições

 

Faça parte você também da campanha de rua em apoio do Plebiscito por novas eleições para presidente e vice, convocado através do Projeto de Decreto Legislativo (PDL) de iniciativa do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Movimento iniciado no dia seis de junho e que já coletou milhares de assinaturas nas praças, escolas e universidades da cidade.

 

Quer coletar assinaturas na sua escola? Não perca tempo, imprima o abaixo-assinado e mãos à obra!

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“Até hoje (22) coletamos mais de seis mil assinaturas em defesa de novas eleições, essa camapanha organizada pela UMES consolida as decisões do nosso congresso”, explica Caio Guilherme, presidente da UMES, ao avaliar a mobilização da diretoria da entidade nas escolas e praças da cidade. “Não aceitamos o governo de Temer! Por isso, chamamos todos estudantes a participar desse movimento. Vamos colocar para fora quem não tem compromisso com o povo porque não adianta trocar seis por meia dúzia”.

 

A petição do abaixo-assinado afirma que “para vencer a crise que açoita o país é fundamental e urgente a aprovação Projeto de Decreto Legislativo 16, de 2016, em tramitação no Senado visando a convocação de plebiscito para a realização de nova eleição para presidente e vice-presidente da República”. A meta nacional é de um milhão de assinaturas.

 

 

O abaixo-assinado em apoio do projeto, que delega à Justiça Eleitoral a marcação da data da consulta popular. Ele é composto de três artigos. O primeiro convoca o plebiscito baseado no artigo 49, Inciso XV, da Constituição Federal, que diz que é da “competência exclusiva do Congresso Nacional autorizar o referendo e convocar plebiscito”, e no artigo 1º, parágrafo 2º da Lei 9.709, de 18 de novembro de 1998, que regulamenta a realização de plebiscitos no país. O segundo artigo do projeto que defende novas eleições define que o plebiscito deverá ser realizado até 90 dias da data da promulgação do decreto legislativo. Por fim, o terceiro e último artigo afirma que o decreto legislativo entrará em vigor na data de sua publicação.

 

 

O PDL do senador Randolfe Rodrigues tramita no Senado desde o início de junho e foi assinado por outros 26 senadores, entre eles Cristovam Buarque (PPS/DF), Lídice da Mata (PSB/BA), Paulo Paim (PT/RS), Roberto Requião (PMDB/PR), Romário (PSB/RS), Walter Pinheiro (sem-partido-BA), Armando Monteiro (PTB/PE), João Capiberibe (PSB/AP).

 

27-6-16 Educação

95,5% das escolas brasileiras não têm infraestrutura básica prevista em lei

27-6-16 Educação

Trata-se de um problema tão grave que 62,1% das escolas públicas não possuem esgoto sanitário no país

 

Apenas 4,5% das escolas públicas possuem todos os itens de infraestrutura previstos em lei, denuncia o levantamento feito pelo Movimento Todos Pela Educação que avalia o PNE (Plano Nacional de Educação). De acordo com o estudo as condições mais criticas de infraestrutura são encontradas no ensino fundamental.

 

Realizado com base no Censo Escolar de 2015, o levantamento considerou o acesso a energia elétrica; abastecimento de água tratada; esgotamento sanitário e manejo dos resíduos sólidos; espaços para a prática esportiva e para acesso a bens culturais e artísticos; e itens como equipamentos e laboratórios de ciências ou a acessibilidade às pessoas com deficiência. Entre as escolas do ciclo fundamental apenas 4,8% das escolas possuem os itens adequadamente, enquanto no ensino médio a porcentagem sobe para 22,6%.

 

Entre os itens mais problemáticos estão o laboratório de ciências, presentes em apenas 8,6% das escolas públicas de ensino fundamental e 43,9% de ensino médio. A quadra esportiva está presente em apenas 31% das escolas públicas. Até mesmo itens básicos como acesso à água tratada e esgoto sanitário não foram superados, já que falta água tratada em 8,5% das escolas e em 62,1% não há tratamento de esgoto.

 

“O percentual de escolas bem equipadas é super baixo. Em muitos casos estão questões básicas como água potável e esgotamento. Esse percentual não melhora notavelmente. O investimento nas escolas sem dúvida vai estar prejudicado com crise econômica”, explica a representante do Todos Pela Educação, Alejandra Meraz Velasco.

 

Os itens são determinados no PNE, Lei 13005/2014, que estabelece metas e estratégias a serem cumpridas na educação até 2024.

 

27-6-16 Apeoesp Alesp

APEOESP: Plano Estadual de Educação de SP não prevê fonte de financiamento

27-6-16 Apeoesp Alesp

 

Plano prevê a destinação de 10% do PIB estadual, mas não estipula as fontes de recurso, nem o prazo para a meta sair do papel

 

O movimento estudantil e o sindicato dos professores da rede estadual paulista, a Apeoesp, consideram que o Plano Estadual de Educação (PEE), aprovado pela Assembléia Legislativa de São Paulo (Alesp), na semana passado, contém avanços importantes, por determinar metas e diretrizes a serem cumpridas na próxima década, mas que precisará de ajustes para ser efetivo.

 

Em entrevista à repórter Vanessa Nakasato, da TVT, o secretário de comunicação da Apeoesp, Roberto Guido, afirma que uma das principais falhas a serem corrigidas é a garantia de verbas para a educação. O plano prevê a destinação de 10% do PIB estadual, mas não estipula as fontes de recurso, nem o prazo para a meta sair do papel.

 

Ele cita, por exemplo, a reforma tributária como fonte de recursos. “Não é possível que aqui no estado mais rico da nação, a maior frota de helicópteros do país não pague IPVA, o que seria um montante de recursos bastante significativo, que poderiam auxiliar muito na política de financiamento.”

 

O PEE prevê novas diretrizes e 23 metas a serem implantadas nos próximos dez anos. Erradicar o analfabetismo, valorizar os profissionais da educação, universalizar o ensino em todos os níveis, aumentar o número de matrículas na universidade e ampliar o ensino em tempo integral, estão entre as principais propostas do plano.

 

“Para que o plano não se torne letra morta, para que não seja apenas uma carta de intenções, é necessário que o movimento de trabalhadores da educação, com professores e pessoal de apoio, mais os estudantes, continuem num processo de pressão para que nós possamos fazer valer as metas”, diz

Guido.

 

A proposta aprovada pela Alesp foi elaborada para cumprir uma das determinações do Plano Nacional de Educação: todos os estados e municípios devem apresentar um plano até o final deste ano para continuar recebendo recursos da União. Só que, para cumprir esse calendário, o movimento estudantil e a Apeoesp afirmam que o governo estadual queria aprovar um texto genérico, sem contemplar várias demandas apresentadas em audiências públicas pelas entidades que compõem o Fórum Estadual de Educação.

 

Fonte: APEOESP

 

25-6-16 nós que nos amávamos tanto

Nós Que Nós Amávamos Tanto

25-6-16 nós que nos amávamos tanto

 

CAIO PLESSMMAN*

 

Em Nós Que Nos Amávamos Tanto, Itália, 1974, Ettore Scola busca localizar com sua câmera as circunstâncias do colapso da amizade e do amor, expressões da resistência ao fascismo, vitoriosas no grande momento de liberdade do pós-guerra. Investiga assim, a partir da sociedade italiana, as bases sociais e psíquicas do entendimento humano.

 

Porém as condições sob as quais esse entendimento dá as cartas no filme (e nos rumos da contemporaneidade) parece fugir à percepção do autor, ou melhor, expressão da fluidez, parecem excepcionar a regra geral, tem momentos raros e, disfarçados pela presença do humor, se perdem pouco a pouco. Scola não apresenta, portanto, um esquema ideologicamente montado, mas, ao contrário, um painel complexo de contradições e variações surpreendentes. Dentre seus personagens, os preferidos parecem ser mesmo o casal socialista (Nino Manfredi e Stefania Sandrelli), que, cheios de altos e baixos, superam sempre as perspectivas de Nicola, anarquista (Stefano Satta Flores) e do democrata-cristão Gianni (Vittório Gassman), mas tudo isso é muito experimental, tem em vista se aproximar do como e do porque, em determinados períodos, as pessoas se juntam, se amam, trabalham unidas, ou ao contrário, rompem os propósitos pactuados no calor da amizade e rasgam a força aglutinadora desse sentimento.

 

Para alcançar esse laboratório afetivo, o autor conjuga várias atmosferas. Vale-se habilidosamente da comédia, da crítica social e do realismo mágico. Seu objetivo, de resto, se extrai das elipses desse mosaico, e de lá expõe sua tábua de valores singulares. É a sua tomada de posição, em um momento delicado. Antes de mais nada, a abertura do perspectivismo (dos personagens) na investigação, exclui todo tipo de ideia emprestada ou pré concebida. A cena onde o amigo Fellini (interpretando Fellini) ouve de Mastroianni (interpretando Mastroianni) “vamos conversar com Moro”, no set de La Dolce Vita, ao final de um dia cansativo e cheio de contrariedades, é o substrato de sua independência intelectual.

 

Não se trata, portanto, apenas do apontar das diferenças de pontos de vista com origem em classes sociais distintas ou posições ideológicas e definir o mais consistente e duradouro, mas de analisar nas diversas situações as deficiências e fraquezas que fazem da vida uma onda adversa frente à vontade humana. Todo um mapa se desenrola expondo de forma sutil aspectos políticos, fraternos, afetivos e estéticos que navegam no inconsciente da sociedade italiana.

 

Essa mistura de comédia e crítica social foi a formulação inicial feita aqui no Brasil, em meados dos anos 40, por Alex Vianny e Alinor Azevedo para a fundação da Atlantida. O projeto acabou desviado, mas sem dúvida já era uma dobra sobre o cenário brasileiro anterior.

 

Mais importante que essa alusão, parece que a forma de filme híbrido, composição de gêneros que surge de Scola, nesse caso, é um pouco mais que a busca de popularidade e ressonância a partir de expressão própria. É uma tentativa de diálogo mais aberto com toda a sociedade, como resposta, por um lado, aos seus personagens (que têm dificuldade, e, ao final, de fato não mais conseguem dialogar), e proposta ao arco cinematográfico que vai de De Sica em Ladrões de Bicicleta, a Fellini, de Dolce Vita, tendo por base os filmes documentais (Rosselini?) – agentes testemunhais da História, todos integrados à obra.

 

Abre-se a magia do filme onde, por dentro, outros filmes surgem e, ocultos, seus autores. Se a influência sobre os protagonistas, os próprios personagens de Nós… (a própria influência da cinematografia sobre a sociedade), parece perdida, a consciência do público se aguça. Os autores, dobras das obras, e, no caso italiano, atores da história e personagens da resistência, ecoam a questão de Scola: “nós, autores, podemos deixar prevalecer a incompatibilidade e a indiferença?”. Na realidade é a pergunta que cabe a nós responder, nós personagens autores de nossas vidas – nós que nos amamos tanto.

 

* É diretor de cinema

15-6-16 CPI

CPI da Merenda é instalada, mas com amigo de Capez na presidência

15-6-16 CPI

 

Estudantes realizaram uma manifestação na Assembléia Legislativa de São Paulo, nesta quarta-feira, dia 22, contra a eleição do deputado estadual Marcos Zerbini (PSDB) como presidente da CPI da Merenda. O ato ocorreu durante a primeira sessão da CPI da Merenda desde sua criação no dia 30 de maio, para investigar a suspeita de fraude do fornecimento de alimentos para escolas estaduais de 21 cidades do estado.

 

A comissão formada pelo presidente da CPI é composta por 9 pessoas, das quais, 8 são da base aliada do governo Alckmin.

 

Após a eleição de Zerbini, o presidente encerrou a sessão sem que fosse definido o relator da CPI.

 

Segundo ele, o relator deverá ser definido na próxima terça-feira, dia 28.
Entre os investigados na CPI da Merenda estão o Deputado Estadual, Fernando Capez (PSDB), o secretário estadual de Logística e de Transportes, Duarte Nogueira, o ex-presidente da Coaf, Cássio Izique Chebabi, entre outras figuras aliadas ao governo Alckmin.

 

Fonte: Hora do Povo