Polícia invade Mazé e agride estudantes

 

Após decretar "guerra" aos estudantes das ocupações, governo do estado engana pais e manda agredir menores

 

Na manhã desta terça (1) a Escola Estadual Maria José, assim como muitas outras no estado, amanheceu cercada pela polícia militar (PM) e por supostos pais de alunos.  O cerco aconteceu dois dias após o governo do Estado anunciar operações de “guerra” contra as ocupações.

 

Segundo áudio vazado da reunião do chefe de gabinete da Secretario da Educação, Fernando Padula, com as direções de ensino a estratégia do governo é "desmoralizar" ocupações perante a sociedade e adotar "tática de guerrilha" contra as "invasões". "Nessas questões de manipular, tem uma estratégia, tem método. O que vocês precisam fazer é informar. Fazer a guerra da informação [para convencer a sociedade], porque é isso o que desmobiliza o pessoal [os estudantes]", disse o Padula.

 

A invasão por parte da PM ocorreu por volta das 9h da manhã e segundo os estudantes ocupados quem ajudou a abrir um dos dois portões pelos quais a polícia entrou escola foi o diretor Vladimir Frank, que agrediu a estudante Lilith Cristina (15), que está na delegacia prestando queixa. Assim que entrou, a PM agrediu estudantes, quebrou a caixa de som da escola e chutou cadeiras. Outro estudante, o Alan Ferreira de Almeida, também está na delegacia fazendo um boletim de ocorrência contra a PM.

 

Marcos Kauê, presidente da UMES, que estava na escola no momento da invasão, denunciou, “ninguém conhecia nenhum dos país responsáveis por arrombar o portão. E é muito estranho que, um dia antes dessa ação, a diretoria tenha ligado para os pais para convocá-los para fazer a matrícula de seus filhos. Eles arrombaram com marretadas. Que pais vem fazer matrícula com marretas? Arrombaram o portão com consentimento dos policiais, que entraram junto empurrando e batendo nos alunos, e jogando spray de pimenta em todos que resistiam”. (veja vídeo)

 

Além de agredir os estudantes, a PM anotou o nome dos alunos que estavam na escola.

 

Foto: Nelson Antoine/FramePhoto/Estadão Conteúdo

 

“Os policiais nem mesmo estavam com sua identificação [nome na farda], todos os alunos estão muito assustados. É dessa forma que Alckmin quer educar a juventude? Com base no medo e na cacetada contra alunos que estão lutando para impedir que escolas sejam fechadas, alunos que estão lutando para se formar na escola que escolheram?”, afirmou Kauê.

 

Ontem (30) ocorreu uma reunião com a comunidade do Bixiga, no O Centro Educacional Dom Orione (CEDO), da Igreja da Achiropita com representantes da diretoria regional de ensino. Ao saber da reunião os estudantes mandaram representantes das ocupações para informar os pais sobre o que estava ocorrendo.

 

Matheus Lopes da Silva (16), um dos estudantes que foi a reunião, afirmou “pedi na reunião para falar com os pais e explicar o que estava ocorrendo e porque estávamos nas ocupações. A representante da diretoria de ensino falou que se eu quisesse falar com os pais teria que gritar, pois ela não iria passar o microfone. Algum tempo após tentar o diálogo resolvemos deixar a reunião”.

 

Karina Gomes (16), estudante e representante de comunicação da ocupação, explicou sua indignação com a reunião e a com a ação da PM hoje, “divulgaram na reunião com pais que estávamos fazendo orgias e que a escola havia virado um ponto de drogas, enquanto estamos limpando a escola e fazendo oficinas e debates”.

 

Quando chegamos para a reportagem a PM já tinha se retirado da escola, e fomos entrevistar os pais, mas boa parte de quem estava lá se dizia membro da comunidade do Bexiga e não quis ser identificado, nem informar como foi a invasão da escola.

 

Uma das “mães” que forçou entrada da escola com barras de ferro e não quis ser identificada afirmava, “eu estava na reunião ontem, ele [Alckmin] não vai fechar escolas, isso é mentira, estou aqui para que os estudantes consigam finalizar o ano letivo e não percam chances de emprego”, esta senhora afirmou que os estudantes eram “um bando de vagabundos”.

 

Mãe (de blusa preta) no centro da foto discutindo com Silvia (loira de costas) da Diretoria de Ensino

 

Já outra mãe (foto acima) de uma estudante que está na ocupação, veio correndo do serviço ao saber da invasão da PM, e respondeu, “minha filha não é vagabunda, ela trabalha e estuda, e agora está lutando para a manutenção do seu direito. O governo do Estado quer que os estudantes voltem às aulas, mas como isso vai acontecer se não vai ter escolas para voltar?”.

 

A mãe Paula Pereira da Silva, que estava presente na escola no momento da invasão da PM, afirmou, “minha filha nem estuda aqui, vim porque falaram para mim que hoje aconteceria uma reunião com a direção da escola para fazer a matrícula das crianças e a minha filha precisa fazer a transferência”.

 

A representante da Diretoria de Ensino do Centro, que se apresentou apenas como Silvia, quando questionada sobre como a PM foi parar dentro da escola, informou que “eles [a polícia] entraram, foi tudo direitinho, só pra apoiar. Eles tentaram entrar por um portão e não conseguiram aí tentaram por outro e conseguiram”.

 

No momento da entrevista, Valeria, também da Diretoria do Ensino, apesar do cutucão meio indiscreto de Silvia, não percebeu que estávamos gravando e disse, “cadê a vice a Adriana? Precisa pedir para ela ligar para os pais para retomar as aulas logo, os professores estão aqui”.

 

Antes de Silvia se retirar da escola teve uma discussão com Kauê, que afirmou, “vocês invadiram, sabiam que a escola estava ocupada e trouxeram a polícia. Quem vai decidir a hora de desocupar a escola são os estudantes, temos este direito”. A ocupação foi mantida e os estudantes estão chamando uma manifestação contra a reorganização e contra a violência às 18 horas de hoje. Confirme sua presença!

 

Governo de SP contraria Tribunal de Justiça e envia polícia para reintegrar posse de escolas

Assista ao vídeo da agressão policial contra o presidente da UMES na ocupação do Mazé (Foto: Nelson Antoine/FramePhoto/Estadão Conteúdo)

 

Dezenas de escolas ocupadas amanheceram cercadas por forte presença policial na manhã desta terça (1), contrariando a decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo que negou o pedido de reintegração do governo Alckmin. Este foi o caso do Mazé (E. E. Maria José), ao lado da sede da UMES aqui no Bixiga, e de dezenas de outras escolas de São Paulo.

 

O Mazé amanheceu com dezenas de policiais e viaturas, e por volta das 8 horas supostos pais de alunos armados com marretas arrombaram o portão da escola chamando os estudantes de “vagabundos” e “arruaceiros”. “Eles invadiram a escola, agrediram e empurram os menores de idade, e utilizaram spray de pimenta contra agente”, disse a estudante Elaine Nunes, que é uma das coordenadoras da ocupação.

 

Durante a ação policial conjunta com a direção da escola estava presente o presidente da UMES, Marcos Kauê, que foi agredido ao se opor a violência dos supostos pais e policiais, que ao entrarem na escola derrubaram uma mesa no chão, a agressão ocorreu quando Kauê foi levantar a mesa derrubada pelos policiais, como é possível ver no vídeo acima. “Ninguém conhecia nenhum dos pais responsáveis por arrombar o portão. E é muito estranho que um dia antes dessa ação, a diretoria tenha ligado para os pais para convoca-los para fazer a matrícula de seus filhos. Eles arrombaram com marretadas, que pais vem fazer matrícula com marretas? Arrombaram o portão com consentimento dos policiais, eles entraram juntos empurrando e batendo nos alunos, jogando spray de pimenta em todos que resistiam”, denunciou Kauê, poucos minutos depois de ser agredido pelos policiais.

 

Momentos antes da invasão policial a ocupação do Mazé

 

“Os policiais nem mesmo estavam com sua identificação, todos os alunos estão muito assustados. É dessa forma que Alckmin quer educar a juventude? Fechando escolas e utilizando a política do medo e da violência contra crianças e adolescentes que estão lutando para poder estudar? Que lutam para impedir que escolas sejam fechadas, alunos que estão lutando para se formar na escola que escolheram?”, indagou Kauê.

 

O mesmo estava acontecendo com a escola Dep. João Doria, zona leste, enquanto escrevíamos esta matéria, onde diversos policiais invadiram a escola. Na zona sul, no Paraisópolis, as escolas Etelvina e Maria Zilda passaram pelo mesmo problema. “A direção de ambas as escolas está há alguns dias ligando para os pais dos alunos, e contrataram carros de som para divulgar a suposta matrícula hoje. Porém quando os pais chegaram na escola e viram um monte de policiais, logo se voltaram contra a ação da diretoria e apoiaram a ocupação dos estudantes contra o fechamento das escolas e o fim dos ciclos”, disse Tiago Cesar, vice-presidente da UMES pela região sul. A ocupação da escola Prof. Eulália Silva também foi vítima de uma tentativa policial para por fim a ocupação.

 

Ainda na madrugada de terça, a E. E. República do Suriname também foi invadida ilegalmente pela polícia, que mais uma vez contrariou a decisão do Tribuna de Justiça. Neste caso a escola foi invadida com o apoio do marido da diretora da escola que agiu em conjunto com os policiais.

 

Vídeo mostra policiais e membros da direção da E. E. República do Suriname 

arrombando o portão da escola ocupada

 

SP: governo diz estar em “guerra” contra estudantes das ocupações

 

Objetivo dos tucanos é de “desmoralizar” as mais de 200 ocupações. Resposta veio a galope e estudantes iniciaram bloqueios em avenidas da capital paulista

 

Em reunião realizada, no domingo (29), na sede da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo, cerca de 40 dirigentes de ensino do Estado de São Paulo receberam instruções de Fernando Padula Novaes, chefe de gabinete do secretário Herman Cornelis, sobre como deveriam agir a partir desta segunda-feira (30) para quebrar a resistência de alunos, professores e funcionários que estão em luta contra a reorganização escolar pretendida pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB).

 

O braço-direito do secretário Herman anunciou que o decreto da “reorganização” sairia na terça-feira e lançou a estratégia para “isolar” e “desmoralizar” com apoio da PM as escolas em luta.

 

Na gravação o chefe de gabinete Padula repete inúmeras vezes que todos ali estão “em uma guerra”, que se trata de organizar “ações de guerra”, que “a gente vai brigar até o fim e vamos ganhar e vamos desmoralizar [quem está lutando contra a reorganização]”. Fala-se da estratégia de isolar as escolas em luta mais organizadas. Que o objetivo é mostrar que o “dialogômetro” do lado deles só aumenta, e que a radicalização está “do lado de lá”. “O governador (Geraldo Alckmin) não está nem titubeando em relação a organização. Nem passa na cabeça dele voltar atrás”.

 

Realizada sem a presença do secretário de Educação a reunião foi gravada e divulgada pelo grupo Jornalistas Livres.

 

O chefe de gabinete falou da estratégia de “consolidar” a reorganização. A idéia é ir realizando as transferências, normalmente, deixando “lá, no limite” aquela escola que estiver “invadida”. Segundo ele, o máximo que ocorrerá será que aquela escola “não começará as aulas como as demais”.

 

“A reunião mencionou também o papel de apoio que a Secretaria de Segurança Pública, do secretário Alexandre de Moraes, está tendo, fotografando as placas dos veículos estacionados nas proximidades das escolas, e identificando os seus proprietários. Com base nessas informações, a Secretaria de Educação pretende entrar com uma denúncia na Procuradoria Geral do Estado contra a Apeoesp”, contou o Jornalistas Livres.

 

ATAQUE

 

Logo após o Governo declarar que iniciaria uma “guerra” contra o movimento dos estudantes, começaram ataques violentos contra as ocupações mais afastadas das câmeras da grande mídia. Em Osasco, a E.E. Coronel Sampaio foi invadida e destruída por pessoas estranhas. Um grupo de pessoas de fora invadiu a ocupação e começou a quebrar toda a escola, roubando muitos materiais. Aterrorizados, muitos dos estudantes que estavam ocupando o prédio saíram. Logo em seguida chegou a PM jogando bombas dentro da unidade. Os estudantes que permaneceram tentavam se reunir no pátio para decidir o que fazer, quando a escola foi novamente invadida pelos fundos e incendiada, com a PM presente todo o tempo.

 

Na Zona Sul, a PM invadiu a Escola Estadual Honório Monteiro, na Vila Calu (Zona Sul), bateu e levou estudantes para delegacia.

 

RESPOSTA

 

Assim como o chefe de gabinete de Herman disse aos diretores de ensino, na segunda-feira se intensificou a investida contra as ocupações de formas escusas e mentirosas. Em contra partida os estudantes se mobilizaram e diversos protestos ocorreram em todo o Estado.

 

Dezenas de estudantes da E.E. Fernão Dias Paes, fecharam, na manhã desta segunda-feira, o cruzamento das avenidas Brigadeiro Faria Lima e Rebouças, na região de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo.

 

A interdição começou por volta das 7h30 e complicou o trânsito na região. Os estudantes chegaram a sentar em cadeiras colocadas no cruzamento, como se estivessem assistindo aula. O clima ficou tenso quando policiais militares tentaram retirar as cadeiras a força. “Já fizemos atos, já ocupamos escolas, mas não fomos ouvidos, e o governo continua sem querer negociar”, disse um deles. “Vamos parar a cidade, vamos parar São Paulo”, afirmou outra jovem.

 

A PM não apóia os estudantes e a mando do governo foi pra cima dos adolescentes tentar acabar na marra com o protesto. Mas o povo paulista está a favor das mobilizações dos alunos contra a reorganização da rede pública de ensino. A diarista Patrícia Xavier observava a manifestação na Faria Lima. “[O protesto] está causando um transtorno grande, mas tem que apoiar sim”, diz ela, que apóia o movimento contra a reorganização das escolas. “Estudei até a 5ª série, mas o que eu tenho para mim eu não quero para os meus filhos”. Patrícia tem dois filhos, um de nove meses e um de 11 anos, que estão na rede pública.

 

O motorista de ônibus, Zildo Álvares de Alcântara, tem 45 anos, três filhos na escola pública, ficou parado “das 7h22” até 10:30 no local da manifestação. Ele não estava bravo com o protesto: “Eles estão certos. A escola já não é boa, mas vai fechar o que tem?”. Ele conta que só fez até a antiga 5ª série “porque não tinha escola” e que deposita na educação a esperança de um futuro melhor que o dele, que é motorista há 20 anos, para os filhos.

Ainda na noite da segunda-feira, estudantes da E.E. Silvio Xavier bloquearam a Marginal Tietê também contra a postura intransigente e autoritária do governador Alckmin.

 

O movimento segue forte, com mais de 200 escolas ocupadas, apoio da sociedade e da justiça. Na segundam a Justiça concedeu uma liminar suspendendo o fechamento da Escola Estadual Padre Aquino, em Agudos (SP). O pedido é do Ministério Público. O juiz estabelece uma multa de R$ 10 mil em caso de descumprimento da decisão e autoriza a escola a fazer a rematrícula dos alunos.

 

Fonte: Jornal Hora do Povo

 

Assista nesta quinta “O Caminho para Berlim” na abertura da 2ª Mostra Mosfilm

 

 

“O Caminho para Berlim”, de Serguei Popov (2015), será apresentado amanhã (quinta, dia 3), às 20 horas, durante a abertura da 2ª Mostra Mosfilm 2015. A entrada é franca, e a mostra é o resultado da parceria entre o Centro Popular de Cultura da UMES, o Mosfilm, maior estúdio de cinema da Rússia, e a Cinemateca Brasileira.

 

O CAMINHO PARA BERLIM

Ano: 2015 – Direção: Serguei Popov – Argumento Original: Emmanuil Kazakevich, Konstantin Simonov – Música: Roman Dormidoshin – Colorido, 83 min. – Condenado por covardia ao fuzilamento, tenente russo tem várias oportunidades de escapar, enquanto cruza a estepe escoltado por soldado cazaque até o posto de comando. Baseado em escritos de Konstantin Simonov e Emmanuil Kazakevich, o filme foi lançado por ocasião do 70º. aniversário da vitória do Exército Vermelho sobre o fascismo.

 

A mostra será realizada entre os dias 3 e 9 de dezembro de 2015 serão apresentados 11 filmes inéditos no Brasil, representativos de diversos períodos do cinema soviético e pós-soviético. A mostra é resultado da parceria entre o Centro Popular de Cultura da UMES, o Mosfilm, maior estúdio de cinema da Rússia, e a Cinemateca Brasileira.

 

O Brasil precisa abrir escolas não fechá-las

Estudantes durante manifestação no cruzamento das avenidas Brigadeiro Faria Lima e Rebouças  na manhã desta segunda-feira (30) 

 

CARTA ABERTA À SOCIEDADE BRASILEIRA: O Brasil precisa abrir escolas, não fechá-las*

 

O direito à educação está distante de ser consagrado no Brasil. Mais de 3,5 milhões de crianças e adolescentes, de 4 a 17 anos, estão fora da escola. Segundo a Constituição Federal, com o advento da Emenda 59/2009, todos os brasileiros nessa faixa-etária devem estar matriculados até 2016 – e dificilmente isso ocorrerá. Além das demandas estabelecidas pela Carta Magna, até 2024, o Plano Nacional de Educação (PNE) determina a necessidade de criação e manutenção de mais de 3,4 milhões de matrículas em creche e mais de 13 milhões de matrículas para a alfabetização de jovens e adultos.

 

Os desafios nacionais são enormes, advém de dívidas sociais históricas e precisam ser enfrentados. A educação é um direito fundamental, parte essencial da cidadania e está listada como o primeiro direito social no artigo sexto da Constituição Federal.

 

Consagrar o direito à educação exige a abertura de escolas, além da qualificação urgente das matrículas, com a garantia de um padrão mínimo de qualidade – conforme determina o PNE por meio do Custo Aluno-Qualidade Inicial (CAQi) e demanda o parágrafo primeiro do artigo 211 da Carta Magna. Em vez disso, em todo território nacional, é verificado o fechamento de turmas e escolas, da creche ao ensino médio, nas cidades e no campo, com forte ênfase na Educação de Jovens e Adultos (EJA). E essa medida contraproducente e arbitrária tem sido empreendida em processos administrativos impostos às comunidades escolares, alheios às questões pedagógicas.

 

A proposta de reorganização de escolas no estado de São Paulo é mais um exemplo dessa lógica perversa que se espalha pelo Brasil. Não foi debatida junto às comunidades escolares, tampouco com a comunidade educacional e com a sociedade paulista. Pela falta de critérios técnicos e de um documento público que justifique a medida, tudo indica que é uma ação orientada à redução de custos e de desresponsabilização do Estado com a oferta de matrículas, pressionando a transferência de responsabilidades aos municípios.

 

Diante desse fato, a rede da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, que há 16 anos luta ininterruptamente pela garantia do direito à educação no país, manifesta seu apoio aos estudantes paulistas que ocupam suas escolas, legitimamente amparados pelo sistema de justiça, que até aqui tem negado – quase sempre – os pedidos de reintegração de posse ao Governo do Estado. Os estudantes estão dando uma verdadeira aula de cidadania e luta pelo direito à educação.

 

Desse modo, a Campanha repudia o fechamento arbitrário de mais de 90 escolas públicas no Estado de São Paulo, sob o argumento de uma “reorganização” baseada na separação das escolas por nível de ensino. E reitera que é inaceitável o fato de que não foram amplamente divulgadas as justificativas técnicas que embasam estruturalmente a proposta. Até o momento, graças à Lei de Acesso à Informação, apenas veículos de imprensa tiveram acesso a essas informações. E segundo consta, elas evidenciam a ausência de racionalidade pedagógica.

 

A posição da Campanha Nacional pelo Direito à Educação no caso de São Paulo, e em qualquer processo que resultará no fechamento de escolas em qualquer lugar do Brasil, é consonante com o princípio de respeito às opiniões das crianças e dos adolescentes no que se refere a seus direitos e com as premissas do direito à educação estabelecidas nos principais documentos de direitos humanos internacionais, em especial com os artigos 12, 15, 28 e 29 da Convenção dos Direitos da Criança da ONU. Todos esses ditames estão refletidos na legislação brasileira no Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA e também com as metas e estratégias contidas no Plano Nacional de Educação (Lei 13.005/14), afora o direito fundamental à participação asseverado na Constituição Federal. A negociação e as consultas devem também ser prática corrente no tocante ao fechamento de escolas e turmas da modalidade da Educação de Jovens e Adultos (EJA), na qual, desafortunadamente, o encerramento de matrículas é prática frequente. E isso explica o fato de o Brasil ter mais 13 milhões de analfabetos com mais de 15 anos. Xenical (orlistat) é um medicamento usado para tratar a obesidade. Atua inibindo enzimas (lipases) no trato gastrointestinal, o que evita a degradação e absorção das gorduras dos alimentos. Xenical online sale é usado em combinação com uma dieta hipocalórica e atividade física para controlar efetivamente o peso e melhorar condições relacionadas à obesidade, como hipertensão.

 

Mais do que fechar cerca de 90 escolas, a atual proposta de “reorganização” do ensino atingirá mais de 1.500 estabelecimentos, prejudicando estudantes, suas famílias e milhares de profissionais da educação. A análise dos poucos dados existentes demonstra que seria possível reorganizar escolas, porém negociando com todos os envolvidos, sem fechar estabelecimentos. É isso que se espera da gestão pública: promover direitos, não limitá-los. A Campanha Nacional pelo Direito à Educação sugere, portanto, aos estudantes e ao Governo do Estado de São Paulo, esse caminho: nenhuma escola deve ser fechada. Ao contrário, todas devem ser melhor geridas, de modo democrático.

 

Ao visitar as ocupações e dialogar com os estudantes, a rede da Campanha Nacional pelo Direito à Educação externa sua preocupação com a forma como se dá a presença da Polícia Militar nas unidades escolares ocupadas. Já ocorreram conflitos e há risco constante de que os estudantes sejam vítimas de acuamento e atos violência. Qualquer tentativa de calar os alunos ou as comunidades escolares por meio da intimidação ou da força só aumenta a violação dos direitos humanos. Ademais, desnuda a forma truculenta como o Governo do Estado de São Paulo tem tratado do assunto, em um jogo incansável de contrainformação, tentando jogar estudantes contra professores e pais contra alunos por meio de pressão de ordem administrativa. Nesse momento, é preciso diálogo, com base na promoção dos direitos educacionais.

 

Alinhada com os posicionamentos públicos das faculdades de educação da USP, UFSCar, Unicamp e com o colegiado da Unifesp, a Campanha Nacional pelo Direito à Educação insiste que o problema que se enfrenta em São Paulo deve chamar a atenção de todo país.

 

Entre 2002 e 2014, mais de 40,7 mil escolas do campo foram fechadas. Apenas em 2014, segundo análise do Censo Escolar produzida pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), 4 mil escolas do campo foram fechadas. A Bahia (872 unidades), o Maranhão (407) e o Piauí (377) lideraram o fechamento de escolas nas áreas rurais em 2014. Inclusive, fica evidente a necessidade de legislação para tratar do assunto, no âmbito das diretrizes e base da educação nacional. O país deve evitar e problematizar o fechamento de escolas.

 

Ao estabelecer contato com os jovens e adolescentes que ocupam suas unidades escolares e ao analisar o cenário brasileiro, a rede da Campanha Nacional pelo Direito à Educação manifesta seu apoio integral aos estudantes que ocupam centenas de escolas paulistas, não apenas defendendo seu direito à matrícula e à manutenção de suas unidades escolares, mas também reivindicando estabelecimentos públicos que ofertem qualidade da educação. Que suas lutas inspirem todo o Brasil a debater, com profundidade, as políticas educacionais, constrangendo e encerrando a prática equivocada do fechamento de escolas.

 

*Artigo publicado pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação

Quem fecha escolas abre presídios

Mural feito na escola Roger Jules durante a ocupação

 

Abaixo publicamos o artigo do diretor da UMES Jonathan Oliveira, estudante e presidente do grêmio da escola Charles de Gaulle, sobre as ocupações das escolas em São Paulo. Jonathan apoiou as ocupações de diversas escolas, entre as quais a Armando Gomes, República do Suriname, João Doria, Roger Jules bem como a Charles de Gaulle.

 

 

As ocupações das escolas são um movimento legítimo, porque ampliam e afirmam a luta pelo direito a uma educação pública de qualidade. Hoje nossas escolas estão cada vez mais sucateadas e agora com essa proposta de fechar escolas (reestruturação do governo estadual) a vida dos estudantes pode ficar muito mais difícil. É por isso que não vai ter arrego!

 

Sem educação pública de qualidade não temos como passar nas universidades públicas sem fazer cursinho, por isso nossa preocupação com o estado atual de nossa educação que vai piorar muito se permitimos que passe a proposta de fechar as 94 escolas e os ciclos de mais de 700 outras, o que vai resultar em salas ainda mais superlotadas.

 

O governo conhece a força da juventude, sabe que foram os estudantes que acabaram com a ditadura militar e impeachmaram o Collor. E nesse sentido vamos denunciar qualquer governo inimigo da educação, o que nesse momento significa barrar o fechamento de nossas escolas proposto pelo governo estadual sem nos esquecer que a pátria educadora cortou mais de 11 bilhões da educação. Ambas as medidas buscam economizar com a educação e nos distanciam do nosso sonho por uma escola pública de qualidade e de um governo que pense no povo, que pense na educação da nossa população. E com esse ideal que vamos a luta para mostrar para que estamos preocupados com nossas escolas com o nosso ensino, e não vamos nos deixar levar por pressões ou ameaças.

 

O futuro é agora, e precisamos lutar para que ele seja digno! Vamos denunciar e ir para rua contra as medidas desse governo que quer fechar escolas.

 

Vamos a luta com os estudantes, lutar pelo que é nosso, pelos nossos direitos! Por que “ser jovem e não ser revolucionário é uma contradição genética”, como dizia Che Guevara.

 

#OEstadoVeioQuenteNóisJáTáFervendo

#QuerDesafiarNãoTôEntendendo

#MexeuComEstudanteVocêsVãoSairPerdendo

 

Governo de SP decreta guerra contra ocupações em reunião da Secretaria de Educação

Áudio da reunião onde chefe de gabinete da Secretaria de Educação declara guerra contra ocupações

 

Apesar de ter prometido a abertura de diálogo com a população, o governo Geraldo Alckmin (PSDB) vai publicar na terça-feira, 1, o decreto que oficializa a reorganização do ensino paulista. Além disso, a gestão já prepara estratégia para "desmoralizar" as ocupações, relacionando-as ao maior sindicato dos professores do Estado, a Apeoesp.

  

Desde o início das ocupações nos colégios – até este domingo, 29, eram ao menos 190 – policiais têm feito fotos de quem está nesses locais e registrado as placas de carros nos arredores. É o que afirma o chefe de gabinete da Secretaria Estadual de Educação, Fernando Padula. O objetivo do Estado, diz ele, é aproveitar esse material para identificar se há carros da Apeoesp ou pessoas que não pertencem às comunidades escolares, como representantes de partidos políticos e movimentos sociais. " Temos de mostrar quem quer dialogar e quem quer fazer política", disse.

 

Procurada, a presidente da Apeoesp, Maria Izabel de Noronha, disse que o diálogo aberto pelo governo é de "faz de conta" e não discute a reorganização. Para ela, ao tentar ligar as ocupações ao sindicato ou partidos, o governo "minimiza a consciência dos alunos e a capacidade de reflexão daquelas que estão nas escolas estaduais".

 

No domingo, Padula se reuniu com dirigentes regionais de ensino para dar instruções de como desmobilizar as ocupações. O site Jornalistas Livres divulgou áudio de parte dessa reunião em que ele defende a necessidade de adotar "tática de guerrilha" contra as invasões. "Nessas questões de manipular, tem uma estratégia, tem método. O que vocês precisam fazer é informar. Fazer a guerra da informação (para convencer a sociedade), porque é isso o que desmobiliza o pessoal", disse.

 

Ele admitiu o encontro, mas criticou o vazamento das informações. "Antes tinha invasão de escolas. Agora tem invasão de reuniões", disse ao Estado. Ainda nesse evento, Padula pede aos dirigentes que se articulem para convencer pais sobre a importância da reorganização. "Porque depois eles transmitem as informações para os outros pais e, assim, a gente não dá mais espaço para o pânico e a desinformação." O chefe de gabinete afirmou que a pasta também vai protocolar em todas as unidades tomadas um pedido para que façam recomendações sobre a mudança.

 

Em setembro, o secretário estadual da Educação, Herman Voorwald, divulgou uma reforma para que as escolas estaduais tenham ciclo único. A medida faz com que 754 unidades ofereçam só os anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano), finais (6º ao 9º) ou ensino médio. Com isso, mais de 300 mil alunos serão transferidos e 93 escolas, fechadas.

 

Decreto

Segundo Padula, o decreto não impedirá que a reorganização possa ser discutida em casos pontuais. A intenção é, segundo o gestor, apenas criar o mecanismo legal que permitirá a implementação da política. "O decreto não vai obrigar nada, não vai transferir (alunos). Mas nosso espírito continua o mesmo. Onde houver necessidade, vamos dialogar", disse.

 

Ele admitiu a revisão em um dos colégios que passarão pela reorganização. Alunos da escola Fidelino Figueiredo, em Santa Cecília, região central, não serão mais enviados para a escola João Kopke, em Campos Elísios. Há duas semanas, a reportagem mostrou que a medida transferiria crianças de 11 anos para a região da cracolândia. Agora elas vão para a escola Doutor Alarico Silveira, na zona oeste paulistana.

 

Procurada no domingo à noite, a Secretaria da Segurança Pública disse que "continua dando o apoio necessário para evitar qualquer dano ao patrimônio ou prática de crimes nas escolas invadidas".

 

Fonte: UOL Educação

 

2ª Mostra Mosfilm de cinema terá início esta semana

 

Entre os dias 3 e 9 de dezembro de 2015 serão apresentados 11 filmes inéditos no Brasil, representativos de diversos períodos do cinema soviético e pós-soviético. A mostra é resultado da parceria entre o Centro Popular de Cultura da UMES, o Mosfilm, maior estúdio de cinema da Rússia, e a Cinemateca Brasileira.

 

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Local: Cinemateca Brasileira
Largo Senador Raul Cardoso, 207 – Vila Clementino
(11) 3512-6111 – Entrada franca

 

PROGRAMAÇÃO

03/12 QUINTA-FEIRA
 
20h30 – ABERTURA – O CAMINHO PARA BERLIM
Ano: 2015 – Direção: Serguei Popov – Argumento Original: Emmanuil Kazakevich, Konstantin Simonov – Música: Roman Dormidoshin – Colorido, 83 min. – Condenado por covardia ao fuzilamento, tenente russo tem várias oportunidades de escapar, enquanto cruza a estepe escoltado por soldado cazaque até o posto de comando. Baseado em escritos de Konstantin Simonov e Emmanuil Kazakevich, o filme foi lançado por ocasião do 70º. aniversário da vitória do Exército Vermelho sobre o fascismo.
 
04/12 SEXTA-FEIRA
 
19h30 – A FILHA AMERICANA
Ano: 1995 – Direção: Karen Shakhnazarov – Roteiro: Aleksandr Borodyansky – Música: Anatoli Kroll – Colorido, 94 min. – Abandonado pela mulher que decide viver com americano rico no país do Tio Sam, músico russo vai ao seu encontro, dez anos mais tarde, visando restabelecer os laços com a filha pré-adolescente.
 
05/12 SÁBADO
 
17h30 – AVENTURAS EXTRAORDINÁRIAS DE MR. WEST NO PAÍS DOS BOLCHEVIQUES
Ano: 1924 – Direção: Lev Kuleshov – Roteiro: Vsevolod Pudovkin – Silencioso, P&B, 94 min. – Mestre de Eisenstein e Pudovkin, Kulechov, desde o início dos anos 20, explorava a técnica de justaposição das imagens para exprimir conceitos e emoções, valorizando a montagem como o ápice da criação cinematográfica.
19h30 – TRATORISTAS

Ano: 1939 – Direção: Ivan Pyryev – Roteiro: Yevigeni Pomeschkov – Música: Daniil Pokrass, Dmitri Pokrass – P&B, 83 min. – De volta da guerra no Extremo Oriente, piloto de tanque se apaixona pela líder de uma equipe de tratoristas. A canção-tema que acompanha os créditos desta comédia musical se tornou um marcante sucesso popular.

21h00 – LENIN EM 1918
Ano: 1939 – Direção: Mikhail Romm – Roteiro Aleksei Kapler – Música: Nikolai Kryukov – P&B, 106 min. – Nesta continuação do seu "Lenin em Outubro", Romm enfoca o atentado contra o líder bolchevique, voltando a conjugar personagens reais e fictícios numa trama que transporta o espectador ao centro dos acontecimentos.
 

06/12 DOMINGO
 
17h00 – A HISTÓRIA DE UM HOMEM DE VERDADE
Ano: 1948 – Direção: Aleksandr Stolper – Argumento Original: Marya Smirnova – Música: Nikolai Kryukov – P&B, 92 min. – Piloto caído atrás das linhas inimigas não se rende. Gravemente ferido, regressa às fileiras e, após um ano de trabalho para se adaptar às próteses nas duas pernas, volta a voar, completando 86 missões de combate. Os feitos de Alexey Maresyev foram também celebrados no romance de Boris Polevoi e na ópera de Prokofiev, em 1946 e 1948.

19h00 – O CAVALEIRO DA ESTRELA DE OURO
Ano: 1950 – Direção: Yuli Raizman – Argumento Original: Semion Babayevsky – Música: Tikhon Khrennikov – P&B, 112 min. – Veterano da 2ª. Guerra Mundial retorna à aldeia natal e se engaja na luta pela implantação de um plano para a reconstrução de toda a região. Arrojado e polêmico, o plano divide as opiniões. Baseado no romance homônimo de Semion Babayevsky.
 
07/12 SEGUNDA-FEIRA
 
19h00 – BRAÇO DE DIAMANTE
Ano: 1968 – Direção: Leonid Gaidai – Roteiro: Leonid Gaidai – Música: Aleksandr Zatsepin – Colorido, 95 min. – As comédias de Gaidai venderam mais de 600 milhões de ingressos nas Repúblicas Soviéticas. Em uma pesquisa de 1995, “Braço de Diamante” foi eleita a “melhor comédia russa de todos os tempos”.

21h00 – A VIDA É MARAVILHOSA
Ano: 1979 – Direção: Grigory Chukhray – Argumento Original: Giovanni Fago – Música: Armando Travajoli – Colorido, 95 min. – Vinte anos depois de "A Balada do Soldado", Chukhray dirige esta coprodução soviético-italiana estrelada por Giancarlo Giannini, sobre um piloto que só queria levar uma vida tranquila, sem se envolver em política, num mundo conturbado.
 
08/12 TERÇA-FEIRA
 
19h30 – VASSA
Ano: 1983 – Direção: Gleb Panfilov – Argumento Original: Maksim Gorky – Música: Vadim Bibergan – Colorido, 127 min. – Escrita por Maksim Gorky em 1910 e rescrita em 1935, a peça "Vassa Zheleznova" foi a primeira incursão de Panfilov no universo do renomado escritor soviético. Em 1989, ele dirigiria "A Mãe", também com Irina Churikova no papel-título.

09/12 QUARTA-FEIRA
 
19h00 – A CIDADE DOS VENTOS
Ano: 2008 – Direção: Karen Shakhnazarov – Roteiro: Evgueny Nikishov, Sergey Rokotov – Música: Konstantin Shevelyov – Colorido, 105 min. – Na década de 1970, jovem universitário "dissidente" disputa com o amigo comunista o amor da doce Lyuda, enquanto o entusiasmo socialista na URSS vai sofrendo uma gradual, porém contínua, erosão.
21h00 – O CAMINHO PARA BERLIM
– Reprise

 

 

Governo de SP corta bônus de servidores como retaliação a ocupações

 

O governo de São Paulo anunciou o corte do bônus dos servidores de 174 escolas estaduais ocupadas por alunos. A medida deve prejudicar cerca de 15 mil funcionários que ficarão sem o beneficio em 2016. Os professores, através de seu sindicato (APEOESP) vão recorrer na Justiça.

 

O argumento para a represália contra os servidores públicos das escolas ocupadas é que nesses colégios não foi realizada a prova do Saresp, que mede o índice de qualidade das escolas. O governo Alckmin utiliza o exame para calcular o bônus pago a todos os funcionários públicos da escola.

 

“Não fomos nós que criamos esse problema, mas a própria secretaria”, criticou a presidente da Apeoesp, Maria Izabel Noronha (Bebel). “Não deveria ter a prova [Saresp] de modo nenhum. O ambiente está contaminado pela insegurança provocada por essa reorganização”, disse ela se referindo as ocupações contra o fechamento de escolas.

 

Até agora a Secretaria de Educação não informou qual será o procedimento nos casos onde os estudantes conseguiram boicotar a prova em protesto contra o reorganização para fechar escolas.

 

A juventude se preocupa e ocupa

Ocupação da E. E. Caetano de Campos Consolação

 

Abaixo publicamos o artigo da Doutora em Sociologia pela UNESP, Mirlene Simões Severo*, que discute as ocupações das escolas pela juventude em defesa de seus direitos

 

Um movimento que, para o governo estadual deveria passar como despercebido, ou isolado, tomou a atenção de toda a sociedade paulista em novembro. Até o momento do fechamento deste artigo, mais de 100 escolas no Estado de São Paulo estão ocupadas por uma geração fortemente marcada pela ausência pública de direitos e pela exclusão social como regra.

 

Geração que sabidamente a Profa. Regina Novaes (2014) alertou: não é a geração “nem, nem”, mas sim a geração “sem, sem”. Estamos falando da juventude de classe média baixa e baixa que vê sonhos e perspectivas de vida sendo construídos do lado de fora da escola. A escola pública não é mais o espaço de vivência, formação e objetivos futuros. Ou pelo menos, até novembro, não era.

 

Lembra-se que o ensino médio no Brasil se encontra com vários problemas, e São Paulo não está fora neste aspecto: é o período com maior evasão escolar, escolas desestimulantes, sem infraestrutura adequada aos jovens, com salas superlotadas e constante ausência de docentes. Associado a estes, outros problemas tomam forma na evasão e desistência do ensino médio: a gravidez precoce, a situação de pobreza que obriga o jovem procurar emprego, e as diversas situações de violência na família e na comunidade.

 

De acordo com relatório da Unicef (2015), para universalizar o ensino médio no Brasil, perante as condições atuais que se encontra, seria necessário ainda três décadas (!!!). É o ensino que menor resguardos tem por parte do Estado, até porque, não é obrigatório.

 

Este descaso com a juventude brasileira gerou, relacionando todos os jovens no Brasil de 15 a 17 anos, apenas 60% estarem matriculados no ensino médio. Mais precisamente 1,7 milhão de adolescentes e jovens de 15 a 17 anos está fora da escola. E ainda, dos matriculados nesta mesma faixa etária, 35,2%, ou seja, de 3 milhões de adolescentes e jovens, estão no ensino fundamental, fora da seriação ideal para a idade (Unicef, 2015).

 

E as desigualdades entre os jovens persistem: mais de 75% dos 617 mil desempregados de 2014, são jovens de 15 a 24 anos (Pnad, 2014). Mas, poderia se pensar que o desemprego aumentou e que os jovens estão mais voltados para o ensino: ledo engano. A presença na escola estancou, como visto nos dados acima, e pior, teve redução, principalmente no ensino médio.

 

Este dado é importante destacar pois erroneamente o governo do estado de São Paulo apoia em sua tese da reestruturação da rede escolar a hipótese de que existem salas ociosas, e que de 1998 até 2015 houve uma redução de dois milhões de adolescentes e jovens nas escolas estaduais (SEE/SP, 2015).

 

Fora os dados descritos acima que identificam objetivamente problemas estruturais da Rede Estadual de Educação em São Paulo para a desistência e evasão escolar no ensino médio, e que somente por estes motivos já seriam pontos para uma outra reestruturação, a da inclusão, mesmo assim, ainda se apresentam outros dados para se contrapor a esta motivação do governo pelo fechamento de escolas.

 

De acordo com o Ministério da Educação (2014) 793 escolas da rede pública de São Paulo estão com capacidade acima da indicada, assim como prevê resolução de 2008 da Secretaria Estadual de Educação, ou seja, 15% das unidades estão com pelo menos um, dos três ciclos de ensino, com superlotação (mais de 30 alunos por sala no ensino fundamental e, 40 alunos no ensino médio). Diferente e acima do que ocorre com o restante do país em que 9,6% das escolas estão com superlotação.

 

Outro ponto a se destacar é que a Secretaria do Estado da Educação de São Paulo utiliza como referencial de seus argumentos que a população jovem reduziu no estado. Vive-se atualmente no Brasil o ‘bônus demográfico’ período posterior à ‘onda jovem’ em que a população de 15 a 24 anos (ONU, 2015) representa a maior parcela da população geral. Este momento teve seu pico em 2010, e desde 2011 começou a desacelerar (UNFPA, 2014). Mesmo assim, os jovens de 15 a 24 representam um pouco mais de um quarto da população total no Brasil. Portanto, os jovens existem na realidade e em números populacionais, o que ocorre é que eles estão absortos por uma realidade econômica e política cruel que os exclui tanto das escolas quanto do trabalho e da vida social.

 

Vê-se que, mais do que em outros tempos, dado os altos índices de jovens presentes na sociedade, o ensino médio deve ser pauta de destaque ao governo do estado, com o objetivo de preparar futuros adultos que responderão pelo desenvolvimento da sociedade. Por exemplo, o governo do estado de São Paulo poderia propor uma reestruturação que garanta o período integral dos jovens do ensino médio, preparando-os para a realidade de uma São Paulo para daqui vinte anos.

 

Para concluir, destaca-se que, diante do momento de crise econômica e recessão, apoiados por governos liberais que utilizam de medidas políticas para restringir direitos da população e dar concessões ao setor financeiro e à empresas estrangeiras, os jovens e as mulheres são os principais receptores de tais medidas. São estes grupos que mais concentram os reflexos de uma economia liberal e recessiva, pagando com ausência de escolas, empregos precários, falta de direitos sociais, violência, a conta de um modelo de subdesenvolvimento e exploração.

 

Ocupar e resistir! Salve os jovens de São Paulo!

 

* Doutora em Sociologia, Professora Universitária e membro da Sociedade Brasileira de Sociologia ( SBS).